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Penicilinas

Gabriela Silva Bastos

Contexto histórico

 Observou-se que um fungo que entrava em contato com as placas


de cultura contendo Staphylococcus inibia o crescimento das
bactérias na placa
 Depois foi observado que esse fungo inibia o crescimento de outras
bactérias
 O fungo pertencia ao gênero Penicillium

Betalactâmicos

1. Penicilinas
2. Cefalosporinas
3. Carbapenêmicos

 Todos eles são chamados assim porque possuem em sua


composição química um anel betalactâmico
 O anel betalactâmico é ligado a uma cadeia tiazolidona e a uma
cadeia lateral
 Esse anel betalactâmico é a estrutura principal para a ação
antibacteriana
 As alterações na cadeia lateral formam as diferentes penicilinas,
determinando muitas características antibacterianas e
farmacológicas dessas penicilinas
Estrutura

 O anel betalactâmico ligado a cadeia tiazolidona permanece


intacta em todas as penicilinas, o que muda é a cadeia lateral

Mecanismo de ação

a) Estrutura das bactérias


 Bactérias Gram +
o Parede celular bem espessa, formada por peptidoglicano
o O peptidoglicano é responsável pela estabilidade da parede
celular
 Bactérias Gram -
o Camada de peptidoglicano mais fina
o Espaço periplásmico
o Envelope externo que não se cora pelo Gram
 Parede celular bacteriana
o É uma camada externa rígida
o Circunda por completo a membrana citoplasmática, mantém
o formato e a integridade da célula e impede a sua lise em
consequência da alta pressão osmótica

b) O mecanismo de ação
 A parede celular é essencial para a multiplicação e crescimento
bacteriano
 Os antibióticos betalactâmicos inibem a formação do
peptidoglicano, levando a formação de bactérias com formato
alterado com posterior lise celular, causando a morte da bactéria

Inibição da Bactéria com


Lise da célula Morte da
Betalactâmico formação do formato
bacteriana bactéria
peptidoglicano alterado

 Portanto, de forma simplificada, os betalactâmicos agem inibindo a


síntese da parede celular
 São antibióticos BACTERICIDAS, ou seja, causam a morte da
bactéria

Tipos de Penicilina

1. Penicilinas naturais:

 Penicilina G cristalina
 Penicilina G benzatina
 Penicilina G procaína
 Penicilina V

 O que muda entre as penicilinas G é a concentração que elas


atingem no plasma e o tempo em que essa concentração
permanece no plasma
 No Brasil, todas as penicilinas G são aplicadas por via intramuscular
 A Penicilina V é estável em meio ácido e por isso é administrada
por via oral
 As penicilinas naturais são ativas contra:
o Bactérias Gram + não produtoras de beta-lactamasases
(enzimas que quebram e inativam o anel betalactâmico)
o Anaeróbios
o Alguns cocos Gram –
 Elas oferecem melhor resposta contra bactérias Gram + sensíveis
 Agem contra:

 Infecções por Pneumococo


o Quando o pneumococo é sensível a penicilina, esse
deve ser o antibiótico de escolha para o tratamento,
pois ela vai oferecer melhor resposta contra esse
pneumococo)
 Outros Streptococcus
 Infecções por enterococo
 Meningite meningocócica
 Sífilis (Treponema pallidum)
o São drogas de escolha
 Tétano (Clostridium tetani)
 Leptospirose (Leptospira)
 Difteria (Corynebacterium diphtheriae)

OBS: Vale ressaltar que o S. aureus era altamente sensível a Penicilina G


quando ela começou a ser usada, mas atualmente mais de 90% das cepas
são resistentes, não sendo mais a penicilina G a droga de escolha para
tratar essa bactérias

2. Aminopenicilinas

 Ampicilina
 Amoxicilina

 Possuem espectro de ação semelhante ao das penicilinas naturais


 Cobrem ainda cocos Gram - e Enterobacteriaceae que não
produzam betalactamases
 Agem contra:

 Pneumococo
 Outros streptococcus
 Infecções por Enterococos
 Infecções por Haemophylus e Moraxella
 Escherichia coli, Proteus, Salmonella, Shigella (todas Gram -)
o A amoxicilina é menos efetiva que a ampicilina nos
casos de shigellose
 Listeria (bacilo gram +)
o Pode causar meningite em crianças e idosos, e no caso
dessa infecção deve-se usar ampicilina

3. Penicilinas antipseudomonas

 Ureidopenicilinas (piperacilina)
 Carboxipenicilinas (ticarcilina)

 Espectro de ação em bacilos Gram – e em pseudômonas


(frequentes em ambientes hospitalares)
 Agem contra:

 Infecções por pseudômonas, proteus, serratia e


acinetobacter (todas Gram -)
 Bacterioides (bacilo gram - anaeróbio)
o É um comensal do intestino humano
o Pode causar sepse após cirurgias, doença ou trauma
da região abdominal)
o Essas penicilinas tem ação nesses microrganismo
desde que seja usada em altas concentrações
4. Isoxazoilpenicilinas (penicilinas resistentes)
 Oxacilina

 São penicilinas resistentes a ação de penicilinases


 Penicilinases: betalactamase que inativa o anel betalactâmico
 Administração via endovenosa
 Droga de escolha para infecções graves por Staphylococcus da
comunidade e para Staphylococcus produtores de betalactamase

Resistência bacteriana

 Bactérias Gram –
 A membrana externa funciona como barreira para alguns
antibióticos, que não conseguem entrar na bactéria
 Alguns antibióticos conseguem penetrar na célula através de
canais na membrana externa chamado de porinas
 O número e tamanho das porinas podem variar em cada
bactéria gram –
 Um dos mecanismos de resistência é a alteração na porina,
impedindo que o antibiótico entre na bactéria
 Outro mecanismo de resistência são as bombas de efluxo,
que removem o antibiótico da célula antes que ele possa
agir

 Bactérias Gram + e Gram –


 Uma das formas de resistência é a produção de
betalactamases
 As betalactamases são enzimas que quebram o anel
betalactâmico e inativam o antibiótico
 Microrganismos diferentes produzem betalactamases
distintas, mas a maioria das bactérias produzem apenas uma
forma da enzima
 Alterações na PBP (penicilin binding protein), as proteínas
ligadoras de penicilina
 Todas as bactérias com parede celular possuem várias PBP
 Essas PBP são proteínas que servem como alvo de ação dos
betalactâmicos
 A resistência bacteriana pode vir através de alterações na
PBP que façam com que o antibiótico tenha baixa afinidade
com a PBP modificada

Farmacocinética
 A oxacilina tem excreção também por via hepática (na bile)
significante, não precisando ser corrigida em pacientes com
insuficiência renal
 Em infecções do SNC, sempre administrar por via endovenosa, pois
são infecções graves
 As penicilinas em geral não conseguem penentrar bem na barreira
hematoencefálica, mas conseguem penetrar quando as meninges
estão inflamadas

Reações adversas

 As reações de hipersensibilidade são o efeito adverso mais comum


das penicilinas, chegando a 8% dos tratamentos
 Muitos pacientes que relatam alergia a penicilina na verdade não há
tem
 Reações alérgicas: rash maculopapular, urticária, febre,
broncoespasmo, vasculite, doença do soro, dermatite esfoliativa,
síndrome de Steven Johson e anafilaxia
 Quem tem realmente alergia a penicilina, geralmente tem também
a outros antibióticos betalactâmicos
 Risco aumentado de convulsões: é uma complicação rara, mas
grave; ficar atento em pacientes com uremia, que não conseguem
eliminar adequadamente a penicilina pela urina e acabam atingindo
concentrações tóxicas para o SNC

Referências

Aula de penicilinas da professora Mariana Libório

“Farmacologia Básica e Clínica”, Katzung, 12ª edição, capítulo 43

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