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1) Leishmaniose visceral

A INFECÇÃO (SÍTIO, SINAIS E SINTOMAS)


A transmissão da Leishmaniose Visceral (LV) ocorre pela picada dos vetores infectados (Lutzomyia
longipalpis, a principal; e Lutzomyia cruzi) e o sítio de infecção dá-se no interior das células do sistema de
defesa do homem. Os sinais e sintomas são febre de longa duração, perda de peso, astenia, adinamia,
hepatoesplenomegalia, anemia. Se a infecção é assintomática, deve-se levantar suspeitas quando o
paciente apresentar febre e esplenomegalia (associada ou não) à hepatomegalia. [1]

DADOS EPIDEMIOLÓGICOS (POPULAÇÃO AFETADA E FATORES DE RISCO)


No Brasil, é uma doença endêmica. Sua ocorrência estava limitada a áreas rurais, mas encontra-se em
franca expansão para grandes centros. A doença é mais frequente em crianças com <10 anos (41,9%) e o
sexo masculino é proporcionalmente o mais afetado (62,8%). A maior suscetibilidade em crianças é
explicada pela imaturidade imunológica, agravado pela desnutrição, comum nas áreas endêmicas, além de
uma maior exposição ao vetor. Já o envolvimento do adulto tem repercussão significativa na epidemiologia
da LV, pelas formas sintomáticas ou assintomáticas, além das formas com expressão clínica. A literatura
relata inúmeros fatores ambientais que podem influenciar a ocorrência dos vetores e reservatórios e,
consequentemente, dos casos da doença. Geralmente são considerados: posse de animal doméstico;
presença de insetos hematófagos e roedores; presença de lote baldio, curso d'água e área verde próximo à
residência; coleta de lixo e limpeza regular; presença de quintal com plantação. [2]

TRATAMENTO (FÁRMACOS, VIA DE ADM., RAM, ALTERNATIVAS TERAPÊUTICAS)


O tratamento para LV é composto tanto por medidas terapêuticas específicas para a doença como medidas
adicionais, como hidratação, antitérmicos, antibióticos, hemoterapia e suporte nutricional. Como primeira
escolha de tratamento LV, recomenda-se o Antimoniato de N-metilglucamina. Sua administração acontece
por via endovenosa ou intramuscular, uma vez ao dia por 20 a 40 dias. RAM: artralgias, mialgias,
inapetências, vômitos. Em algumas situações-como para pacientes gestantes ou que manifestem
toxicidade ao uso de antimoniais pentavalentes – recomenda-se o uso da Anfotericina B, prioritariamente
em sua formulação lipossomal (I.V. 3mg/kg/dia, durante 7 dias, ou 4mg/kg/dia durante 5 dias). RAM:
febre, cefaleia, náusea, vômitos, tremores, calafrios e dor lombar. Caso o paciente apresente
hipersensibilidade ou falha terapêutica ao antimonial pentavalente e não se enquadre nos critérios de
indicação para utilização da Anfotericina B lipossomal, pode-se adotar como alternativa terapêutica o
Desoxicolato de Anfotericina B. Sua administração é por via endovenosa, em doses de 1mg/kg/dia durante
14 a 20 dias. RAM: febre, cefaleia, náuseas, vômitos, hiporexia, tremores, calafrios, flebite, cianose,
hipotensão, hipopotassemia, hipomagnesemia e alteração da função renal.
2) Doença de Chagas
Antropozoonose de elevada prevalência e expressiva morbidade. Apresenta curso clínico bifásico: fase
aguda (clinicamente aparente ou não) e uma fase crônica, que pode se manifestar nas formas
indeterminada, cardíaca, digestiva ou cardiodigestiva. A maioria dos indivíduos com infecção por T.
cruzi alberga o parasito no sangue, nos tecidos e órgãos, durante toda a vida.
Fase aguda: febre constante, inicialmente elevada (38,5 a 39°C), podendo apresentar picos vespertinos
ocasionais. Em alguns casos, com quadro clínico mais grave, pode evoluir para óbito. Na maioria dos
casos ocorre: prostração, diarreia, vômitos, inapetência, cefaleia, mialgias, aumento de linfonodos,
exantema cutâneo de localização variável, com ou sem prurido e de aparecimento fugaz, irritação em
crianças menores, que apresentam frequentemente choro fácil e copioso. Outras manifestações: sinais
e sintomas de miocardite difusa com vários graus de gravidade; sinais de pericardite, derrame
pericárdico, tamponamento cardíaco, manifestações sindrômicas de insuficiência cardíaca, derrame
pleural, edema de face, de membros inferiores ou generalizado, tosse, dispneia, dor torácica,
palpitações, arritmias, hepatomegalia e/ou esplenomegalia, de leve a moderada intensidade.
Fase crônica: indeterminada (sem manifestação clínica); cardíaca (miocardiopatia dilatada e
insuficiência cardíaca congestiva); digestiva (megacólon, megaesôfago); cardiodigestiva
Transmissão: Vetorial (triatomineo); vertical (transplacentária ou na lactação); oral (alimentos
contaminados, associada a surtos); transfusão de sangue; transplante de órgãos; acidente de trabalho.
No Brasil, de 2008 a 2017, foram confirmados casos de doença de Chagas aguda na maioria dos
estados. 95% na região Norte. Pará foi responsável por 83% dos casos. Forma de transmissão provável:
72% transmissão oral, 9% transmissão vetorial, em 18% não foi identificada a forma de transmissão.
Tratamento: Indicado para todos os casos em fase aguda e de reativação da doença. Na fase crônica, a
indicação do tratamento depende da forma clínica tendo maior benefício naqueles na forma
indeterminada, especialmente crianças, adolescentes e adultos até 50 anos de idade. O benznidazol é o
fármaco de primeira escolha, administrado por via oral no tratamento de Chagas devido à maior
experiência de uso em nosso meio, maior disponibilidade, inclusive com apresentações pediátricas, e
ao perfil de eventos adversos. O nifurtimox pode ser utilizado nos casos em que o benznidazol não for
tolerado. Ambos os medicamentos podem ser adquiridos gratuitamente. RAM benznidazol:
parestesias (10,3%), artralgias (8,1%) e intolerância gastrointestinal (13,3%). Os eventos adversos
dermatológicos que ocorrem com maior frequência são alopecia (0,9%), dermatites e rash cutâneo (30
a 44%). O uso de bebidas alcoólicas é proibido durante o tratamento, que dura 60 dias. É recomendado
o uso de nifedipina e dinitrato de isossorbida no tratamento de pessoas com megaesôfago chagásico
sintomático e uso de amiodarona no tratamento de pessoas com cardiopatia chagásica. A internação
hospitalar é indicada em casos de maior comprometimento geral, cardiopatia de moderada a grave,
quadros hemorrágicos e meningoencefalite.
3) Cólera
A cólera é uma doença intestinal causada pelas toxinas na bactéria Vibrio cholerae que alteram o
fluxo normal de Na+ e Cl-. Essa alteração faz com que o corpo secrete grandes quantidades de água, o
que provoca diarreia aquosa, desidratação e perda de fluidos e sais minerais importantes para o corpo.
A transmissão da cólera ocorre por via fecal-oral, ou seja, pela ingestão de água ou alimentos
contaminados (indireta), ou pela contaminação pessoa a pessoa (direta). A bactéria tem como
reservatórios o homem (portadores assintomáticos) e o ambiente aquático devido a associação à
mariscos, peixes e algas, possibilitando a transmissão da cólera se esses alimentos forem consumidos
crus ou mal cozidos.
O período de incubação da bactéria varia de horas a 5 dias, mas na maioria dos casos é de 2 a 3
dias. O período de transmissibilidade persiste enquanto houver eliminação do agente etiológico nas
fezes, o que ocorre até pouco depois da cura, mas para questão de vigilância o período padrão é de 20
dias.
A cólera está diretamente relacionada à deficiência no sistema de saneamento básico. Regiões em
que o abastecimento de água, o destino de dejetos e a higiene pessoal é feita de maneira inadequada,
são sensíveis à instalação e rápida disseminação de novos casos da doença.
No Brasil, a doença chegou em 1991 pela fronteira do Amazonas com o Peru e se expandiu
rapidamente para as regiões Norte e Nordeste. Em 1993, registrou-se o maior número de casos e
óbitos relacionados à doença. Desde 1995 a cólera é considerada uma patologia endêmica, sendo 95%
dos casos concentrados na região Nordeste. Os últimos casos autóctones foram registrados em 2004 e
2005, ambos na região de Pernambuco. Alguns casos importados foram identificados, sendo todos
importados do continente africano.
O tratamento se baseia na rápida reidratação do paciente, existindo três planos farmacoterápicos
recomendados:
Plano A: O tratamento é domiciliar e deve ser adotado quando o paciente apresenta diarreia sem
desidratação. O paciente deve ingerir mais líquidos que o usual e, caso não ocorra melhora em 2 dias,
deve ser encaminhado para uma unidade de saúde.
Plano B: Tratamento em unidade de saúde para pacientes com sinal de desidratação, é feito
administração de soro de reidratação oral (SRO), em caso de piora adotar o plano C.
Plano C: Tratamento em unidade de saúde para pacientes com desidratação grave com ou sem choque.
Além do SRO e endovenoso, pode-se administrar antimicrobianos (doxiciclina, azitromicina,
ciprofloxacino e eritromicina) dependendo das características do paciente.
4) Febre maculosa
A febre maculosa é uma doença infecciosa causada principalmente pela bactéria Rickettsia
rickettsii, mas também pode ser causada pela bactéria Rickettsia parkeri, que são bactérias Gram-
negativas intracelulares obrigatórias. É uma doença transmitida por carrapatos do gênero Amblyomma,
de gravidade variável, podendo cursar de formas leves até formas graves, culminando em morte.
Tem sido registrada não somente em áreas rurais, mas também em áreas urbanas, tendo sua
prevalência aumentada dos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia,
Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Distrito Federal, Goiás, Ceará e Mato Grosso do Sul.
A transmissão da febre maculosa é feita através da picada do carrapato infectado. Ela acomete
principalmente pessoas em idade economicamente ativa e que tenham sido expostas ao carrapato ou
que tenham frequentado regiões de mata ou cachoeira. Os principais sinais e sintomas no seu curso
inicial são febre alta, cefaleia, mialgia intensa, mal estar generalizado, náusea, vômitos e presença de
exantema máculo-papular com predomínio nos membros inferiores. Em estágios mais avançados da
doença, o indivíduo pode apresentar exantema petequial ou hemorrágico, hepatoesplenomegalia,
manifestações renais, podendo chegar à insuficiência, manifestações pulmonares, como tosse e edema
pulmonar e manifestações neurológicas como déficit neurológico, meningite e meningoencefalite.
Para a redução da letalidade, em casos de suspeita de febre maculosa ou outras riquetsioses, o
tratamento com doxiciclina deve ser iniciado imediatamente, não se devendo esperar o resultado
laboratorial. A doxiciclina é um antimicrobiano pertencente à classe das tetraciclinas e deve ser
utilizado em todos os casos suspeitos de infecção por bactérias do gênero Rickettsia rickettsii,
independente do estágio da doença ou idade do indivíduo. Apesar de essa classe de antimicrobianos
não serem indicadas para crianças, gestantes e lactantes, por apresentarem efeitos adversos como
distúrbios gastrintestinais, depósito do fármaco em ossos e dentes (prejudicando seu
desenvolvimento) e insuficiência hepática, ainda assim ela é utilizada como agente de primeira escolha.
No caso de impossibilidade de utilização da doxiciclina, o cloranfenicol é o agente de segunda escolha
no tratamento dessa doença.
O esquema posológico do uso da doxiciclina em adultos é 100 mg, BID, VO ou IV, por um período de
7 dias, devendo-se manter o tratamento por mais 3 dias após o cessar da febre, e o esquema
posológico para crianças com peso inferior a 45kg, a dose recomendada é 2,2mg/kg BID, VO ou IV, a
depender da gravidade do caso, devendo ser mantido por 3 dias após o término da febre. Já para o uso
de cloranfenicol, o esquema posológico para adultos é de 500mg de 6/6 horas, VO, mantido por 3 dias
após o término da febre e para crianças 50 a 100mg/kg/dia, de 6/6 horas, até a recuperação da
consciência e melhora do quadro clínico geral, nunca ultrapassando 2g por dia, por via oral ou
endovenosa.
5) Leptospirose
O agente etiológico é a Leptospira spp. A infecção pode variar de inaparente até formas graves. As
apresentações clínicas da doença são divididas em duas fases: precoce (fase leptospirêmica) e tardia (fase
imune). A fase precoce caracteriza-se pela instalação abrupta de febre, comumente acompanhada de
cefaleia, mialgia, anorexia, náuseas e vômitos. Podem ocorrer também diarreia, artralgia, hiperemia ou
hemorragia conjuntival, fotofobia, dor ocular e tosse. Esses sinais e sintomas são muito característicos de
outras doenças febris agudas, sendo assim, muitas vezes a leptospirose é diagnosticada como uma
"síndrome gripal", "virose", dengue ou influenza. Um sinal que aparece no final da fase precoce e é
importante para diferenciar a fase precoce da leptospirose de outras causas de doenças febris agudas é a
sufusão conjuntival. Caso a fase precoce da leptospirose não tenha regredido entre 3 e 7 dias ocorre a
evolução para manifestações clínicas graves (fase tardia). Nesta fase há a manifestação clássica da
leptospirose grave, a síndrome de Weil, caracterizada pela tríade de icterícia, insuficiência renal e
hemorragia, geralmente pulmonar. É importante observar que manifestações graves da leptospirose,
como hemorragia pulmonar e insuficiência renal, podem ocorrer em pacientes anictéricos. O
comprometimento pulmonar da leptospirose se apresenta com tosse seca, dispneia, expectoração
hemoptoica e, ocasionalmente, dor torácica e cianose. A insuficiência renal aguda é uma importante
complicação da fase tardia e ocorre em 16 a 40% dos pacientes. Em relação às características
epidemiológicas, a leptospirose tem distribuição universal. No Brasil, é uma doença endêmica, que torna-
se epidêmica em períodos chuvosos, principalmente nas capitais e áreas metropolitanas, devido às
enchentes associadas à aglomeração populacional de baixa renda, condições inadequadas de saneamento
e alta infestação de roedores infectados. Algumas ocupações facilitam o contato com as leptospiras, como
trabalhadores em limpeza de esgotos, garis, catadores, agricultores, veterinários, tratadores de animais,
pescadores, laboratoristas, militares, entre outras. O paciente em situação grave deve ser imediatamente
hospitalizado, caso não haja gravidade o tratamento é ambulatorial. O tratamento primário, quando o
paciente apresenta síndrome febril e suspeita de leptospirose sem sinais de alerta, é feito com doxiciclina
(100 mg, BID, VO, 5-7 dias). Essa não deve ser administrada em crianças com menos de 9 anos, gestantes
ou pacientes que apresentem disfunção renal ou hepática; ou a amoxicilina (500 mg para adultos, 500
mg/Kg/dia para crianças, TID, 5-7 dias). Há possibilidade da doença progredir para quadros graves, cabe ao
profissional de saúde alertar ao paciente quanto aos sinais de complicação. O paciente deve ser
acompanhado de 1 a 2 semanas. Caso o paciente apresente sinais de alerta mesmo durante o primeiro
atendimento devem ser adotadas outras condutas. O tratamento deve ser iniciado com penicilina cristalina
(1.500.000 UI IV, de 6/6h), ou ceftriaxona (1g IV/dia). Em caso de contraindicação, usar azitromicina
(500mg IV/dia). Em caso de fase tardia da leptospirose as opções de antimicrobianos são Ampicilina;
Ceftriaxona; Cefotaxima intravenosos por pelo menos 7dias. A leptospirose pode ser letal, portanto, o
tratamento deve ser conduzido de forma rápida e eficiente.
6) Herpes zoster
O vírus varicela zoster (VZV) é o agente etiológico da infecção primária varicela (catapora). O vírus
migra das lesões cutâneas através dos axônios nervosos e para os gânglios sensoriais da coluna vertebral e
craniano, onde permanece em estado de latência. A reativação resulta em herpes zoster, infecção
secundária que ocorre na idade adulta ou em pessoas com comprometimento imunológico, portadores de
doenças crônicas, neoplasias. O principal fator de risco para herpes-zóster é o aumento da idade.
Grande parte dos doentes refere, antecedendo às lesões cutâneas, dores nevrálgicas, parestesias,
ardor e prurido locais, acompanhados de febre, cefaleia e mal-estar. A lesão elementar é uma vesícula
sobre base eritematosa. A erupção é unilateral, raramente ultrapassa a linha mediana e segue o trajeto de
um nervo. Surge de modo gradual e leva de 2 a 4 dias para se estabelecer. Quando não ocorre infecção
secundária, as vesículas se dissecam, formam-se crostas e o quadro evolui para a cura em 2 a 4 semanas.
As regiões mais comprometidas são a torácica (53% dos casos), cervical (20%), correspondente ao trajeto
do nervo trigêmeo (15%) e lombossacra (11%). Em pacientes imunossuprimidos, as lesões surgem em
localizações atípicas e, geralmente, disseminadas. O envolvimento do VII par craniano leva à combinação
de paralisia facial periférica e rash no pavilhão auditivo, denominada síndrome de Hawsay-Hurt, com
prognóstico de recuperação pouco provável. O acometimento do nervo facial (paralisia de Bell) apresenta
a característica de distorção da face. Lesões na ponta e asa do nariz sugerem envolvimento do ramo
oftálmico do trigêmeo, com possível comprometimento ocular. Nos pacientes com herpes-zóster
disseminado e/ou recidivante, é aconselhável fazer sorologia para HIV, além de pesquisar neoplasias
malignas. A terapia antiviral com aciclovir (800mg – 5 vezes ao dia por 7 a 10 dias), valaciclovir(1000mg – 3
vezes ao dia por 7 dias- VO) ou fanciclovir (500mg – 3 vezes ao dia por 7 dias VO) é recomendada para
todos os pacientes imunocomprometidos, imunocompetentes com idade >/= 50 anos, dor moderada ou
grave, erupção cutânea severa ou envolvimento fora do tronco. Não se recomenda o uso deste
medicamento em gestantes. Entretanto, em casos em que a gestante desenvolve complicações como
pneumonite, deve-se considerar o uso endovenoso. As indicações para o uso do aciclovir na infecção da
Herpes-Zóster são: • Crianças sem comprometimento imunológico – 20mg/kg/dose, via oral, 5 vezes ao
dia, dose máxima de 800mg/dia, durante 5 dias. • Crianças com comprometimento imunológico ou casos
graves – deve-se fazer uso de aciclovir endovenoso na dosagem de 10mg/kg, a cada 8 horas, infundido
durante uma hora, durante 7 a 14 dias. • Adultos sem comprometimento imunológico – 800mg, via oral, 5
vezes ao dia, durante 7 dias. A maior efetividade ocorre quando iniciado nas primeiras 24 horas da doença,
ficando a indicação a critério médico. • Adultos com comprometimento imunológico – 10 a 15mg de
aciclovir endovenoso, 3 vezes ao dia por no mínimo 7 dias. RAM: dor abdominal, náuseas, vômitos, cefaléia
e tontura. Tratamento da neuralgia pós-herpética: creme de capsaicina; lidocaína gel; amitriptilina;
carbamazepina; benzodiazepínicos; rizotomia; termocoagulação; simpatectomia. Corticosteróide pode ser
usado na fase aguda da doença em pacientes imunocompetentes.
7) Tétano
Sítio, sinais e sintomas: doença infecciosa não contagiosa, causada pela ação de exotoxinas produzidas
pelo Clostridium tetani, que é um bacilo gram-positivo normalmente encontrado na natureza na forma de
esporo, sendo identificadas na pele, fezes, terra, galhos, arbustos, águas putrefatas, poeira das ruas. A
transmissão ocorre pela introdução dos esporos em solução de continuidade da pele e mucosas pela
ocorrência de ferimentos superficiais ou profundos de qualquer natureza, que em condições favoráveis de
anaerobiose, os esporos se transformam em formas vegetativas produzindo as toxinas tetanolisina e
tetanopasmina. Os sinais e sintomas incluem Hipertonias musculares mantidas, localizadas ou
generalizadas, ausencia de febre ou febre baixa, hiperreflexia profunda e contraturas paroxisticas que se
manifestam a estimulação do paciente. Inicialmente o paciente pode ter dificuldade de abrir a boca e de
deambular, devido a hipertonia muscular, pode haver dificuldade de deglutição, rigidez de nuca, rigidez
paravertebral, hipertonia da musculatura torácica, músculos abdominais e membros inferiores. A
hipertonia torácica, contração da glote e as crises de espasmos podem levar a insuficiência respiratória,
causa frequente de mortes por tétano. Nas formas mais graves pode levar a taquicardia, sudorese
profunda, hipertensão arterial, bexiga neurogênica e febre.
Epidemiologia: a maior parte dos casos ocorre na região Nordeste, maior frequência na faixa etária entre
40 e 59 anos, seguida pela população que se encontra acima de 60 anos. A maioria dos casos de tétano
acidental ocorre nas categorias dos aposentados e pensionistas, bem como entre trabalhadores
agropecuários, seguida por grupos de trabalhadores da construção civil (pedreiros) e donas de casa.
Tratamento: O relaxamento muscular é o principal objetivo do tratamento de tétano, fazendo uso de
sedativos e miorrelaxantes como Diazepam (V.E.), Midazolan, (V.I.), em substituição ao Diazepam,
Clorpromazina, por (V.E.), indicada quando não houver resposta satisfatória ao Diazepam. Pode ser
necessário o uso de bloqueadores musculares e administração de opioides em associação com outros
fármacos. São utilizados o soro antitetânico (SAT) ou a imunoglobulina humana antitetânica (IGHAT) para a
neutralização da toxina tetânica, mesmo estas substâncias tendo, também, uso profilático. O soro é
administrado via intramuscular ou endovenosa, em dose de 2.0000UI, sendo a dose menor para uso
profilático. Devido ao risco de reações anafiláticas na administração, deve ser adotados cuidados
específicos como observação contínua do paciente e supervisão médica durante a administração. A
imunoglobulina é administrada via intramuscular, em dose de 500UI. Já para a eliminação do C. tetani, é
recomendado o uso da penicilina G ou do metronidazol, sendo que há alguns dados que mostram maior
benefício no uso do metronidazol. Após internação do paciente diagnosticado, devem-se tomar cuidados,
como: limpar o ferimento com solução antisséptica removendo corpos estranhos e tecidos desvitalizados,
administrar analgésico, administrar um anti-histamínico antes do soro antitetânico, reduzir a acústica,
luminosidade e prover temperatura adequada ao ambiente.
8) Pediculose
Pediculose é uma ectoparasitose causada pela infestação por Pediculus humanus capitis (conhecido
com piolho de cabeça), que se tornou um problema de saúde pública mundial. Essa doença atinge
principalmente crianças (de todos os estratos sociais) e vem tomando cada vez mais importância devido
aos múltiplos fatores envolvidos na disseminação do parasita. Não há dados estatísticos que demonstrem
de maneira fiel qual a porcentagem da população afetada por pediculose, entretanto, foram vendidos 10
milhões de unidades de produtos piolhicidas em 2009, indicativo suficiente da gravidade da situação.
O piolho de cabeça vive em média quatro a seis semanas e, nesse período, deposita de 100 a 150 ovos
(lêndeas) próximos as raízes dos cabelos, que eclodem em sete a nove dias. Em uma semana tornam-se
adultos, perfurando a pele do couro cabeludo e se alimentando de sangue várias vezes ao dia. A infestação
causa hipersensibilidade, que se instala em torno de dez dias e é manifestada como prurido que, por sua
vez, causa escoriações, crostas e pápulas no couro cabeludo. Em todo caso de prurido do couro cabeludo
deve-se suspeitar de pediculose. Algumas crianças são pouco sensíveis às picadas e não exibem prurido, o
que resulta em grandes infestações e as tornam focos de disseminação.
O tratamento envolve medidas farmacológicas e não farmacológicas, porque se trata de uma doença
que afeta a comunidade e não existe um produto que a previna. Quando se fala em tratamento não
medicamentoso, o mais importante é evitar a disseminação do parasita. Para tanto, é imprescindível, mais
que o uso de um piolhicida, a penteação das lêndeas com um pente fino e a catação dos piolhos.
Os medicamentos utilizados no manejo da pediculose podem ser divididos entre os de uso tópico e os
de uso oral. Quanto aos medicamentos de uso tópico, destacam-se a deltametrina, a permetrina e o
monossulfiram. Deltametrina está disponível sob a forma de xampu, devendo ser usada por quatro dias
consecutivos; ela possui ação seletiva, baixa toxicidade e elevado coeficiente de segurança. Permetrina,
que constitui o tratamento de escolha, também está disponível como xampu, mas recomenda-se usá-la
uma vez e repetir a dose após sete dias (apenas no caso de persistência da infestação). Monossulfiram é
utilizado na forma de sabonete e na forma de solução (que deve ser diluída), em conjunto; o tratamento
deve ser repetido após sete dias. A principal causa de falha terapêutica com pediculicidas de uso tópico é o
tratamento incorreto, devido a falta de adesão, uso impróprio e não retirada das lêndeas visíveis.
O tratamento sistêmico é feito com Ivermectina, um antiparasitário de amplo espectro derivado das
avermectinas, que surgiu justamente como opção para os casos resistentes aos medicamentos de uso
tópico. Recomenda-se uma única dose oral, que visa fornecer cerca de 200 mcg de ivermectina por kg de
peso corporal, com repetição após sete dias.

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