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Febre Reumática

ITEM F. REUMÁTICA

Complicação sistêmica inflamatória nao supurativa da faringoamidalite causada pelo S. beta-hemolítico do grupo
DEFINIÇÃO
A (Streptococcus pyogenes). E decorre em populações geneticamente propensas

Geralmente acomete a faixa etária de 5 - 15 anos, sendo raro antes de 3 anos.


A doença cardíaca reumática pode eventualmente acometer adultos entre 20 - 30 anos (sexo feminino)
Prevalência aumentada em países subdesenvolvidos (se associa à pobreza e aglomeração)
EPIDEMIO Em países desenvolvidos a incidência é de cerca de 0,1 casos/1000 crianças em idade escolar. No brasil esse
número é de cerca de 5 casos/1000.
É responsável por 60% de todas as doenças cardiovasculares no mundo
É a principal causa de valvulopatias adquirida no BR

A doença é causada pela bactéria Streptococcus pyogenes, um estreptococo beta-hemolítico do grupo A de


Lancefield (relacionado à infecção da orofaringe). Classicamente os sorotipos envolvidos são:

ETIOLOGIA M 1,3,5,6,14,18,19,24,27,29

Não se constitui em doença infecciosa: Na verdade, essa bactéria leva à uma reação autoimune.

Desnutrição
Moradias vulneráveis
Baixas condições sanitárias
Carência no atendimento médico
FATORES DE RISCO História prévia de FRA (chance de 50% de recidiva)
Intensidade clínica do processo infeccioso
Genético (44%)
Gêmeos
ASLO elevado tem maior chance de recidiva
Febre Reumática
ITEM F. REUMÁTICA

A lesão tecidual é mediada por um mecanismo imune → que é iniciado por mimetismo molecular → semelhanças
entre o agente infeccioso e a proteína humana → levam a uma ativação cruzada de anticorpos e células T contra
o tecido humano → →
a cardite resulta da ligação de anticorpos ao coração e sua infiltração por células T a
FISIOPATO artrite transitória deve-se à formação de imunocomplexos nas articulações → a coreia (movimentos
involuntários repetitivos, breves e irregulares) resulta da ligação de anticorpos aos núcleos da base → e as
manifestações cutâneas representam a consequência de reações de hipersensibilidade tardia.
Febre Reumática
ITEM F. REUMÁTICA

5% dos casos tem sintomatologia clássica e 95% tem sintomatologia inespecífica, que pode parecer uma gripe.
Cerca de 2 - 4 semanas após a infecção orofaríngea pelo Streptococcus pyogenes se inicia o quadro clínico com
febre e poliartralgia (tem período de latência de 19 dias). Caracteristicamente os sinais/sintomas descritos a seguir
constituem os "critérios maiores de Jones", que são fundamentais para o diagnóstico:

Febre: 90% dos casos, podendo variar entre leves, moderada e grave

Poliartrite: Presente em 70% dos casos. É uma poliartrite migratória assimétrica de grandes articulações.
Acomete geralmente joelhos, ombros, punhos, tornozelo e ao passo que for melhorando em uma articulação,
aparece em outra. Tem duração de 2-4 semanas. Responde muito bem ao uso de salicilatos (AAS/aspirina), o que
pode dificultar o diagnóstico. Tem sinais flogísticos e não deixa sequelas.

Cardite: Presente em 50% dos casos. Constitui uma pancardite (Endocardite + Miocardite + Pericardite).
Podendo ser:
-Leve (taquicardias, hipofonese de b1).
-Moderada (atrito pericárdico, sobrecarga ventricular, derrame pericárdico)
-Grave (sinais de Insuficiência cardíaca: taquipneia, estase jugular, edema)
Q. CLÍNICO Classicamente apresenta um sopro sistólico pela insuficiência mitral, podendo também ser aórtico (lado E mais
afetado no quadro agudo). Histologicamente em 90% dos pacientes há a presença de Nódulos de Aschoff, (necrose
fibrinoide central com aspecto inflamatório), que são patognomônicos da Febre Reumática. A inflamação cardíaca
dura cerca de 2 meses e o comprometimento cardíaco deixa sequelas.

Coreia de Sydenham: Presente em 20% dos casos. Decorre do acometimento de gânglios da base em até 6
meses após a infecção estreptocócica. Acomete principalmente meninas, e isoladamente pode "fechar" o
diagnóstico de febre reumática. É conhecida também como "Dança de San Vito" e se apresenta como
movimentos extrapiramidais involuntários, arrítmicos, desordenados, abruptos de face e membros. Associado ao
quadro transtornos emocionais (TOC) podem estar presentes. Pode durar de 3 meses a 2 anos. Gatilhos: sons,
barulhos e estresse (cessa com sono)

Nódulos subcutâneos: Presente em menos de 5% dos casos, sendo uma manifestação tardia Conhecidos ainda
como "nódulos de Maynet" são pequenos (1 - 2 cm) localizados em proeminências ósseas, tendões, superfícies
extensoras. Tem aspecto firme e indolor. Podem durar de 1-3 semanas (autolimitada).

Eritema Marginado: Presente em menos de 5% dos casos. Caracterizado por um rash cutâneo róseo-
avermelhado , não pruriginoso, que acomete usualmente tronco poupando a face.
Febre Reumática
ITEM F. REUMÁTICA

O diagnóstico da febre reumática é baseado nos Critérios de Jones, sendo o mais recente de 2015, pela AHA.

P/ DIAGNÓSTICO:
Obrigatório + 2 Critérios Maiores de Jones
1 maior + 2 menores + obrigatório
3 menores + obrigatório
(Importante ressaltar uma exceção à regra que é a presença da Coreia de Sydenham que ISOLADAMENTE, se
presente, faz o diagnóstico.)

Obrigatório: evidência de infecção estreptocócica recente (através da sorologia de anticorpos antienzimas


estreptocócicas. Por exemplo: anti-DNAse B; ASO ; anti-hialuronidase - dosando os 3 a sensibilidade é de 95% - ou
swab orofaríngeo com teste rápido ou cultura)

P/ diagnóstico de recidiva: além do preenchimento de dois critérios maiores ou de um maior e dois menores (como
no surto inicial), pode-se considerar também a possibilidade do preenchimento de três critérios menores como
diagnóstico de recidiva da doença
DIAGNÓSTICO
Febre Reumática
ITEM F. REUMÁTICA

DIAGNÓSTICO
Febre Reumática
ITEM F. REUMÁTICA

TRATAMENTO EEI

Independe do sexo
EXAMES
Dos 30 aos 60 anos

COMPLICAÇÕES Tríade: Disfagia, perda de peso e regurgitação

PROGNÓSTICO Endoscopia, RX contrastado e manometria

Nitrato, BCC, Dilatação endoscópica, POEM.


ORIENTAÇÕES
Cirurgia de Heller e esofagectomia distal (em ultimo caso)
Febre Reumática
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Os exames complementares são úteis para avaliar complicações, auxiliar no diagnóstico e exclusão de
diagnósticos diferenciais.

Laboratoriais: Hemograma ; PCR / VHS /Mucoproteínas; TGO / TGP ; Ureia / Creatinina ; Na ; K ; FAN ; Fator
reumatoide
EXAMES
Hemocultura
COMPLEMENTARES
Urina tipo1 + Urocultura
Raio-X articular e Raio-X de tórax
Eletrocardiograma (ECG)
Ecocardiograma

Os exames laboratoriais usualmente refletem o seguinte:


EXAMES
Hemograma: alterações inespecíficas como leucocitose neutrofílica
LABORATORIAIS
PCR / VHS: Marcadores inflamatórios geralmente elevados
ESPERADOS
TGO / TGP: TGO pode estar pouco elevado

As principais complicações são cardíacas:

Estenose de válvulas cardíacas (principalmente Mitral)


COMPLICAÇÕES Regurgitações
Fibrilação atrial
Insuficiência Cardíaca
Febre Reumática
ITEM F. REUMÁTICA

Pode haver recorrência de cerca de 20% em 1 ano, daí a importância da chamada "profilaxia secundária"

O prognóstico a curto prazo é determinado pela presença ou não de cardite reumática no quadro agudo (e sua
gravidade)
O óbito é secundário à choque cardiogênico/edema agudo pulmonar
PROGNÓSTICO
O prognóstico a longo prazo é determinado pela presença ou não de cardite reumática crônica
É secundária/dependente da gravidade do episódio agudo, levando à degeneração valvar, principalmente
estenose mitral em 10 - 20 anos

O tratamento da Febre Reumática é baseado em um tripé que visa eliminar a bactéria, tratar os sintomas e evitar
que se tenha novos episódios:

Profilaxia primária (erradicação do foco)


ORIENTAÇÕES Tratamento sintomático
GERAIS Profilaxia secundária (prevenção de recorrências)

A necessidade de internação vai depender da gravidade da apresentação clínica. De forma geral, o internamento
está indicado em casos de cardite moderada ou grave, artrite incapacitante e Coreia grave.
Febre Reumática
ITEM F. REUMÁTICA

Pode haver recorrência de cerca de 20% em 1 ano, daí a importância da chamada "profilaxia secundária"

O prognóstico a curto prazo é determinado pela presença ou não de cardite reumática no quadro agudo (e sua
gravidade)
O óbito é secundário à choque cardiogênico/edema agudo pulmonar
PROGNÓSTICO
O prognóstico a longo prazo é determinado pela presença ou não de cardite reumática crônica
É secundária/dependente da gravidade do episódio agudo, levando à degeneração valvar, principalmente
estenose mitral em 10 - 20 anos

O tratamento da Febre Reumática é baseado em um tripé que visa eliminar a bactéria, tratar os sintomas e evitar
que se tenha novos episódios:

Profilaxia primária (erradicação do foco)


ORIENTAÇÕES Tratamento sintomático
GERAIS Profilaxia secundária (prevenção de recorrências)

A necessidade de internação vai depender da gravidade da apresentação clínica. De forma geral, o internamento
está indicado em casos de cardite moderada ou grave, artrite incapacitante e Coreia grave.
Febre Reumática
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TRATAMENTO
Febre Reumática
ITEM F. REUMÁTICA

TRATAMENTO
Febre Reumática
ITEM F. REUMÁTICA

TRATAMENTO
Febre Reumática
ITEM F. REUMÁTICA

Durante o tratamento é útil a medição do PCR (proteína C reativa)

2 vezes por semana inicialmente


1 vez a cada 2 semanas até que os níveis tenham se normalizado.
SEGUIMENTO
Um valor normal após o término do tratamento reflete que o quadro esteja resolvido (a menos que a coreia
apareça)
Febre Reumática
ITEM F. REUMÁTICA

TRATAMENTO

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