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Reumato. Rafaela Cassaniga – MED 98.

A artrite reativa (Are) é conceituada como uma artrite descrito como acometendo a coluna vertebral (qual-
transitória não purulenta reativa durante ou após uma quer segmento) e a articulação SI, geralmente de
infecção intestinal ou urogenital, em geral, doenças se- forma unilateral.
xualmente transmissíveis interligadas ao antígeno HLA-
Ocorre entesite predominantemente nos MMII, princi-
B27. Sendo classificada no grupo das espondiloartrites.
palmente na inserção do tendão do calcâneo e na re-
O termo Síndrome de Reiter é determinado pela tríade gião da fáscia plantar. A presença de dactilite (“dedo
uretrite + conjuntivite + artrite não gonocócica, sendo em salsicha”) nos artelhos são comuns.
considerada na Are. → Ceratoderma blenorrágico +
Balanite circinada. Manifestações mucocutâneas:
Os principais acometimentos de pele e mucosas são a
ceratodermia blenorrágica/pustulose palmoplantar
(imagem 1) e a Balanite circinada (imagem 2).
As ARe são relacionadas com infecção prévia urogeni-
tal/intestinal e no fato de cerca de 60% a 80% dos pa-
cientes serem HLA-B27 positivos (na ARe pós-infecção
intestinal a frequência oscila entre 30 e 50%). O qual
participa da sua patogênese, atuando tanto na persis-
tência da inflamação, quanto na piora do prognóstico.
A ARe costuma surgir cerca de 1 a 4 semanas após o
evento infeccioso, cujas principais bactérias envolvidas
são:
▪ Chlamydia trachomatis (50% casos) e pneumoniae;
▪ Salmonella thyphimurium e enteriditis;
▪ Shigella flexneri e sonnei;
▪ Yersinia enterocolitica;
▪ Campylobacter jejuni;
▪ Clostridium difficile.
Ocorre inicialmente uma mucosite infecciosa, com
posterior disseminação do material bacteriano via cor-
rente sanguínea, podendo ser microorganismos vivos
até a membrana sinovial e tecidos adjacentes (no caso
da Chlamydia e Yersinia). → as céls carreadoras desses
microorganismos são os macrófagos e as céls dendríti-
cas. Além disso, podem ocorrer ulceras orais indolores e
autolimitadas, assim como lesões ungueais similares a
lesões psoriásicas, dificultando o diagnóstico diferen-
cial.
A Are pode apresentar uma grande variedade de sinais
e sintomas, desde sintomas gerais inespecíficos, como Manifestações geniturinárias:
mal-estar geral, febre baixa e fadiga, até manifesta-
ções + específicas. A manifestação + comum é a uretrite, caracterizada
por uma queimação/ardor ao urinar, além de uma se-
Manifestações musculoesqueléticas: creção mucoide discreta. No exame clínico pode ser
possível notar edema e hiperemia no meato uretral.
A apresentação + frequente é uma oligoartrite, perifé-
rica e assimétrica, acometendo + comumente MMII, Manifestações gastrointestinais:
sobretudo joelhos, tornozelos e metatarsofalangeanas.
O início geralmente é agudo, apesar de também ocor- O episódio intestinal possui + comumente uma leve in-
rer de forma insidiosa. O acometimento axial é tensidade, ocorrendo de dias a semanas antes do
Reumato. Rafaela Cassaniga – MED 98.
surgimento da ARe, podendo muitas vezes não ser va- evolução crônica (havendo também a persistência da
lorizado na queixa do paciente. infecção intestinal). Nesses casos, a eliminação da bac-
téria deve ser a meta a atingir, mesmo nos indivíduos
Manifestações oculares: assintomáticos.
A alteração que ocorre + frequentemente é a conjunti- Para os cursos clínicos que se prolongam por semanas
vite asséptica, apesar da conjuntivite por Chlamydia ou meses, são sugeridos períodos curtos de antibióti-
trachomatis também poder acontecer. Em alguns ca- cos e propostos mecanismos de hipersensibilidade
sos esse acometimento pode evoluir para complica- para justificar a evolução crônica.
ções como Episclerite, ceratite e úlcera da córnea.
Além disso, a uveíte anterior, também pode ocorrer Artrite reativa crônica:
com certa frequência.
O prognóstico não é muito bom, estimando-se que 30
a 50% dos pacientes evoluem para cronicidade. Na
Outras manifestações:
maioria, ou os pacientes não receberam antibióticos
Apesar de menos frequentes, podem ocorrer acometi- ou foram tratados por no máximo duas semanas.
mentos cardíacos, como distúrbios de condução e in-
É indispensável fazer a pesquisa de infecção, de modo
suficiência aórtica. Assim como, glomerulonefrites e
que quando presente, o tto com antibióticos deve ser
nefropatias IgA relacionadas (raras).
prolongado. Caso Chlamydia seja identificada, sugere-
se tto antibiótico com duração de até seis meses com
monitorização periódica.
Atualmente não existe nenhum critério definitivo para
Escolha do antibiótico:
o diagnóstico da Are. Desse modo, recomenda-se ava-
liar dados da história clínica, como antecedentes de Nas enteroartrites faz-se o uso de fluorquinolonas. Já
exposição sexual e hábitos alimentares, a fim de consi- no tto de infecção por Chlamydia, o antibiótico de es-
derar as vias de contaminação pelos patógenos envol- colha é a doxiciclina, apesar da azitromicina ser igual-
vidos. mente indicada. Ofloxacino e levofloxacino podem ser
considerados. → pode haver associação (infecção sino-
Alguns dados do exame clínico podem direcionar o ra-
vial por Chlamydia: doxiciclina ou azitromicina + rifam-
ciocínio para as EpA, como a presença de dactilites, en-
picina).
tesites, oligoartrites articulares, lombalgias de caráter
inflamatório e de uveítes anteriores. → correlacionar o Anti-inflamatórios não esteroides (AINE):
gatilho infeccioso com a presença desses sinais/sinto-
mas. AINE devem ser usados de modo sintomático e, com
frequência, na dose plena (não há um específico).
O apoio laboratorial, partindo de exames como HC,
pode apontar algum grau de anemia, leucocitose e Glicocorticoides:
marcadores de inflamação, os quais costumam estar
O ideal é evita-los como primeira escolha. Podendo ser
bastante elevados na fase aguda. Associando a isso, a
introduzido em casos especiais (VO em doses variá-
pesquisa de HLA-B27.
veis), como nas infiltrações intra-articulares, onde seu
uso pode ser benéfico.

DMCD:
Antibióticos:
A Sulfassalazina tem seu uso tem sido indicado na ARe
Artrite reativa aguda:
crônica, parecendo oferecer bons resultados em até
ARe de início recente, é por definição, uma doença in- 60% dos pacientes, principalmente na presença de ar-
fecciosa, de modo que o uso de antibióticos deve ser trite periférica e na prevenção de uveíte. → dose entre
estimulado. 500mg a 3g/dia.
Quando a porta de entrada da infecção for intestinal, o Justifica-se a imunossupressão em ARe crônica, de
uso de antibióticos está indicado somente se ainda modo que o Metotrexato tem sido usado com proto-
houver diarreia ou outra evidência de infecção ativa. colo semelhante ao da AR.
Exceto nos casos e que a Chlamydia estiver presente
na infecção, as quais são mais persistentes, possuindo
Reumato. Rafaela Cassaniga – MED 98.

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