A sepse é uma síndrome clínica caracterizada por disfunção orgânica devido à resposta inflamatória desregulada do organismo a uma infecção. As causas mais comuns são pneumonia, infecção de trato urinário e infecção de pele. A sepse ocorre quando mediadores pró-inflamatórios liberados em resposta à infecção causam uma resposta generalizada, podendo levar a lesão celular e disfunção de órgãos.
A sepse é uma síndrome clínica caracterizada por disfunção orgânica devido à resposta inflamatória desregulada do organismo a uma infecção. As causas mais comuns são pneumonia, infecção de trato urinário e infecção de pele. A sepse ocorre quando mediadores pró-inflamatórios liberados em resposta à infecção causam uma resposta generalizada, podendo levar a lesão celular e disfunção de órgãos.
A sepse é uma síndrome clínica caracterizada por disfunção orgânica devido à resposta inflamatória desregulada do organismo a uma infecção. As causas mais comuns são pneumonia, infecção de trato urinário e infecção de pele. A sepse ocorre quando mediadores pró-inflamatórios liberados em resposta à infecção causam uma resposta generalizada, podendo levar a lesão celular e disfunção de órgãos.
◦ Entre os pacientes com infecções, os fatores de risco para o desenvolvimento de
sepse e disfunção orgânica são menos bem caracterizados, mas provavelmente ◦ É uma síndrome clínica caracterizada por alterações biológicas, fisiológicas e incluem comorbidades, fatores genéticos e outros fatores relacionados aos peptídeos bioquímicas no hospedeiro, culminando em disfunção no funcionamento de órgãos dos microrganismos. e sistemas, secundária à resposta inflamatória desregulada a uma infecção. ◦ O foco de infecção pode estar localizado em apenas um órgão, como o pulmão; ◦ A causa mais comum de sepse é pneumonia. no entanto, é a resposta do organismo para combater o agente infeccioso que ◦ Infecção de trato urinário, infecção de pele e partes moles, infecção de trato provoca uma resposta inflamatória sistêmica responsável pelas disfunções orgânicas gastrointestinal, infecção de articulações, infecção de cateteres e dispositivos, atribuídas à sepse. infecção de sítio cirúrgico.
◦ A incidência de sepse nas unidades de terapia intensiva (UTI) do Brasil é de 36 por
◦ A sepse ocorre quando a liberação de mediadores pró-inflamatórios em resposta 1.000 pacientes/dia com mortalidade de cerca de 55%. a uma infecção excede os limites do ambiente local, levando a uma resposta ◦ É responsável por mais de 80.000 internações em terapia intensiva ao ano. generalizada. ◦ É uma das principais causas de mortalidade hospitalar tardia. ⤷ A causa da generalização é provavelmente multifatorial e pode incluir o efeito ◦ A incidência de sepse está aumentando no mundo. As possíveis razões para esse direto dos microrganismos invasores ou de seus produtos tóxicos, por exemplo, aumento provavelmente incluem o maior número de pacientes convivendo com componentes da parede celular bacteriana ( endotoxina, peptidoglicano e ácido imunossupressão, o desenvolvimento de microrganismos multirresistentes e o lipoteicoico) e bacterianos (enterotoxina estafilocócica B, toxina do choque tóxico- aumento da expectativa de vida da população (pacientes com mais de 65 anos 1, exotoxina A de Pseudomonas A e proteína M de estreptococos hemolíticos do respondem por 60 a 85% dos casos). grupo A); a liberação de grande quantidade de mediadores pró-inflamatórios, que ◦ Os principais focos iniciais são pulmão, abdome e trato urinário. incluem o fator de necrose tumoral alfa (TNFa) e interleucina-1 (IL-1); e a ativação do ◦ As bactérias Gram-negativas (40% dos episódios documentados ou não pela complemento. hemocultura) e Gram-positivas respondem por cerca de 70% dos casos de sepse ◦ Alguns indivíduos podem ser geneticamente suscetíveis ao desenvolvimento de com agentes etiológicos isolados. sepse. ◦ Sepse é uma inflamação intravascular descontrolada, não regulada e ◦ Extremos de idade, doenças imunossupressoras (p. ex., AIDS), câncer, autossustentável que pode levar a lesão celular ➝ mecanismo precursor da medicamentos imunossupressores, diabetes, abuso de álcool, cateteres venosos ou disfunção orgânica na sepse. outras condições que envolvam integridade cutânea ⤷ Os mecanismos propostos para explicar a lesão celular incluem: isquemia tecidual consegue mais manter o volume aumentado. A resistência vascular, por (oxigênio insuficiente para suprir as demandas metabólicas de um sistema outro lado, ao invés de se manter diminuída, começa a aumentar, pois há inflamado), lesão citopática (lesão celular direta, principalmente secundária a necessidade de melhor oxigenação a órgãos nobres, ocorrendo então disfunção mitocondrial por mediadores pró-inflamatórios e por outros produtos de vasoconstrição periférica e, como consequência, as extremidades vão se inflamação) e aumento de apoptose, inclusive de linfócitos. apresentar frias. O volume urinário está diminuído ou ausente, pois o rim não ◦ Os mediadores inflamatórios na sepse também estão implicados em coagulopatias terá mais cabeça de pressão para filtração. Em relação à clínica, o paciente que frequentemente ocorrem. vai se apresentar sonolento, letárgico, as extremidades vão se tornar frias e pegajosas (sudorese fria), mantém-se a taquipneia, surge a cianose periférica, não conseguindo manter saturação periférica adequada (choque). ◦ Inicialmente, o quadro é marcado por achados inespecíficos ➝ taquicardia, febre e leucocitose. ⤷ Eles nada mais refletem que um estado inflamatório generalizado que visa Exames laboratoriais estabelecer uma rápida compensação do organismo ➝ fase de pré-choque ou ◦ Hemograma: avaliação de leucopenia ou leucocitose, plaquetopenia. choque compensado. ◦ Coagulograma: pesquisa de coagulação intravascular disseminada, a qual é ◦ Com a evolução do processo, sinais de choque (p. ex., pele fria, cianose) e disfunção sugerida pelo alargamento do TAP ou PTT, com fibrinogênio baixo e elevação dos orgânica se desenvolvem ➝ choque propriamente dito. marcadores de fibrinólise, como produtos de degradação da fibrina e d-dímero. ⤷ Neste momento, o paciente cursa com dispneia, insuficiência respiratória, ◦ Eletrólitos e função renal. necessidade de ventilação mecânica, hipotensão, oligúria e indicação de terapia ◦ Função hepática: pequenas anormalidades ocorrem na sepse e não indicam dialítica, encefalopatia etc. origem hepática da infecção. Aumento de bilirrubinas, fosfatase alcalina ou ◦ Por último, temos a fase de disfunção final de órgãos (falência de múltiplos órgãos), transaminases até três vezes os valores normais são encontrados em 30-50% dos o paciente está oligoanúrico, franca acidose e provavelmente comatoso. pacientes sépticos. Alterações mais significativas podem indicar uma causa base ◦ Com relação à evolução do quadro séptico, pode-se distinguir duas etapas: localizada no fígado... Progressiva deterioração da função hepática durante a sepse I. Fase quente: é aquela em que o paciente ainda consegue manter o débito sugere dano hepatocelular ou colecistite acalculosa, a qual pode ocorrer como cardíaco normal ou mesmo aumentado, pois existe uma necessidade de complicação de quadros graves. suprir todas essas alterações que estão acontecendo. A resistência vascular ◦ Albumina sérica: a albumina pode cair até 1,5-2,0 g/dl em 24h, durante a sepse, está diminuída e o débito cardíaco aumentado, sendo assim, ocorre devido ao dano endotelial difuso e ao aumento da permeabilidade capilar. Além vasodilatação, razão pela qual o rim ainda consegue manter razoavelmente disso, nos pacientes com doenças crônicas ou infecção prolongada, a queda da o débito urinário. É um paciente que está consciente e mantém-se com febre albumina pode ser resultado de desnutrição e da preferência hepática pela síntese (ao tocar no paciente, observa-se que as extremidades estão quentes), além de proteínas de fase aguda. de taquicárdico ◦ Proteína C-reativa: proteína de fase aguda que se eleva em horas durante uma II. Fase fria: o débito cardíaco já não consegue ser mantido elevado. Mesmo infecção bacteriana. Os níveis de procalcitonina também aumentam e são dosados que o paciente esteja taquicárdico, a contração ou força ionotrópica já não preferencialmente em alguns centros por serem marcadores mais sensíveis. Outra opção recente seria a dosagem dos níveis de TREM-1 (receptor solúvel de ativação Exames radiológicos expresso em células mieloides). ◦ A radiografia torácica é essencial em todos os casos e pode evidenciar sinais ◦ Glicemia: hiperglicemia acima de 140 mg/dl na ausência de diabetes faz parte do sugestivos de SDRA. quadro séptico. Hipoglicemia também pode ser encontrada e ambas devem ser ◦ Investigações radiológicas podem também ajudar na identificação de focos corrigidas. infecciosos ocultos, como, por exemplo, ultrassonografia e tomografia na avaliação ◦ Lactato: geralmente aumenta 3-5 vezes e está relacionado com a hipóxia tecidual. de abscessos profundos. Sua dosagem seriada é importante na monitorização da resposta terapêutica. Valores Exames histopatológicos acima de 1 mmol/L já apontam para hipoperfusão tecidual. Considera-se ◦ As lesões orgânicas na sepse ocorrem pela hipóxia tecidual, piora na perfusão e hipoperfusão e hiperlactatemia significativa quando lactato > 4 mmol/L (36 mg/dl). acidose grave. ◦ Gasometria arterial: o grau de acidose é marcador da gravidade da doença. Na ⤷ Nos pulmões, as alterações são as da SDRA (Síndrome do Desconforto Respiratório fase inicial pode haver distúrbio misto pela associação da acidose com alcalose Agudo), com sinais precoces de edema alveolar e intersticial, além de fibrose tardia. respiratória (pela taquipneia). ⤷ Os rins podem mostrar necrose tubular aguda (reversível na maioria dos casos). ◦ Outros exames: bioquímicos também podem ser solicitados como amilase, ⤷ As alterações hepáticas podem ser de necrose isquêmica zonal ou colecistite creatinoquinase, cálcio e magnésio. A dosagem dos níveis séricos de endotoxinas e acalculosa. citocinas são difíceis de realizar na prática médica e os estudos que demonstram sua ⤷ No cérebro, pode ocorrer tanto isquemia quanto hemorragia. relevância ainda são controversos. ⤷ Na meningococcemia grave, podem ocorrer as gangrenas periféricas por redução Exames microbiológicos dramática da perfusão e as hemorragias adrenais. ◦ A principal investigação microbiológica é a coleta de hemoculturas. ⤷ Os intestinos também são afetados pela isquemia e podem apresentar ulcerações ⤷ Ao menos duas amostras devem ser solicitadas, com aproximadamente 20-30 ml de mucosa e áreas de infarto, com hemorragias digestivas. de sangue, pois o volume afeta a positividade do exame. Escores ⤷ As culturas devem ser coletadas antes do início antibiótico, porém a coleta não deve atrasar significativamente (> 45min) o tratamento da urgência! ⤷ Uma amostra deve ser colhida por via percutânea (punção periférica) e outra pelo acesso vascular (com exceção dos acessos recentes com < 48h). ⤷ Os frascos devem ser incubados para pesquisa de aeróbios e anaeróbios. ◦ As urinoculturas e culturas de liquor, líquido pleural, líquido sinovial ou outras culturas específicas devem ser realizadas em casos específicos. ◦ Na suspeita de infecção invasiva por cândida ou Aspergillus, recomenda-se ≥ 2 CRITÉRIOS = POSITIVO também a pesquisa de 1,3- betaglucan, galactomanana (polissacarídeos da parede fúngica), bem como anticorpos anti-mannan. Esses seriam marcadores mais precoces, uma vez que a confirmação de infecções fúngicas é difícil e demorada. ≥ 4 CRITÉRIOS = PROBABILIDADE MODERADA/ALTA Choque séptico ◦ Quando o débito cardíaco cai, ocorre redistribuição do fluxo sanguíneo; sendo que o fluxo sanguíneo cerebral e coronariano são relativamente protegidos. Entretanto, ◦ É um subconjunto da sepse em que as anormalidades circulatórias, celulares e a constrição alfa-adrenérgica reduz o fluxo cutâneo, muscular, esplâncnico e renal. metabólicas subjacentes são profundas o suficiente para aumentar substancialmente ⤷ A diminuição do fluxo renal e intestinal pode causar lesões isquêmicas destes a mortalidade. órgãos. ◦ Hipotensão persistente apesar do restabelecimento do volume intravascular. ⤷ No pulmão aparecem shunts arteriovenosos. ⤷ A constricção arterial é acompanhada da constricção das vênulas pós-capilares. ◦ As principais alterações hemodinâmicas que podem Ievar ao estado de choque Este efeito causado pelas catecolaminas aumenta a pressão hidrostática nos capilares são a redução do volume intravascular, a falência da bomba cardíaca, o aumento da e há transudação de líquidos para o interstício ➝ queda do volume intravascular resistência arterial periférica, problemas na troca ao nível da microcirculação, o hemoconcentração que se segue ao choque de qualquer etiologia. aumento da resistência ao nível das pequenas veias e vênulas pós-capilares, o curto- ⤷ A redução do fluxo sanguíneo renal estimula o sistema renina-angiotensina- circuito arteriovenoso, o sequestro no sistema de capacitância e a obstrução ao fluxo aldosterona, promovendo retenção hidrossalina. sanguíneo. ⤷ Ocorre também aumento da secreção do hormônio antidiurético que promove ◦ Os parâmetros hemodinâmicos indicadores do estado de choque são a pressão retenção hídrica. arterial, a frequência cardíaca, o débito cardíaco, as pressões de enchimento atriais ⤷ A queda da pressão de perfusão coronariana observada no choque é minimizada (pressão venosa central e pressão de átrio esquerdo) e as resistências vasculares pela vasconstrição periférica na tentativa de manter a pressão na raiz da aorta. Pela (pulmonar e sistêmica). Os volumes ventriculares sistólicos e diastólicos também anatomia das artérias coronárias, o local mais propenso à ocorrência de isquemia expressam índices de função ventricular. inicial é o endocárdio. ◦ Os sinais clínicos do choque refletem a diminuição do fluxo sanguíneo a nível ◦ O metabolismo de carboidratos e Iipídios está francamente alterado nos estados tecidual. de choque. ⤷ A queda do fluxo sanguíneo cerebral detemina as alterações mentais características. ⤷ lnicialmente ocorre hiperglicemia atribuída ao excesso de catecolaminas, glucagon ⤷ Pele fria, palidez cutânea e cianose distal traduzem a hiperatividade adrenérgica ➝ e glicocorticoides. exceção à regra é representada pelo choque séptico hiperdinâmico onde há enorme ⤷ Quando os depósitos de glicogênio tornam-se depletados, nos estados mais redução da resistência vascular periférica. avançados do choque, pode ocorrer hipoglicemia. Concomitantemente ocorrem ◦ O estado de choque determina redução do fluxo sanguíneo em praticamente Iipólise, também atribuída às catecolaminas, e hipertrigliceridemia, consequente à todos os órgãos e sistemas, independente da causa primária. redução da Iipase lipoprotéica. ◦ A ação de hormônios Iiberados em grandes quantidades durante o choque, tais ◦ Fígado: a hipoperfusão tecidual também compromete o fígado, provocando zonas como as catecolaminas, as substâncias do sistema renina-angiotensina-aldosterona, isoladas de necrose centro-lobular. Necrose mais extensa é difícil de ser observada, os glicocorticoides e a vasopressina, determina vasoconstrição, efeitos inotrópicos e exceto quando o choque incide em pacientes com doença hepática prévia. A cronotrópicos no miocárdio, expansão ou contração do volume intravascular e elevação das enzimas TGO, TGP e DHL é comum a todos os tipos de choque. As alterações do metabolismo da gordura, glicose e proteínas. bilirrubinas costumam elevar-se principalmente no choque séptico, mostrando aspecto de icterícia colestática. ◦ Musculatura esquelética: a queda do fluxo sanguíneo tecidual promove diminuição ◦ Coração: Iesões celulares atribuídas à hipoperfusão; o edema miocárdico do metaboIismo muscular, afetando principalmente sua função respiratória e secundário à isquemia e a depressão da contratilidade associada a fatores comprometendo a função motora de muitos músculos. O exemplo mais importante depressores circulantes causam deterioração da função cardíaca, que pode contribuir é representado pelo diafragma, cuja capacidade pode ser excedida pelas para a má evolução dos estados de choque. necessidades ventilatórias do paciente, sobrevindo fadiga e que vem agravar a ◦ Rins: a insuficiência renal é uma das complicações mais comuns do choque e em insuficiência respiratória, culminando muitas vezes com a necessidade de assistência geral manifesta-se com 24 a 72 horas do seu início. A fisiopatologia da lesão renal é ventilatória. atribuída à drástica redução do fluxo sanguíneo renal causado pela hipotensão e pelo ◦ Sangue e coagulação: a lentificação do fluxo sanguíneo tecidual promove excesso de catecolaminas exógenas e endógenas circulantes. A lesão tubular renal agregação de hemácias, leucócitos e plaquetas na microcirculação, podendo progride até a necrose celular e obstrução dos túbulos . O quadro clínico consiste de aumentar a resistência periférica e ser um dos vários fatores responsáveis pelo graus variáveis de oligúria, podendo chegar à anúria. Raramente a fase de oligúria desencadeamento da coagulação intravascular disseminada (CIVD). passa despercebida, ocorrendo a chamada insuficiência renal poliúrica, onde há excreção de água mas não das escórias nitrogenadas. Ao exame de urina observa- se aumento do número de glóbulos vermelhos, de cilindros, da concentração de proteínas e de sódio. No plasma observa-se elevação progressiva de ureia, creatinina, fósforo, potássio, e redução do sódio, bicarbonato e cálcio. ◦ Pulmões: precocemente podem ser observados hiperventilação, aumento do espaço morto e do gradiente alvéolo-arterial de oxigênio, traduzidos basicamente por hipoxemia e alcalose respiratória. A lesão endotelial difusa desencadeada pelos mediadores liberados no choque pode determinar a síndrome de angústia respiratória do adulto. Histologicamente observam-se comprometimento difuso da barreira alvéolo-capilar que afeta a sua integridade, lesão do pneumócito tipo II, presença de exsudatos contendo fibrina no interstício e Iuz alveolar, edema e presença maciça de células inflamatórias (principalmente macrófagos e Ieucócitos) e trombos plaquetários.