O choque é definido como um estado de hipóxia capilar) celular e tecidual devido à redução do fornecimento • Frequência cardíaca: de oxigênio, ao aumento do consumo de oxigênio, à • Taquicardia é mais comumente utilização inadequada de oxigênio ou a uma encontrada, geralmente em estados de hipovolemia combinação desses processos. Isso ocorre mais => tentativa de aumentar o DC e a DO2 comumente quando há insuficiência circulatória • Bradicardia: transtorno fisiológico severo e manifestada como hipotensão (ou seja, redução da um risco de colapso cardiovascular iminente perfusão tecidual); entretanto, é fundamental • Frequência cardíaca: reconhecer que um paciente em choque pode • Diminuição da FC a um desafio hídrico sugere apresentar-se hipertenso, normotenso ou hipotenso. hipovolemia O choque é inicialmente reversível, mas deve ser • Lembrar das condições que limitam o aumento da reconhecido e tratado imediatamente para evitar a FC no choque: betabloqueadores, dano medular progressão para disfunção orgânica irreversível. alto e marcapasso “Choque indiferenciado” refere-se à situação em que o choque é reconhecido, mas a causa não é • Temperatura: clara • Hipotermia sugere um transtorno Durante o choque, as cadeias inflamatória e de fisiológico severo e está associado a arritmias, lesão coagulação podem ser ativadas em áreas de renal e coagulopatias hipoperfusão. Células hipóxicas do endotélio • Reaquecimento leva a um aumento da vascular ativam leucócitos, que se ligam ao VO2 que pode se sobrepor a uma DO2 inadequada endotélio e liberam substâncias diretamente lesivas (p. ex., espécies de oxigênio reativas, enzimas proteolíticas) e mediadores inflamatórios (p. ex., citocinas, leucotrienos, fator de necrose tumoral). Alguns desses mediadores se ligam a receptores da superfície celular e ativam o fator nuclear kapa B Em adultos com quadro de choque, a pressão (FNκB), que leva à produção de citocinas arterial sistólica tipicamente é menor que 90 mmHg adicionais e também de óxido nítrico (NO), um ou a pressão arterial potente vasodilatador. Choque séptico pode ser média é menor que 70 mmHg, com taquicardia mais pró-inflamatório do que outras formas de associada. choque devido às ações de toxinas bacterianas, A combinação de tempo de enchimento capilar > 2 especialmente endotoxina. segundos, livedo e diminuição da temperatura da pele pode predizer baixo índice Manifestações clínicas……………………………. cardíaco e, em última análise, choque com • Estado mental especificidade de 98% e sensibilidade de 12%. • Circulatório: Outros estudos mostraram que o tempo de • Coração enchimento capilar > 3 segundos é associado com • Taquicardia piora da perfusão tecidual (motting) e pior • Arritmias prognóstico. • Hipotensão • Sistêmica •Alteração do pulso jugular •Pulsos periféricos assimétricos • Respiratório •Taquipnéia •Cianose • Renal Existem três janelas de perfusão tecidual, que perda para o terceiro espaço (pancreatite aguda, identificam os danos que o choque causou no obstrução intestinal), queimaduras, hipertermia. organismo (Figura 6): Pele: pele fria e úmida, cianose, palidez, livedo, Fisiopatologia tempo de enchimento capilar prolongado, gradiente Na fase compensatória, o organismo tenta manter a temperatura central-periférica (> pressão arterial e o fluxo sanguíneo para os órgãos 7°C = má perfusão periférica). vitais. Isso ocorre por meio de mecanismos de Rim: débito urinário < 0,5 mL/kg/h. vasoconstrição, liberação de hormônios e aumento Sistema nervoso central: estado mental alterado, da frequência cardíaca. Esses mecanismos são que inclui torpor, desorientação e confusão. importantes para manter a homeostase e garantir Vale ressaltar a importância da análise de outras que os órgãos vitais recebam a quantidade adequada disfunções orgânicas não avaliadas pelas três de sangue. janelas descritas, visto que refletem também as consequências do choque no organismo. A No entanto, se a perda de volume sanguíneo não for avaliação por sistemas facilita a identificação das corrigida, o organismo entra na fase disfunções: descompensatória. Nessa fase, ocorre hipoperfusão Respiratório: dispneia, uso de musculatura tecidual generalizada. Essa fase leva a uma redução respiratória acessória, hipoxemia, relação na oferta de oxigênio e nutrientes para os tecidos. PaO2/FiO2 < 400. Isso pode levar à disfunção de múltiplos órgãos, Cardiovascular: hipotensão, taquicardia, incluindo os rins, fígado e pulmões. hiperlactatemia. Hepática: icterícia, encefalopatia, aumento de Além disso, a acidose metabólica e o aumento da bilirrubinas. produção de radicais livres podem causar lesões Hematológica: sangramentos, petéquias, teciduais e disfunção celular. Se a hipoperfusão alargamento de RNI, plaquetopenia. persistir, o organismo entra na fase irreversível. Essa fase é caracterizada por lesões teciduais e disfunção orgânica grave. Quando o corpo está nessa fase, a recuperação completa pode ser difícil e muitas vezes há um risco elevado de mortalidade.
Outra complicação comum do choque
Choque Hipovolêmico hipovolêmico é a ativação do sistema de É o tipo mais frequente de choque e é causado por coagulação, que pode levar à formação de trombos débito cardíaco inadequado devido à redução do e à disseminação intravascular da coagulação. Essa volume sanguíneo. complicação pode agravar a hipoperfusão tecidual e • Maioria das formas de choque tem componente de aumentar o risco de mortalidade. hipovolemia resultante da diminuição da pré carga • Resposta simpática reflexa com aumento da FC, Classificação do choque hipovolêmico da contratilidade e da RVP O choque hipovolêmico é uma condição médica grave que pode ser classificada de diferentes Hemorrágico: pode ser relacionado ao trauma, em formas, dependendo da causa subjacente, do grau que há hipovolemia devido a perda de sangue e de perda de volume sanguíneo e do tempo decorrido destruição tecidual. Ou não relacionado ao trauma, desde o início do quadro. Aqui estão algumas das como ocorre no sangramento espontâneo por principais classificações do choque hipovolêmico: coagulopatia ou iatrogênico, hemoptise maciça e hemorragia digestiva. Não hemorrágico: perda de volume pelo trato gastrointestinal (diarreia, vômitos), rins (excesso de diurético, estado hiperosmolar hiperglicêmico), diminuição da resistência vascular e alteração do tônus vagal. Choque anafilático: a anafilaxia está associada a mecanismos imunológicos (IgE mediado – alimento, inseto, látex – ou não IgE mediado – omalizumab, infliximab) e não imunológicos (exercício, frio, radiocontraste), todos levando à degranulação de mastócitos e/ou basófilos. Pode acometer diversos sistemas Choque Cardiogênico (cardiovascular, respiratório, pele, trato O choque cardiogênico é uma condição médica gastrointestinal e sistema nervoso central), no grave que ocorre quando o coração não consegue entanto, o choque e a obstrução de via aérea são as bombear sangue suficiente para atender as principais causas de morte. necessidades do corpo. Choque por cianeto e por monóxido de carbono: Principais causas de choque cardiogênico: choque por disfunção mitocondrial. No primeiro • Causas: IAM, cardiomiopatias, obstrução da saída caso, o paciente possui O2, mas não consegue do VE, anomalias do enchimento ventricular, utilizá-lo por bloqueio da fosforilação oxidativa insuficiência valvar aguda, arritmias e defeito pelo cianeto. No segundo caso, além desse ventricular septal mecanismo, o monóxido de carbono tem muita •DC diminuído (IC <2.2L/min/m²) e PAOP afinidade pela hemoglobina, dificultando sua aumentada ligação ao oxigênio. (>18 mmHg) Choque endócrino: crise addisoniana (insuficiência •Diagnóstico através de ECG e ecocardiograma adrenal devido à deficiência mineralocorticoide) e coma mixedematoso podem estar associados à Choque Distributivo hipotensão e a estados de choque. Em estados de A má perfusão tecidual é resultado de vasodilatação deficiência mineralocorticoide, a vasodilatação periférica global que leva a redução acentuada da pode ocorrer devido ao tônus vascular alterado e à pressão de enchimento capilar, comprometendo o hipovolemia mediada pela deficiência de fornecimento de oxigênio pelos capilares. aldosterona. Os doentes com tireotoxicose podem O débito cardíaco encontra-se preservado, já que desenvolver insuficiência cardíaca de alto débito e, não há problema com o coração nem com o volume com a progressão da doença, esses pacientes podem circulante. desenvolver disfunção sistólica do ventrículo Choque distributivo esquerdo ou taquiarritmias, levando à hipotensão. É caracterizado por vasodilatação periférica grave • Função cardíaca deteriora em estágios mais com queda da resistência vascular sistêmica. tardios tendo um padrão de choque cardiogênico na Choque séptico: a sepse é definida como resposta sepse tardia; desregulada do hospedeiro à infecção, resultando • Hiperdinâmico com DC aumentado e RVP em disfunção orgânica com risco de morte. Choque diminuída séptico e sepse com necessidade de terapia • Hipovolemia relativa e DC diminuído vasopressora e presença de níveis elevados de inicialmente que aumenta após a reposição lactato (> 2 mmol/L ou > 18 mg/dL), apesar da volêmica ressuscitação volêmica adequada. É o tipo mais comum de choque distributivo e tem mortalidade Choque Obstrutivo estimada em 40 a 50%. É causado principalmente por causas extracardíacas Choque neurogênico: ocorre geralmente em vítimas que culminam em insuficiência cardíaca. As causas de traumatismo cranioencefálico grave e lesão da de choque obstrutivo podem ser divididas em duas medula espinhal, sobretudo se esta for acima de T6, categorias: levando à interrupção das vias autonômicas, com Vascular pulmonar: a maioria dos casos de choque obstrutivo é devido a insuficiência ventricular direita decorrente de tromboembolismo pulmonar Aumento da pressão intratorácica: pneumotórax hemodinamicamente significativo (TEP) ou hipertensivo, ventilação mecânica com altos valores hipertensão pulmonar grave (HP). Nesses casos, o de PEEP. ventrículo direito falha, porque é incapaz de gerar Obstrução extrínseca ou de estruturas adjacentes ao pressão suficiente para superar a alta resistência coração: síndrome da veia cava superior, tumores vascular pulmonar. Se o paciente não apresenta mediastinais. disfunção de VD, o choque não pode ser explicado Estágios do Choque pelo TEP e outras causas devem ser pesquisadas. • Choque precoce (compensado) Em pacientes com hipertensão pulmonar • Choque progressivo preexistente e disfunção do VD, isquemia, (descompensado) sobrecarga de volume ou hipoxemia devem ser • Choque Irreversível evitadas, pois esses insultos podem resultar em Fluidorresponsividade disfunção ventricular direita crônica agudizada, É a capacidade do coração de aumentar seu volume resultando em colapso cardiovascular. sistólico em resposta a expansão volêmica Mecânica: apresentação clínica similar ao choque hipovolêmico, pois o distúrbio fisiológico primário é uma diminuição da pré-carga, em vez da falha da bomba (p. ex., redução do retorno venoso ao átrio direito ou enchimento inadequado do ventrículo direito). Causas mecânicas de obstrução de choque incluem: pneumotórax hipertensivo, tamponamento pericárdico, pericardite constritiva e cardiomiopatia restritiva. O mecanismo e a etiologia do choque podem ser claros a partir da anamnese e do exame físico. Por exemplo, choque após trauma provavelmente será TRATAMENTO hipovolêmico, mas choque cardiogênico, choque Os suportes hemodinâmico e ventilatório precoce e obstrutivo ou mesmo choque distributivo também adequado de pacientes em choque são essenciais podem ocorrer, sozinhos ou em combinação, para evitar piora clínica, SDMOS e morte. O causados por condições como tamponamento tratamento do choque deve ser iniciado enquanto se cardíaco ou lesão da medula espinal. Assim, investiga a etiologia que, uma vez identificada, ressalta-se que a maioria dos pacientes com choque deve ser corrigida rapidamente. frequentemente tem uma combinação de mecanismos. A seguir, apresentamos um algoritmo adaptado que auxilia no diagnóstico diferencial do tipo predominante de choque Achados sugestivos de choque obstrutivo: turgência de jugular sem edema pulmonar. Causas de choque obstrutivo O choque obstrutivo é uma emergência médica que ocorre quando o fluxo sanguíneo é bloqueado por um obstáculo mecânico, impedindo o correto funcionamento do coração e dos órgãos. As causas mais comuns de choque obstrutivo incluem:
Tamponamento cardíaco: trauma, uremia, câncer,
doenças autoimunes, tuberculose. Obstrução do débito de VD: embolia pulmonar, hipertensão pulmonar aguda. O atendimento do paciente em choque deve ser concentrado de plaquetas, aférese de plaquetas realizado em sala de emergência, e, a menos que o (corresponde a seis concentrados de plaquetas de choque seja rapidamente revertido, um cateter um único doador), plasma fresco congelado arterial deve ser inserido para monitorar a pressão (contém todos os fatores de coagulação e todas as arterial invasiva, além de um cateter venoso central proteínas do plasma) e crioprecipitado (contém os para drogas vasoativas. É importante salientar que, fatores VIII, XIII, fibrinogênio e vWF). se houver indicação de iniciar drogas Resumindo vasoconstritoras, estas podem ser iniciadas em um Cristaloides acesso venoso periférico calibroso, até que se <2L - Clássica; obtenha um cateter venoso central com segurança. >2L - lactato. Vale lembrar também que drogas vasoativas sem Acesso venoso periférico ação vasoconstritora como dobutamina, 2 Arteriais nitroglicerina e nitroprussiato de sódio não 1 venoso central necessitam de acesso venoso central. Para entendermos a abordagem geral do choque, Em seguida, devemos definir qual é o tipo e a devemos nos lembrar de quais são os principais quantidade de solução que devem ser utilizados em componentes do DO2 (oferta de O2) e do VO2 cada tipo de choque. (consumo de O2), como descrito na seção de Choque hemorrágico fisiopatologia. Para todo tipo de choque, devemos A administração de cristaloides pode levar a raciocinar no sentido de otimização da relação DO2 coagulopatia por diluição dos fatores de × VO2. coagulação, além de hipotermia. O ATLS (10ª Otimização da pré-carga edição) recomenda a administração de 1 L de Cristaloides: há dois tipos básicos de cristaloides – cristaloide inicialmente, seguida de a solução salina clássica (soro fisiológico) e as hemocomponentes, caso o paciente mantenha-se soluções balanceadas (Ringer lactato, PlasmaLyte). hipotenso. Essa recomendação se baseia no fato de que a Choques hemorrágicos graus III e IV já são administração agressiva de solução salina clássica indicações de ressuscitação com hemocomponentes resulta em maior taxa de acidose metabólica no trauma. hiperclorêmica e piores desfechos renais (injúria Vale lembrar o conceito de “ressuscitação renal aguda e necessidade de diálise). Por outro hipotensiva” ou “hipotensão permissiva”, em que se lado, o uso de Ringer lactato está mais associado a almeja uma pressão arterial sistêmica (PAS) > alcalose metabólica (o lactato é metabolizado em 80-90 mmHg até que haja o controle do foco de bicarbonato no fígado) e hiponatremia. sangramento. Para isso, evita-se uma ressuscitação Colóides: Apesar desse benefício teórico, vários volêmica agressiva. No entanto, esse conceito não é ensaios clínicos randomizados e metanálises aplicado para TCE grave, visto que a hipotensão falharam em demonstrar superioridade dos coloides pode piorar a perfusão cerebral. em relação aos cristalóides. Nos pacientes com choque hemorrágico grave, Albumina: vale ressaltar que a albumina deve ser devemos acionar o protocolo de transfusão evitada no contexto de trauma cranioencefálico maciça, em que administramos ácido (TCE), pois culminou em maior mortalidade, tranexâmico em até 3 h do trauma, além de quando comparada aos cristalóides. Pacientes concentrado de hemácias, plaquetas e plasma cirróticos, que possuem hipoalbuminemia, redução fresco congelado na proporção de 1:1:1. do volume intravascular e sobrecarga volêmica total Choque não hemorrágico: A exceção a esta regra é (distribuída pelo terceiro espaço e leito o choque séptico, no qual o Ringer lactato se esplâncnico), talvez se beneficiem de ressuscitação mostrou superior ao soro fisiológico, como volêmica com albumina a 20 a 25% demonstrado pelo estudo SMART 2018. Amidos (“starches”): devem ser evitados. A quantidade de cristalóide preconizada na Hemocomponentes: os principais utilizados no sepse, por exemplo, é de 30 mL/kg nas primeiras tratamento do choque são concentrado de hemácias, 3 horas. No entanto, esse valor não deve ser seguido ao pé da letra, mas, sim, servir apenas Otimização do débito cardíaco como um guia. O ideal é administrar pequenas Dobutamina é o agente inotrópico mais utilizado alíquotas (250-500 mL) de cristalóides EV, para o aumento do débito cardíaco, apresentando reavaliando o paciente à beira do leito (pressão efeitos em receptores beta-1 e beta-2- adrenérgicos. arterial, tempo de enchimento capilar, diurese, Uma dose inicial de apenas 2 mg por kg por minuto ausculta pulmonar), o que guiará a administração de pode aumentar substancialmente o débito cardíaco. novas alíquotas. Doses maiores que 20 mcg por kg por minuto A maioria só pode ser avaliada se o paciente estiver geralmente oferecem pouco benefício adicional. A entubado e com condições ótimas de ventilação e dobutamina tem efeitos limitados sobre a pressão sedação. Para pacientes em ventilação espontânea, o arterial, embora possa causar hipotensão quando mais usado é a elevação passiva de pernas, iniciada, devido ao efeito beta-2, sobretudo em representada. pacientes hipovolêmicos. PÓS CARGA Em pacientes com hipotensão persistente após Otimização da oxigenação ressuscitação volêmica, a administração de A administração de O2 suplementar deve ser vasopressores é indicada. Porém, a tendência é iniciada precocemente, para aumentar o iniciar as drogas vasoativas mais precocemente, fornecimento de oxigênio aos tecidos e prevenir enquanto a ressuscitação volêmica está em hipertensão pulmonar. andamento. Em seguida, devemos providenciar uma A oximetria de pulso pode não ser confiável, pressão arterial invasiva para monitorização da devido à vasoconstrição periférica e, portanto, a pressão arterial média e um cateter venoso central gasometria arterial é fundamental. para administração de drogas vasoconstritoras. Pacientes com dispneia grave, hipoxemia, acidemia Norepinefrina é o vasopressor de primeira grave e persistente ou com rebaixamento do nível escolha nos quadros de choque, exceto no de consciência são elegíveis para anafilático, em que a epinefrina é superior. ventilação mecânica invasiva. A dopamina atua em diferentes receptores . adrenérgicos, a depender da sua dose. Quando Antes de intubar, devemos otimizar a menor que 5 mcg/kg/min, possui efeito em hemodinâmica do paciente, para evitar piora da receptores dopa; quando a dose está entre 5 e 10 pressão arterial e da perfusão periférica após a mcg/kg/min, possui efeito beta predominante; intubação orotraqueal. Ainda no sentido de evitar quando maior que 10 mcg/kg/min, predomina o hipotensão, o ideal é utilizar sequência rápida de efeito alfa. Como possui muitos efeitos adversos, intubação com etomidato ou quetamina EV, sobretudo arritmias, é pouco usada hoje em dia, associados a um bloqueador neuromuscular, como sendo reservada para situações de bradiarritmias succinilcolina ou rocurônio EV. Um detalhe instáveis, como uma ponte para o marca-passo relevante é que a dose dos indutores no paciente transvenoso. chocado deve ser reduzida. Suporte transfusional De maneira geral, recomenda-se manter um alvo de hemoglobina (Hb) acima de 7 g/dL, sendo indicada transfusão de concentrados de hemácias se estiver abaixo desse nível. Para cardiopatas o alvo passa a ser Hb acima de 8 a 8,5 g/dL. É importante salientar que no choque hemorrágico, Sugerimos o uso de vasopressina como segunda como já discutido neste capítulo, realizamos a droga em pacientes com quadro de choque séptico, ressuscitação volêmica com concentrados de já em uso de noradrenalina, que mantêm hipotensão hemácias, se o paciente estiver hipotenso, arterial e que não apresentam depressão miocárdica independentemente dos níveis de Hb. Ademais, se importante associada. tiver indicação de acionamento do protocolo de transfusão maciça, outros hemocomponentes são indicados, como concentrados de plaquetas e plasma fresco congelado. Redução do VO2 Outro ponto importante é a redução do consumo periférico de oxigênio. Para isso, devemos nos atentar para alguns detalhes: Evitar hipertermia (antitérmicos, se necessário). Controlar a dor (analgésicos, se necessário). Reduzir a ansiedade (ansiolíticos, se necessário). Reduzir o trabalho respiratório (ventilação mecânica, quando indicada, e esta deve ser bem ajustada, evitando assincronias).
Sempre que apresentar uma ou mais condições
clínicas que sugira inadequação na pré-carga associada a hipoperfusão tecidual O desenvolvimento de dispositivos portáteis de 1. Hipotensão PAS<100mmHg ou PAM< 65mmHg polarização espectral (OPS) e sua imagem está ou <40mmHg da PAS basal fornecendo novos meios de visualizar diretamente a 2. Oligúria / azotemia (IRA inicial): diurese < microcirculação e avaliar os efeitos de intervenções 30ml/h ou <0,5ml/kg/h sobre o fluxo da microcirculação. A espectroscopia 3. Taquicardia >100bpm infravermelha é uma técnica que utiliza luz 4. Hiperlactatemia >2mmol/L infravermelha para determinar o nível de oxigênio 5. Extremidades mal perfundidas - escala de nos tecidos a partir das frações de oxi-hemoglobina moteamento e desoxihemoglobina. 6. Desmame de vasopressores Uma análise das alterações na saturação de 7. Otimização em pacientes cirúrgicos de alto risco oxigênio nos tecidos durante um breve episódio de isquemia no antebraço pode ser usada para quantificar a disfunção microvascular. Tais alterações pioram o prognóstico e várias intervenções terapêuticas têm sido mostradas como tendo um efeito sobre essas variáveis da microcirculação. Porém, não se sabe ainda se a terapia dirigida por monitoramento da microcirculação pode melhorar os desfechos, quando comparada ao monitoramento clínico. Sepse é uma síndrome definida como resposta corrente sanguínea (15%) e trato geniturinário inflamatória desregulada a uma infecção, levando a (14%). disfunção no funcionamento de órgãos e sistemas. A sepse pode ter origem na comunidade, ser Sepse ocorre quando a liberação de mediadores nosocomial ou associada a cuidados de saúde. pró-inflamatórios em resposta a uma infecção O estudo SOAP relatou uma prevalência quase excede os limites do local da infecção, levando a igual de infecções bacterianas Gram-positivas e uma resposta inflamatória sistêmica e generalizada, Gram Negativas entre pacientes com sepse, com que acarreta lesão celular e disfunção orgânica. Staphylococcus aureus (Gram-positivo) e espécies O tratamento da sepse deve ser realizado em duas de Pseudomonas e Escherichia coli frentes: tratamento da infecção e terapia de suporte (Gram-negativas) sendo os organismos mais às disfunções orgânicas. frequentemente identificados. A antibioticoterapia deve ser iniciada precocemente, idealmente na primeira hora após a identificação da sepse, e direcionada para o foco suspeito da infecção. INTRODUÇÃO E DEFINIÇÃO Sepse é uma síndrome clínica caracterizada por alterações biológicas, fisiológicas e bioquímicas no hospedeiro, culminando em disfunção no funcionamento de órgãos e sistemas, secundária à resposta inflamatória desregulada a uma infecção. Diferentemente do antigo conceito de infecção generalizada, entende-se atualmente que o foco da infecção pode estar localizado em apenas um órgão, como o pulmão; no entanto, é a resposta do organismo para combater o agente infeccioso que provoca uma resposta inflamatória sistêmica descontrolada, não regulada e autossustentável responsável pela lesão celular e disfunções orgânicas atribuídas à sepse. Aceita-se ainda que a sepse faz parte de um continuum de gravidade, que se inicia na infecção não complicada, perpassa a sepse, o choque séptico e culmina na síndrome de disfunção de múltiplos órgãos (SDMOS) e morte. Os critérios diagnósticos de sepse têm evoluído com o passar dos anos: