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Tipos de choque:

Diagnóstico e cuidados na emergência.


(PARTE 1)

Profª Josiele Neves

Agosto/2023
Choque
Panorama histórico

01 02 03

1743 - Francês Le Dran 1852 - Samuel Gross Final do Séc. XIX

SHOCK/CHOC Falência na máquina da vida Sudorese fria e pulso


filiforme

04 05

Ínicio do Séc. XX 1919

Mensuração da pressão Hipoperfusão tecidual


arterial
Qual a
importância
do tema?
Hipovolêmico
01 Diminuição do volume intravscular
Traumatismo, hemorragia, queimadura, desidratação
grave, ascite

Principais 02
Distributivo
Volume intravascular fica represado nos vasos

tipos de sanguíneos periféricos: Neurogênico*, séptico e


anafilático

choque 03 Cardiogênico
Comprometimento da capacidade de bombeamento do
coração. Causas: coronarianas e não-coronarianas

Obstrutivo
04 Causado por: embolia pulmonar, pneumotórax hipertensivo
ou tamponamento cardíaco
Definição de choque

Síndrome caracterizada pela diminuição da perfusão


tecidual e pelo comprometimento do metabolismo celular,
que resulta em um desequilíbrio entre a oferta e a
demanda de oxigênio e nutrientes (LEWIS et al., 2013)
Definição de choque
E o que quer dizer essa definição?

É um estado de hipoperfusão
celular generalizada, no qual a
liberação de oxigênio em nível
celular é inadequada para atender
às necessidades metabólicas
(PHTLS, 2021).
Definição de choque
Com a diminuição da perfusão tecidual....

Incapacidade do sistema circulatório de nutrir os tecidos ou


remover metabólicos tóxicos

Consumo de ATP (adenosina trifosfato) - Oxigênio + glicose

Adenosina "solta" - metabolismo anaeróbico - acidose lática


Fisiopatologia

Ativação do sistema simpático; Aumento da FC e contratilidade


Liberação de: Catecolaminas, vasopressina e angiotensina
Aumento do tônus vascular e arteriolar; do volume sanguíneo
central, do retorno venoso e da pressão arterial
Durante o estado de choque....

Organismo lança mão de todos os mecanismos homeostáticos


para restaurar o fluxo sangíneo
Respostas fisiológicas: hipoperfusão dos tecidos; hipermetabolismo
e a ativação da cascata inflamatória
Afeta a "chave da vida": o metabolismo aeróbio, por meio
do qual nosso organismo produz energia em forma de ATP
(HINKLE; CHEEVER, 2020; PHTLS, 2021)
Efeitos celulares e teciduais do choque
Todos os sistemas orgânicos podem manifestar consequências
do choque, tais como:
Cardiovasculares: insuficiência ventricular e trombose microvascular
Neurológicas: confusão mental; rebaixamento do nível de consciência;
disfunção do SNS; coma; falha na termorregulação e depressão
cardiorrespiratória.
Pulmonares: Insuf. resp. aguda e lesão pulmonar aguda
Renais: necrose tubular aguda
Hematológicas: Coagulação intravascular disseminada (CIVD)
Gastrintestinais: Insuficiência do trato gastrintestinal; úlceras de estresse;
insuficiência hepática e pancreática
(URDEN; STACY; LOUGH, 2016)
Estágios do choque
1. Compensatório;
2. Progressivo;
3. Irreversível.
Estágios do choque
Progressivo
Estágios do choque
Irreversível
Hipovolêmico
01 Diminuição do volume intravscular
Traumatismo, hemorragia, queimadura, desidratação
grave, ascite

Principais 02
Distributivo
Volume intravascular fica represado nos vasos

tipos de sanguíneos periféricos: Neurogênico,


anafilático
séptico e

choque 03 Cardiogênico
Comprometimento da capacidade de bombeamento do
coração. Causas: coronarianas e não-coronarianas

Obstrutivo
04 Causado por: embolia pulmonar, pneumotórax hipertensivo
ou tamponamento cardíaco
Choque hipovolêmico

Tipo mais comum, caracterizado pela diminuição do volume intravascular.


Ocorre quando há redução no volume intravascular de 15 a 30%, que
representa perda, de aproximadamente, 750 ml a 1.500 ml de sangue de uma
pessoa com 70 kg (HINKLE; CHEEVER, 2020)
Choque hipovolêmico
Pode ser causado por:
1. Perdas externas de líquido (perda sanguínea traumática, vômitos, diarréia, diurese,
cirurgia, diabetes insípito)
2. Movimentação interna de líquido (desidratação grave, edema grave e ascite).
Choque hipovolêmico
Os efeitos fisiológicos da hemorragia são divididos em 4 classes, com base nas
manifestações clínicas, que são úteis para estimar a perda aguda de sangue (ALTS, 2018).
Choque hipovolêmico
Outra forma de representar os estágios de choque hemorrágico:
Características do choque
hipovolêmico
Hipotensão arterial
Queda PAS<90 mmHg ou 30 mmHg abaixo do valor normal

Hipoperfusão tecidual:
oligúria, extremidades frias, alteração do nível de consciência

Hipovolemia, Hipóxima e distúrbios do


equilíbrio ácido-básico
Reposição volêmica
São necessárias metas:
Estabelecimento de uma pressão de perfusão orgânica satisfatória para
todos os órgãos;
O estabelecimento de um fluxo sanguíneo global adequado;
O estabelecimento de uma adequada oferta de oxigênio para os tecidos
metabolicamente ativos
Algumas variáveis fisiológicas:
PAS > 90 mmHg
PAM > 70 mmHg
Índice de choque (PAS/FC) > OU = 1
Volume urinário >0,5 a 1,0 ml/kg/h
PVC 8 a 12 mmHg
SaO2 >90% (mais seguro PaO2 > OU = 80 mmHg ou uma SaO2> OU = 94%
Hipovolêmico
01 Diminuição do volume intravscular
Traumatismo, hemorragia, queimadura, desidratação
grave, ascite

Principais 02
Distributivo
Volume intravascular fica represado nos vasos

tipos de sanguíneos periféricos: Neurogênico,


anafilático
séptico e

choque 03 Cardiogênico
Comprometimento da capacidade de bombeamento do
coração. Causas: coronarianas e não-coronarianas

Obstrutivo
04 Causado por: embolia pulmonar, pneumotórax hipertensivo
ou tamponamento cardíaco
CHOQUE CIRCULATÓRIO (distributivo)
Perda do tônus simpatico
(contração dos vasos), Liberação de mediadores
parassimpático (dilatação) bioquímicos

Neurogênico* Séptico e Anafilático


CHOQUE CIRCULATÓRIO (distributivo)
hipovolemia relativa - vasodilatação inicial

Representado pelos choques anafilático,


neurogênico e séptico. Este último é o tipo mais
comum, com a mortalidade estimada em 40 a 50%
(VELASCO et al., 2019)
Choque neurogênico:
Condição detectada em pacientes com lesões graves na coluna cervical
e torácica alta;
Causado por: supressão da estimulação simpática da circulação
sanguínea do coração e redução da RVP;
Sinais e sintomas: hipotensão, bradicardia grave, perda da capac. de
transpirar e inexistência de atividade reflexa (os dois últimos abaixo do
nível da lesão), retenção urinária, paralisia intestinal e perda do controle
da temperatura.
(HINKLE; CHEEVER, 2020; PHTLS, 2021)
Choque neurogênico:
DE MODO GERAL, AO CONTRÁRIO DOS OUTROS TIPOS DE
CHOQUE...
Pele seca e quente;
coloração rosada;
bradicardia;
nível de consciência = lúcido;
enchimento capilar normal.
(HINKLE; CHEEVER, 2020; PHTLS, 2021)
Tratamento do
choque neurogênico
01 02

Agentes com atividades alfa- Agonistas beta-adrenérgicos


adrenérgicas
Dopamina, aumenta a frequência cardíaca
e a contratilidade
Norepinefrina, promove vasoconstrição
Choque séptico

É um subconjunto da sepse, no qual anormalidade


circulatórias e celulares/metabólicas subjacentes são
profundas e o suficiente para aumentar a mortalidade.

(HINKLE; CHEEVER, 2020; PHTLS, 2021)


Choque séptico
Choque séptico

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a sepse é


responsável por cerca de 11 milhões de mortes por ano, o que
representa cerca de 20% de todas as mortes no mundo.

No Brasil, estima-se que ocorram cerca de 670 mil casos de sepse por
ano, com uma taxa de mortalidade que pode chegar a 55%.
DEFINIÇÕES IMPORTANTES

INFECÇÃO SEPSE CHOQUE


SÉPTICO
DOENÇA CAUSADA INFECÇÃO COM SEPSE COM
POR INFLAMAÇÃO HIPOPERFUSÃO +
MICROORGANISMOS INTENSA E RESSUSCITAÇÃO
SEM RESPOSTA DISFUNÇÃO VOLÊMICA QUE
INFLAMATÓRIA ORGÂNICA. PERSISTE COM:
INTENSA OU PAM< 65 MMHG
DISFUNÇÃO PRÁTICA: INFECÇÃO LACTATO >
+ 2 PONTOS NO 2MMOL/L OU 18
QUICK SOFA MG/DL
Choque séptico
No Brasil, o Instituto Latino Americano de Sepse (ILAS) tem
promovido ações visando aumentar o reconhecimento sobre a doença.
Choque séptico
Segundo o Instituto Latino Americano de Sepse (ILAS):
Choque séptico
Segundo o Instituto Latino Americano de Sepse (ILAS)
Choque
séptico
Choque séptico
Choque séptico
Campanha Sobrevivendo
a Sepse - Quick SOFA

https://www.sccm.org/sccm/media/PDFs/Surviving-Sepsis-Campaign-2021-Adult-Guidelines-Learning-Slides.pdf?lang=en-US
Campanha Sobrevivendo
a Sepse

https://www.sccm.org/sccm/media/PDFs/Surviving-Sepsis-Campaign-2021-Adult-Guidelines-Learning-Slides.pdf?lang=en-US
Campanha Sobrevivendo a Sepse

https://www.sccm.org/sccm/media/PDFs/Surviving-Sepsis-Campaign-2021-Adult-Guidelines-Learning-Slides.pdf?lang=en-US
Choque séptico
Fatores de risco
Imunossupressão
Extremos etários (<1 e > 65 anos);
Desnutrição;
Doença crônica;
Procedimentos invasivos
Cirurgias de emergência e/ou múltiplas
Choque séptico
Diagnóstico de enfermagem:
Déficit no volume de líquidos;
Débito cardíaco diminuído;
Perfusão tissular ineficaz;
Troca de gazes prejudicadas;
Padrão respiratório ineficaz.
Choque séptico
Pacientes identificados com um constructo clínico de
sepse
Hipotensão persistente com o uso de vasopressores
para manter uma PAM > OU = 65 mmHg
Vasodilatação e extravasamento de líquido para o
espaço intersticial por ação das citocinas e hormônios
inflamatórios
Avaliação de
enfermagem:
FASE QUENTE PELE QUENTE E SECA;
FEBRE;
HIPOTENSÃO;
TAQUICARDIA;
CONFUSÃO MENTAL;
ANSIEDADE E TAQUIDSPNÉIA

HIPOPERFUSÃO - RESULTA EM ACIDOSE LÁTICA E PIORA DA


FASE FRIA PERFUSÃO TECIDUAL;
CIANOSE DE EXTREMIDADES;
DISFUNÇÃO ORGÂNICA

(HINKLE; CHEEVER, 2020; SILVA ET AL., 2009)


Choque Anafilático
Também conhecido como anafilaxia, é uma reação
alérgica gravíssima, causada por diversos fatores e
que pode ser fatal.
Choque Anafilático
Hipotensão abrupta e inesperada, com tontura e síncope
5 a 30' após contato com o provocador.

Causas comuns:
Sangue e derivados;
Picada de insetos;
Aditivos alimentares;
Alergia a látex;
Alimentos;
Vacinas;
Medicamentos: antibióticos, anestésicos, contraste iodado, antineoplásicos
Choque Anafilático
Sintomas que reforçam a origem alérgica

Urticária;
Prurido;
angioedema ou broncoespasmo agudo
Choque Anafilático
Conduta participativa do enfermeiro:

Adrenalina IM de urgência;
Reposição de volume;
Anti-histamínico;
Broncodilatador se necessário - efeito induzido pela histamina.
Choque Anafilático
Tratamento:

Exige a remoção do antígeno causador e a administração de


medicamentos que restaurem o tônus vascular e o suporte de
emergência das funções básicas da vida.

(HINKLE; CHEEVER, 2020; VIEIRA et al., 2019)


Choque Anafilático
Diagnósticos de enfermagem:

Desobstrução ineficaz de vias aéreas;


Troca de gases prejudicadas;
Débito cardíaco diminuído;
Perfusão tissular ineficaz;
Integridade da pele prejudicada.
Tipos de choque:
Diagnóstico e cuidados na emergência.
(PARTE 2)

Profª Josiele Neves

Agosto/2023
Hipovolêmico
01 Diminuição do volume intravscular
Traumatismo, hemorragia, queimadura, desidratação
grave, ascite

Principais 02
Distributivo
Volume intravascular fica represado nos vasos

tipos de sanguíneos periféricos: Neurogênico,


anafilático
séptico e

choque 03 Cardiogênico
Comprometimento da capacidade de bombeamento do
coração. Causas: coronarianas e não-coronarianas

Obstrutivo
04 Causado por: embolia pulmonar, pneumotórax hipertensivo
ou tamponamento cardíaco
Choque cardiogênico
Ocorre quando a capacidade do coração de
se contrair e bombear o sangue se mostra
comprometida, e o suprimento de oxigênico
é inadequado para esse órgão e para os
tecidos.
Choque cardiogênico

Causas intrínsecas: lesão direta do próprio coração, como IAM


Causas extínsecas: relacionadas a problemas fora do coração, como
tamponamento cardíaco (PHTLS, 2021).

Causas coronárias ou não coronárias (HINKLE; CHEEVER, 2020).


Choque cardiogênico
Causas mais comuns: IAM extenso,
seguido de depressão miocárdica por
acidose, hipoglicemia, hipocalcemia.
Choque cardiogênico

Atenção:
É o único choque no qual o paciente costuma estar
hipervolêmico e a reposição de volume não é
necessária como rotina
Choque cardiogênico
Medidas principais:
Aminas inotrópicas;
Ajuste da volemia;
Tratar a causa;
Vasodilatadores;
Suporte respiratório.
Choque cardiogênico
Avaliação de enfermagem

Os pacientes com choque cardiogênico podem se


queixar de dor (angina) e fadiga, desenvolver
arritmias, insuficiência cardíaca congestiva (ICC),
hipotensão arterial, oligúria, sensações de morte e
instabilidade hemodinâmica
Choque cardiogênico
Diagnóstico de enfermagem
Débito cardíaco reduzido relacionado à pós-carga elevada,
pré-carga elevada ou contratilidade reduzida decorrente de
perda de 40% ou mais da massa funcional do miocárdio.
Perfusão tissular ineficaz
Troca de gazes prejudicada
Hipovolêmico
01 Diminuição do volume intravscular
Traumatismo, hemorragia, queimadura, desidratação
grave, ascite

Principais 02
Distributivo
Volume intravascular fica represado nos vasos

tipos de sanguíneos periféricos: Neurogênico,


anafilático
séptico e

choque 03 Cardiogênico
Comprometimento da capacidade de bombeamento do
coração. Causas: coronarianas e não-coronarianas

Obstrutivo
04 Causado por: embolia pulmonar, pneumotórax hipertensivo
ou tamponamento cardíaco
CHOQUE OBSTRUTIVO
Quando, apesar de volemia e função contrátil adequada,
o coração não bombeia por fatores extrínsecos - causas
não-coronárias
CHOQUE OBSTRUTIVO
CAUSAS:

PNEUMOTÓRAX TAMPONAMENTO
HIPERTENSIVO CARDÍACO

EMBOLIA PULMONAR
CHOQUE OBSTRUTIVO
Medidas principais:
Identificação rápida e reversão da causa (drenagem
torácica, pericárdica ou remoção de trombos
pulmonares)
Choque cardiogênico
Diagnóstico de enfermagem -
Tamponamento
Débito cardíaco diminuído - relacionado à pre-carga reduzida
decorrente da compressão dos ventrículos, provocada por
líquido no saco pericárdio.

Perfusão tissular ineficaz - cardiopulmonar, periférica,


cerebral e renal, relacionada à interrupção de fluxo arterial e
venoso decorrente de compressão do miocárdio pelo acúmolo
de sangue
Obrigada!!
josiele_neves@hotmail.com
Referências
HINKLE, J.L; CHEEVER, K.H. Brunner & Suddart: Tratado de enfermagem Médico-cirúrgica.
14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2020
INSTITUTO LATINO AMERICANO DE SEPSE. Disponível: https://ilas.org.br/assuntos/dia-
mundial-da-sepse/
Society of Critical Care Medicine e a European Society of Intensive Care Medicine. Surviving
Sepsis Campaign. Disponível: https://www.esicm.org/resources/sepsis-resources/
Singer M. et al. The Sepsis Definitions Task Force The Third International Consensus Definitions
for Sepsis and Septic Shock (Sepsis-3). (JAMA, February 23, 2016, Vol 315, No. 8).
SILVA, E.F. et al. Sepse e infecção hospitalar: uma revisçao literária. 2009. Trabalho de
conclusão de curso. (Bacharelado em enfermagem) - Universidade Vale do Rio Doce ,
Governador Valadares, 2009.

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