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Resumo
O pré-natal de alto risco apresenta-se como importante processo de prevenção
e tratamento de morbidade durante a gravidez. Esta pesquisa objetivou conhecer o papel do
enfermeiro no atendimento ao pré-natal de alto risco realizado na atenção secundária. Para
tanto, realizou-se um estudo qualitativo de caráter exploratório descritivo, desenvolvido nas
policlínicas de referência de cinco regiões de saúde que compõem a macrorregião de Sobral,
Ceará, Brasil. A coleta das informações ocorreu entre agosto e setembro de 2015, por meio
de entrevista semiestruturada, com oito enfermeiros que trabalham na atenção secundária,
onde é realizado o pré-natal de alto risco. Os resultados foram discutidos por meio da análise
temática e apontaram que o enfermeiro atua timidamente no acompanhamento de gestantes
na atenção secundária, embora consiga perceber que seu papel nessa assistência pode e
necessita ser ampliado. A atuação desse profissional na área pode ganhar potência com o
acolhimento, a educação em saúde e a consulta de enfermagem. Assim, concluiu-se que
há necessidade de discussão sobre políticas públicas que possam respaldar a assistência
dos enfermeiros durante o atendimento do pré-natal de alto risco na atenção secundária,
buscando o desenvolvimento de condutas legalmente amparadas nos serviços de saúde que
compõem a rede pública.
a
Enfermeiro. Doutor em Saúde Coletiva. Professor Adjunto da Universidade Estadual do Ceará. Fortaleza, Ceará, Brasil.
b
Enfermeiros. Especialistas em Gestão e Auditoria dos Serviços de Saúde. Fortaleza, Ceará, Brasil.
c
Enfermeira. Mestre em Saúde Coletiva. Professora do Centro Universitário Instituto Superior de Teologia Aplicada.
Sobral, Ceará, Brasil.
d
Enfermeira. Mestre em Saúde Pública. Sobral, Ceará, Brasil.
e
Enfermeira. Mestre em Saúde da Família. Professora do Centro Universitário Instituto Superior de Teologia Aplicada.
Sobral, Ceará, Brasil.
Endereço para correspondência: Avenida Silas Munguba, número 1.700, Itaperi. Fortaleza, Ceará, Brasil.
CEP: 60714-903. E-mail: arodrigues.junior@uece.br
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Revista Baiana Palavras-chave: Enfermagem. Atenção secundária à saúde. Gravidez de alto risco. Papel
de Saúde Pública
profissional.
Abstract
High-risk prenatal care is an important process for the prevention and treatment
of morbidity during pregnancy. This research aimed to learn the role of nurses in high-risk
prenatal care performed in secondary care. For that, a descriptive exploratory qualitative study
was carried out in the reference polyclinics of five health regions that integrate the macro-
region of Sobral, Ceará, Brazil. Information was collected between August and September 2015,
by means of a semi-structured interview, with eight nurses working in secondary care, where
the high-risk prenatal care is performed. The results were discussed by means of the thematic
analysis and pointed out that the nurse acts timidly in the follow-up of pregnant women in
secondary care, although it is perceptible that his or her role in this care can and does need
to be expanded. The performance of this professional in the area can be potentiated with the
reception, health education and nursing consultation. Thus, it was possible to conclude that
there is a need for the discussion of public policies that can support the assistance of nurses
during high-risk prenatal care in secondary care, seeking the development of legally supported
behaviors in the health services that integrate the public network.
Keywords: Nursing. Secondary health care. High-Risk pregnancy. Professional role.
Resumen
El prenatal de alto riesgo presentase como importante proceso de prevención y
tratamiento de la morbilidad durante el embarazo. Esta investigación objetivó conocer el papel
del enfermero en la atención al prenatal de alto riesgo realizada en la atención secundaria.
Para ello, fue realizado un estudio cualitativo de carácter exploratorio descriptivo, desarrollado
en las policlínicas de referencia de cinco regiones de salud que componen el macrorregión de
Sobral, Ceará, Brasil. La recolección de las informaciones ocurrió entre agosto y septiembre
de 2015, por medio de una entrevista semiestructurada, con ocho enfermeros que trabajan
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en la atención secundaria, donde es realizado el prenatal de alto riesgo. Los resultados fueron
discutidos por medio del análisis temático y señalaron que el enfermero actúa tímidamente en
el acompañamiento de gestantes en la atención secundaria, aunque consiga percibir que su
papel en esa asistencia puede y necesita ser ampliado. La actuación de ese profesional en el
área puede ganar potencia con la acogida, la educación en salud y la consulta de enfermería.
Así, concluyóse que hay necesidad de discusión sobre políticas públicas que puedan respaldar
la asistencia de los enfermeros durante la atención del prenatal de alto riesgo en la atención
secundaria, buscando el desarrollo de conductas legalmente amparadas en los servicios de
salud que componen la red pública.
Palabras clave: Enfermería. Atención secundaria de salud. Embarazo de alto riesgo. Rol
profesional.
INTRODUÇÃO
Na segunda década do século XXI, o sistema nacional de saúde brasileiro tem
sido construído com o uso do modelo de assistência à saúde integral, que se divide em três
níveis de atenção específica: atenção primária, que estabelece várias ações de caráter individual
ou coletivo, preconizando a promoção da saúde, prevenção de doenças, recuperação e
reabilitação dos pacientes; a atenção secundária, que realiza atendimentos médicos e serviços
especializados em nível hospitalar e ambulatorial, com procedimentos de média complexidade,
bem como apoio diagnóstico e terapêutico, agregando atendimento de urgência e emergência1;
e a atenção terciária, formada pelos serviços de alta complexidade no âmbito ambulatorial,
como serviços hospitalares especializados, sendo organizada por meio de sistema de referências
pelos polos macrorregionais. Esses três níveis de atenção realizam atendimentos integrados
entre si, visando a uma assistência de qualidade aos usuários2.
O pré-natal de alto risco geralmente é desenvolvido na atenção secundária,
englobando casos mais complexos de assistência durante a gravidez, isto é, aqueles que
envolvem diversos equipamentos da rede de saúde. Deve ser prioritário nos sistemas de saúde,
na busca de minorar a mortalidade materna por causas passíveis de prevenção, uma realidade
que ainda apresenta taxas preocupantes no mundo3.
Salienta-se que ao enfermeiro é assegurado acompanhar todo o pré-natal de baixo
risco, segundo a Lei de Exercício Profissional de Enfermagem4, como também a prestar assistência
ao parto de baixo risco, puerpério e a criança, segundo a Portaria n. 1.459/2011, do Ministério da
Saúde (MS), que institui a rede de cuidados materno e infantil, intitulada Rede Cegonha5.
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Revista Baiana Ressalta-se a relevância de intervenções durante o pré-natal de alto risco, pois,
de Saúde Pública
por meio delas, pode haver prevenção e tratamento das morbidades que afetam tanto a mãe
como o feto. Ademais, o enfermeiro também orienta sobre o parto normal, amamentação
e puerpério, na tentativa contínua de evitar distúrbios no processo saúde doença durante a
gravidez das usuárias do sistema.
A atuação dos enfermeiros obstetras nos serviços é incentivada, atualmente, pelas
políticas nacionais de saúde, em função da compatibilidade dessa formação com as tendências
contemporâneas de atenção a gestação, parto e puerpério5. Nessa perspectiva, a enfermagem
obstétrica emerge como promotora mundial para o alcance dos objetivos do desenvolvimento
do milênio, que visam à minoração da morbimortalidade materna e infantil, com qualificação
da assistência prestada nos pontos de atenção à saúde6.
Observa-se, partindo dessa premissa, que é explícita a atuação do enfermeiro na
atenção primária e terciária, com realização do pré-natal e assistência ao parto. No entanto,
há uma lacuna sobre esse papel no acompanhamento de gestantes de alto risco na atenção
secundária, mas há consenso de que o profissional deve aproveitar suas competências como
gerente, cuidador e educador para propiciar essa assistência7.
Objetivou-se, com esta pesquisa, conhecer o papel do enfermeiro no atendimento
ao pré-natal de alto risco realizado na atenção secundária.
MÉTODOS
Trata-se de um estudo exploratório descritivo, com abordagem qualitativa8,
realizado nas cinco policlínicas onde há atendimento secundário em obstetrícia na macrorregião
Norte do estado do Ceará, Brasil, que contempla 55 municípios.
A pesquisa ocorreu em 2015, com o universo de oito enfermeiros que trabalhavam
nas policlínicas. Utilizou-se, como critério de inclusão, enfermeiros que prestam assistência no
pré-natal de alto risco. Já como critérios de exclusão selecionou-se enfermeiros que estejam de
férias, licença e graduados há menos de um ano. Para garantir o anonimato dos participantes,
os mesmos foram identificados de acordo com código alfanumérico, formado pelas letras ENF
de enfermeiro, seguido por numeração arábica em ordem crescente.
A coleta das informações ocorreu por meio de entrevistas individuais
semiestruturadas8 ocorridas nas salas de reuniões de cada policlínica, com média de uma hora
de duração. Foram norteadas por um instrumento que buscava apreender: caracterização dos
participantes, papel do enfermeiro no atendimento do pré-natal de alto risco, possíveis
dificuldades e desafios encontrados pelos enfermeiros ao prestar essa assistência.
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As informações foram organizadas por meio de uma análise temática8, que
enfoca a pré-análise, a exploração do material, o tratamento dos resultados, a inferência e a
interpretação.
Os resultados foram organizados em quatro categorias: Atividades desenvolvidas
pelo enfermeiro no pré-natal de alto risco, Consulta de enfermagem como perspectiva
de atuação do enfermeiro, Dificuldades e desafios para atuação do enfermeiro na atenção
secundária, Relevância do enfermeiro no pré-natal de alto risco.
O estudo foi autorizado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade
Integrada Metropolitana de Campinas, com o Parecer n. 1.176.463, respeitando a Resolução n.
466/12 do Conselho Nacional de Saúde9.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os participantes da pesquisa têm, em média, 26 anos de idade, menos de dez
anos de atuação profissional e nenhum possui especialização em enfermagem obstétrica.
Todos possuem menos de dois anos de atuação na atenção secundária em saúde. Dentre os
enfermeiros há um mestre, seis especialistas em áreas distintas da enfermagem e um apenas
graduado. Isso denota a importância dada por esses profissionais à continuidade da formação,
considerando que a educação permanente é necessária para melhora da prática.
A enfermagem brasileira é composta por 80% de técnicos e auxiliares e 20%
de enfermeiros, sendo predominante feminina (85%)10. Corroborando este dado, apenas dois
profissionais do sexo masculino participaram da pesquisa.
Em função do aumento significativo de profissionais e por ser uma profissão
em ascensão, a enfermagem requer pessoas que estejam em constante aprimoramento para
melhorar suas práticas laborais. O caminho mais indicado para tal aprimoramento é por meio
do conhecimento técnico-científico, visto que, ele proporciona tanto um beneficiamento das
instituições de trabalho como dos pacientes que são atendidos por esses profissionais11.
“Bem, minha função aqui no pré-natal de alto risco com a consulta inicial, quando
ela chega. Pra fazer aquela primeira avaliação. E consequentemente depois disso
ela vai pra consulta com o médico mesmo, com o ‘gineco’ [ginecologista].” (ENF 6).
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Revista Baiana O reconhecimento das atividades desenvolvidas pelos enfermeiros estimula a
de Saúde Pública
melhoria do atendimento, havendo novas oportunidades e desafios, bem como a autonomia
dos mesmos para um reconhecimento dos usuários do serviço de saúde, seja na atenção
primária, secundária ou terciária12.
Salienta-se que ao enfermeiro obstetra, além das atribuições que compete
ao enfermeiro generalista, cabe prestar assistência à parturiente e ao parto normal,
fazendo identificação de distócias obstétrica, tomando providências até a chegada do médico,
realizando episiotomia e episiorrafia com aplicação de anestesia local, caso seja necessário4.
“Pelo que a gente sabe, até onde eu sei, não sei se já tem alguma mudança,
alguma lei e estou desinformada, mas pelo que eu sei o enfermeiro acompanha
pré-natal de baixo risco na atenção primária.” (ENF 1).
“Pela experiência que eu tive aqui, assim que eu assumi, eu vejo que ainda não
tá definido ainda, não está focado, não está fechado essa questão da atuação do
enfermeiro dentro da atenção secundária.” (ENF 7).
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O papel do enfermeiro na atenção secundária não está devidamente delimitado,
pois não há protocolos que normatizem as atividades. Salienta-se que há normatizações da
classe profissional para a atenção obstétrica, no entanto não tratam de especificidades sobre a
assistência durante o pré-natal de alto risco4.
Contudo, os profissionais de saúde devem desempenhar uma assistência de
qualidade e satisfatória, para estimular os usuários a buscarem melhores condições
de saúde, respeitando as pessoas em suas condições econômicas, culturais, espirituais e
biopsicossociais14.
Dentre as diversas atribuições do enfermeiro está a atuação na educação em
saúde, sendo importante que esse profissional, como educador, realize atividades por meio de
grupos durante o acolhimento e nas consultas de enfermagem15.
“Apesar de ser uma clínica assim que atende muitas coisas, a gente sempre procura
fazer essa parte de educação em saúde e a parte de orientação. Às vezes o médico
orienta, orienta tanta coisa a gestante... que ela sai... parece que não entendeu
nada.” (ENF 1).
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Revista Baiana “As orientações que a gente pode estar levando aquela gestante é com relação
de Saúde Pública
à educação em saúde que você vai estar lá mostrando pra elas a importância da
consulta, a importância de elas estarem comparecendo a todas as consultas.” (ENF 3).
“A gente sabe que a assistência voltada pra enfermagem é muito ampla desde
o acolhimento até a alta. Se a gente detectar alguma alteração no acolhimento
numa triagem, numa pressão a gente sabe que já identifica uma SHEG [Síndrome
Hipertensiva Específica da Gravidez].” (ENF 4).
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“A gente poderia desenvolver uma integração multiprofissional com as outras
terapias que a gente tem aqui. Porque como a gente tem acompanhamento de
uma terapeuta ocupacional, de uma fisioterapeuta, de uma psicóloga, falta mais
essa interação do grupo pra fazer um acompanhamento mais completo com essa
gestante.” (ENF 6).
“Tendo consultas assim que o paciente chega sem ser só os sinais vitais. Consulta
mesmo da enfermagem... e depois da consulta da enfermagem a gente passaria
para o profissional médico.” (ENF5).
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Revista Baiana Nessa perspectiva, fica explícito que a consulta é o momento oportuno para
de Saúde Pública
realizar educação em saúde, com o intuito de discutir com a gestante o autocuidado.
“Eu acho que é o cuidado maior, um olhar mais sensível, um olhar mais holístico
que é o que a gente mais preconiza... é a humanização da assistência de fato.
É perceber que aquela gestante está precisando de um olhar, de uma acolhida, de
uma sensibilidade maior para com ela.” (ENF 4).
“Melhorar a partir do momento que essas pacientes pudessem vir pra gente. Que
a gente pudesse ter esse contato com elas, de ter aquela consulta de enfermagem
mesmo. Poder está levando pra ela informações, eu acho que poderia melhorar
nesse sentido.” (ENF 3).
Salienta-se que a consulta de enfermagem não pode ser vista como apenas
um espaço clínico vinculado às normas e às rotinas, mas sim um momento de aproximação
entre enfermeiro e gestante. Um momento de diálogo, ensinamentos, aprendizagem para o
fortalecimento de sua autonomia durante o ciclo gravídico-puerperal23.
Nesse contexto, deve ser realizada uma assistência integral com uma junção da
teoria com a prática para o desenvolvimento de atendimento de qualidade.
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Durante a consulta, o enfermeiro busca incentivar as gestantes para que
compareçam a todas as etapas do exame pré-natal e orienta sobre as alterações fisiológicas,
vacinas, alimentação, cuidados com as mamas, sinais e sintomas do parto e os cuidados com
recém-nascido24.
O enfermeiro possui muitas atribuições que às vezes ainda são indefinidas, no
sentido de não ter um consenso da função desse profissional em alguns serviços de saúde.
“Primeiro de tudo definindo o seu papel dentro do pré-natal de alto risco. Acho
que primeiro de tudo é isso... definir. Depois de se definir é trazer todo esse
conjunto, vê o que é de papel dele no pré-natal de alto risco e implementar
também com a parte do autocuidado.” (ENF 7).
“Aí não vê aquela parte de humanização, então eu acho que essa parte nossa aqui
quando chega ao setor especializado ela é um pouco esquecida. Porque como
cada um fica no seu setor, cada um fica nas suas obrigações aí se esquece desse
envolvimento, dessa integração do grupo.” (ENF 6).
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Revista Baiana “Existem, sim, dificuldades também. Porque na verdade eu acho que essa
de Saúde Pública
consulta de pré-natal de alto risco uma dessas consultas era pra ser com a gente
da enfermagem e na verdade aqui na atenção secundária só acontece com o
obstetra.” (ENF 3).
“As dificuldades é que infelizmente a gente não tem um contato maior com as
gestantes, o acompanhamento acaba sendo com a médica. Só dentro de alguns
exames que é solicitado pela médica, que no caso é a cardiotocografia basal.”
(ENF 4).
“A dificuldade maior aqui que eu vejo não é nem com relação ao pré-natal de
alto risco, é a questão da continuidade com o parto. Não há esse segmento até o
parto.” (ENF 8).
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“Eu ainda não tive essa experiência total com o pré-natal. O que eu posso falar em
relação essas consultas é a questão mesmo dessa dificuldade... desse de manter
essas gestantes nesse pré-natal.” (ENF 7).
“Ela já chega aqui basicamente depois do sexto mês de gestação, então a gente já
pega o caminho já andado. Muitas vezes os exames que ela devia ter feito no início
da gestante não traz. A gente não sabe como é que está esse acompanhamento...
até mesmo o próprio cartão do pré-natal delas, tem umas que esquecem.” (ENF 6).
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Revista Baiana Estas falas evidenciam a importância do enfermeiro como educador capaz de
de Saúde Pública
transmitir informações e práticas de cuidado para prevenir riscos tanto para a mãe como para
o bebê.
O educador deve considerar as experiências vivenciadas pelo educando,
considerando que o ensino é uma especificidade humana. Essa ação exige reflexão contínua
sobre as práticas, disponibilidade para o diálogo e a escuta, bem como reconhecimento dos
saberes do outro. Por meio desse vínculo, as possibilidades para construções coletivas positivas
podem ser efetivadas17.
Nessa perspectiva sobre educação em saúde, o enfermeiro deve transmitir as
orientações de forma clara e compreensiva, adequada às reais necessidades de cada gestante,
oferecendo subsídio para a adoção de novos hábitos e condutas de saúde, o que possibilita
o autocuidado, desde que as gestantes sejam participativas e não apenas receptoras de
informações15.
Fica claro, nos relatos a seguir, que apesar de alguns enfermeiros não terem
atuação tão efetiva no pré-natal de alto risco, eles gostariam de agir cada vez mais, seja no
acolhimento, na consulta de enfermagem ou em qualquer atividade relacionada à gestante.
“Eu acho que é bem importante porque às vezes o médico deixa a desejar. Ele não
dá atenção que o enfermeiro dá numa consulta.” (ENF 8).
CONCLUSÃO
Os enfermeiros estão em constante busca pela ampliação e autonomia de suas
atividades laborais, em função da importância que os mesmos representam para o cuidado
humano no ciclo gravídico-puerperal.
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As atividades deles no acompanhamento de gestantes na atenção secundária,
ainda estão restritas ao acolhimento e realização de atividades pontuais de educação em saúde
no serviço, mesmo que haja normatização do conselho profissional que possibilite a ampliação
desse papel. No entanto, os profissionais almejam um cenário de maior protagonismo, com a
realização da consulta de enfermagem, bem como gestão do cuidado na interação com outros
pontos de atenção da rede de saúde.
A consulta de enfermagem, como possibilidade de atuação do enfermeiro na
atenção secundária, amplia a autonomia profissional ao ser pautada em um arcabouço normativo
reconhecido. Desse modo, conclui-se que há necessidade de discussão sobre políticas públicas
que possam respaldar a assistência dos enfermeiros durante o atendimento do pré-natal de alto
risco na atenção secundária, buscando o desenvolvimento de condutas legalmente amparadas
nos serviços de saúde que compõem a rede pública.
Nesse contexto, ressalta-se a importância da participação do enfermeiro na
assistência ao pré-natal de alto risco, porém, é necessário que haja formação e qualificação
desses profissionais para que possam estar capacitados a atuar junto a esse público específico.
É válido reconhecer as limitações do estudo, como a baixa média de tempo
de atuação dos enfermeiros na atenção secundária na região estudada, além da não inclusão de
gestores e do conselho profissional de enfermagem na amostra, tendo-se, portanto, discussão
baseada somente nas concepções dos enfermeiros trabalhadores.
Portanto, torna-se imprescindível a realização de estudos sobre esse tema, com o
envolvimento de outros atores, na busca de construir parâmetros para o cuidado de enfermagem
e normas regulamentadoras voltadas ao pré-natal de alto risco.
COLABORADORES
1. Concepção do projeto, análise e interpretação dos dados: Antonio Rodrigues
Ferreira Junior, José Tadeu de Oliveira Filho, Rosalice Araújo de Sousa Albuquerque, Danielle
d’Ávila Siqueira, Francisca Alanny Araújo Rocha e Maria Eunice Nogueira Galeno Rodrigues.
2. Redação do artigo e revisão crítica relevante do conteúdo intelectual: Antonio
Rodrigues Ferreira Junior, José Tadeu de Oliveira Filho e Rosalice Araújo de Sousa Albuquerque.
3. Revisão e/ou aprovação final da versão a ser publicada: Antonio Rodrigues
Ferreira Junior, José Tadeu de Oliveira Filho e Maria Eunice Nogueira Galeno Rodrigues.
4. Ser responsável por todos os aspectos do trabalho na garantia da exatidão e
integridade de qualquer parte da obra: Antonio Rodrigues Ferreira Junior.
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