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Universidade Federal de Pelotas

Faculdade de Enfermagem
Departamento de Enfermagem Hospitalar na Rede de Atenção
à Saúde
Unidade do Cuidado de Enfermagem VI - Gestão Família e
Adulto

SUPORTE BÁSICO DE VIDA


E
SUPORTE AVANÇADO DE VIDA
Professora Drª Milena Antonacci

Pelotas, 2023
Pontos da Aula
Breve retomada da Fisiologia
Suporte Básico de Vida
Suporte Avançado de Vida
Cuidados Pós Parada
Gestão da atenção à PCR
Breve retomada da
Fisiologia

GUIA DE PRIMEIROS
SOCORROS | 2020
Parada
Cardiorrespiratória
A parada cardiorrespiratória (PCR) é uma das emergências
cardiovasculares de grande prevalência e de
morbimortalidade elevada.

O reconhecimento precoce das causas


desencadeantes, orientando a intervenção para cada cenário
clínico, com ênfase nos cuidados após o retorno à circulação
espontânea,
trouxe melhorias nos resultados, contribuído ao prognóstico
dos pacientes. ARQ BRAS CARDIOL.
2019; 113(3):449-6630
Parada
Cardiorrespiratória
O protocolo no atendimento de uma PCR segue uma
sequência lógica e fundamentada de condutas que
melhoram as taxas de reversibilidade do processo inicial
que desencadeou o evento.

É formado pela cadeia de elos de sobrevivência diferenciadas


no contexto de uma PCR intra-hospitalar

ARQ BRAS CARDIOL.


2019; 113(3):449-6630
Cadeia da Sobrevivência
Cadeia da Sobrevivência
Inserção de novo elo na cadeia de sobrevivência

A AHA adicionou um sexto elo na cadeia de sobrevivência -


RECUPERAÇÃO, com a finalidade de pontuar a necessidade
de cuidado intensivo e monitoramento constante dos
parâmetros ventilatórios, circulatórios e neurológicos no
pós-PCR.

Além disso, o processo de recuperação pós-PCR continua


por muito tempo após a hospitalização e o atendimento
inicial. com avaliação de reabilitação multimodal e
tratamento para prejuízos físicos, cognitivos e psicossociais
(ansiedade, depressão, transtorno pós-traumático).
Cadeia da Sobrevivência Cuidados Pós-PCR e Neuroprognóstico

Os cuidados pós parada cardiorrespiratória são importantes


pois o paciente no pós-PCR imediato esta mais sujeito a ter
um novo evento nos próximos minutos do retorno da
circulação espontânea.

Atenção aos cuidados de parâmetros ventilatórios e


parâmetros hemodinâmicos:
Garantir o posicionamento do tubo orotraqueal;
Garantir que não haja hipóxia ou hiperóxia (saturação
periférica de oxigênio 92 a 98%);
Tratamento da hipotensão.
Avaliação do neuroprognóstico.
A equipe de enfermagem, muitas vezes, é a primeira a identificar
as alterações clínicas dos pacientes.

Essas modificações podem ser facilmente detectadas por meio da


monitoração dos sinais vitais (SSVV) e pela observação atenta das
expressões faciais e do comportamento neuroemocional dos
pacientes.

A identificação das alterações dos valores que desviam do normal é


acompanhada por um crescente risco de eventos clínicos adversos,
dentre eles a parada cardiorrespiratória (PCR), sendo que a
identificação precoce de anormalidades oferece uma oportunidade
de intervenção precoce, aumentando a sobrevida e
melhorando a qualidade de vida dos pacientes
Estudos demonstraram relações entre anormalidades em
medidas rotineiras dos SSVV e desfechos ruins, incluindo
morte e PCR intrahospitalar.

Um estudo americano encontrou alta prevalência de SSVV


anormais precedendo PCR.

Os pacientes com três SSVV anormais tiveram mortalidade


20% maior que aqueles sem alterações, mostrando a relação
direta entre essas alterações e o aumento da taxa de
mortalidade intra-hospitalar.
Tipos de PCR

Ritmos Chocáveis Ritmos Não Chocáveis

Taquicardia Ventricular Atividade elétrica sem


sem pulso pulso ( AESP);

Fibrilação Ventricular Assistolia.


Principais Causas
O que investigar primeiramente? 5 H's e 5 T's
Intervenção

Exige ações imediatas para evitar a


progressão das lesões hipóxico-esquêmicas –
Danos neurológicos irreversíveis.
Reanimação Cardiorrespiratória
RCP
É o conjunto de manobras realizadas em uma pessoa em PCR
que visam o retorno à circulação espontânea com mínimo de
dano neurológico.

Essas manobras devem ser baseadas nas diretrizes mundiais


sobre ressuscitação cardiopulmonar, visando um atendimento
organizado e eficaz.

ARQ BRAS CARDIOL.


2019; 113(3):449-6630
Suporte de vida

Suporte Básico Suporte


de Vida Avançado de
Vida
Suporte Básico de Vida

Avaliação Primária

Avaliar a responsividade e expansão torácica;

Se não responsivo e sem movimentos – verificar pulso central -


carotídeo;

Se ausente iniciar manobras de ressuscitação


cardiorrespiratória;
Pontos Importantes

Leigos: Não é necessária a etapa de reconhecimento da


parada!!! O socorrista leigo deve iniciar as compressões caso o
sujeito esteja não responsivo, sem respiração aparente ou em
gaspings

Profissionais: O diagnóstico deve ficar restrito à 10 segundos,


por tentativa de sentir o pulso!!!
"C" - Circulação

Estimulada a partir das compressões


torácicas

Realizadas 2 cm acima do apêndice


xifóide

Uma mão apoiada sobre a outra

Braços estendidos e alinhados com o


corpo

Utilizar o peso do corpo para comprimir


COMPRESSÕES DE ALTA QUALIDADE:

comprimir o tórax com frequência e profundidade adequadas.

permitir o retorno total do tórax após cada compressão

minimizar interrupções nas compressões e evitar ventilação


excessiva. Não fique por mais de 10 seg. sem aplicar novamente
as compressões.

velocidade recomendada para as compressões torácicas é de


100 a 120/min.

profundidade das compressões torácicas em adultos é de 5 cm


a 6 cm.
Sem suspeita de trauma

"A" - Vias Aéreas


Manter as vias aéreas permeáveis para a
passagem do ar. Uma pessoa
irresponsiva (sem resposta) perde o
tônus muscular, a base da língua relaxa
e obstrui as vias aéreas.
Com suspeita de trauma

Não fazer
varredura
digital!
"B" - Breathing

Ventilação com pressão positiva -


dispositivo Bolsa-máscara-válvula (ambu)

O volume de cada ventilação de resgate


deve ser suficiente para produzir uma
elevação torácica visível;

Mãos em “C” na máscara.


"D" - Desfibrilação

Descarga elétrica realizada na PCR -


objetiva reorganizar o ritmo cardíaco
normal, ou seja, o sistema condutor.

Atenção aos
Ritmos
Chocáveis!!!
PONTOS IMPORTANTES SOBRE A
DESFIBRILAÇÃO

Cada minuto de atraso na desfibrilação Utilizar gel condutor em


reduz a chance de recuperação em cerca quantidade suficiente, para evitar
de 10% queimaduras.

Mesmo quando um desfibrilador está No momento da descarga atentar


disponível é indicado o inicio das para que todos integrantes da
compressões até que as pás sejam equipe estejam afastados do
posicionadas paciente, após reiniciar manobras.

É IMPORTANTE ESTABELECER UMA ROTINA DIÁRIA DE TESTE


DO APARELHO.
Suporte Avançado
de vida
Em ambiente intra-hospitalar
Importância da definição dos papéis

Cada membro deve ter muito claro qual o seu


papel diante de um cenário de parada na unidade
Principais pontos
Treinamento permite a observação simultânea de etapas
– verificar respiração e pulso ao mesmo tempo – reduzir o
tempo para o início da RCP;

Equipes integradas podem utilizar abordagem


coreografada – um aciona o suporte avançado, outro inicia
as compressões, outro providencia o suporte ventilatório,
outro prepara o desfibrilador, etc;

RCP de alta qualidade – metas de desempenho:


frequência e profundidade adequada, permitir retorno
total do tórax, minimizar as interrupções das compressões
e evitar ventilação excessiva;
RCP de alta qualidade
Sugestão de Gestão da Equipe
Quem identifica PCR chama socorro e inicia compressões;
Médico : fica responsável pela via aérea e controla o tempo de troca dos
socorristas da compressão cardíaca e verificação do pulso (a cada 2 mim) e
pelo tempo da PCR;
Enfermeiro: Organização do processo + Auxilio intubação + compressões
cardíacas;
Técnico 1: Acesso venoso + Medicações e controle do tempo as doses;
Técnico 2: revezamento nas compressões
Recapitulando....
Frequência de compressões: 100 a 120 por minuto;
Se a frequência for maior que 120, a profundidade das
compressões diminui!
Profundidade das compressões no adulto: 5cm;
Permitir o retorno total do tórax após cada compressão – não
apoiar-se no tórax do paciente!
Minimizar as interrupções das compressões;
Se o paciente estiver SEM via aérea avançada 30 compressões
por 02 ventilações com dispositivo Bolsa-máscara-válvula (ambu)
Se o paciente estiver COM via aérea avançada, garantir 01
ventilação a cada 06 segundos sem pausa nas compressões
Acesso Via aérea
Venoso Avançada
Puncionar acesso venoso A interrupção das
calibroso, e atentar para sua compressões torácicas por
permeabilidade. motivo da intubação
orotraqueal de até 10
Conectar ao acesso solução segundos
salina a 0,9%.
Se a intubação inicial foi
Atentar para push 20 ml de sem sucesso, uma segunda
SF 0,9% após a infusão das tentativa pode ser
drogas e elevação do aceitável, ou optar por
membro puncionado. máscara laríngea
Medicações

Epinefrina (Adrenalina): vasoconstrição sistêmica, melhora do


fluxo coronário – 1mg EV a cada 3 a 5 minutos;
Amiodarona: antiarrítmico. Age na fibra cardíaca – primeira
dose: 300mg EV em bolus; Segunda dose 150mg EV em bolus
Atropina: utilizada nas bradicardias – 1mg EV;
Bicarbonato de sódio: utilizado para acidose metabólica e
hipercalemia;
Noradrenalina: vasoconstritor utilizado no pós-parada;
Dopamina: aumento do débito cardíaco – utilizado no pós-
parada;
Dobutamina: melhora a contração cardíaca e provoca
vasoconstrição arterial sistêmica - utilizado no pós-parada.
Cuidados Pós PCR
Pontos Importantes

Atentar para a recorrência! Buscar Causas base


Repercussão neurológica, estado hemodinâmico e
de PA
Suporte ventilatório
Monitoração de ritmo cardíaco
Modulação de temperatura entre 32°C a 36°C por 12 a
24 horas - Controle da Febre
A identificação e a correção da hipotensão são
recomendadas no período imediatamente após a
PCR.
Quando Interromper
uma RCP?

Tendência da equipe de prolongar as tentativas

É uma decisão difícil porque define o prognóstico do


paciente.

AHA (2020) indica a suspensão nos pacientes


refratários de 20 a 30 minutos de RCP.
Carro de Emergência
Sempre que utilizado, o carro deverá ser revisado e
imediatamente reposto todo o material gasto.

Após a utilização do carro de emergência, deve-se:

Contar os fármacos utilizados e registar;


Repor o material utilizado;
Providenciar a lavagem e desinfecção imediata
da(s) lâmina(s) do laringoscópio;
Limpar as pás do desfibrilador quando este for
utilizado;
Colocar o desfibrilador em carga (conectar a
GUIA DE PRIMEIROS

corrente);
SOCORROS | 2020
Gestão - RCP de Qualidade

Uma RCP bem-sucedida depende de uma sequência de


procedimentos que pode ser sistematizada no conceito de
corrente de sobrevivência;

Esta é composta por elos que não podem ser considerados


isoladamente, pois nenhuma das ações sozinha pode reverter
uma PCR;
Gestão - RCP de Qualidade

Educação Permanente, pois, as habilidades adquiridas após um


treinamento em RCP podem ser perdidas em tempo muito curto (3 a
6 meses), caso não utilizadas ou praticadas.

Registro e Uniformidade das ações.

Investir em ações de Educação em Saúde

2020 (Novo): Debriefings e encaminhamen­to para acompanhamento


para suporte emocional a socorristas leigos e trabalhadores da
saúde do hospital depois de um evento de PCR pode ser benéfico.
Obrigada!
Referências

AMERICAN HEART ASSOCIATION. Destaques das Diretrizes da American Heart


Association 2020 para RCP e ACE. [versão em Português].

AMERICAN HEART ASSOCIATION. Destaques das atualizações direcionadas nas


Diretrizes de 2020 da American Heart Association para Ressuscitação Cardiopulmonar
e Atendimento Cardiovascular de Emergência.

Souza BT, Lopes MCBT, Okuno MFP, Batista REA, Goís AFT, Campanharo CRV.
Identification of warning signs for prevention of in-hospital cardiorespiratory arrest.
Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2019;27:e3072

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