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Manejo na parada, principais pontos do Guidelines

 As recomendações anteriores sobre a administração de epinefrina foram reafirmadas, com ênfase em sua
administração mais precoce.
 Mensurar continuamente a pressão arterial sanguínea e o teor de dióxido de carbono ao final da expiração
(ETCO2) durante a ressuscitação de SAVC pode ser útil para melhorar a qualidade da RCP.

Esse monitoramento depende da presença de um tubo endotraqueal (TET) ou de
acesso arterial, respectivamente. O direcionamento das compressões para um valor de
ETCO2 de pelo menos 10 mm Hg e, como ideal, 20 mm Hg ou mais, pode ser útil como
um marcador da qualidade da RCP. Não foi identificada uma meta ideal.

 O acesso intravenoso (IV) é a via preferida de administração de medicação durante a ressuscitação no SAVC.
Acesso intraósseo (IO) é aceitável se o acesso IV não estiver disponível.
 Como a reabilitação pós PCR continua muito tempo depois da hospitalização inicial, os pacientes devem ter
avaliação e suporte formais para suas necessidades físicas, cognitivas e psicossociais.

(2020 (Novo): Recomendamos que os sobreviventes de PCR tenham avaliação de


reabilitação multimodal e tratamento para prejuízos fisiológicos, neurológicos e
cognitivos antes da alta do hospital.

(2020 (Novo): Recomendamos que os sobreviventes de PCR e seus cuidadores recebam


planejamento de alta abrangente e multidisciplinar para incluir recomendações de
tratamento médico e de reabilitação e retornar às expectativas de atividades/trabalho.

2020 (Novo): Recomendamos avaliação estruturada para ansiedade, depressão, estresse


pós-traumático e fadiga para os sobreviventes de PCR e seus cuidadores.

 O tratamento da PCR na gravidez é focado em ressuscitação maternal, com a preparação para uma
cesariana de emergência, se necessário, para salvar o bebê e melhorar as chances de ressuscitação bem-
sucedida da mãe.
2020 (Novo): Como as pacientes grávidas são mais propensas à hipóxia, a oxigenação e o
manejo da via aérea devem ser priorizados durante a ressuscitação de uma PCR durante
a gravidez.

(2020 (Novo): Devido à possível interferência na ressuscitação materna, o


monitoramento do feto deve ser ignorado durante a PCR na gravidez. 2020 (Novo):
Recomendamos o controle direcionado da temperatura para mulheres grávidas que
permanecerem em coma depois da ressuscitação de uma PCR.

(2020 (Novo): Durante o controle direcionado da temperatura da paciente grávida,


recomendamos que o feto seja continuamente monitorado em relação à bradicardia
como possível complicação e uma consulta com a equipe de obstetrícia e com a equipe
neonatal deve ser realizada.

** Via aérea, ventilação e oxigenação são particularmente importantes no caso da gravidez, devido a um
aumento no metabolismo materno, uma redução na capacidade de reserva funcional devido ao útero
grávido e ao risco de lesão no cérebro do feto devido à hipoxemia

 A utilidade da desfibrilação sequencial dupla para ritmo chocavel refratário não foi estabelecida.

A desfibrilação sequencial dupla é a prática de aplicar choques quase simultâneos usando dois desfibriladores.
Embora alguns relatos de casos tenham mostrado bons resultados, uma revisão sistemática do ILCOR 2020
não descobriu evidências para corroborar a desfibrilação sequencial dupla e recomendá-la. Com base nas
evidências atuais, não se reconhece a desfibrilação sequencial dupla como benéfica.

 2020 (Novo): É aconselhável para os profissionais tentarem, primeiro, estabelecer o acesso IV para
administração de medicamento em PCR. 2020 (Atualizado): O acesso IO pode ser considerado se as tentativas
para acesso IV não forem bem-sucedidas ou não forem viáveis.
Uma revisão sistemática do ILCOR de 2020 durante a PCR descobriu que a via IV foi asso ciada a melhores
resultados clínicos em cinco estudos retrospectivos. Embora o acesso IV seja preferido, para situações nas
quais sua obtenção é difícil, o acesso IO é uma opção aceitável.

Profissionais da área de saúde treinados. OHCA: Cadeia de sobrevivência intra-hospitalar. AHA, 2020.

 Um sexto elo, Recuperação, foi adicionado às cadeias de sobrevivência da PCRIH e PCREH (Figura 3).
 O algoritmo universal de PCR para adultos foi modificado para enfatizar o papel da administração precoce da
epinefrina em pacientes com ritmos não chocáveis (Figura 4).
 Dois novos algoritmos para emergência associada a opioides foram adicionados para socorristas leigos e
socorristas treinados (Figuras 5 e 6).
 O algoritmo de cuidados pós-PCR foi atualizado para enfatizar a necessidade de evitar hipóxia, hipoxemia e
hipotensão (Figura 7).
 Um novo diagrama foi adicionado para orientar e informar sobre o neuroprognóstico (Figura 8).
ALGORITMO DE EMERGENCIA ASSOCIADA A INTOXICAÇÃO POR OPIOIDES PARA PROFISSIONAIS DE SAUDE
Atendimento da RCP e COVID-19

SEGURANÇA
 Todos os profissionais de saúde deverão estar devidamente paramentados com equipamentos de
proteção individual (gorro, máscaras N95 ou FFP2, luvas, avental impermeável, capote, óculos de proteção
e/ou protetor facial.)

O tempo gasto para a paramentação de toda a equipe exigida como precaução-padrão e para
proteção contra aerossol produzidos pela tosse e respiração nesses pacientes postergará o
início das condutas para atendimento à PCR.

 A paramentação deve ser realizada antes da entrada do profissional no quarto/box/leito do paciente e os


equipamentos devem estar dispostos nos carrinhos de emergência do setor

Disponibilização de kits de paramentação no carro de emergência, diminuindo o retardo para o


início das compressões torácicas e assegurando a continuidade do atendimento

 Número de profissionais de saúde que estarão expostos durante o atendimento reduzido. Equipe
composta apenas por profissionais essenciais para o atendimento, evitando o excesso e explicando e
deixando claro o risco de infecção.
 Utilização de dispositivos mecânicos para a realização de compressões torácicas, visando restringir o
número de funcionários no atendimento e protegê-los diante do alto risco de infecção, porém as
evidências existentes não apontam benefícios no uso desses dispositivos, mantendo as compressões
torácicas manuais como padrão-ouro.

MANEJO DA VIA AERIA


 Alguns procedimentos são potencialmente geradores de aerossóis (PGAs), portanto, procede-se à pré-
oxigenação com dispositivo bolsa-válvula-máscara conectado a um filtro de ar com alta eficiência na
separação de partículas (HEPA) + oclusão da cavidade oral com máscara

Dispositivo BVM com filtro HEPA e oclusão da cavidade oral com máscara

 O procedimento deve ser realizado por dois profissionais, não permitindo escape de ar (técnica do 2C/2E)
 Considerando ser a hipóxia uma das principais causas de PCR nestes
pacientes, preconiza-se a intubação oro traqueal o mais rápido
possível, minimizando possibilidades de falha neste procedimento e
promovendo uma ventilação com baixo risco de aerolização.
 Pausar as compressões torácicas durante a intubação
 Logo que intubado, minimizar as desconexões do ventilador após
obtenção do circuito fechado.

Na impossibilidade ou falha na intubação, deve-se utilizar dispositivos extra


glóticos (tubo laríngeo ou máscara laríngea que possibilitem a intubação através dela), que permitem a ventilação
mecânica em circuito fechado, além do uso de capnografia, até que haja a adequada possibilidade de acesso definitivo à
via aérea.

 Nas situações em que a PCR ocorre em pacientes sob ventilação mecânica, manter a conexão ao
ventilador, com os seguintes parâmetros:

• Modo assisto controlado a volume -> 6ml/kg peso predito


• Frequência Respiratória - 10-12 ipm
• FiO2 - 100%
• Relação I:E = 1:2 Tempo inspiratório = 1 segundo
• PEEP = 5 cmH2O (Na literatura, observa-se sugestões para utilização de ZEEP (PEEP = 0 cmH2O) para
favorecer as compressões torácicas)
• Disparo (“trigger”) a fluxo: desligar a sensibilidade ou -15 a -20 (devido às compressões torácicas realizadas
durante a RCP)
• Alarmes de pressão máximo de 60cmH2O e mínimo de 1 ou 0 cmH2O

COMPRESSÕES
 A realização de compressões torácicas efetivas em
vítimas de PCR é um fator determinante.
 Posicionamento da região hipotênar das mãos sobre a
metade inferior do esterno
 Comprimindo-a em uma frequência de 100 a 120/min.
 Profundidade (5 cm) até (6 cm) e permitindo o retorno
total do tórax após a compressão.
 Revezar com outro socorrista a cada 2 minutos, para evitar
o cansaço e compressões de má qualidade.
.

REANIMAÇÃO EM POSIÇÃO PRONA

 É uma importante manobra para o manejo de pacientes com


grandes déficits na relação ventilação/perfusão é seu posicionamento em prona.

 Caso o paciente esteja em posição pronada, sem uma via aérea invasiva instalada, recomenda-se
reposiciona-lo rapidamente em posição supina, estabelecer as manobras de RCP e, o mais breve possível a
instalação de via aérea invasiva, preferencialmente por Intubação oro traqueal.
 Caso o paciente já esteja sob intubação oro traqueal e ventilação mecânica, recomenda-se iniciar as
manobras de ressuscitação cardiopulmonar com o paciente ainda em posição prona.

ATENÇÃO: Deve-se levar em consideração a impossibilidade de retorno à posição supina, além do risco de
deslocamento do tubo oro traqueal, desconexão de acessos vasculares, assim como de lesões a
 As mãos para a realização da RCP em decúbito ventral, devem estar sobrepostas entre o espaço
médio sobre a coluna torácica (T7-10), entre as duas escápulas na região interescapular.
 Se necessário, a manobra de contrapressão pode ser realizada por outro profissional

USO DE ASPIRADOR DE SECREÇÃO


 Se o aspirador de secreções for utilizado, a extremidade da mangueira deve ser protegida.
 Em hipótese alguma, deve ser colocada sobre a cama do paciente ou outras superfícies próximas.
 No caso de pacientes com vias aéreas artificiais, deve ser utilizado o sistema fechado de aspiração (para
evitar auto contaminação, remova os EPIs de acordo com as orientações e descarte-os em local adequado).

DESFIBRILAÇÃO
 Diante de ritmos chocáveis (fibrilação ventricular e taquicardia ventricular
sem pulso) o choque deve ser realizado assim que possível por meio do
posicionamento de uma das pás do desfibrilador na região infraclavicular
direita e a outra na região do ápice cardíaco.

 Em casos de COVID-19, essa orientação torna-se ainda mais precisa,


pois, o restabelecimento da circulação espontânea por meio da
desfibrilação precoce pode eliminar a necessidade de novas
medidas de ressuscitação, consequentemente, diminuindo a
exposição da equipe.

 Na RCP em prona, caso não haja pás adesivas, a desfibrilação deve ser tentada colocando a pá esternal na
região dorsal e a pá apical na lateral do paciente
CUIDADOS PÓS-PCR
REABILITAÇÃO DE PACIENTES PÓS-COVID
No início da pandemia, as necessidades de reabilitação dos pacientes recuperados da COVID-19 baseavam-se
em evidências de pacientes críticos e sequelas de longo prazo de sobreviventes da infecção pelo SARS-COV-2.
Dentre as principais complicações estão:

 Síndrome pós-cuidados intensivos

Se refere a uma série de comprometimentos, incluindo descondicionamento físico e comprometimento


cognitivo e mental. Os pacientes de COVID-19 com maior risco de internação na UTI são também os que têm
maior risco de desenvolver síndrome pós-cuidados intensivos (nesse caso os idosos com doenças
preexistentes como diabetes, hipertensão, maior fragilidade e outras doenças crônicas)

 Fraqueza adquirida na UTI


Presente em todos os sobreviventes com quadro crítico de COVID-19 submetidos à sedação prolongada e a
recuperação completa desses pacientes pode demorar até 5 anos após a alta da UTI.

 Transtornos do humor, incluindo depressão também são percebidos

 Função pulmonar

Em sobreviventes do SARS-COV-1, a função pulmonar após um ano é considerada normal em 63%,


levemente reduzida em 32% e moderadamente reduzida em 5% deles, sendo as alterações caracterizadas
por padrões restritivos e redução da capacidade de difusão de monóxido de carbono

 Sintomas de pacientes de COVID-19 internados ou não na UTI.


Nova fadiga relacionada à doença, falta de ar, sintomas de TEPT, dor, alteração da voz, tosse, disfagia,
ansiedade, depressão e problemas de concentração, memória e continência. Alguns pacientes com infecção
pelo SARS-COV-1 acabaram apresentando sintomas de longo prazo, como dor generalizada, fadiga,
depressão e distúrbios do sono.

REABILITAÇÃO

A COVID-19 é uma doença multissistêmica que, em certos casos, exige reabilitação com equipe
multidisciplinar completa para uma recuperação bem-sucedida. Em pacientes hospitalizados, durante a fase
aguda da doença, profissionais da reabilitação podem fornecer intervenções para aliviar o sofrimento
respiratório, prevenir complicações e auxiliar a comunicação.

 A decisão de quando iniciar a reabilitação deve ser determinada por uma equipe multidisciplinar;
 A mobilização precoce é recomendada para todos os pacientes com alto risco de limitações funcionais
decorrentes de fragilidade ou fraqueza adquirida na UTI;
 Pacientes de COVID-19 com disfagia correm risco de aspiração. A disfagia é comum após a extubação.

Pacientes com COVID-19 devem receber informação e suporte para o auto manejo da falta de ar e retomada
das atividades, tanto no contexto de atendimento hospitalar quanto não hospitalar para COVID-19.

 Educação sobre o controle da respiração;


 Todos os pacientes em reabilitação devem ser educados sobre uma retomada conservadora das
atividades diárias, em um ritmo apropriado, de modo que seja seguro e permita administrar os níveis
de energia, dentro dos limites dos sintomas atuais;
 Para pacientes de COVID-19 com doenças cardiovasculares ou pulmonares preexistentes, a retomada
dos exercícios deve ser feita após consulta com os profissionais de saúde competentes.
REFERENCIA

American Heart Association. Coronavirus (COVID-19) Resources for CPR Training. 2020. Disponível em:
https://cpr.heart.org/en/resources/coronavirus-covid19-resources-for-cpr-training.

Guimarães HP et al. Recomendações para Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP) de pacientes com diagnóstico
ou suspeita de COVID-19 - ABRAMEDE/AMIB/SBC. 2020. Disponível em: Ampliação do ensido de RCP e
minimizar o tempo entre RCP e CHOQUE.

LOPES F. J. et al. Desafios no manejo da parada cardiorrespiratória durante a pandemia da COVID-19: um


estudo de reflexão. Escola Anna Nery. 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1590/2177-9465-EAN-2020-
0296

Organização Pan-Americana da Saúde. Manejo clínico da COVID-19: orientação provisória em 27 de maio de


2020. OPAS-W/BRA/PHE/COVID-19/21-0008. Disponível em:<
file:///C:/Users/cleid/Downloads/OPASWBRAPHECOVID-19210008_por.pdf>. Acesso em 19/08/2022.

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