Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
INTEGRAL AO
RECÉM NASCIDO
E A CRIANÇA
Introdução
Parada cardíaca é a cessação súbita e inesperada da atividade bombe-
adora do coração, a qual ocasiona a morte súbita se não for corrigida
imediatamente. Morte súbita é um evento não traumático, não violento,
inesperado e resultante de parada cardíaca ou parada cardiorrespiratória
(PCR). Os esforços de reanimação podem restaurar a atividade espontânea
do coração antes que o cérebro seja permanentemente lesado.
Quando ocorre uma PCR em uma unidade hospitalar, a equipe mul-
tidisciplinar é acionada para iniciar a ressuscitação cardíaca do paciente.
A equipe que assiste a PCR se divide entre realizar a massagem cardíaca,
administrar medicamentos, contar o tempo da parada e entre uma me-
dicação e outra e ventilar o paciente.
Neste capítulo, você vai aprender os objetivos da reanimação cardior-
respiratória e irá identificar as intervenções e a atuação do enfermeiro na
PCR em pacientes recém-nascido e pediátrico.
2 Reanimação cardiorrespiratória em neonatologia e pediatria
As medicações são solicitadas pelo médico que estiver atendendo a parada cardíaca.
Em geral, a mesma dose de epinefrina é repetida a cada 3 a 5 minutos, sendo assim, é
necessário que alguém da equipe faça a contagem do tempo de parada.
Como a técnica dos dois polegares gera pressões arteriais e de perfusão coronária mais
elevadas, mas com menos fadiga do socorrista, a técnica de duas mãos circundantes
é sugerida como o método preferido.
para abrir a via aérea. Como a manutenção de uma via aérea patente e o for-
necimento de ventilação adequada é importante na RCP pediátrica, pode-se
usar uma manobra de inclinação da cabeça: elevação do queixo se o impulso
da mandíbula não abrir a via aérea.
Com apenas um socorrista, usa-se uma relação de compressão para ventila-
ção de 30:2. Para RCP com dois ou mais socorristas, um provedor deve realizar
compressões torácicas, enquanto o outro mantém as vias aéreas abertas e
realiza ventilações na proporção de 15:2. As ventilações devem ter interrupções
mínimas nas compressões torácicas (AMERICAN HEART ASSOCIATION,
2018). A ventilação pode ser realizada por meio de um dispositivo de barreira,
caso o profissional hesite em realizar respiração boca a boca (dispositivos de
barreira não reduzem o baixo risco de transmissão da infecção e alguns podem
aumentar a resistência ao fluxo de ar), ou então pode ser utilizada a BVM.
A ventilação com BVM requer treinamento para garantir as seguintes
habilidades: selecionar o tamanho correto da máscara, abrir as vias aéreas,
fazer uma boa vedação entre a máscara e a face, fornecer ventilação efetiva
e avaliar a eficácia dessa ventilação (STONE et al., 2016). Para lactentes e
crianças pequenas, é utilizada uma bolsa autoinflável com um volume de pelo
menos 450 a 500 mL. Em crianças mais velhas ou adolescentes, uma bolsa
autoinflável para adultos (1000 mL) pode ser necessária para alcançar com
segurança o aumento do tórax.
A ventilação eficaz com bolsa-máscara requer uma vedação apertada entre
a máscara e o rosto do paciente. A via aérea é aberta ao levantar a mandíbula
em direção à máscara, o que proporciona uma boa vedação, em seguida,
a bolsa é apertada até que o peito se eleve. Como a ventilação efetiva com
bolsa-máscara requer etapas complexas, a ventilação com bolsa-máscara não
é recomendada para um único profissional durante a RCP. Durante a RCP, o
profissional solitário deve usar técnicas de dispositivo de boca de barreira para
a ventilação. A ventilação com bolsa-máscara pode ser fornecida de forma
eficaz durante a RCP com duas pessoas.
Se uma via aérea avançada estiver em vigor, os ciclos de compressões são
de 100 por minuto continuamente sem pausas para ventilações. São fornecidas
de 8 a 10 respirações por minuto (respiração a cada 6 a 8 segundos), tendo
o cuidado de evitar a ventilação excessiva no ambiente estressante de uma
parada pediátrica.
A equipe deve coordenar as compressões torácicas e o fornecimento de
choque para minimizar o tempo entre as compressões e a entrega do choque
e para retomar a RCP, começando com as compressões imediatamente após a
entrega do choque. O DEA solicitará, ao resgatador, que o ritmo seja reanalisado
12 Reanimação cardiorrespiratória em neonatologia e pediatria
Qualidade da RCP
Algoritmo de PCR em adultos — Atualização de 2018
• Comprima com força (pelo menos
1 5 cm) e rapidez (100-120 min) e
aguarde o retorno total do tórax.
• Minimize interrupções nas
Inicie a RCP compressões.
• Forneça oxigênio • Evite ventilação excessiva.
• Acople o monitor/desfibrilador • Alterne as pessoas que aplicam as
compressões a cada 2 minutos ou
antes se houver cansaço.
• Sem via aérea avançada, relação
compressão-ventilação de 30:2.
Sim Não • Capnografia quantitativa com
Ritmo
2 forma de onda
chocável? – Se PETCO2 < 10 mmHg, tente
9 melhorar a qualidade da RCP.
FV/TVSP Assistolia/AESP • Pressão intra-arterial
– Se pressão na fase de
relaxamento (diastólica)
< 20 mmHg, tente melhorar a
3 qualidade da RCP.
3 Choque
Carga do choque para desfibrilação
4
• Bifásica: recomendação do
RCP 2 min fabricante (p. ex., dose inicial de
• Acesso IV/IO 120 a 200 J); se desconhecida, usar
máximo disponível.
A segunda dose e as subsequentes
devem ser equivalentes, podendo
ser consideradas doses mais altas.
• Monofásica: 360 J.
Ritmo Não
Tratamento medicamentoso
chocável?
• Dose IV/IO de epinefrina:
Sim 1 mg a cada 3 a 5 minutos.
• Dose IV/IO de amiodarona:
5 Primeira dose: bolus de 300 mg.
5 Choque Segunda dose: 150 mg.
6 10 OU
Dose IV/IO de lidocaína:
RCP 2 min RCP 2 min Primeira dose: 1 a 1,5 mg/kg.
• Epinefrina a cada 3 a 5 min • Acesso IV/IO Segunda dose: 0,5 a 0,75 mg/kg.
• Considere via aérea avançada, • Epinefrina a cada 3 a 5 min
capnografia • Considere via aérea avançada, Via aérea avançada
capnografia
• Intubação endotraqueal ou via
aérea supraglótica avançada.
• Capnografia com forma de onda ou
Não Sim capnometria para confirmar e
Ritmo Ritmo monitorar o posicionamento do
chocável? chocável? tubo endotraqueal.
• Quando houver uma via
Sim aérea avançada, administre
1 ventilação a cada 6 segundos
(10 ventilações/min) com
7 Choque Não compressões torácicas contínuas.
8 11 Retorno da circulação
espontânea (RCE)
RCP 2 min RCP 2 min
• Trate causas reversíveis • Pulso e pressão arterial.
• Amiodarona ou lidocaína • Aumento abrupto prolongado no
• Trate causas reversíveis PETCO2 (normamente 40 ≥ mmHg).
• Sinal de onda espontâneo na
pressão arterial com monitorização
intra-arterial.
Não Sim
Ritmo Causas reversíveis
chocável?
• Hipovolemia
12 • Hipóxia
• Hidrogênio, íon (acidose)
• Se nenhum sinal de retorno Vá para • Hipo-/hipercalemia
da circulação espontânea 5 ou 7 • Hipotermia
(RCE), vá para 10 ou 11 • Tensão no pneumotórax
• Se RCE, vá para Cuidados • Tamponamento cardíaco
• Toxinas
pós-PCR • Trombose pulmonar
• Trombose coronária
Leituras recomendadas
SILVA, L. S.'A. A Parada Cardiorrespiratória (PCR) na criança em uma Unidade de Pronto
Atendimento: uma estratégia educativa permanente para a Enfermagem. 2014. Mo-
nografia (Especialização em Enfermagem Urgência e Emergência) — Universidade
Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2014. Disponível em: https://repositorio.ufsc.
br/handle/123456789/173595. Acesso em: 15 jul. 2019.
TAVEIRA, R. P. C. Atuação do enfermeiro na equipe de saúde durante parada cardiorrespira-
tória em Unidade de Terapia Intensiva pediátrica: proposta de protocolo. 2018. Dissertação
(Mestrado em Enfermagem Assistencial) — Universidade Federal Fluminense, Niterói,
2018. Disponível em: https://app.uff.br/riuff/bitstream/1/8803/1/Rodrigo%20Pereira%20
Costa%20Taveira.pdf. Acesso em: 15 jul. 2019.
VILAS BOAS, M. I. R. Atuação e dificuldades do profissional enfermeiro frente a uma parada
cardiorrespiratória (PCR) pediátrica: uma revisão literária. 2014. Monografia (Especia-
lização em Enfermagem Urgência e Emergência) – Universidade Federal de Santa
Catarina, Florianópolis, 2014. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/bitstream/
handle/123456789/173610/MARIA%20IVONE%20RAMOS%20VILAS%20BOAS-EMG-TCC.
pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 15 jul. 2019.