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GUIA

DE ESTUDO III

SBV/DEA

Liga Acadêmica
LAEME

do Trauma e
Emergências
Médicas
Apresentação

O presente Guia de Estudo é destinado aos alunos do primeiro


semestre de Medicina da Universidade Federal da Bahia, sendo parte das
atividades do MÓDULO DE MEDICINA SOCIAL E CLÍNICA I (MED B10).
Seu uso faz parte do projeto de implementação do Módulo de Urgência e
Emergência na grade curricular da Faculdade de Medicina da Bahia, visando
oferecer aos estudantes, desde o primeiro semestre do curso, o
conhecimento necessário para atuar na área de Urgência e Emergência.
A LAEME (Liga Acadêmica do Trauma e Emergências Médicas), desde
2004, busca promover maior contato entre os acadêmicos de medicina e o
dia-a-dia de um médico emergencista, sendo este o profissional capaz de
fazer a diferença em situações que oferecem risco à vida.
Este guia foi escrito pelos membros da LAEME, usando referencial
teórico consistente e atualizado nos assuntos. Entretanto, não substitui o
uso de livros-texto já consagrados.

2017
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Suporte Básico de Vida (SBV)
Autores: Geovaldo Correia Junior, Mariana Madeira, Tamiris Barreto

A parada cardiorrespiratória (PCR) caracteriza-se pela cessação súbita da


circulação sistêmica devido à ausência de atividade mecânica cardíaca e ventilatória.
Configura-se como uma emergência médica extrema cujos resultados diretos são lesões
cerebrais irreversíveis e, em casos onde as medidas adequadas para restabelecer o fluxo
sanguíneo e a respiração não são realizadas, a morte.
Nesse contexto, o conjunto de manobras realizadas logo após uma PCR
objetivando manter artificialmente o fluxo arterial ao cérebro e outros órgãos vitais até
que ocorra o retorno da circulação espontânea (RCE) é definida como reanimação
cardiopulmonar (RCP). O SBV, por sua vez, consiste nos procedimentos básicos de
emergência que têm como objetivo o atendimento inicial do paciente vítima de PCR.
Trata-se do ponto primordial do atendimento à PCR e sua sistematização.

Abordagem inicial na PCR


A cadeia de sobrevivência de ACE (Atendimento Cardiovascular de Emergências)
representa uma série ideal de eventos que deve acontecer para que o paciente tenha
maiores chances de sobreviver. Consiste em 5 etapas fundamentais.

Reconhecimento
da PCR e
acionamento do
serviço de
emergência/urgê Rápida Cuidados pós-
ncia desfibrilação PCR integrado

RCP precoce Suporte


com ênfase nas avançado de vida
compressões
torácicas de alta
qualidade

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Reconhecimento da PCR

Para o reconhecimento da PCR, após ter certeza que o local está seguro, deve-se
checar a responsividade da vítima. Para isto, agita-se gentilmente os ombros da vítima e
grita-se “Senhor, senhor? O senhor está me ouvindo?”.

Se a arresponsividade da vítima for comprovada, devem ser avaliados


simultaneamente a respiração, através de movimentos de elevação do tórax , e o pulso
carotídeo, com o objetivo de constatar se há bombeamento cardíaco por 5 a 10
segundos.

Se a vítima estiver arresponsiva mas respirando e com sinais de circulação o


socorrista deve coloca-la em posição de recuperação. Se constatado o pulso, faz-se uma
ventilação à vítima a cada 5 a 6 segundos (10 a 12 por minuto), checando novamente o
pulso a cada dois minutos.

Um paciente em parada respiratória é aquele arresponsivo que não respira ou que


apresenta gaspings agônicos, já que o gasping não promove uma oxigenação efetiva dos
tecidos. Se não constatado o pulso, a PCR está confirmada. Uma vez constatada a PCR,
o próximo passo é ativar o serviço médico de emergência, além de solicitar um
desfibrilador externo automático (DEA): aponta-se diretamente para uma pessoa que
esteja na cena, designando-a a responsabilidade de acionar o serviço de emergência de
maneira clara, além de requisitar um DEA, que deve estar presente nas áreas de grande
circulação de pessoas. “Ligue para o SAMU 192 e me traga um DEA”. Inicia-se, então,
imediatamente, a RCP de alta qualidade até a chegada do DEA.

Compressões de alta qualidade são aquelas que:


1. São contínuas em uma frequência de 100 a
120/min
2. Possuem profundidade de 5 a 6 cm.
3. Permite o retorno do tórax à posição inicial
4. São minimamente interrompidas

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Ventilações

Deve-se realizar as ventilações observando a expansão torácica e em uma proporção


de 30 compressões para 2 ventilações. Cada ventilação deve durar 1 segundo. As
manobras de elevação do queixo ou de tração da mandíbula permitem passagem de ar
pelas vias aéreas e precisam ser feitas para aumentar eficácia das ventilações, com
cuidado em pacientes vítimas de trauma.

Desfibrilação rápida

O Desfibrilador Externo Automático (DEA) é um aparelho capaz de analisar o ritmo


cardíaco e aplicar o choque quando necessário. Para isso o ritmo cardíaco apresentado
pela vítima deve ser chocável, o que ocorre somente na Fibrilação Ventricular e na
Taquicardia Ventricular sem pulso, o que é devidamente avaliado pelo DEA.

A sobrevivência de uma parada cardíaca por fibrilação cai de 7 a 10% por minuto
sem desfibrilação, fato que mostra a importância desfibrilação rápida.

PASSO A PASSO DO USO DO DEA:

1. Ligue o DEA

2. Exponha o peito da vítima e fixe as pás auto-adesivas no tórax


conforme o desenho indicativo que se encontra nas próprias pás.
Enquanto isso, as compressões devem ser mantidas;

3. Afaste-se da vítima e aguarde o DEA analisar o ritmo cardíaco,


alguns aparelhos requerem que o operador aperte um botão para
realizar a análise;

4. Após a análise o DEA indicará o choque ou não;

5. Caso o choque seja indicado, todos deverão se afastar da vítima


e então o choque deve ser aplicado;

6. Após o choque, reinicie a RCP imediatamente, realizando 5


ciclos (30 compressões para 2 ventilações).

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Referências

Tallo FS; Junior M.R. ; GUIMARÃES, H. P. ; LOPES,R ; Antonio Carlos Lopes . Atualização
em reanimação cardiopulmonar: uma revisão para o clínico. Revista da Sociedade
Brasileira de Clínica Médica, v. 10, p. 194-200, 2012.
Emergências Clínicas: abordagem prática, Herlon Saraiva Martins et al. Editora Manole
Ltda, 12ª ed., 2017.
American Heart Association. Atualização das Diretrizes de RCP e ACE. 2015.

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