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PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA

LUIS FELIPE DE O. SIDNEY


RESIDENTE DE TERAPIA INTENSIVA – CEPETI
CURITIBA 27 DE MARÇO DE 2019
Definição

A parada cardíaca súbita é definida como a interrupção do funcionamento cardíaco


efetivo confirmada pela ausência de sinais de circulação.

Critical Care Medicine: Principles of Diagnosis and Management in the Adult - Author(s): Joseph E. Parrillo, R. Phillip Dellinger Publisher: Elsevier, Year: 2019
Definição

A parada cardiopulmonar ou parada cardiorrespiratória (PCR) é definida como a


ausência de atividade mecânica cardíaca, que é confirmada por ausência de pulso
detectável, ausência de responsividade e apneia ou respiração agônica.

Aehlert B. ACLS, suporte avançado de vida em cardiologia: emergências em cardiologia. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013, p.10.
História

 A primeira menção bíblica de reanimação


refere-se ao momento da criação de Adão,
tendo Deus “soprado em sua boca dando lhe
a vida”

 Considerado por muitos historiadores como o


primeiro relato de manobras de RCP, está a
descrição que consta no livro bíblico dos Reis;
nele está descrito o profeta Eliseu, um
discípulo de Elias, reanimou um jovem filho de
uma viúva sunamita.

Uma breve história da ressuscitação cardiopulmonar *Hélio Penna Guimarães1,2,3, John Cook Lane4 , Uri Adrian Prync Flato3,5, Ari Timerman6 , Renato Delascio Lopes1,3,7 *Recebido
da UTI da Disciplina de Clínica Médica da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP); Fundação Centro Médico de Campinas, SP.
História

 Em meados do século XVIII, a humanidade finalmente começou a acreditar na possibilidade


de execução de manobras efetivas para ressuscitação.

 Apenas no início dos anos 1960, as técnicas de ressuscitação começaram a se


tornar evidência científica robusta e prática clínica diária a “beira do leito”.

Uma breve história da ressuscitação cardiopulmonar *Hélio Penna Guimarães1,2,3, John Cook Lane4 , Uri Adrian Prync Flato3,5, Ari Timerman6 , Renato Delascio Lopes1,3,7 *Recebido
da UTI da Disciplina de Clínica Médica da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP); Fundação Centro Médico de Campinas, SP.
Epidemiologia e Incidência

 Manifestação mais comum das doenças cardiovasculares;

 Estima-se que nos EUA seja em torno de 450.000 eventos por ano;

 Aproximadamente 21% a 25% destes eventos são devidos a arritmias ventriculares sem pulso;

 Pacientes que sofrem parada cardíaca devido a FV ou TV tem uma chance muito maior de
sobreviver ao evento em comparação com os pacientes que AESP / assistolia.

Critical Care Medicine: Principles of Diagnosis and Management in the Adult - Author(s): Joseph E. Parrillo, R. Phillip Dellinger Publisher: Elsevier, Year: 2019
Desfecho

 Aproximadamente 11% sobrevivem a parada cardíaca fora do hospital;

 E 5 e 20% dos pacientes com parada cardíaca intra-hospitalar sobrevivem ao hospital.

Critical Care Medicine: Principles of Diagnosis and Management in the Adult - Author(s): Joseph E. Parrillo, R. Phillip Dellinger Publisher: Elsevier, Year: 2019
Epidemiologia e Incidência

 No Brasil existe a estimativa de 200.000 casos de parada cardíaca a cada ano, metade deles
em ambiente hospitalar.

 As taxas de sobrevida na alta hospitalar variam de 9,5% para casos de parada cardíaca fora
do hospital e 24,2% para casos hospitalares.

 Dos sobreviventes, 40 a 50% permanecem com deficiências cognitivas, como memória e


déficits de desempenho intelectual.

VANCINI-CAMPANHARO et al. 2015


Desfecho

Critical Care Medicine: Principles of Diagnosis and Management in the Adult - Author(s): Joseph E. Parrillo, R. Phillip Dellinger Publisher: Elsevier, Year: 2019
Algoritmo Circular de PCR em adultos – Atualizações
2018
Algoritmo de PCR em adultos – Atualizações 2018
Algoritmo de PCR em adultos – Atualizações 2018
Algoritmo de PCR em adultos – Atualizações 2018
Algoritmo de PCR em adultos – Atualizações 2018
 Destaques das Atualizações Focadas em
Recomendações de 2018 da American Heart
Association para RCP.
Uso de fármacos antiarrítmicos durante a
ressuscitação de PCR por FV/TVSP em adulto

 Recomendação de amiodarona e lidocaína:

2018 (Atualizado): Amiodarona ou lidocaína podem ser consideradas para FV/TVSP não
responsiva a desfibrilação. Essas drogas podem ser particularmente úteis para pacientes com
parada cardíaca presenciada, para quem o tempo de administração da droga pode ser menor;

2015 (Antigo): Amiodarona pode ser considerada para FV/TVSP não responsiva a RCP,
desfibrilação e uma tratamento com vasopressores.
Lidocaína pode ser considerada como alternativa à amiodarona para FV/TVSP não responsiva a
RCP, desfibrilação e tratamento com vasopressores.
Uso de fármacos antiarrítmicos durante a
ressuscitação de PCR por FV/TVSP em adulto

 Recomendações para o Magnésio:

2018 (Atualizado): O uso rotineiro de magnésio para parada cardíaca não é


recomendado em pacientes adultos. O magnésio pode ser considerado para torsades de
pointes (ou seja, TV polimórfica associada a intervalo QT longo).

2015 (Antigo): O uso rotineiro de magnésio para FV/TVSP não é recomendado em


pacientes adultos.
Fármacos antiarrítmicos imediatamente após RCE
em decorrência de PCR em Adultos

 Recomendações para β-bloqueadores

2018 (Atualizado): Não há evidências suficientes para apoiar ou refutar o uso rotineiro
de um β-bloqueador imediatamente após RCE (no intervalo de 1 hora);

2015 (Antigo): Não há evidências adequadas que respaldem o uso rotineiro de ß-


bloqueadores após a PCR. No entanto, pode-se considerar o início ou a continuação de um ß-
bloqueador oral ou endovenoso imediatamente após a hospitalização causada por uma PCR
devida a FV/TVSP.
Fármacos antiarrítmicos imediatamente após RCE
em decorrência de PCR em Adultos

 Recomendações para Lidocaína

2018 (Atualizado): Não há evidências suficientes para apoiar ou refutar o uso rotineiro
de lidocaína imediatamente após RCE (no intervalo de 1 hora);

2015 (Antigo): Não há evidências adequadas que respaldem o uso rotineiro de lidocaína
após a PCR. No entanto, pode-se considerar o início ou a continuidade da lidocaína
imediatamente após a RCE causada por uma PCR devida a FV/TVSP.
Hipoperfusão – Reperfusão Cerebral

 Durante a PCR a ausência de circulação provoca hipoperfusão cerebral, especialmente das


áreas sub-corticais e dos territórios de fronteira entre as diferentes artérias cerebrais os quais,
por terem menor perfusão, são mais sujeitos a isquemia (infartos hemodinâmicos).

 Após a reanimação cardíaca, a reperfusão contribui igualmente para a isquemia e edema


cerebral , ativando cascatas bioquímicas responsáveis pela migração do cálcio intracelular,
pela produção e libertação local de radicais livres de oxigênio e de aminoácidos
excitatórios mecanismos estes que concorrem para a apoptose

Abordagem do Paciente Reanimado, Pós-Parada Cardiorrespiratória* Care of Patient Resuscitated from Cardiac Arrest João Carlos Ramos Gonçalves Pereira1- Artigo de Revisão - RBTI
2008:20:2:190-196
Hipoperfusão – Reperfusão Cerebral

 A produção local de lactato e a trombose da microcirculação aumentam o risco de


isquemia .

 Estes fenômenos prolongam-se por cerca de 48-72 horas após a recuperação do ritmo
cardíaco e da circulação.

Abordagem do Paciente Reanimado, Pós-Parada Cardiorrespiratória* Care of Patient Resuscitated from Cardiac Arrest João Carlos Ramos Gonçalves Pereira1- Artigo de Revisão - RBTI
2008:20:2:190-196
Epinefrina melhora o desfecho em parada cardíaca
extra-hospitalar?
A Randomized Trial of Epinephrine in Out-of-Hospital Cardiac
Arrest. NEJM. Agosto, 2018

 O estudo foi duplo cego, envolvendo 8.014 doentes em parada cardíaca extra-hospitalar no
Reino Unido.

 Paramédicos administraram epinefrina parenteral (4.015 pacientes) ou placebo salina (3.999


pacientes), juntamente com o tratamento padrão.

 O desfecho primário foi a taxa de sobrevivência aos 30 dias.

 Desfechos secundários incluíram a taxa de sobrevida até a alta hospitalar com um resultado
neurológico favorável, indicado por uma pontuação de 3 ou menos na Escala modificada de
Rankin (do intervalo 0 de [sem sintomas] a 6 [morte]).
Escala Modificada de Rankin
A Randomized Trial of Epinephrine in Out-of-Hospital Cardiac
Arrest. NEJM. Agosto, 2018

 No período de 30 dias, 130 pacientes (3,2%) no grupo da epinefrina e 94 (2,4%) no placebo


grupo estavam vivos.

 Não houve evidência de diferença significativa na proporção de pacientes que


sobreviveram até a alta hospitalar com um desfecho neurológico favorável.

 Um dado que chamou atenção foi que, no momento da alta hospitalar, o comprometimento
neurológico grave (uma pontuação de 4 ou 5 na escala modificada de Rankin) ocorreu em
mais sobreviventes no grupo epinefrina do que no grupo placebo (39 de 126 pacientes
[31.0%] vs. 16 de 90 pacientes [17,8%]).
A Randomized Trial of Epinephrine in Out-of-Hospital Cardiac
Arrest. NEJM. Agosto, 2018

 O estudo concluiu que, em adultos com parada cardíaca extra-hospitalar, o uso de


epinefrina resultou em taxa de sobrevida em 30 dias, significativamente maior do que o uso
de placebo.

 Porém, não houve diferença significativa entre os grupos na taxa de resultado neurológico
favorável, pois o grupo da epinefrina apresentou mais sobreviventes com comprometimento
neurológico grave.

 As razões pelas quais o uso de epinefrina não melhorou o resultado neurológico neste ensaio
são incertas.
A Randomized Trial of Epinephrine in Out-of-Hospital Cardiac
Arrest. NEJM. Agosto, 2018

 Uma explicação é que, embora a epinefrina aumente o fluxo macroscópico de sangue


cerebral, ela paradoxalmente prejudica o fluxo microvascular e, portanto, tem potencial
para piorar a lesão cerebral após um retorno espontâneo da circulação.

 Cabe ressaltar que o estudo teve limitações, dentre elas, o fato de não ter um padrão das
doses e intervalos de epinefrina, além de não haver informações sobre o estado neurológico
basal dos pacientes pré-PCR.
REFERÊNCIAS
 Critical Care Medicine: Principles of Diagnosis and Management in the Adult - Author(s): Joseph E. Parrillo, R.
Phillip Dellinger Publisher: Elsevier, Year: 2019

 Protocolos de Intervenção para o SAMU 192 - Serviço de Atendimento Móvel de Urgência. Brasília: Ministério da
Saúde, 2a edição, 2016.

 Destaques das Atualizações Focadas em Recomendações de 2018 da American Heart Association para RCP e
ACE: Suporte Avançado de Vida Cardiovascular e Suporte Avançado de Vida em Pediatria 2018 American
Heart Association N0895

 A Randomized Trial of Epinephrine in Out-of-Hospital Cardiac Arrest. Gavin D. Perkins, M.D., Chen Ji,
Ph.D., Charles D. Deakin, M.D., Tom Quinn, M.Phil., Jerry P. Nolan, M.B., Ch.B., Charlotte Scomparin, M.Sc., Scott
Regan, B.A., John Long, Anne Slowther, Ph.D., Helen Pocock, M.Sc., John J.M. Black, M.B., B.S., Fionna Moore, M.B.,
B.S., for the PARAMEDIC2 Collaborators *

 VANCINI-CAMPANHARO et al. 2015

 Uma breve história da ressuscitação cardiopulmonar *Hélio Penna Guimarães1,2,3, John Cook Lane4 , Uri
Adrian Prync Flato3,5, Ari Timerman6 , Renato Delascio Lopes1,3,7 *Recebido da UTI da Disciplina de Clínica
Médica da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP); Fundação Centro Médico de Campinas, SP.

 Abordagem do Paciente Reanimado, Pós-Parada Cardiorrespiratória* Care of Patient Resuscitated from


Cardiac Arrest João Carlos Ramos Gonçalves Pereira1- Artigo de Revisão - RBTI 2008:20:2:190-196
OBRIGADO.
Algoritmo de PCR em adultos – Atualizações 2018

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