Você está na página 1de 11

ESCOLA DE ENFERMAGEM SANTA JULIANA

OS CUIDADOS DA ENFERMAGEM PÓS PARADA CARDÍORRESPIRATÒRIA

Viçosa – Alagoas.
2023

ESCOLA DE ENFERMAGEM SANTA JULIANA


Discentes:

Amanda Cristina Camassari Santana


Jacqueline Maria da Silva
Josicleide dos santos Silva
Maria Janeide Paulino Teixeira
Cuidados pós-parada cardiorrespiratória

Relatório apresentado como pré-requisito


para obtenção da nota avaliativa de
recuperação da disciplina de Urgência e
Emergência, Curso Técnico em Enfermagem
– Escola Santa Juliana.

Orientação: Prof. Humberto Cirilo.

Viçosa – Alagoas.
2023.

2
SUMÁRIO

1:INTRODUÇÃO

2:INVESTIGAÇÃO DA CAUSA E POSSÍVEL DANOS DA CAUSA E POSSIVEL DANOS POS-PCR

3:CONTROLE DA TEMPERATURA

4: OTIMIZAÇÃO DA VENTILAÇÃO E OXIGENAÇÃO

5: OTIMIZAÇÃO HEMODINÂMICA E DA PERFUSÃO TECIDUAL

6: Avaliação e manejo neurológico:

7. Controle glicêmico

8: DOAÇÃO DE ÓRGÃOS

3
1. Introdução

Independentemente da causa da parada cardiorrespiratória, a hipoxemia e a


lesão isquêmica que ocorrem antes do retorno da circulação espontânea (RCE)
podem causar uma série de comorbidades, como disfunção miocárdica, lesão
cerebral, resposta de reperfusão sistêmica à isquemia e persistência da causa da
parada cardíaca.

O manejo do atendimento pós-parada cardíaca tem como objetivo identificar e


tratar causas, minimizar as lesões nos órgãos-alvo, otimizar a função
cardiopulmonar e garantir normalizar a perfusão de órgãos vitais. Se necessário,
deve-se transferir o paciente para uma UTI ou hospital para o devido tratamento
da PCR.

Os cuidados também devem ser adaptados para cada paciente – entre eles,
incluem-se como parte das intervenções:

 Controle direcionado da temperatura;


 Otimização da hemodinâmica e ventilação;
 Intervenção coronariana;
 Diagnóstico, manejo e prognóstico neurológico.

4
O que é?

O cuidado pós-parada cardiorrespiratória é o último componente da Corrente de


Sobrevivência do Adulto e é de extrema importância no suporte avançado de vida,
visto que a maioria das mortes após o retorno da circulação espontânea (RCE)
ocorrem nas primeiras 24h após o evento.

O comprometimento de diversos órgãos é uma causa importante de morbidade e


mortalidade, e a conduta pós-PCR é fundamental para o tratamento de todos os
sistemas e aumento da probabilidade de sobrevivência.

2. Investigação da causa e possíveis danos POS-PCR

5
História: A identificação da provável causa da parada cardíaca e o início do
tratamento geralmente são realizados durante a RCP. Após o RCE, o médico deve
tentar obter informações sobre o paciente (através de amigos, familiares ou equipe
de emergência) e coletar a história para determinar a possível etiologia da parada.

Exame Físico: O exame físico do paciente deve ser feito o mais rápido possível,
avaliando as vias aéreas (A – Airways), respiração (B – Breathing) e circulação (C
– Circulation). Primeiramente, é necessário avaliar e garantir uma via aérea
adequada e ventilação, auscultando o paciente para garantir o posicionamento do
tubo endotraqueal e a identificação de possíveis etiologias cardíacas ou
pulmonares. Em seguida, examina-se o pulso, aspecto da pele e pressão arterial
para verificar o grau de perfusão tecidual.

Exame Neurológico: Para auxiliar na investigação da causa da PCR, prognóstico


e a necessidade de intervenção neurológica, são feitos exames neurológicos nos
pacientes, com a utilização da escala de Four e Glasgow.

Exames Complementares: O médico também deve solicitar exames de imagem,


como ultrassom à beira do leito, RX de tórax e tomografia de tórax (TC); exames
laboratoriais, como gasometria arterial, eletrólitos e hemograma; e
eletrocardiograma (ECG) para avaliar a possibilidade de síndrome coronariana
aguda e arritmias.

Esses exames investigam o grau do dano aos órgãos, verificam o traumatismo


torácico causado pelas manobras de ressuscitação e o posicionamento do tubo
endotraqueal, além de determinar a possível etiologia da parada.

6
3:Controle da temperatura

Hipotermia Terapêutica (Controle Direcionado da Temperatura – CDT): A


hipotermia terapêutica consiste na manutenção da temperatura entre 32º e 36ºC
por pelo menos 24 horas. Tem como finalidade a prevenção da lesão neurológica
irreversível e melhora do prognóstico neurológico pós-PCR, sendo recomendada
para indivíduos em coma após a ressuscitação da parada cardíaca.

As temperaturas mais altas são preferidas para pacientes em coma


moderado, sem complicações, sem nenhum padrão de EEG maligno ou edema
cerebral evidente e que apresentam algum risco em temperaturas mais baixas
(como sangramentos).

As temperaturas mais baixas são preferidas em pacientes em coma profundo,


padrões de eletroencefalograma (EEG) malignos, suspeita de edema cerebral ou
hipertensão intracraniana, e que apresentam risco de agravo clínico em
temperaturas mais altas (como convulsões). O controle da temperatura é indicado
para todos os pacientes, inclusive grávidas e hemodinamicamente instáveis, e não
há contraindicações para essa opção terapêutica após a PCR.

Hipertermia: A febre deve ser evitada em paciente pós-PCR, visto que prejudica o
prognóstico neurológico e aumenta a mortalidade. O seu início tardio pode surgir
após o reaquecimento do tratamento de hipotermia. Os médicos devem monitorar
o paciente e intervir ativamente para evitar a febre.

Métodos: Para manter a temperatura dos pacientes na faixa desejada, os


médicos utilizam dispositivos de superfície e intravasculares. Entre eles,

7
destacam-se: infusão intravenosa de 30mL/kg de solução salina isotônica fria;
solução salina fria infundida por meio de bolsa de pressão; dispositivo de
resfriamento intravenoso; compressas de gelo, mantas e coletes de resfriamento;
banhos de água fria.

A infusão rápida de 20 a 30mL/kg de solução salina isotônica ou outro cristalóide a


4°C é utilizada para manutenção da temperatura e hipotermia, mas contraindicada
no ambiente extra-hospitalar.

4:Manejo da ventilação e oxigenação pós-PCR

Imediatamente após o retorno da circulação espontânea, pode ser necessário


substituir uma via aérea supraglótica por uma definitiva.

Deve-se utilizar a capnografia da forma de onda para verificar o


posicionamento correto de uma via aérea avançada. O objetivo é otimizar a
ventilação mecânica para minimizar lesões pulmonares e manter o PaCo2 dentro
da faixa fisiológica de normalidade, entre 40 a 45 mmHg.

É importante evitar a hiperventilação do paciente, pois pode ter como efeito


adverso o aumento da pressão intratorácica, diminuição da pré-carga, débito
cardíaco e pressão de perfusão coronariana, diminuição da PaCo2 e
vasoconstrição cerebral.

Para evitar a hipóxia em adultos, pode-se ofertar 100% de oxigênio para a


intervenção precoce, mas não por tempo prolongado, pelos riscos de intoxicação e
repercussões negativas. A hiperóxia (PaO2 > 300 mmHg) também possui
resultados deletérios. O O2 deve ser titulado para manter uma saturação ≥ 94%

8
ou PaO2 em 100 mmHg, devendo ser monitorado continuamente com oximetria
de pulso

5:Otimização hemodinâmica e da perfusão tecidual

Pacientes pós-parada cardíaca são hemodinamicamente instáveis e podem


ter lesões secundárias ao evento e à hipotensão. O objetivo para esses pacientes
é regular a pressão arterial e evitar a hipotensão, mantendo a PAS > 90 mmHg ou
PAM ≥ 65 mmHg.

Entretanto, se possível, a PAM deve ser mantida entre 80 a 100mmHg para


melhorar a perfusão do cérebro e evitar mais lesões cerebrais. Os médicos devem
levar em conta o coração, tomando medidas para evitar a sobrecarga do órgão e
ainda assim manter uma PAM adequada para a manutenção da perfusão dos
órgãos-alvo.

Reposição Volêmica

Tem como meta manter uma pressão venosa central (PVC) de 8 a 12 mmHg,
sendo utilizado soro fisiológico isotônico ou ringer com lactato para atingir esses
valores. Deve-se evitar fluidos hipotônicos, visto que podem aumentar o edema
cerebral. O médico deve avaliar os sinais vitais do paciente e realizar um ECG
para monitorar arritmias cardíacas. O melhor tratamento para pacientes com
arritmia após o retorno da circulação espontânea é identificar e tratar a causa
precipitante. As drogas antiarrítmicas são recomendadas apenas para pacientes
com arritmias instáveis recorrentes ou em andamento, não devendo ser utilizadas
para profilaxia.

9
6:Avaliação e manejo neurológico

A lesão neurológica é uma causa comum de morbimortalidade em pacientes


pós-PCR, correspondendo a 68% das mortes pós-parada cardíaca extra –
hospitalares e em 23% das intra-hospitalares (AHA, 2015). As manifestações
clínicas de lesão neurológica pós-parada cardíaca incluem disfunção
neurocognitiva, convulsões, mioclonia, coma e morte cerebral.

Convulsão: Deve-se realizar um EEG para definir o diagnóstico e etiologia da


convulsão e o tratamento com anticonvulsivantes deve ser imediato. Geralmente,
as convulsões que são refratárias à terapia indicam lesão cerebral grave. O
monitoramento do pós-parada cardíaca com lesão neurológica deve ser frequente
e, em casos de coma, contínuo.

Choque cardiogênico

Na suspeita de choque cardiogênico (p. ex., em pacientes com hipocinesia ao


ecocardiograma à beira do leito ou saturação venosa central de O2
persistentemente baixa a despeito de PAM e hemoglobina otimizadas), o
Suporte inotrópico pode ser necessário.

7:Controle glicêmico

O controle glicêmico em pacientes pós-parada tem como meta manter a glicose


sérica entre 140 e 180mg/dL. Episódios de hipoglicemia e hiperglicemia devem ser
prevenidos, visto que ambos implicam em piores resultados pós-parada.

10
8:Doação de órgãos

É indicado que todos os pacientes vítimas de uma parada cardiorrespiratória que


progridam para morte ou morte cerebral sejam avaliados quanto à possibilidade de
doação de órgãos. No caso de doadores potenciais sem retorno da circulação
espontânea, é possível manter as manobras de reanimação até que os órgãos
sejam retirados para doação.

11

Você também pode gostar