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Resumo de Suporte Avançado de Vida no

adulto: manejo intra-hospitalar | Colunistas

Isadora Lucena

11 min• 22 de mai. de 2021

Índice
1.
Introdução
2.
Fisiopatologia
3.
Diagnóstico
4.
Ritmos cardíacos
5.
Ritmos não chocáveis
6.
Assistolia
7.
Cardiac Arrest Sonographic Assessment (CASA)
8.
Tratamento
9.
Acesso venoso
10.
Medicações
11.
Algoritmo
Índice

Introdução

O Suporte Avançado de Vida (SAV) é a segunda etapa do conjunto de


habilidades e conhecimentos envolvidos no tratamento do paciente com parada
cardiorrespiratória (PCR).

O SAV envolve:

1. Ressuscitação cardiopulmonar (RCP) de alta qualidade.

2. Desfibrilação.

3. Dispositivos de via aérea avançada e oxigênio.

4. Acesso venoso e drogas.

5. Dispositivos de compressão mecânica.

6. Dispositivos de oxigenação por membrana extracorpórea.

Fisiopatologia

A parada cardiorrespiratória pode ser dividida em três fases:


1. Fase elétrica: essa fase compreende o período inicial (de 3 a 4 minutos) da
PCR, na sua grande maioria apresenta-se como fibrilação ventricular (FV).
Aqui, faz-se necessário desfibrilação imediata e RCP de alta qualidade.
2. Fase hemodinâmica: essa fase vai de 4 a 10 minutos após a PCR.
Compreende à depleção dos substratos para um metabolismo adequado,
sendo a desfibrilação e a RCP de alta qualidade ainda críticas para esses
pacientes.
3. Fase metabólica: fase após os 10 minutos de PCR, em que há acidose e
disfunção celular graves. Aqui, faz-se necessário cuidados pós parada,
bem como, caso não ocorra volta da circulação espontânea, as chances de
sobrevivência do paciente caem e ele geralmente não sobrevive.

Diagnóstico

O diagnóstico da PCR é firmado quando se tem o conjunto das seguintes


características:

1. Paciente não responsivo.


2. Paciente sem pulso central palpável.

Quando identificada, inicialmente, deve-se partir para o suporte básico de vida.

Ritmos cardíacos

Ritmos passíveis de choque

São eles: Fibrilação ventricular (FV) e Taquicardia ventricular sem pulso (TVsp),
sendo ambas tratadas da mesma forma na PCR:

1. RCP de alta qualidade


2. Administração de vasopressores e antiarrítmicos
3. Desfibrilação
Fonte: https://
image.slidesharecdn.com/rcpneopediatrico-160721224852/95/novas-diretrizes-
de-reanimao-cardiopulmonar-neopeditrica-14-638.jpg?cb=1469141365
Imagem 1: Fibrilação ventricular (FV).

Fonte: https://
image.slidesharecdn.com/rcpneopediatrico-160721224852/95/novas-diretrizes-
de-reanimao-cardiopulmonar-neopeditrica-14-638.jpg?cb=1469141365
Imagem 2: Taquicardia Ventricular Sem Pulso (TVsp).

Ritmos não chocáveis

São eles: Atividade elétrica sem pulso (AESP) e assistolia.

Atividade elétrica sem pulso (AESP)

Definida pela ausência de pulso palpável na vigência de atividade elétrica


cardíaca organizada. Várias são as causas para essa atividade cardíaca, sendo
a conduta feita de acordo com a etiologia identificada.

Possíveis causas: Os 5 H’s

1. Hipo/ hipercalemia
2. Hipóxia
3. Hipovolemia
4. Hipotermia
5. H+ (acidose)

Possíveis causas: Os 5 T’s

1. Tóxicos
2. Tamonamento cardíaco
3. Trombose coronariana
4. Tromboembolismo pulmonar
5. Tensão pulmonar (pneumotórax)

Assistolia

A assistolia compreende na total ausência de atividade elétrica no miocárdio,


podendo refletir o estágio final de uma PCR não tratada ou refratária.

Ao se deparar com um paciente em assistolia você deve:

1. Seguir com o “protocolo da linha reta” para, de fato, confirmar a


ausência total de ritmo:
2. Checar cabos e conexões;
3. Aumentar o ganho;
4. Mudar a derivação;
5. Se assistolia confirmada, prosseguir com o protocolo de RCP de qualidade
e drogas.

Fonte: Novas
diretrizes de Reanimação Cardiopulmonar Neopediátrica (slideshare.net)
Imagem 3: Atividade Elétrica Sem Pulso (AESP).

Fonte: Novas
diretrizes de Reanimação Cardiopulmonar Neopediátrica (slideshare.net)
Imagem 4: Assistolia.

Cardiac Arrest Sonographic Assessment (CASA)


O exame CASA foi criado para facilitar a realização do ultrassom point-of-
care (USPOC), durante a PCR sem que haja diminuição da sobrevida do
paciente pela interrupção das compressões torácicas. Ele permite avaliar com
alto rendimento as causas reversíveis de PCR na AESP.

O CASA é feito em três avaliações, que devem necessariamente durar menos de


10 segundos, sendo esse tempo dito em voz alta para que o ultrassonografista
não o exceda.

1. A primeira avaliação visa à identificação de tamponamento cardíaco (p. ex.,


derrame pericárdico com colapso diastólico do ventrículo direito).
2. A segunda avaliação visa identificar tromboembolismo pulmonar,
verificando principalmente a dilatação do ventrículo direito em comparação
com o ventrículo esquerdo menor.
3. A terceira avaliação visa identificar a presença ou ausência de atividade
mecânica cardíaca (cardiac standstill). A ausência de atividade se
correlaciona a pior desfecho e a uma taxa de sobrevivência a alta
hospitalar de 0 a 0,6%. Entretanto, se houver atividade mecânica cardíaca,
recomenda-se nova checagem de pulso, aferição de pressão arterial e
início de vasopressores.

Tratamento

Disposição da equipe

A equipe envolvida na PCR deve ser liderada por um médico e deve ser capaz
de monitorizar constantemente a eficácia e resposta do paciente às intervenções
terapêuticas realizadas. Para isso, faz-se necessário organização e treinamento
adequados da equipe, visto que a PCR é uma emergência médica extrema,
precisando que a equipe esteja completamente preparada e familiarizada com os
equipamentos e protocolos a serem seguidos.

Via aérea avançada


O estabelecimento de uma via aérea avançada não é prioridade na fase inicial
de atendimento à PCR, visto que dados da literatura mostram que em torno de
25% de todas as interrupções nas compressões torácicas são devidas à
colocação de uma via aérea avançada.

Assim, a única indicação absoluta para intubação de um paciente durante a PCR


é ter uma ventilação ineficiente com a bolsa-válvula-máscara. Mesmo assim, não
se deve interromper a realização das compressões torácicas.

Após estabelecida a via aérea avançada, as compressões torácicas devem ser


realizadas initerruptamente, e as ventilações entregues por 1 segundo, com um
terço do volume do Ambu, ligado a fonte de oxigênio a 15 L/min, a cada 6
segundos.

Acesso venoso

Acesso venoso periférico (AVP)

O acesso venoso se faz necessário em caso de necessidade de administração


de medicações e volume para reverter as possíveis causas da PCR. Assim, após
a infusão da medicação pelo AVP, realizar flush com 20 mL de soro fisiológico
0,9% e sempre elevar o membro.

Acesso venoso central (AVC)

Não é recomendado ser feito de rotina nos casos PCR.

Acesso intraósseo

Kits de acesso intraósseo para rápida infusão de volume e vasopressores tem se


tornado cada vez mais disponíveis e são excelentes alternativas ao AVP e
substituem o AVC na PCR.

Acesso arterial
A sua principal finalidade é monitorar a pressão arterial diastólica e titular os
esforços da ressuscitação. Entretanto, para que seja canulada a artéria femoral
durante a PCR é necessária uma equipe qualificada e guiada por ultrassom.

Medicações

Epinefrina ou adrenalina

Cada minuto de PCR sem a administração de vasopressores parece diminuir em


4% a chance de circulação espontânea (RCE), sendo a dose recomendada
pela American Heart Association (AHA) de 1 mg, endovenoso, a cada 3 a 5
minutos. Em ritmos chocáveis é utilizada após segundo choque sem sucesso.

Vasopressina

A vasopressina havia sido incluída em diretrizes anteriores como alternativa à


primeira ou segunda dose de epinefrina. Porém, não apresentou benefício,
quando comparada à epinefrina, em relação à RCE e sobrevivência a alta
hospitalar, além de ser uma droga com um custo maior. A combinação de
epinefrina com vasopressina também não se mostrou benéfica comparada à
epinefrina isolada.

Corticosteroides

Sabe-se que os níveis de Cortisol são baixos durante a PCR e após. Alguns
estudos mostraram benefício em associar epinefrina-corticoide-vasopressina
(ECV). Entretanto, os dados ainda são conflitantes e insuficientes para que seja
recomendado ou não o uso de corticosteroide de forma isolada.

Amiodarona

Seu uso é reservado para os casos de Fibrilação Ventricular e Taquicardia


Ventricular sem pulso após falha da desfibrilação e após o uso da Adrenalina. O
seu uso visa auxiliar a desfibrilação a restaurar o ritmo de perfusão do coração
de forma organizada.
Deve ser usada na dose de 300 mg endovenosa, em bolus, seguida por 150 mg,
se necessário. A PCR é a única situação em que se faz amiodarona em bolus.

Lidocaína

A Lidocaína é considerada pela AHA uma droga de segunda linha, devendo ser
usada somente na indisponibilidade da Amiodarona.

Dose: 1 a 1,5 mg/kg EV na primeira dose ou aproximadamente 3 a 5 mL EV em


um paciente de 70 kg com lidocaína a 20%. A segunda dose é de 0,5 a 0,75
mg/kg.

Magnésio

Nos casos de TV polimórfica, o uso intramuscular de Magnésio se mostrou


eficaz. Assim, nos casos em que a TV polimórfica é sustentada é indicada a
desfibrilação, seguida de um bolus de 1 a 2 g IV de sulfato de magnésio em 10
mL de soro glicosado 5% administrado em 1 minuto.

Bicarbonato de sódio

Não é usado de rotina, sendo seu uso recomendado nos casos de PCR por
hipercalemia, acidose metabólica ou intoxicação por antidepressivos tricíclicos.

Monitorização

Parâmetros fisiológicos são utilizados com a finalidade de melhorar os resultados


da PCR, torná-la mais eficiente, bem como guiar a terapia venosa e detectar
RCE.

Alguns desses parâmetros são:

 Dióxido de carbono ao final da expiração (ETCO2)


 Pressão de perfusão coronariana (PPC)
 Pressão arterial diastólica (PAD)

Algoritmo
Algoritmo de PCR no adulto

Fonte: https://cpr.heart.org/-/media/cpr-
files/cpr-guidelines-files/highlights/hghlghts_2020eccguidelines_portuguese.pdf
Imagem 5: Algoritmo de parada cardiorrespiratória no adulto – AHA.

Medicações utilizadas durante a PCR

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