Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
DenISE G. Rauos
l
I
)
,
,
t O COBAÇAO
UuA LEITURA IUAIÍTICA DE SEU SIHBOLISÍ-íO
l
l
I
Dissertação apresentada ã Sociedade Bra
I sileira de Psieologia Analítica para oU
tenção do tÍtu1o de Analista Junguianol
I ao i6rrino do curso de formação - turma
1984.
I
I Orientadora: Dra. Molvívto tltuzho't
1
I
I
I BIBLIOTECA
I Uicüdü [ralildra ü psisoluia trnalítisa
fl4 -o ra
I
I
I SÃo Pauuo - 1989
I
I
a
I
I Agradeço também ãs minhas amigas e colegas, Dra . La_
t
t
t
I
I
I
t
I
t
T lii
t
,
,
I
,
I
t
t
t
t
I
t
t
T
I
I
t
,
I
t
,
T
t
I
I
T
t
I "Razão tormn-ae ytão-rta"zãa cluand.o áLWhn -
T da do -conafi.o. Ílma vída paíclwLca vazia
de ídlai,oa uwLvetuaí-r adoece porL delnu-
t tÀiúy." (c- J. üung) *
I
I
T
r-
I.-
11I
IJ
t sur{ÃRt0
,
I
T
,
t Esta dissertaçao é um estudo da relação psique-cor-
t po r usando o sÍmbolo do coração como referência central.
I
-
I O simbolismo do coração ê aqui observado na d,imen-
-
t são individual e coletiva e hipóteses são levantadas sobre a apli
I cabilidade deste material na compreensão das doenças cardÍacas.
I
t
IJ
I{
suflARy
I
I
t
,
This dissertation studies the psyche-body relation-
I ship, using the heart symbol as a central reference.
I
t Heart symbolism is examined along the individual and
T
collective dimensions, and hypotheses are explored about the ap-
T
plicability of this material in comprehending cardiac disorders.
I
I
I
i UNlTERMOS
T
A,rqu-etípo. Sim bolo. Eíxo zgo-^Q16.
T
Petlono,. Sombtta.
T
I
T
T
v
I
)
I íuotcE
wg.
I
I
I o AgfadeCimentOS ................................... íi
I o fntrOdUçãO ....................................... I
I I. A busca do significado do coração 3 primeiras obser
I VaçõgS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
I
I
T
I
I
I
I
I
,
I
I
l
I
l
1
1
NTBODUÇAO
I
l
1
I
lÍrrTR0OuçÃ0
;
l, Essa atitude fez-me lembrar do perÍodo do presiden-
t sobre o assunto, que talvez nos sirvam para melhor entender a im-
iornal
L?o:iBêlo'cit '
BATEeoftÂÇn0
§#ÚDEJOAOI
ã
ã
As estatísticas americanas revelam tambêm que a f"]
TI
ta de companhia humana, a morte súbita de uma pessoa amada e a sg
!t lidão crônica são fatores significativos na ocorrência destas do-
a enças. A mortalidade r Írêste caso , 'e de 2 a 5 vezes maior para di-
IT
vorciados, viúvos e solitãrios do gue para a população em geral 2l .
ã
J. Linch, após grande levantamento de pesguisas mé-
I dicas, mostra que a falta de relações sociais Íntimas pode levar
|r ao desenvolvimento de arteriosclerose e morte súbita (devido a in
It farto do miocárdio) . Sua tese ê que solidão e isolamento podem Ii
!
teralmente quebrar o coração, isto é, gue a ausência de contatohu
ã
mano amoroso signific 'tivo leva ã depressão e sensação de abando-
IT
Íror gue são, por sua vez, fatores de alto risco no desenvolvimen-
t to das doenças cardÍ u"ur22.
rI
II
T
I
I 11
I
Um dos estudos mais clássicos sobre o assunto é o re
T
I alizado por It[. Friedman e R. Rosenm€ln. Inicialmente, estes pesqur
sadores identificaram dois traços de personalidade A e B que se cor
I
T
relacionavam Gn o apa:recfurento da doença cardíaca. O tipo A teria
T
traços mais agressivos, sempre envolvido com uma luta crônica ein
cessante para vencer e superar a tudo e a todos e sofreria o que
T
I profunda.
I
T
Em comum a todas as observações e estudos relatados,
I temos que as dis funções cardiacas associErm-se :
CAP ruLo
f,
tt- ?|ENçAc0$0 REPRESEÂJrAçÃ0 SIÍ'{B0| tCA - U$A AB?ROAcEil AtA[ÍrtCA,
f,
f,
f No estudo do complexo fenômeno da interrelação men-
f, te-corpo e da psicossomática, observamos gue até crto tsreo atrás,
E a pesquisa nesta ãrea tinha quase que exclusivamente se limitado
f, a seguir um modelo de psicologia redutivista, derivada de uma vi-
TT sáo de ciência cartesiana e newtoniana. Agui a busca da causa e da
f, historicidade da doença eram o enfoque principal.
E
TT Entretanto, ã medida que nos percebemos rrun no:ndo glo
t balmente interconectado, onde os fenômenos biológicos, psicológi-
E cos, sociais e ambientais são interdependentes, sentimos a neces-
a sidade de um outro ponto de vista que não o causalista.
ã
a Para isso, vem se desenvolvendo na Psicologia ClÍni
ã ca uma abord.agem holista e simbóIica, tanto da saüde quanto dosdi
a ferentes mêtodos de tratamentor êrn harmonia com pontos de vista
a mais tradicionais, mas também consistente com teorias cientÍficas
1' modernas.
a
a Neste senLido, estudos inter-culturais têm sido mui
ã to úteis, não só por servirem de mod.elo, mas também por ampliarem
ã nossa perspecti va e ajud.arem a ver as idêias correntes acerca da
a doença e tratamento sob nova luz.
a
IT Assim, temos, por exemplo, inúmeras culturas onde a
a idéia central era d.e gue gualguer distúrbio orgânico ou mental se
. rl.
T
T No Antigo Testamento, a primeira referência ã doen-
l
I A medicina de certos povos primitivos como a dos Íg
I d'ios norte-americanos 2 , dos africanos e indígenas brasileiros, como
I
também a medicina praticada nos rituais afro-brasileiros enfatj-za
I
basicamente a cura simb6lica cujo objetivo é criar uma sensação
I
de harmonia interna no paciente 3. Agui a manipulação dos símbolos
I
visa levar o doente de volta a suas origens mÍticas, ligar-se ao
I
mal dentro de si e provocar uma transformação, um renascimento.
I
tece 4.
I
t
I Gregos e Romanos praticavam a incubação, do::nirdo nos
tempros dos deuses à espera da cura de seus nnales, uma prática her
I
dada dos babilônios , cald,eus, egípcios e etruscos . para estes po-
t
I vosl o propósito de uma doençal o significado de uma perturbação,
era forçar o homem a se confrontar com sua desconecção com o divi
I
Dor a sacrificar suas aquisições exageradas e a se recolocar numa
I
relação apropriad'a, religando-se através do sof rimento ao serviço
1
dos deuses 5.
!
I
observamos gue todas as formas de cura simbõlica, i!
dependente da sociedade na gual existiam ou existem, tentam
I revar
I
o doente a suas origens mÍti-cas, manipurar o mar e cond.uzir o pa-
ciente ã morte e renascimento simbólicos.
;
I
I
II
I
T
I8
T
T
" PAtta aquele que, como zu, vA na do ença uma
I mani dz,s tação de v ida , ela não 6- maít uma *-
t nímíga. Não Lhe o co rüLe querLerL combatô.- I-a ,
t tenÍatt curLã,-La e, vou maia Longe, zlenãoa
tn-ata me-^mo . Pana mím , E zrtía tao abaundo que
, neft tnatan uma doença eomo me Q-^óotLçz.r1 em
t eonnígin algu6-m de ,se-u humott tn-an^c,Lev zndo
I to dad o,^ ,s ul-,s p Q-queno,^ maLdad ed em tanto d
-
prLo p6 d ít o a amã.v eí,s em L-he co n^ ultan . 0 eá -
I ^
de que co nL tatzí que a do znça 6. uma. cftía-
T ção do do ente , zl-a á e Ío rtno u parLa mím o m eL
, mo quz óeu andan, áeu modo de dalan, teu jo
go dítíonômíco, o,s geátod de mãot, o
I ^ua^
deaenho de que õ. auton, a, ca,,sa quecoyt^tÁúJr,
, o negõ eío que óeeho u o u o curLá o dot áe!Á p zn
IJ um aÍmbolo tígní(ícatívo daa po-
^amento^:
tô-neíaa que o ,Lzg em e que prLo cuttanzí indt-u
T
eneían, á L ! ul-gan necea dãnío . Não ned ta dí
I vída de que eôtat eníaçõed do íd, que co^-
, tumamo chaman de do ença.Á , áão , Q-gundo a,^
^ ^
eíncundtãncíaa , íneômo daa parLa o á e-u ettía
,
don e parla 06 áeuô damilíalLeô, Maá, ,Le-co-
I nhzçq,ma^, uma voz eát,Lídente ou uma Letna
I íLegív eL po dem, íguaLme-nte, E erl ínauporLtA-
v eíd parLa o á erL humo.no e á eu pn6 ximo , aá -
I 6ím como , uma. ca,á a mal- co nÁ tnuída tem tan-
T ta necedaídade de E en ,Leóotmada como um pul
I mão indl-amado , po fr exemplo . D e mo do que, dz
I
I Cura seria interpretar corretamente o que essa tote
I lidade estã tentando expressar através dos sintomas e ensinã-la um
T modo menos doloroso de auto-expressão. O papel do psicôIogo e o do
I mêdico seria o de catalisador, de facilitador deste processo.
I
I
1
ã
!I 19
rt
lU com c- G- Jung
a psicorogia devolve o conceito d"
=fo
,
bo1o, aPlicando-o tanto na compreensão dos fenômenos psicológicos
,
guisadorr pâssâ a ser vista como uma representação simbóIica no pro
t
T Principalmente três conceitos fundamentam esta abor
dagem:
T
I r. A intermediação de um terceiro fator na relação
!T
psigue-corpo
!T
2. A sincronicidade
I 3- o mecanismo de compensação e a abordagem finalis
ta.
t
t 2.1 0 teteeíno {atot na nelação psique-col.po
I
A primeira referência ã relação psigue-cori,,o7 Írâ p=i
T
cologia AnalÍtica, segundo c. À. !íeier, encontra-se na teoria dos
I complexos I - sem düvida7 â conexão entre alterações fisiológic.
, s,
medidas através do polÍgrafo e estÍmulos emocionais estabelece
I u-
ma relação direta e ineguÍvoca entre psigue e corpo, tendo como ba
T
se o complexo.
t
T
Desta forma, c. G. J,'g, já em 1906, inicia uma
I a_
bordagem psicossomãtica dos comportamentos emocionais.
I
t
Embora não tenha se aprofundado nesta guestão, dei-
I
xa claro na definição de comprexo e ego gue cada emoção é acompa-
I
nhada de mudanças corporais z " compl-exo,, , cliz ele ,,õ Semp1e
I , uma co
Lzção de vã'níad íd6-íad , mantídad ! untad po,L um tom emocío
I na1 comwn
I
I)
t
t 20
t
t a. todal." 9 "... o tígni|ícado d,o'ugo 6. p^ícoLogicamente um com-
pLexo dz ímagínaçõ za mantída,s j unta,s z dixadaa po,L impttz,s tõ ea I co
I
t e.nQ.^t6.tíeaa ... 0 tom emoeíonaL dod complexod í- ba-
^ect^nd-attío,s
aeado ,sobne ímptte-,s,5õe^ eoenz^t6.8ícaa e, at-õ.m díaao, tanto o com-
t
,
plexo do zgo quanto o ,secundã,nío podem tzmpottaníamzntz ,LeprLi-
^uL
mídod ou eínd,íd.o,s." l0
t
I
Se entendermos aqui coenestésico como a totalidade
t
I
das sensações gue se originam dos órgãos corporais, através do qual
I góico, observamos que Jungr êIn diferentes obras, coloca o ego co-
I
mo originário do SeI.f, da totalidade arquetÍpica:
I
conscientes) . ll
I
I
A base psicológica correspondente z " de um Lado o cay
I
po ÍotaL da conácíi-neía e do outno a. Áoma. totaL doa conteídoa ín-
12
I
co ná cíent.e^" . Base esta estendida aos arguétipos em geral z " 0^
I
arLquí-tipoô e zxprLQ-,sáam de um Lado na, experLiõ-neía corLpo nal z , dz
^
o utto , zfr ímag znd arLqueÍípícaá .
t' 13
I
I
I
í."rà
I
I
SP i]
2L
tenho de meu corpo faz parte do complexo do egor âssim como todas
as sensações coenestésicas presentes na minha consciência, forman
do neste momento uma estrutura coerente e relativamente estável.
a
"ele ouve vozeá que dazzm toda e^p-ecíe d,e luge,stõea a. e-l_e,, ,r. o*.
í
corresponderia, na linguagem analitica, provavelmenter âo desen-
T
volvimento da intuição.
a
!l
I Idéias semelhantes encontramos na descrição da for-
mação do corpo em certas crenças pré-cientificas, descritas
I 19
;nr G.
t Eaton - Eaton resume estas concepções com a idéia d,e que paraos
muçulmanos e hindus o corpo seria como um envelope (Kodha:
I uma ca
mada externa de vestimenta do
I espÍrito). Outra imagem gue usa é d.o
espÍrito como um raio verticalr Çuê atinge um plano lprizontaL (cor
T
I Po), provocando um processo de cristaLízação no ponto onde o ver-
t tical e o horizontal se interceptam. Para reali zar seu potenci-al,
T
este raio reguer instrumentos do material do plano no gual ele pe
T
netrou e seu ato de auto-expressão ê necessariamente restrito pe-
T
las limitações deste material. Nesta imagem a dicotomia corpo-ps]
gue ê ultrapassad'a: um não determina o outrol o externo
T corpo
t horizontal expressa o interno espÍrito vertical e vice-versa,
I num processo de transformação mútua.
t
l Na doutrina hindu dos Ko d, ,, o á env eLo peá que v e^
hat
tem a nudez do et pÍnít.o aão tanto ptíquíco d cluanto 20
t día ico á,, .
I
I Neste ponto os extremos se encontram. o eixo ego_
1
-se1f ê estaberecido nas intersecções entre uma guaridade univer-
I
sal e espiritual, Por exemplo a de ouvir (no rslam um dos nomes de
Deus ê "Aguele gue ouve" ) , com a capacidade psicofÍsj-ca
I do homem
de ouvir' o serf (Deus) se manifestaria no corpo, formando
I a cons
I
ciência e o egol ê ao mesmo tempo seria por eles transformado.
I
i
a 24
T
a
Cada centro desperto provocaria novas sensações e i
a
magens recebidas pela consciência gue podem ser incorporadas ao e
a
go. O desenvolvimento do ego dependeria, em parte, de sua capaci-
a
dad,e de absorver estas inf ormações, imagens e alterações f isioló-
a
gicas, coordenando-as significativamente, e formando um eixo com
a
sua totalidade. Quanto mais o ego tiver capacidade para taI, mais
a
e1e espelhará o SeI-f , isto 'e, mais conteúdos arquetÍpicos poderão
t ser integrados na consciência.
I
,
Neste sentido, o complexo secundário poderia ser vig
s
to este processo 2I . D.rrdo continuidade ã
como um tumor que desvia
s
imagem recolhida por Eaton, a energia vertical na presença de um
l,
tumor-complexo não teria passagem livre e sofreria um desrrio ou f i
s
7l caria blogueada, sem gue o ego tomasse conhecimento. Este ponto de
fixação poderia ser registrado pelo ego atravês do aparecimento de
t
um sÍmbolo fisiológico e/ou eidêtico, por exemplo, uma ansiedade
,
difusa, pressão no peito, falta de ar junto com a sensação de se
s
estar Freso.
,
s
Na Psicologia analÍtica o conceito de corpo sutil foi
e
utilízado por vários autores, entre eles: Jung, Meier, Schwartz-
e
s -Salant e lfindel.l como base da discussão da relação psique-corpo.
t
,
üungr no seu estudo sobre Psicologia e A1quimia, co
e loca que o resultado do opus alquÍmico não deve ser procurado nem
T
velhice) r que ê feita seguindo um i-mpulso, com um mÍnimo de parti
T
cipação voluntária, poderÍamos d,izer gue ê um movimento arguetÍpi
T
co e uma expressão da relação psique-corpo.
t
T
Na etapa matriarcal, onde a Grande Mãe é a figrura cen
I tral na estruturação da consciência, o corpo é basicamente fonte
t
de prazer. Em busca da Deusa-Mãe o homem entrega-se ao corpo. Na
I
dança 1 à' procura não ê pela perfeição, mas pelo prazer de soltar-
I
-se livremente e desse mod,o fundir-se com Ela. o sentimento de p1g
t
nitude é sentid'o guand,o se entra em harmonia com a natureza, guan
I
do a dança sintoníza os movimentos da Mãe. Na etapa patriarca-rr êr-
I
tretanto, a dança jã está em função d,a busca da perfej-ção. os mús
I
culos são torcidos e enrijecidos, adisciplinaé ametat ê a dor
I
reflete aquela do herói sacrificado. Deus agora ê sofrimento
I e o
encontro do homem com Ele se dá num corpo atlêtico, dj-sciplinado,
I
reprimido. Na etapa da alteridade, poderÍamos f arar de um @rpo
I su
til' como aparece na d'outrina do Tantra Yoga, orrle o prazer e a d,iscj-
plina se integram harmoniosamente, esperhados no amplexo
:
do casal
divino' Na fase cósmicâr ê dança de shiva, evocada em toda
a Ín-
di a , reproduz atravês de seus sacerdotes acluzLa que
" Et-e ( shiva )
dançou de aLzgnia cluando vídLumbnou a clíação neintegnad,a
no coá -
mo á ' sua dução ,LQ-prLeô enta 0, eáperLt. do d,ía em que to d,o o gní-
')Le-ptLo
v erl,s o tonnatt-,s e-'a uma. úniea Real-íd"ade,, 33, 31
.
T
vela uma disfunção em diferentes nÍveis. A anemia, neste caso, pe
I
de ser percebida por um lado como um dinamismo fisiológico pertur
T
bado e, por outro, ela entra na consciência como imagemr sêf,LSações
I
e f antasÍas 7 s j-multaneamente. Neste sentido não temos porque im-
t
por um raciocÍnio unicamente causal, pois não há obrigatoriamente
T
uma relação de causa e efeito entre estes fenômenos.
T
I
O conceito de sincronicidade está implÍcito nas i-
T
déias acima e hoje ê uti Lízado por vários analistas como Zíegl:er ,
!
l.íeier, Mindell e Iockhart no estudo das doenças psicossomáticas.
I
I
Sincronicidade refere-se ã existência de dois cu mais
I
fenõmenos ocorrendo ao mesmo tempo, sem relação de causa-efeito en
1
de simbolo 3t
I
chamamos , guand.o na consciência revela que a ,,ptíc1ue
e a mat'ertía tão a^pectot díóe,Lentea d,e uma. 6,níca e mq.áma coito" 39.
t
I
32
a
a
2 . 3 Oo ença como llecan LôÁo d,e Compentaçã.o llma Abonda-
a gem Fínalitta
a
Jung propõe a abordagem finalista junto com o mêto-
I
do da amplificação (sintético-construtivo) para melhor compreen-
a
dermos o fenômeno on:lrico.
I
T
PoderÍamos falar gue todo sonhor âssim como todo o
I
sÍmbolo, tem não só uma causa como também uma finalidade. A fina-
T
lidade de um sonho seria a de compensar uma atitude unilateral da
I
consciência. Por exemplo, uma paciente que sofria de "conátípaçãa
I
erLõ níca" ( s ic ) me procurou por não suportar mais sonhos repetiti-
I
vos de estar limpando excrementos de sua casa e de suas roupas.
T
Quanto mais limpava, mais suja ficava. Esta senhora, depois de ter
T
tido um filho, fechou-se num mundo assáptico, onde limpeza era a
t meta, procurando excluir tudo o que poderia ser sujo, inclusive a
I
vida sexual. Não compreendia pois a razão de seus sonhos, )'a que
t sua vida era dedicada exclusivamente ao bem e procurava onde ain-
t da poderia estar pecando, já que "eáÍava aendo punída todaaoa noí
T
teá".
I
t
à tentativa de eliminação da "sujeira" (da sombra),
I
o inconsciente reagia enviando-lhe todos os excrementos que esta-
r
vam no seu Íntimo reprj-midos. O inconsciente compensavar êssim di
r
rÍamos, sua atitude unilateral.
t
I
Se usarmos o mesmo raciocÍnio no campo das doenças,
r
uma ampla perspectiva se abre. A doença poderia também ser vista
T
como uma compensação a uma atitude unilateral da consciência. EIa
I
seria uma reação do organismo, uma compensação, com a finalidade
t
I
I
T
r
I 33
I
r de levar o individuo a integrar o reprimido na consciência.
T
Para zíegler, gue desenvolveu extensamente esta te-
I s€ r a compreensão de uma doença só vai ser completa
T quando deixar
mos o chão sóliao da medicina empÍrica, pois ,, a
t moátnado que eategotLíza,rL paÍologíad de acotLd.o com
experLíã-ncia tzm
I ença não
enÍíd.adea d,e dg
penmíte uma ap,Leeiação da d.ínãmíca mítua entnz aaíd.e
I e d'oença
no
10
^
(. - . I Pod.emot dat-att d.e imagena d.e d,o
T ença,^ e não de con^
ttuetod zmpín-íco^ o nde o^ tíntomaá dão mai,s ou meno^ j untad.od
I a,L-
bítnaníamente, na- baae da 6nec1üô.ncía eatatíatiea e,se poáaíveL
t rLe.
I
! ziegrer considera, aind.a, guê acreditar gue a noção
de causalidade seja a única abordagem possÍve1 ê uma atitude
I de-
corrente de um desejo inflado e arroganteT ê que saúde
l só podeser
rearmente obtida, tanto no nÍvel pessoal guanto no
I nÍver coleti-
vor através da integração com a sombra .42
I
i
Doença seria assim uma expressão simbólica, uma for
ma do organismo expressar uma desarmonia entre,
I
por exempro, umde
sejo e uma resistência, entre um impulso e uma negação.
I o desejo
ce amar alguêm, junto com o medo das consegüências
deste amor, po
de aparecer no inÍcio sob a forma d.e pressão no peito
e falta de
ar ' Pressão no peito e f alta d.e ar reunidas
sob as sensações de :
tt
suf oco " , tt tensão tt 2 tt estresse tt , tt apri- sionamento,,
, ou sob a imagem
de um coração dilacerado. A continuidade d,este confrito,
como es-
tj-lo da vidar Do decorrer dos anosr pode levar a uma
sintomatolo-
gia mais orgânica e tambêm mais destrutiva. A dor
no peito pode
ser o primeiro sÍmbolo a chegar ã consciência, como a
merhor ex-
T
t
34
T
I pressão deste conflito e, ao mesmo tempo, é uma tentativa de cha-
T
mar a atenção do indivÍduo para sua realidade conflitiva e para
t o
desvio do ego da sua totalidade.
T
t 2.4 Conclutão
T
A bússo1a d.o ego em direção ã totalidad.e ê dada pe-
T
1o sÍmbolo. Um desvio de rota também ê revelado pelo sÍmbolo e rg
T
presentado, com freqüência, pelo sofrimento. IvÍasr êssim como o sím
t bolo aponta, pelo sofrimento envolvido 1 o erro, pela compreensão
t
de seu signif icado r êponta a correção a ser f eita, isto 'e , o que
t deve ser sacrificado. Entretanto, simplesmente pela forma com que
t um sÍmbolo se apresenta (doença ou saúde) não podemos dizer se e-
I
le aponta ã necessidade de uma correção ou se revela uma próxima
I
etapa a ser atingida no desenvolvimento normal. Em geral r âs in-
I
tenções se mesclam e de inÍcio a consciência indiscrimina.
T
t
seja mais prováveI gue doença seja expressão
I Embora
de um desvio, enquanto saúde seja expressão de crescimento, somen
I
te o equacionamento pessoal pode responder se uma dor no peito é
T
a melhor expressão simbólica de um d,eterminado conflito amoroso
I
ou se é a expressão de um novo conteúdo, gue precisa ser intecrra-
!
do na consciência (um de-integrad.o ) 43, conteúdo esse que não esta
T
va no inconsciente pessoal, nem aprisionado na sombra ou vincula-
T
do a um complexor mas sim pertencia ao inconsciente coletivo. po-
T
demos, entretanto, dizer que em ambas as situações o sintoma leva
T
I
T de desajustes emocionais, desajustes estes decorrentes, em geral,
I da atuação de um complexo e/ou de uma perturbação no eixo ego-
I -SeIf.
T
I Retomamosr deste modor os antigos conhecimentos acu
T
T A ofensa de Miriam a Deusr âo criticar seu irmãol\bi
T sés por ter escolhido como esposa uma mulher cusita (da Etiópia)
T custa-lhe literalmente a pele. PoderÍamos interpretar gue Miriam,
T ao não aceitar uma mulher de pele mais escura, foi atingida por u
T ma doença de pele, a leprar guê revela sua inflação e a situa nu-
I " perfeita" .
t
T Num nÍvel poderÍamos observar a "ofensa" como umde.s
I ligamento do eu de seu arquêtipo central (Deus) e que a ,'punição,,
I (doença) viria a recolocá-Ia na direção correta.
!
I Esta "ofensa", poderiamos dizer, seria decorrente de
I uma atitude unilateral da consciência (achar-se melhor do que as
!
t seu corpo se mostrava "constipado", isto ê, consti-
pação era o símbolo que expressava sua paralisação, sua falta de
I
t criatividade, seu bloqueio e negatividade de lidar com o lado "=g
jo" da vida. Ao desejar só a pureza, o impuro foi para o inconsci
I
t ente e passou a se revelar noturna e sombriamente. No corpor osiÍr
T
to -e, se vai the ser dado um significado ou se ele vai continuar
T
send,o visto como algo que tem que ser rapidamente eliminado. Esta
I eliminação, sem a consciência do signi-ficado, Eraz gma alta probg
I bllidade do sintoma reaparecer, como atestam os inúmeros casos re
I correntes de úlceras e doenças card.íacas, entre outros.
t
I A paciente em guestão, embora tenha feito toda espÉ
I cie de tratamentos no decorrer de vários anos, só teve sua "cons-
I
I
t
T
t 37
a
tipação" resolvida quando pôde dar um significado a eIa. Ouando per
a
cebeu gue ela revelava uma atitude unilateral, que revelava que
a
seu complexo egóico tinha se desenvolvido sob a inf Iuênc j-a de um
a
complexo materno negativo r o qual r rro seu caso, tinha-a levado a
I
uma escrupulosidade excessiva com limpeza e perfeição. O @rtr)o sim
I
bótico revelava esta dissociação e só com a integração da sujei-
T
ra (que no arquêtipo do Self, do corpo total está presente tanto
I
quanto a limpeza) ê que pôde realmente curar-se.
I
I
I Embora a compreensão final do significado de uma do
t ença-sÍmbolo s6 possa ser atingida através do diálogo do paciente
I reza. Saüde seria pois definida do ponto de vista do ego, guê ten
I ta se equilibrar entre estes d.ois estados a fim de não ser destru
I iao. Tanto saúde quanto doença poderiam ser vistas como represen-
I
I
T
I
I 38
I
tações simbólicas corporais d.a relação do ego com sua totalidade.
I
t
t Em sintese:
I
T
T
39
I
t
5. A coincj-dência do corpo simbôlico com o Corpo Di
t
vino 'e a meta idealizada, embora, desde o inÍcio,
!
saibamos ser inatingÍvel.
t
I
Usando a conceituação acima descrita, como paradig-
I
ma para o estudo do coração, faremos a seguir um estudo do simbo-
T
lismo deste órgão, primeiro no nÍve1 coletivo e a seguir no nÍvel
I
individual,
I
I
l
l
1
I
I
T
I
I
I
1
I
Il
rl
a 40
a
a
a
a
t
'tt
I
I
I
t
t
II
|t
It CAPITULO
t
t
,
T
,
I
I
I
T
l
I
I
T
I 0 Str-rsor-tsmo Do Umn AmplrrrcaçÃo
t
I
T
Arte pa1eo1ítica.Betrato mais antigo conhecido do tipo raio X\:
Um lVamoth de uma caverna em E1 Pindal, Cviedo, Espanha, 15.COC 4.C., retratado corn
3 .l A PaLavna 'Cotaçãoo
A universalidade do significado do sÍmbolo coração
aparece claramente quando pesguisamos sua etimologia.
í
a acreditar, crédito, credulidade , recrear etc . E f inalmente heo ttte
em anglo-saxãor gu€ se desenvolve para heart, hearten, hear§r, heart
-
a Iess etc. 3
a
II Nas linguas eslavas, no lugar do b temos á , o qtre dá
!
i
TT
ã No sânscrito a palavra para coração 'e hndaqa, iden-
IT tificada como centro essencial no yoga-vedanta
TT
IT Knatet, palavra derivada da mesma raí2, é o nome da
TT do pelos egÍpcios ao vaso divino, vaso das transformações, cheio
TT de nou6 (pneuma-espÍrito) r enviado por Deus aos homens, como uma
f,
f, concluir, do acima exposto, gue a raíz tznd
Podemos
ã
uma forma de comportamento como em gentileza, cordialidade e mise
l"
i
lrr ricórdia.
I'
tt Lembrar com o coração ê decorar ou record,ar. Brigar
t com ousadia e intrepidez ê brigar junto com e1e, isto é, com cora
I
II
: 44
II
:
gem Ficar ele 'e f icar descorçoado, sem centro e sem dire-
sem
Il
doí,s Deutea Quztzol-eoatL e Tezecatlípoca , tnan^ 6onmado^ em
t pzntz,
^"n
eu co)Lpo .
t ,Lampetlam
^
O e ô eu deamembnamento donam dotmadoa a
I
t o conflito entre o masculino e o feminiDO r entre o
patriarcad,o e o matriarcado ê expresso com a Grande Mãe, rejeita-
T
da e ferida, devorando corações como vingança.
I
t
T revive neste mito a vivência com a mãe má e
O homem
castrad,ora. Para vencê-la, cria um ritual sacrificial, com a fina
I
lidade de assegrurar a continuid,ade e fortalecj-mento da consc j-ên-
T
t ci a.
I
Para os Astecas, a criação do mundo advêm tambêm da
I
r cri-ação da Iuz e do sol, através do sacrifÍcio. No mito ,,O euinto
-t
I
ll
E
I
surgiu em consegüência.
i
a Provavelmente, destes mitos surgiu a idêia de que a
vida humana devia ser sacrificada concretamente, a fim de que ahu
2
;r manidade pudesse existir. Os deuses tinham que receber estes sa-
E .-e
crr-rr-cl-os como forma de alimento; o coração humano alimentava o c9
E ração dj-vino e o ego mantinha, com isso, uma relação viva e emo-
a
t A tradição do sacrifÍcio do coração tornou-se comum
a entre os habitantes do Mêxico e Amêrica Central e visava sempre ho
a menagear um determinado deus.
EI
a A maioria dos rituais ocorria durante as principais
E atividades do calendário e o sacrificado era alguém que preenchia
a a imagem do deus que estava sendo homenageado no momento. Assim,
z, para que o Deus patrono Quetzolcoatl, mals tarde ttuitzoloatL, Deus-
a -SoI, pudesse vencer sua batalha diária contra a lua e as 400 es-
a trelas, sobrepujando a escuridão, e1e tinha gue ser nutrido conti
EI nuamente com a comida mais sagrada: sangrue humano. A elevação do
a
a
!
t-
,
t
)
I
t
,
t)
I-
I-
t-
Cena itlaia de sacrifÍcio humano em Chichén ftza
I) (vucatan)
I- Joseph Campell.Cp. Cit . p.422
I
t)
t
L
I) !
Ia ---=--
I
I
T
t
I
I Cena de sacrifÍcio humano asteca.
PatrÍcia Anawalt. 0p.Cit.p.38
!
I
I
I
a 47
a
a coração era o ponto culminante, onde o coração pulsante unia-se ao
a so1 t têforçando a energia e a vitalidade do povo . 13
a
a
Interessante relato, embora bastante etnocêntrico, ê
a
o de um soldado espanhol, observador de uma festa dedicada a Pan-
,
quetzalizl.1:- (divindade solar) :
I
t 0t tínham uml, pedna Longa, com uma
t ^a"cerLdotet
bttaça de compftímento , qua.te palmo e meío de Latt
t gurLl, e um bom paLmo de eápeááurLa ou c1uína. Á me
t tade deaÍa pedna etÍava díncada na tetna, fro aL
t o da et cadanía , díante do al-tatt do d ído Lo . N e,s
t ta pedna e6tendiam-^e oá deaventunado,s parLa, o^
^
I
r O coração 6 um sÍmbolo fundamental na cultura e re-
T 'pcias . Está presente nas orações,
ligião egípcias. '.tos de criação
oraçõ nos mitos cr
I
I Em outro hino de glorificação a Amon-Rê temos:
t
t t'
Louvort a ti, Amon-Rõ.-Ho"nnhhÍe;,
t
t Tu -eÁ volenÍe como wn poátorL que gwttd.a o^ (hcrrens) eÍucvwnen
te.
I 0t paüoa ettÃo chúoa de tutn, pu6úú,0,
I e- aá olhot võ.en pon ti.
Tut temon QÁtA em Íodot 06 homerÁ,
I e áeilÁ conaçõel estão voltndod pana LL,
I ponque tu -QÁ púóaíÍ.0 em todo tempo.
I
Po^áa meu corLação e,starl eomLgo na Caaa do Conação .
I "
?odda meu corLação eátarL eomigo e dedca.náarl comigo,
T ou não comenzi dod boLoa de )aÍnía no Lado otuLznÍal
t do Lag o dar F Lo rLeA , nem tetteí um banco pa.tLa dz,s cerL
t o NíLo , nem outtr-o Lugan pa,La íL, nem po deneí aegwíst
na banco contígo. Poata mínha boea me 6erL dada pa,-
t ,La que eu poÁáa com ela daLatt, e meuÁ doíd pô-t pa.-
t ,La qut Lu poÁ6a andan, e mínhad duaa mãoa e bnaçod
parLa eu ve-ncerL o inímíTo... Podaa a Deuaa setzhut óL
t
ze,L com quQ- eu me e.,Lga pa,rLa aubín a.oô e6-ua, e quz
t Lã. azja óeíto o que eu comandatt na, cada d.e Ka (du-
I plo I de ? tah . c o nheço me.u co,Lação , tenho domínío ,,so
I bne meu co)Lação , t enho domínío d obne me-u^ p6-a , z ge
nÍtei poden dobrte o que agnadan ao meu Íza lduplol .lrlí
I nha aLma não dev enã Á erL a epanada de meu co rLpo no
I po rLtõ ed da ; mat , entftaneí em paz , e delz^
aubmundo
I
aaíneí em paz." (1500 1400 a.C.)27
I
I
segue-se o capÍtulo xxvrr onde Ani suplica ao Deus
I
para gue seu coração não the seja arrebatad.o e figue para sempre
I
no submundo. No papiro de Amen-Hetep, referente ao mesmo capÍtu1o,
temos:
I
I
estã, eomígo , e nunea devenã aeonteeen
" I'le-tt corla.ção
deLe Lzvado emborla. Eu áou o aznhon dod corLa,-
^erL
çõea, o matadon do co,Laçã0. Eu vívo na juatíça ena
I
,
I
um corlação purLo dzntno de um corlpo purLo . v iv o pela
I
T
55
T
T
minha paLavrLa z mQ.u eonação ad,sím víve. Não pzÍL
T ^z
míta que meu cotLação deja Levado ou quz deja óení
I do ou contado po,L me ten tído a,LrLancado. Seia-mz pL,L
T mítído exídÍ.ín no cotLpo de me-u paí Seb e- no co,Lpo
dz minha mãe Nut. Não 6íz mal contna o^ deutzd; nem
t pzqueí porL o,Lgu|ho . " 28
T
T
Em alguns papiros como o papiro de Nefer-Oben-f, o
I falecido segura o coração de encontro ao peito com a mão esquerda
t e ajoelha-se d.iante de um monstro em forma humana que empunha uma
t f^"u.29 No papiro de Ani, o falecido adora seu coração, colocado
t em um pedestal diante d.e guatro divindades sentadas.
30
T
I Um escaravelho de pedra foi encontrado pendurado nu
t ma corrente sobre o peito da múmia de Hatnufer com a seguinte ins
T
crição:
t
I " 01,1 meu co,Lação de min[+a mãe! 0h me-u corLação de mí-
T nha mãe'. )l,L meu eorLl.ção de mínhad üdenenÍot idaded!
I Não Q- Q-rLg a, co nt na mím eomo te-,s temunha . Nã,o crLíQ- o
^
po^íção contna mím como teatemunha. Não crLíe opo^i
I ção contna mim entne o^ aáEe-l Não peáQ- coytÍsto.
t ^orLeá.
mím na prLe-^ ençt. do mant znedo tt dat b aLança^ . V o eO A
I minha alma qu> edtã em meu co,Lpo, a Kl,tnum quz óaz
meu' me-mbLo^ . " (Novo Reino XVIII
t prLo^pz,LarL
tia. Khnum deus da fecundidade ) .31
Dinas-
t
I Estas balanças referem-se presumivelmente ã cena do
I julgamento do coração, presente em todos os papiros funerários, on
I de o coração do morto é pesado na sua presença contra a pena da
I Deusa Maat. Quarenta e dois juízes também estavam presentes, cada
T
um de uma provÍncia do Egitor cort o dever de examinar diferentes
I aspectos da consciência do morto. O lugar onde isso ocorria chama
I
I
!t
r|
t 56
T
va-se a "Sala da Dupla Justiça". No fim desta, sentava-se OsÍris,
,
juiz e redentorr ã espera de seu filho que veio da terra, isto 'e ,
a 32
o farecido.
a
I
a confissão purificatôria cu
O processo começava com
I
negativâr onde o morto se justificava d.e não ter cometido pecado
t algum contra os homens:
I
I
" Nãocometí iníc1üídade co ntna o hom zná .
f, Não bl"ad (emzí co ntna 0 e-u^ .
^
I Não empobnecí um pobne ...
I Nãomateí . . .
Não eaua ei do n a níngu6.m.
I
I Soa purlo. Sou purLo. Sou ptttLo." 33
I
I Depois desta confj,ssão, pronunciava seu próprio ele
I -
gio funerário e era submetido a um interrogatório de ordem iniciá
I Lica pelos juÍzes.
T
I O julgamento tinha um carãter irrevogável e refletia
e 0 Deus Anubis, com cabeça de jacal e corpo de homem, conduz o falecido Hunifer
t à balança dos deuses.lb centlo da balança está a cabeça da Deusa !\Iaat, enquanto
t Anubis faz a pesagem.AÍFmit, o demônio devorador dos mortos, esperÉ o veredicto,
t
|l
t
t
t
t
t
a
t
t,
t
a
57
a
a
Vários deuses estavam presentes: Anúbis, com a cabe
a
a ça de chacal, experimenta a lingüeta da balança. Ao ládo dele, Thot,
escriba d,os deuses, registra o resultado do julgamento. [6n:s o pro
a
nuncia. Atrás de Thot, ã espera, fica a monstruosa Am-rit, a devo
I
radora ou comedora dos corações 35 . o= detalhes d.a cena de julga-
I
mento variam conf orme os papiros de d.iferentes épocas, mas o co-
I
mum ê que o coração tinha que ter o mesmo peso que a pena deMaat,
t
nem mais, nem menos.
T
I
Am-rit, com cabeça de crocodilo, corpo de leão e tra
t
seiro de hipopótamo, estava pronta para devorar o coração que não
t
passasse no testê, cond.enando ã morte seu portador.
t
t
Masr sê os dois pratos se equilibrassem, dizía OsÍ-
I
t ris:
t
I "Foí deíto o ecluiLíbnío na. baLança. Seu eotrn"ção -z jut
to p o ía não 6- maít peá ad.o d,o quz uma plumu . t' 36
I
I Então o morto estava justificado. Seu coração, "oco
t ração de sua mãe", "o coração de seu segundo nascimento", não teg
I contra si mesmo. E merece contemplar a f ace dos d.euses ,
r temunhou
continuando seu trajeto em busca da Luz Maior. Levado por Horus,
I ante OsÍris, a natureza oculta do universo the é revelada. ELe pas
I sa a ser imortal. Sua alma se eleva para o SoI e será reunida no
t seio de Ísis (Deusa-I',Iãe) . É o segundo nascimento. O homem re-nas-
t ce no espaço celeste (que é sua mãe) e sua alma será admitida em
t He1iópolis (cidade do So1) : "Toftnarl-Le-ã eaLon e l-uz, Áe-,LA víbtta
T
ção na vibtação etenna d,o coámoó."37
t
t
t
I
a
58
I
I O homem teve sua existência justificada porque seu
,
coração não testemunhou contra ele. Seu coração estava tão leve,
I poderiamos dizer tão sem culpar guê pode se unir ao Deus-Solrop{,
I prio SeIf. O processo de individuação aqui ê descrito na relação
T
ego-coração com o Deus-Sol-Se1f. Os feitos do ego ficaram grava-
I dos no coração, sede, como )á dissemos, principalmente da consci-
I ência moral. Se e1e for justificado, êgo e Self reunir-se-ão num
T
SeIf únicor coletivo.
r
I
No mito da criação , 'e o coração de Ptha que dá mov!
t mento ã sua obra. Nas preces , 'e o coração do homem que fala ao co
t ração divino, pedindo ajuda e iluminação. A vida moral e religio-
r sa centra-se simbolicamente no coração que precisa ser redirnido pg
T
ra poder voltar ao seu criador. Para os egÍpciosr os Deuses Ptha,
I
Amon, Aton e Horus, entre outros, representam o Centro lv1aior, o ar
T
quétipo central, na linguagem analÍtica, centro gue transforma e
r dirige o destino. Estes Deuses são o ponto de partida, são a gêne
r sêr para onde se deseja voltar, atravês do segundo nascimento. A
I
completude do processo de individuação tem seu clÍmax após o jul-
T
gamento, apôs o confronto dralma com os deuses. Cada um deles re-
T
presentava uma provÍncia, poderÍamos dizer que cada um deles re-
r presentava um aspecto arquetipico ao qual o ego se submetia. A in
I
t tegração destes na consciência significava sua ampliação e inte-
gração na totalidade.
T
I
A pena da justiça da Deusa lt{aat ê a pena de um pás-
r
saro e expressa a capacidade do homem de se libertar das tentações
T
terrestres e de voar. PoderÍamos aqui lembrar do pássaro ou dos an
I
jos como criaturas capazes de se movimentarem entre o cêu e a terra,
t
T
T
ll
a 59
,
Para os egípcios r a idêia de individuação referia-
T
-se a idêias de ascensão espiritual: quanto mais leve o coração,
. aJ. r -
I
"Seu conação p0,á^0, a. áe,L o eorLação de Ra, poíd no eo
T nação d,o ltomem ,LQ-z, Ld,e o deua qul nele- v ív z . " 3t
I
t Para os egÍpciosr ê no coração humano gue o tungn po
I de encontrar o divino, tanto na vida guanto na morte. E, finalmen
t te, pode se iluminar e voltar para a Casa do So1.
t
t 3 .5 0 Lugat Secrteto
I
No hinduismo o coração tem um lugar central em dife
I
r rentes textos sagrados r assim como em várias práticas de medita-
çao
39
I .
I ""rrtro
.
I
Para os sábios hindus a Consciência é o Coração
I do
T
T
I
I
6I
I
I
central no desenvolvimento da personalidad " 43 .
I
I
Nos textos sagrados o coração aparece principalmen-
I
te como lugar da habitação da divindade, do Brahman: "ELe (Brah-
I
man) 6. eu me^mo dentno do corLl.Ção, mz-no,L do quL um gnão de A,L,Loz,
I
do quL um gnão de cevada, do quL um gnão de mo^t.attda,
t me-norl
do quy LLrA
me-norL
I
Para o mestre Swami Prabhupada "um qogui conáeienÍe
T
dz Knít na Q- o v íde-nte perL|eíto po rLque võ- Knít na , o Supnemo , áítua
t 45.
do no de Íodo
t corLa,ção mund.o como
^upettalma"
I
das práticas mais recomendadas por eler rrâ in-
t Uma
T
do , completamente Lívne da vída te-xual-, A pe^^oa. dev e mzdítan zm
46
t,lím , dentno do co rLação e dazzn d,e Mím a mzta i,Ltíma da v ída . "
t
t
A meta no processo de conhecimento ê descobrir Kris
I
rlâr que está situado no coração de todo ser vivo, agui representa
T
do por Visnu com guatro mãos.
T
T
t "Caverna do Coração" é outra expressão gue aparece
I
l'.' .rr.,,-,r Lr lr lr,,lrrrr,.rl,.rr, , l,r,rtr.r' \,'!.r,,,rrrr,,irrr,l,,.rlr,.lr,,,,--.rrrrl,,.
l,rrrrlr
I
t
I
I
I
t Yogue com a representação de Paramàtmã no peito.
t A. C.Shaktivedanta Swami Prabhupada. Cp . Cit .
T
|I
t
t
t
T
T
T
t
t
I 62
I
t no. O desenvolvimento espiritual acontece a partir deste ponto mals
t Íntimo e secreto, considerado como o local do " segrundo nascimen-
t to" 47 .
I
t
"0 SeL[, mQ-norL do que o menorl, maíot do quQ- omaíott,
I ea t-a o culto no co ,La.ção dat eníat urLa.^ . Llm hom em que
I
t
Para os hindus todo simbolismo para ser verdadeiro
I
é resultante de uma experiência sentida corporalmente. Deste modo
I
a relação entre o órgão cardÍaco e seu sentido superior é decor-
t
rente de anos e anos de prática de meditação. O resultado d,a bus-
t
ca do divino é chamado do "conhecimento do coração" ou "conheci-
I
mento da caverna" porque assim foi descoberto, como é deseito nes
t
te texto: "Hã záta eídade de Bna|Lman (o corpo) e nela o palãcío,
t
o pequeno L6tua do corLa,ção, e nele o peque-no -zten. O quz ex,ilte den
1
Í.no deate pequeno 6-ten e o que prLeeída áerL prLoeunado, A o que p,LZ
l cíta EerL comprLeendído. E Lhe petlguntaLem: 'Bem, Ln tteLação A-
I ^e
cluela cídade de Bnaltman, e o pal-ã"cío ne.La , ít to A, o pzqueno 6.ten
1
denttto do corLação, o que hA Lã, que mq-rLece. óerl prLocunado ou comprLe
I
zndído?' Então ele deve ,Le^ponden: 'Tão gtande quanto o 6.ten 6. a!
I
t ím Íamb6,m a õ-ten dzntno do conação . T anto o cd-u quento a tzttrta ,
I
tanto o óogo quanto o &L, tanto o dol- quanto a Lua, tento o nelãm
I
pago quanto aE eátneLaa ettão contídod dentno deLz, L o quz querL
t
que eáteja nzle- acluí no mundo e o que querL quz não e^teja, tudo e.á
1
tA eo ntído dent.no det-z' . " 49
I
t
O coração, vemos assim, ê o ponto de origem e de re
1
I
I
63
ã
Anãl,tata 6- co ná ídenado o gtande ehdbta no co ,Lo.ção de
a "
tadod oÁ EerLeá humanoá. É o ponto de LíSação entne
I o^ el,tatznat ínóe,Líorlet, gznenativoá, e o^
,Leá , maí,s ed pitítuaít.
^upeLío-
ã N o á eu cenÍno v erLmeLha l,Lã,
a
-se tão rapidamente quanto um antilope .58
a
a
Dentro do triângulo feminino (vértice para baixo) , há
a
um lingam dourado lpltaTu,Sl , que aqui é sinônimo de consciência mg
I
I ral. Este lingam pode ser o guia, a cada passo aconselhando o as-
pirante, ao longo do caminho, a observar o batimento cardiarc. Quaf
I
I quer aumento ou decrêscimo no ritmo do coração serve ccnrc sj:ra-I que
I há um erro na prática. 59
I
I Shiva e Sakti , o casal sagrad.o, encontram-se pre-
t to do Himalaia.
I
I Nesta época todo o Universo sofria porque Shiva, Der:s
I da l"lisericórdia, estava esguecido de sua missão de liberar os ho-
I mens do sofrimento. EIe precisava unir-se ã Sakti, Deusa da Exis-
t
T
|I
a
a 58
a
T tência, para cumprir sua missão.
a
Madana, então, é convocado para que com suas fleclras
a
T feitas de cinco rosas celestiais despertasse o coração de Shiva.
T
No momento em que as rosasatingiram seu rcração, reus
I
I olhos se abriram e Ele viu sua esposa Sakt,i. Entretanto, fulminou
Madana, reduzindo-o a cinzas. Em resposta aos pedidos de Rati (de
T
sejo) r viúva de Madana, seu marido the é devolvido, mas agora só
I
t como imagem, sem corpo. De modo güêr desde então, Rati (deseio) pI9
T
3.E 0 Cotação Cítcuncitado
t
t Antigo Testamento 1 â. palavra l-ev (coração) ocor-
No
t
t Comolugar do intelector o coraçáo permite recordar
t ensinamentos divinos e a bondad.e de Jeová z " )ln Sznhon 0 eua de Abtu,
t ham, láaa,c z ldnazl-, noá^oó paíd , mantznha óe-u prLopíaíto no penál.
t mento do pov o e d,íní j a o corlação d,eled po.rla óí me.ámoá .'r 68
t
t Pureza do coração 'e a meta, enquanto sede dos senti
,.
t mentosz "Cftie e-m mím um conação purLo, oh Oeua; L ,Lenove um edpíni
to conneto d,entn-o d,e mím." 69 tubít a
T "Quem pod,e montanha d,o Se-
T nhoft. E quzm pode dícan no ôe.u Lugat áagnado? AqueLe cluz LLvut mãot
t
t
!'
lI
I 70
ll 72
mo ce,La, d.Q.,LrLetend.o - á z denÍno d,e mím,' ,
ll
I
I'Ias, talvêz r o sÍmbolo do coração apareça com maior
I
intensidade quando 'e proposta uma nova aliança entre Deus e seu
povo. Através do profeta Jeremias, assim Deus a anuncia: t, Eí,s que
t vinão o^ día,s em que concluínei com o povo de lanael- l,e Jud.ahl u-
t mA a at-iança. Impnímineí a mínha I-eí na^ á uaá entnanhaa e- a^ e^
I no v
I
T rnúmeras passagrens bÍblicas ilustram sua presença. Em
)
o coração é o rugar central, o ponto de partida que
)
a todos une num só i-deal.
I
a Na carta de paulo aos Romanos, a idéia de aliança é
t mais uma vez reforçada z " 0 v endadeíno j udeu A aquzle- que- 'e aaaím
t íntzn-nament e e a' v endadeína cincuneiaão õ. a do cozação
I , dínígída
não peL-od prLeeeítod eten-ítod, mal aim pelo Eapínít0.,,82 segue a_
)
inda: t'... voei- A uma can-ta que veío d,e Ctíato ..., e-ác1íta ytno em
I tabua,^ de pedna, mA^ na.^ pãsína,,s do eo ttação ,, 83
humano .
)
t o coração é o rugar onde Deus-cristo marca os ho-
T
mens. É nele gue os mandamentos são imprimidos, isto 'e, o caráter
T
do homem se estrutura. o coração do apósto1o se abre sem restri-
T
çõesr rIâ busca d'e uma troca e uma integração comunitária: ,,Numa
t tnoea iudta, Abnam ampLamente leuá corLaçõed a n6á.,, 84 o coração
t deve se abrir e se entregêrr refletind.o o próprio coração da
I vindade. Díz cristo: "Ábaíxem a cabeça dnente ao meu
di-
t u g entíL e humít-d.e de co rlação . ,, 85
lugo, poíd
I So
I
ser gentil e humilde de coração revela
t pureza e nobreza. Agueles gue assim forem serão esolhidos por
um caráter d.e
T Deus
para participar de sua rgreja e para a vida eterna. Apregoa
T tam-
bém Timão (apóstoIo) , na formação d,a rgreja: ,,0 alvo e objeÍ.Lvo
I ta p'Legação 6- o amo,L que dLui d,e um conação Límpo .,, 86 qranto
d*L
I malor
a capacidade amorosa deste coração maior o ágape, isto é, maiorse
I
rá a possibilidade de reunião amorosa entre tod.os os novos cris-
l
tãos: "Não tentíamo| n'od oá col'açõed em óogo quand.o ELe
t tl
daLava co
no 6 co ?'t
I
I
I
I
I
a
a 73
a
a As pregações vão diretamênte ao cêntro cardÍaco. É
um conhecimento dê ordem não-lnterectual, nas direto
T e emocl0na1.
O fogo ê a sensação do sangue corendo rapidamente pelo
I corpo, jun
T
to com a forte emoção sentida quando sê ouve a palavra criativa e
transformadora. É uma forma de entendimento objetivo, direto,
I co_
mo fala Origenes (sêculo fIf), e mais tarde Gregório
I de Nyssa (sé
t culo IV), ao explLcar a famosa passagem do Cântico dos Cânticos:
t "Eu duttmo maà neu eottagã,o eáÍ.A deÁperLlo.n t8, t9 o conhecimento i,1
I
Íô. onde eu eÁÍou, Íal cono eu 60u,, 9l .
I
I
I
Na rdade ttédia, entre os anos rr00 e 1250 iniciou_
i -se o curto ao coração propriamente dito, com a passagem da med,i-
tação sobre o coração 92 - são vários os santos e santas gue
se de-
dicaram a esta devoção. Entre eles: são Bernardo de
clarval, san-
ta Lutgarda de st - Trond, são Boaventura e santa Gertrude 93
. É de
são Boaventura o texto z 't o conação d.o senhon
6oi
atrLav e.á,6ad,o com
a Lança pana que, PeLa ehaga vídível-, tLeconhecãaáemoá
o amo,L invi
tíveL- Á denída do co,Lação moôtna a deníd.a d.a ar-m,,.,, 94
\l
í
a 74
a
a Vários religiosos nesta época descreveram suas afli
a ções como afastamento do coração, isto é, afastamento do lugar de
regeneração. O religioso cansado ou em pecado via um manancial de
a
a energia salvadora na ferida-fonte e "bebia" deste sangue para se
recuperar z " Atttev í-me a to can com meu^ Lã"bíoa teu corLa.ção , tão a.-
a 95
mãv eL amr.nÍe , e apag arL neLe mínlta a ed,e . "
a
I
O coração em diferentes textos é vj-sto como fonte de
,
onde jorram as águas da salvação, do re-nascimento. A idéia de fog
s
te como restauração já aparece no Antigo Testamentor rro ato deMoi
1'
s sés de fazer jorrar água das rochas 96 e com a exortação do profe
t ta rsaÍas z " Com aLegttía tínaneít ã"gua dad do ntza d.a SaI-v ação . ,, 97
à A Igreja considera essa profecia concretízada nas palavras de Cris
e to: "Se algu-zm tem a ede- que v enha a" mím z beba; aquele clue cnô. Lm
mím co ndo nme a.^ Ed enítutLa,á dizem : ' de e-u d eío j o nnanão níod de í
4' ^
9t
t gua v ív a' . " Assim, na descrição de São João z, lrla6 um a o Ld,ad,o a
"
s punl'taLou com a Lança, e d.e Lã, daiu o (t-uxo de áangue z de ãgua.,,99
,
1t o coração de cristo passou a ser consid.erado pela I
s greja Cristã como fonte de onde jorra a água sagrada, a água do ba
s tismo e o sangrue r guê ê o próprio sacramento da Eucaristia. 100
t
I À medida que o simbolismo de água e de fonte está
I
com o passar do tempo, espalha-se
I o curto onde a v!
vência da entrega e união do coração do inici-ado com o coração fe
a
- o eixor rtê busca da
rido e
I compreensão do mistério da vid,a e da
morte.
I
I
t No mosteiro de Helf tar rrâ saxônia, sécuro xrrr, te-
ve lugar uma verdadeira eclosão mÍstica. santa t'Iatilde de Hacke-
I
born descreve em detalhes como " 0 euá co Lo cou eu co rLação g.)Ld,ente
I ^
t 'de amo'L dzntno do eonação oel-e, o^ d,oía tonnand.o-ae um d6
loz
corla,-
T ção."
I
t Multiplicam-se experiências mÍsticâs r na época reve
lando a força deste símbolo.
I
I
I Santa Tereza D.Ávi1a (I5I5-1582) , jovem freira espa
T
tas no coração a perturbavam tanto que "tínha que entnzgan a
t ^Q-
Cnídto totalme-nte" (sic): "Tudo íado me impneááíonou tão dontQ.men
I
t
I
T
T
T 77
T
te e ózz dznídad tão do Lo tLo aL no meu co rLação qul Q.u cho neí a,ma,L-
T ^
l ot
game-nte.. "
T
I A partir dos 24 r pâssava de 10 a L2 horas em êI
anos
t
tase no convento. O sofrimento era a via de união com o divino, e
t
ra o caminho para Deus z " Quanto maít eu ,s o f,no , maid Lu ag nado Q-^ -
T
te amon quz acende tnô-t dztzjot zm mQ-u corLl,ção
I ^agnado
109
^oórLo-rL,a
mat e comunícan L m o )LrLQ-rL pa"7.1, me- unin a. ELe . "
I
I
A sensação de calor e fogo está presente em vários
I
relatos: " ELe me. pedíu me.u eo nação z zu implo nzí que ELe o Lev aá -
I
z ítdo ELe 6ez eoloeando-o junÍo ao Seu e- depoír mo^tnotl-me,co
I ^L
mo áe ele {otdz umt pLguenx, eentelha con^umída no áe-u {ortno atde-n
I
tQ-. Entã0, ftztínando-o, ELe a moLdou como um cotLação z o ,La-co!-o-
t
cou no Lugan do clual havia tínad.o." Il0
I
I
Santa Ivlargarida sofria de intensas dores do lado es
!
querdo do peito, provavelmente dores precordiais, que eram "miti-
I
gadas" atravês d.e sangrias e praticad,as, segund.o ela, por ordgn de
t
Jesus CrÍsto. A idéia de sacrifício e dor acompanha todo o seu pro
I
cesso.
I
T
seu confessor, o pad.re craude de la colombiêrer êo
t
celebrar a missar rrâ sua presença, sentiu tamb6m intsrso calor, "co-
I
t mo me.u cotLa,ção doaae áQ. clueiman com amorL d,ívínl." lll Nesta mes
^e
ma missa, ao comunga't r Santa Margarida viu o Coração Divino sob o
T
sÍmbolo de um forno ard.ente com dois outros corações (o seu e o do
I
padre) unidos e se consumindo e ouviu: "Aó Áím meu putLo &morL une pa
I
)La. 6 emprLe- eá te6 tnõ.a co rlaçõ eá . " ll2 o f ogo destrói , transf orma e
t
t une. Não há distinção aqui entre o coração corporal e o simbóli-
I
nando o coração o lugar do desejo e do conhecimento sagrad.o.
I
I
C. G. Jungr âo tecer comentários sobre a biografia
I
de Anna Catherina Emmerich (L77 4-L824) , f reira que tambêm Uirtha prg
a
blemas cardÍacos t têlaciona as setas das visões com as intrigas e
T
fofocas das freiras contra Anna Catherina 116 , fato igualmente o-
T
corrido com Santa Tereza e Santa Margarida. Mais profundamente, eI
T
tretanto, pod.emos ver as setas.como tendo um significad.o masculi-
I
rlo r libidinal t Íêlacionado com dese j os sexuai s reprimid.os que " 6 e
I
,Le-m e daz em o eo ,Lp o arLde)L . 't (sic)
r
T
observar que os aspectos sensuais e sexuais
I Podemos
estão implÍcitos em guase todas as visões e êxtases destas frei-
T
ras.
t
T
Tanto Santa Tereza quanto Santa Ivlargarida eram jo-
T
vens, guê já na infância sofreram doenças inexplicáveis, provavel
T
r mente de origem emoclonal. Ambas perderam a mãe na primeira infâ!
cia e se ligaram fortemente ao pai, o qua1, por sua vez, princi-
I
palmente no caso de Santa Margarida, tambêm não pôae dispender os
t
cuidados necessários ã filha. Embora não caiba aqui uma anáIise
T
mais profunda da psi-que destas duas místicas, podemos, entretan-
D
to, ressaltar a bipolaridade com gue o sÍmbolo do coração aparece
I
nas suas visões. O sofrimento é "doce" e "doloroso". percebe-se,
T
em vários relatos, o prazer do sofrimento. A dor aplacando a cul-
I
t pa do pecado, provavelmente decorrente de fantasias e sensações se
Ir
a 81
a
Na polaridade redutivâr a interpretação nos leva
a a
fl
4t Agui o coração d.e Cristo é visto como a moradia on-
q de devemos permanecer até a completa transformação, para então "po
1' den, com o cotLa.ção á e-mel-hante 0,o do Paí, á uLmoá co nduzídoa at6- o
I \ívíno Con-ação." I20
t
qt O coração é, assim, o lugar das transformações, do
|I
t o culto ao sagrado coração, como lugar de veneração,
t desejo de Deus e órgão de conhecimento difundiu-se pelo mundo crris
I tão e acha-se atuante até o presente momento.
'r
Il o coração de Maria, mãe de cristo, começou a ser ve
t
t
t
T
I 82
I
nerado através de São João Eudes, no século XVII, fundador da CoI
t
gregação de Jesus e de Maria. Eudes enfatizava que o caminho mais
t
efLcaz para se aproximar de Deus era através do Coração de Maria,
I
I clevido a sua capacidade de interceder junto ao Filho .l2l
rt
I
No século XVII, tambêm, Pascal, filósofo e matemáti
I
I co francês, dá uma nova força ã questão ao afirmar que o coração
I ê o lugar da resolução e vontade. A vontade que parte do coração
t define o individuo e é sua expressão. Para ele, Deus é sentido no
I coração e não pela razáo. "É o conação que aente Oe-ud z não a ,La-
t zão: íato 6. o que a óQ- 6., Dzua A óu^cetível- ao corLação , maá não A
,La,zão . " 122 A razáo é necessária, mas não é suf iciente para o co-
I
I nhecimento da natureza, pois " o corLa"ção tem nazõ ea que a. pníptía
I ração de Jesus.
t
I Em ambasas representaçõês r nas mais diferentes fot
t mas, observamos dois tipos de fogo saindo do coração: um com raios
I
J
a
83
I
I
R. a luz é o sÍmbolo mais habi-
Guênon observa que
I
tual do conhecimento e o sol r pot conseqüência, representa o co-
I
nhecimento direto e intuitivo. Enguanto a luz lunar Lraz senlpre um
I
conhecimento refletido, próprio da razáo , a luz solar Lraz um co-
I
nhecimento imediato. A percepção direta de uma experiência, como
I
um tipo de intuição, 'e chamada de "conhecimento do coração", como
T
encontramos no hinduÍsmo. Assim, enquanto a razáo está ligada ã
I
menter âo cérebro e ao simbolismo da lua, o conhecimento direto,
t objetivo tem como sede simbólica o so1 e o coração.
I
r As representações do coração irradiante são mais fre
I
qüentes na Antigüidader Írâ êpoca onde a inteligência era aiJda tra
T
dicionalmente referida ao coração, enquanto as representações do
T
coração ardente difundiram-se mais depois do sêculo XVII,
t guando
o racionalismo reduziu o coração aos sentimentos e a inteligência
t
ã razão.
I
t
Ho e encontramos os doj-s aspectos r calor e luz , prê
j
T
sentes na maioria das representações. Na prática há, entretanto,
T
em geral , o predomÍnio de um ou outro aspecto. Se da FÍsica sabe-
I
mos gue uma chama é tanto mais ardente quanto menos ilumina; ana-
t
t Iogamente, podemos dizer que se no coração ardente houver muita e
moção 1 ê. capaci-dade de conhecimento intelectual irá f icar diminuí
I
da ("a paixão cegra"). Inversamenter rro coração irradiante ê maior
T
a capacidade de um conhecimento objetivo, mas menor a
I "*oção'25.
o
fogo que aparece no centro das representações poderia portanto ser
I
I interpretado como amor (caIor) guando ardente, e inteligência in-
t Lelectual (Iuz) guando irradiante.
I
T
T
T
a
84
)
)
) O caminho dos mÍsticos cri-stãos ê o caminho do cora
) ção ardente, como vimos nas inúmeras referências a forno, chamas,
) sensação de queimação etc. Seria o caminho da devoção, semelhante
doa através das rosas que oferece a quem a invoca. Seu coração i-
maculado é apunhalado em algumas representações, mas 1'ín-nadía paz
z abne eomo ,L?-óí,gío prJLa equelzd quz A prLocutta,m,, lLt. Maria, co
^e-
mo representante do arquêtipo da Grande Mãe , traz nesta imagem as
qualidades de segrurança, calor e proteção para que o ego possa se
desenvolver adequadamente, como vemos na imagem de Nossa Senhora
de rátÍma e os três pastores.
I
t
t
I
t
t
t
I
I
I
I CAP TULO
!
I
I
I
rais.
T
a e psicológicas. Se no plano fisiológico houver uma alteração no
) ritmo circulatório e pulmonar, entre outrosr rrct psique pode haver
) a sensação de medo e/ou raiva. Sensações essas sincronicamente seg
a tidas . " o medo e-)La, tant.o quL o carLa"ção parLeeía aaltan-me pela bo -
t ca," . Ou r Ílâ expectativa de algo desagradáveI : " a,ndr"v a de cnedo na
a
I A emoção, qualguer que seja elar provoca sempre um
I movimento (e-moção) no organismo como um todo . "Como q. 6unção ca.rl
; dío ruLe-^ pínat6 nía 6- muíto nãpída Lm ua^ v aníaçõ ed duncío naít" , díz
^
t Gaiarsa, " o pftímeino dínal de e-mo ção vaí ÁerL
^Q-mprLe
pe,Lcebído coL
I j untamente com uml v aníação no nitmo cand.íaco e tel pínat| ftío , " 7
I
lt A maioria das pesquisas sobre psicossomática das do
I
e Frente a situações atemorizantes, o organismo prepa
4t ra-se para lutar ou fugir. Sincronicamente, o coração se acelera
lI e aumenta de volume para sustentar um ou outro tipo de resposta.
I
|I Numa explicação bastante simplificada, sem maiores
|I detalhes fisiológicos, percebemos gue se houver uma relação de fg
t ga ou lutar ês reações desencadeadas terão um ciclo normal de rea
t Lízação ê 1 após certo tempo 1 o organismo voltará a um estado de e
ganismo.
a
a O batimento cardÍaco da criança, quando atendida, vol-
ta ao ritmo normal. Segrurança, arnor e carinho começam, tambêm des-
I
I te modo, a associar-se com o ritmo cardÍaco, que se acelera quando
I se -e ameaçado (aqui'entra também o sentimento de abandono e soli-
I
O coração passa a ser a representação do pnóprio self
T
r maternal ã medid.a que a ele se associam: amor e segurança, guando
seu ritmo 'e normal e abandorror medo, raiva e solidão, quando este
I
T
ritmo está alterado. Com o aumento do sentimento de abandono e me
T
do, mais o ritmo do coração se altera.
T
T
Estar com a mãe 'e, de inÍcio, estar junto ao seu ca
I ração. Separar-se é afastar-se de1e. DaÍ, provavelmenter ês inúme
T
ras associações do coração com o útero ou vaso contenedor. No Egi
t to, como vimos, "A crLía,nça na,áce tob o corlação da mãL", o firho é
t o " Á a,ngue- do co rLaçãl" . No cristianismo, temos a descrição da an-
t gústia e sofrimento dos mÍsticos ao se " áepattarlQ-m de E eu !-ugatt dz
t nateímz.nton. Vimos também que a pr6pria etimologia da palavra re-
t
I o coração de Nossa senhora ê o rugar de proteção e
I refúgio: " o amotL que det-e ema.na dã áegurLança e dontal-e.ce o e-gl,, .
I
t Essa associação é também bastante freqüente na músi
T
ca e na poesia, como vemos em "CoLação Vagabundo", de Caetano Ve-
I
I
i,
T
92
T
T
I loso:
O e ten e^ p zrLança
I O e um día tett Íudo o que quQ-,1
I M eu co tLa.ção de eníança
T
É dõ a .Lembttança
D e um v ult.o 6 eliz de mulhet
!
T ll[eu co tlação v agabundo
t Quzn guattdan o mundo em mím. "
t
t Ou na expressão popular "coração de mãe", que deno-
T
ca " C o ttação Mate-ttnott , de Vicente Celestino :
T
I
tI
lY
93
a
a T omb ando 0, v elhínl,ta pí-t do aLt an
I Toma do pzíto
a.o
^
da velha mãezinha o pobtTe
^a,ngtando,
a co rLl.çao
E a aí a" g ttít an p rLo clam ando
V ít6 n"ía , v ít6 nía ,
I
t Um paciente, com a hÍstória de vários suicÍdios na
I famÍlia e com uma irmã esquizofrênica, contou-me que conseguiu men
, ter-se relativamente são, 9raÇas ã sua devoção ao Coração de IvIa-
t ria. Como Mariano passava horas olhando a imagem de Nossa Senhora
t e sentia-se reconfortado ao ver um coração " quz, meÁmo Á o óttendo ,
r apunhaLado , tínlna don-ça e e&Lott" . Com essa imagem em mente, sen-
t tiu gue poderia sobreviver ao caos f amiliar , " á ?- ELa coná eguíu, eu
t tambd.m con^ígo" . Aqui 1 d. mãe pessoal, bastante alheia e inadequa-
t da, foi substituÍda pela imagem positiva da Grande Mãe , fortale-
t cendo o ego e mantendo o eixo com o arquétipo central.
I
t
t
t
94
ouvidot dzmí-díLencíadoÁ .
t eom
E, noá áeuá bnaÇoô, ela dançava, beija.va e
t E Lo ng e deLed , á eu co rLl.ção batía com pat o
^
^onhava
T de6eompa,ôáa,do
T to da al-hzía A día tníbuíção no nmal
I que níd eav 0, o cluadno na^ aulat da neaLidAdQ- . "
T
I Ziegl.er observa, como está claramente expresso nes-
T ta poesia e no estado d,a paciente, que a disritmia cardÍaca pode
I ser compreendida como uma forma de estar " doLa de ai me6mo". E gue
T
I
-l
)
96
)
)
a o corpo desta maneira estaria expressando uma emoção que não pode
a ser manifestada abertamente . l0
I
a r através da anáIisê r que esta paciente,
Descobrimos
T
t Diferente da situação harmoniosa onde:
!I " luleu corLação
t Não aei porLque-
Bate 6zlíz
!l Quando te v ã-
tt
t Vem matan etta paíxão
Que me dev o rla o ca rLação
t E aáÁím, entao,
I ^o
Senzí 6zl-í2, bem óe{-í2."
II (Carinhoso de Pixingnrinha e João de Barro)
|I
|l As expressões populares z " âínto meu corlação deapeda
It çado , patttído . F uí apunhalado no corlaÇãl" , t'tenl,to o corLação Í.onÍu
|I
|I Sonho de um aluno de 22 anos z " V ia m eu co tLa,ção j un-
a
Na segunda metade d.a vida, durante o processo de il
a
dividuação , o coração pode se associar ao arquétipo da Grande
a Mãe
lugar de re-nascimento.
a como
a
1l religiosos egÍpcios r o coração da mãe e
Nos rituais
,
qt No hinduÍsmo, o conhecimento vem da "caverna do co-
|t
Beber do sangrue e da água gue jorram do peito trans
II
passado de Cristo ê a possibilidade de se purificar e renascer p3
|r
|I ra o espÍrito. O ego tem no coração de Cristo a imagem da fonte,
|l do centro da vida.
I
|t
r
)
a 98
)
)
O conhecj-mento queflui do coração da Grande Mãe é
)
o conhecimento através do amor. Eros é seu companheiro na mitolo-
)
gia grega e Madana seu ajudante entre os hindus, despertando o ho
)
mem para a existência e criação. Despertar gue pode ser bastante
)
d.oloroso, com sensação de pontadas ou agulhadas no coração.
T
a
Sakti, a Grande Deusa hindu do Ermor, inspira a músi
a
câr arte e poesia, sincronízando o movimento artÍstico com o movi
,
mento cardÍaco . Diz o samba:
I
t
|l " Impd-n.Lo ,
quendo Íe v e j o na. av enída ,
t me-u eo naçã"0 baÍz na v ída ,
t como áe doaaz o. tua batucada... "
(Império Samba de Roberto Ribeiro, dedicada
ll ã Escola de Samba Impêrio Serrano) .
t
t O músico e compositor argentino, Astor Piazzola d,tz
|l em uma entrevista z "T enho um a.no de ídade, na,,s eí novamente ap6a u
ma. cinungía eattdíaea. Meu tnabal-ho tambô-m a-ÁtA com um co,Lação no-
ll vo. É uma nova, mi.tíca que vem d.e um novo cono,çãl." l2
|l
I O despertar do cl+alzna card.iaco para os hindus leva
|t ao despertar da sensibilidade, não só artÍsticâr mas também amoro
I sa. Lembra também dos perigos de se ficar aprisionado no sentimen
't talismo ou na paixão, guê seriam aspectos inferiores do sentimen-
'Itr to.
a
YE
i'a
N :§'\tr;
r.É1l
-'.v
-r'§
-
:8. -
- -S'
)
a Os egÍpcios só podiam renascer para a vida etenn se
a tivessem um coração puro e leve I Lsto 'e, o ego não podia carregar
T
r Finalmente, o coração está presente nas questões mais
t
T
|r
a
) LO2
a
a And by oppoaíng end thzm? To díz: to ,slezp:
No morLe; and b q a rLeep to we e-nd
a ^aA
T hz heantacl,te and tl,te ttto u,s and natunaL t ho ehd
I
I ,, Sen ou não
^erL
oíd a queEtão.
I S etã maía no bne 6 o ó)Le.rL no, aLma
T
pressão elmorosa, na saúde e na doença, como expressão de mistêrio
T
da vida.
T
I Cada batimento cardÍaco lembra nossa fragilidade
I sensibilidade e nos liga a padrões básicos da condição humana. Na
e
CONCLUSAO
T
I
a 105
I
I v c0tJcr.usÃ0
I
t o coração ê um simbolo queestá impregnado na nossa
I psique, quer estejamos ou não conscientes dele. Há mi1êniosr ele
I vem se manifestando das mais diferentes formas.
T
I
Neste sentido, para a compreensão tanto de seu fun-
I
cionamento quanto de suas disfunções, não basta somente fixarmos
I
nossa atenção na polaridade orgânica, pois ela ê somente uma
de
I
suas dimensões - se nesta poraridade sentimos sua presença, atra-
I
vês principarmente da pulsação e das alterações de seu ritmo
r ,â
polaridade psÍquicêr como vimos, sua manifestação é de grande fre
:
qüência e exuberância.
I
t
t
107
T
108
I
a
disritmia e desarmonia arnorosa. O coração doente expressa tanto a
a
d-:.ssociação do ego com seu centro amoroso quanto a necessidade de
a
religá-Io ao Self, para que a harmonia possa retornar.
I
I
outras palavras, a doença cardÍaca pod.e ser uma
t Em
t entia, pode ser uma tentativa de conduzir o ego ao seu centro, cor
t rigi-ndo ou compensando uma atitude unilateral.
T
Não ê mais possÍvel dissociarmos psique e corpo.
t AIn
T
No seu trabalho clinico r o terapeuta r âo levar
t em
I conta o aspecto simbólico da doença orgânica, faz com que seu pa-
T
ciente entre em contato com imagens gue emergem de seu inconscien
I te coletivo e pessoal, criando, deste modo, condições para umacom
t preensão mais prof unda do dinamismo que se encontra alterad.o.
t
t Por exemplo, um paciente d.e 59 anos queixava-se de
I
I ta regularidade e pioravam quando saía de f6rias ou dr:rante os fins
T -de-semana. Durante o trabalho psicoterápico sua dor peitoral trans
I formou-se num homem severo e idoso que o pressionava a trabalhar,
t
T A cura por métodos ond,e o paciente é totalmente pas
I sivo pode ser uma atitude potencialmente destrutiva, poj-s, ao não
T ouvirmos os sintomês r pod.emos f orçá-los a ter que se ampliar para
I serem percebidos.
I
I o ponto de vista simbólico nos lembra, por exemplo,
r a necessidade de uma intensa e profunda psicoprofilaxia dos paci-
t entes que se submeterão a um transplante. Dependendo de suas cren
t ças culturais e dos sÍmbolos envolvidos , o processo de rejeição pos
t sivelmente poderá sofrer alterações. Seria possivel para um homem
I do antigo Egito trocar seu coração? ou para um homem de hoje, com
I a mesma crença?
t
t A relação do paciente com sua doença e recuperação
t está intimamente ligada ao seu processo simbólico.
T
T O estudo do coração na cultura, entretanto, não nos
I exime de ter que fazer com cada paciente uma busca de seus pró-
I
T
I
I
I
t
I NOIAS E BEFEBENC AS
t
t BIBLIOGBAF CAS
I
t
t
t
I
I
I
I
I
l
I
I
!
I
t
T 112
I
I Â,0ÍAS E REFERÊA'C IAS BIBLIOGR.Ã,FI CAS
I
I
T
Ci-taçã"o Inícíal
I 18, parãgrafo 744.
(* ) Carl G. Jung . Col- Lee ted ltlorks , vo1
I
T
CapiÍulo I
I ( t ) ,'Sítuac,ão de crLí^e cl.uáa. ' paLpítação e tacluLcandía' zm San-
I neq, díz mãdico" . Folha de São Paulo, 14 de maio,'1989.
I ( Z ) O Banco de Dados do j ornaL " FoX-lna de São Paulo" arquiva ar
tigos de vários j ornáir. Entre el-es: Folha de São Pau1o, Fg
I l-ha da Tarde, Gazeta Mercantil, O Estado de São Paulo, JoT
naL da Tarde, O GLobo e JornaL do BrasiL.
! ( 3) " 0 Bna,síL ín- dantou-|e.". Folha de São Paulo, 27 de setembro,
T
1 981 .
T
( 5 ) Sel-f aqui ê entendido como a somatória dos conteúdos consci
entes e inconscienLes.
T (o ) "Abonnzcíme-ntoá podem ten cauáado o Lnóa.tltz-'r, 0 Estado de
São PauI-o, 20 de setembro, 1981 .
T
T
(t ) " Alivío" . FoLha de São Paul-o, 20 de setembro, 1981 .
a
a (17) "FíLho bníga z Sanneq pat^a ma"L". Fol-ha da Tarde, 27 de ja
ne iro, 1 989.
I (18) "Cottação mata 240 míL porl ano no BtalíL" . O Globo, 11 de de
T zembro, 1 988.
I (19) rbid.
a (20) Peter J. Linch. The Broken Heart ' New York, Basic Books,
Inc., 1979.
t (21) rbid.
I Q2) rbid.
I (23) Meyer Friedman e Ray Rosenman. Type A Behavior and Your
I Heart. New York, Alfred A. Knopf , 1984.
(2O "HeatttOídea^e ín RetnLAt". Psychology Today, February,
t 1989r p. 46.
I (25) "The TttuaÍíng Hea-ttt". Psychology Today, February, 1989r p.
I 36.
I
capítuLo ll
I ( t ) ttúmeros 12, 1-16, The New English Bible, Oxf ord University
i Press, Oxford, 1976.
T ( 2 ) Robert E. McKechnie II . Strong Med ic ine West Vancouver, J
J. DougLas Ltd., 1972.
!I
( 3 ) Dav id Landy. Cut ture , Di sea se and Heal- ing . New York , Mac
T MiLLan PubLications, 1977,
T ( 4 ) CLaude Levi-Strauss. The Sorcerer and his magic, In: Struc
tural Anàropalogy. New York, Bas ic Books, Inc. , PubL. 1 963;
t pp. 167-185.
t ( 5) Joseph Mauceri. The Great Break. New York, P.U.L,S.E.rl986.
t ( 6 ) George Groddeck. The Book of It.
1949.
London, Vintage Books,
t ( 7 ) MichêLe Epinay. Groddeck: A doença como linguagem. São Pau
T 1o, Papirus, 1988r p. 118.
t ( 8 ) CarL A. Meier. Soul and Body. San Francisco. The Lapis Press.
1986.
t ( 9) Carl G. Jung. The CoLlected I{orks. VoL . 2, London, RoutLed
:I ge & Kegan Pau1, 197 1 r pârágrafo 1 350.
IJ (10) Ibid., parãgrafo 1352.
IJ (11) Ibid., voL. 9, 2q parte, parâgrafo 3.
I,J (12) Ibid. , vol . 9 , 24 parte, paiág.afo 4.
E
E
114
(20) Ibid. , p. 45 .
(21) Um compLexo ã um conjunto de ideias e imagens agrupadas por
uma qual idade af et iva, ao redor de um núcl.eo, Secundário,
aqui, refere-se ao fato de não ser o complexo central, e-
góico.
(22) Carl-. G. Jung. Op. cit., voJ.. 12r pârâgrafo 394.
(23) CarI- G. Jung. Op. cit., voL. 5, parágrafo 513 e vol, 8n pa
rãgraf o 390.
(24) Car1. G. Jung. Op. cit., voL. 12r pâEág.afo 262.
(2s) Car1. G. Jung. Nietzchets Zarathustra. (foll.ingen Series
XCIX)., 1 vo1. , Ed, James L, Janet Princeton, PrincetonUni
vers ity Press, 1 988. -
(26) C.A. Meier. 0p . cit,
(27 )Arnold MnidelL . Dreambody. Santa Monica, Sigo Press, 1982,
P. 32.
(28) ArnoLd MnidelL. Iüorking with the dreaming body, Boston,
Routl-edge & Kegan PauL, 1985.
(29) DonaLd F. Sandner. "The áub j ectiv z bodq ín cLinicaL prLacti
cz'| . Chiron, pp . 1-17 , 1986. -
(30) Eric Neumann. The Origins and History of Consciousness.
Princeton , Pt inceton University Press, 1973.
(31) Comunicação pessoaL do Dr, Carl-os A. Byington em 910511989,
São Pau 1o .
(32) Carlos A. Byington. Dimensões Simbóficas da Personalidade.
São Pau1o, Editora Ãtica S.4., 1988.
(33) Descrevo aqui os 4 cicLos do desenvolvimento psicoLógico co
rno proposto por Dr. Byington na obra acima citada e no li=
vro "OQ-6envol-vímento da ?entonalidld.e" , são pau1o, Edirora
Ãtica S.4., 1987.
t
t 115
T
T (34) Ada AlbrechE. satsariga: contos da Índia. Associação orga-
nízação Internacional Nova Acrópo1e do Brasil, lglg.
I (35) carl G. Jung. op. cit., vo1. 9ir pârãgrafo 3zg.
I (36) Ibid., parâgrafo 40Z.
I (37) Ibid. , vo1. 8, parágrafo 425.
I (33) SÍmboI-o aqui compreendido como a meLhor descrição possíveL
I de um fato relativamente desconhecido. (CarL G. Jung, voL.
6, parãgrafo 814).
I (39) Carl G. Jung, voL. 8, parâgrafo 418.
I (40) A1fred. J. zí9q1.t. ArchetypaL Medicine. DalLas Spring pu-
blications, I 983.
n
I
(41) rbid., p. 24.
I
(42) rbid. , P. 23 - Sombra aqui compreendida como o lado reprini
I do da personal idade. I
-
I (43) De-integrado, - têrmo desenvolvido por M. Fordham e que se re
fere ao conteúdo resul tante da divi são do SeLf p.rá a forl
I mação do ego (ver op. cit,).
!
I Capi-tuLo ltr
I ( t ) -losê P. Machado. Dicionário Etimológico da Língua portugue
sa. Lisboa, Livros Horizonte Ltd àç ) 1gg7 , 44 .ãição. - -
I
! (21) Mircea Eliarle (e<1 ,). The Encyclopedia of Religion. New York,
t "p. cit.
r (22) llírcea Eliade. História das Crençae e das Idéias ReLigio=
' sas. Tomo I, vol. 1, Rio de Janeiro, Zahar Editores, 1983,
2? edição.
)
(r3) do oriente Antigo. são Pau1o, Ediçôes Pau-
I Iil;t;oirã11"."
I 124) rbid.
I 125) sri E. A. tIallis Budge. 0 Livro E.gipcio dos Morros. são Pau
1o, Editora Pensamento, 1987
J
(r., Le Libre des lIorts. Paris, Editions Albin
| *1:;:i,.1;ã!1"..
I (27) Sri E. A. Iíallis Builge. The Egyptian Book of the Dead. (The
- PaDyrus of Ani). New York, Dover Publications, Inc., 1967,
I p.' ioa .
I «28) rbi.r., p. 313.
I f29) Builge. o tivro Egípcio ilos !íortos. op. cit ., p. 212.
I «30) rbid., p, 212.
I (3t ) rbiil . , p. 215.
I «32) Albert Chaupdor. Le Livre des !íorts. Paris, Édirions Albin
Michel, 1963.
I
(33) M. Eliade. Ilistória das Crenças e das Idéias Religiosas. Op.
I cit., p. í39.
I (34) A. charopdor. op, cit.
I
I
t
T 117
t
T (35) Manfred Lurker. The Gods and SymboLs of Ancient Egypr.
don, Thames and Hudson Ltda. , i gAO. -oJ r Lon
t
(36) A. champdor. op. cit., p. 47.
t
(3l) Ibid., p. 39.
t
(38) M- Eliade. Histôria das Crenças e das Idéias Religiosas.op.
t cit., p. 23h.
I (39) Mircea Eliade. The Encyclopedie of ReLigion. op. cit.
I (40) Ramana Maharshi: The SpirituaL Teaching of Ramana Maharshi,
Boston, ShambhaLa, 1 988.
,
(41) rbid.
I
(42) rb id.
I
(43) Carl G. Jung. CoLLected I{orks. Vo1 . 1Zr pârãgrafo 444.
I
(44) Chhãndogya Upanishad(3.14.3). In: The Upanisads. Vo1. l,
I Ed - by Max Mü11er, New York, Dover PubLications, Inc.
, l 962.
I (45) swami A- c - Bhaktrvedanta Prabh,rpãda. o Bhagavadgitã como el.e
ê . The Bhakt ivedanta Book Tru s t , 1 97 6 .
I
(46) Ibid., cap. 6, texto 13-14.
I
(47) Renã Guénon. os sÍmbolos da Ciência Sagrada. São pau1.o, E-
I ditora Pensamento, 1984.
I
I
(48) Svetâsvatara Upanishad (3.20) . In: The Upanisads, op. cit.
voL. II. ,
I
5
I 119
I
t ( gg ) Mircea Eliade. EncycLopedia of ReLigion. Op. cit.
f ( gO ) V.V.A.A. Um coração para sempre. São Pau1o, Edições Loyo-
1a, 1988, p. 27.
I ( gr ) I"lircea El iade. Op. cit. , p. 236.
t ( e2) V.V.A.A. Um coração para sempre. 0p. cit.
I ( e3 ) rbid.
T (e4) Ibid., p. 30.
t (es) Ibid., p. 31. (Frase proferida por São Pdero Canisior sác,
t xvr).
T
( g0 ) salmo 7, 15-16. op. cit.
I (tOZ) ltargareth Yeo. These three hearts. IJ. S.A. The Bruce PubI-i
I shing Company, 1940, P. 162.
I (toa) rbid., p. 163.
T
T \agnada l,tumanídade , a, maLo nía a aia dz 8-u p eíto , QUZ e-'La
*guoi-- à u^ {o ttio . E aô,,5 ím , mo l*no *- me 6^ Q-u amado co rLl.ção ,
T quz LtLa.0. dóntz víva dettaa 6LãmuLat", Ibid., p. 245.
T (ttt+) v.v.A.A. Documentos da Igreja. Op. cit.
T (ttS) Carl G. Jung. 0p. cit., vo1". 5, Parâg'afo 438'
t (ttO) CarL G. Jung. Op. cit., voL. 5, parâgrafo 435 a 446.
T (l tt) Junite Brandão. Mitolo gía Grega. VoL . I , PetrópoI is , Vo-
zes, 1 986.
I (ttA) Junite Brandão. Ibid., p. 188.
I (ttg) V.V.A.A. Um coração Para sempre. Op. cit., P. 32,
I (tzo) rbid. , p. 33.
I (tzt) rbid.
I (tZZ) BLaise pascal. Ouvres CompLêtes. Pensáes. Paris, Ilachette,
I 1909.
I (tzs) rbid.
I (tZO) Mircea Eliade. EncycloPedie of ReLigion. Op. cit.
T (127) J.E. Cirl-ot. A dictionary of symboLs. Netí York, Routledge
T and Kegan Paul Ltd - , 1962 -
(128) fscri to encontrado numa imagem poPular. Bras iL .
I
I
T capítulo Iv
( t ) .losá A. Gaiarsa. Respiração e CircuLação. São PauI-o, Ed-
I Bras iLiense, 1987 r P. 265 .
I ( 2 ) rb id. , pp . 265-267 .
I ( 3) rbid., p. 264.
r ( 4) George Groddeck. "La. llaladíe, L'ant e-t Lz S,lmbot-e"- Paris,
Éditions GalLimard, 1969 .
I
r ( 5 ) José A. Gaiarsa. 0p. cit., p. 267.
( 6 ) Tomê Cabral. Novo Dicionário de Termos e Expressões Popu-
I lare s . Fortal eza, Ed. UFC, 1982 '
tr ( 7 ) José A. Gaiarsa. op. cit-, p. 277.
'r ( I ) rbid.
I
5
T
121
T
I
Coneluaão
I
(t) -lames HiLLman. The Tlought of rhe Heart. DalLas, Spring pu
1
blications, Inc., ,1981. ' r----(
I