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 A E x p a n sã o d a Me
M en te

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h ilk      u
 Lei
 L eia
a também:
também :

REFLEXÕES SOBRE
A MENTE

Tarthang Tulku(org.)

  psicologia ocidental está cada vez mais en-


 A  vo lvid
lv id a com
co m o aprof
apr ofun
unda
dam
m ento
ent o da pesqu
sobre o funcionamento da mente humana, o desen-
pes quisa
isa

 volv
 vo lvim
imenentoto da perso
per sona
nalid
lidad
adee e a interaç
int eraçãoão e inte
gi ação do co m plex o corpo/ment
corpo/mente. e.  Re flex
fl exõe
õess sob
s obre
re
a Mente 
Mente  explora a fascinante abordagem budista
i ibetana com relação a essas preocupações. De um
ponto dc vista novo , o livro fornece um relato relato atua-
atua-
lizado da compreensão tanto tanto budista como o ciden- ciden -
tal sobre a consciência humana. Psicólogos famo-
sos, como Cláudio Naranjo, Gay Luce e Charles
lart associam suas experiências pessoais das prá-
ticas budistas tibetanas com o treinamento profis-
sional em métodos terapêuticos ocidentais para
oferecer uma perspectiva ú nica sobre as tendência tendênciass
atuais
atuais dada psicolo
psic olo gia ocidental.
 Re flex
fl exõe
õess sob
s obre
re a Ment
Me ntee descreve as experiên
i ia . modernas do amplo conhecimento psicológi-
co do Budismo Tibetano, detalhando uma grande
quantidade de métodos práticos guardados por sé
11do
11doss pelas tradições espirituais do Tibete. Co nfor- nfo r-
me atestam os autores, estas técnicas estão mos
ti ando
ando ser altamente inovadoras
inovad oras na terapia
terapia ociden
oci den -
tal
tal l Jm capítul
cap ítulo o introdutório
intro dutório exce
ex celen
len te e bastante
«hiiingciite do Lama Tarthang Tulku oferece uma
orie
orient
nta^
a^ Io segura
seg ura para a compre
com preens
ensão ão total da pro
lundidade e potencial da mente humana. humana.
( oiii artigos
artigo s de:
de:
<ítiy (iaer Luce Theodore
Theo dore M. Jasnos
Jasnos
t Imidio Naranj
Naranjo o Kendra Smith
 A EXPANSAO DA M ENTE
EN TE
TARTH
TARTHANG
ANG TULKU

 A EXPANSÃO DA M ENTE


EN TE

Tradução
M A N O EL
EL  V I D A L

Revisão técnica
I NS
N S TI
T I TU
T U TO
TO  N Y I N G M A  D O  B R AS
AS I L

EDITORA CULTRIX
São Paulo

008585
 AEXPANSÃODAMENT
 AEXPANSÃODAMENTE
E
E7AP4
O primeiro número à esquerda indica a edição, ou reedição, desta obra A pnmeira
dezena à direita indica o ano em que esta cdiçflo, ou reediçfto foi publicada

Edição Ano

5-6-7-8-9-10-11-12-13 03-04-05-06-07-08-09

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 Impresso em nossas oficinais gráficas.


SUMARIO

Prefácio 9
In tro du ç ão 13

PA
AR
RTTE
E  I: A B E R T U R A

Aprendendo por meio da experiência 19


A auto-imagem 27
A autotra nsfo rm a çã o 32
Transformando o medo 36
Meditação: deixe ser o que é 43

PART
PARTE
E II:APROFUNDANDO
II:APROFUNDANDO AM EDITAÇÃO

A corrente que se aprofunda 51


Abrindo-nos para os sentimentos 54
Transcendendo as emoções 59
Fascinação e ansiedade 71

PART
PARTE
E III:R EALIDAD E E ILUSÃO
ILUSÃO

Realidade e ilusão 76
A trama móvel dos sonhos 80
O lótus do sonho 91
A base prim ord ial do ser 95
P A R U  IV: A LÉ M  DOS SI GNI FI CADOS

Dimensões da meditação 100


Pensamentos 106
Além dos significados 113
Atenção pura 118
A ilusão do agora 125

P AR TE  V : O D H A R M A  V I V O

O Dharma interior 132


Refúgio 138
Am or e compaixão 142
A semente da iluminação 147

ÍNDICE REMISSIVO 151


Dedicado aos estudantes
do Dharma no Ocidente
PREFÁCIO

Muitos livros falam a respeito do Budismo mas poucos


comunicam seu significado. A fim de despertar entendimento
nos outros, é preciso, primeiro, saber e, então, viver o que se
sabe. O conhecimento vivenciado desta maneira é comunicado
sem esforço, como parte deum processo infinitamentecriativo.
 A expansão da mente é um livro através doqualo Budis
mo fala ao leitor. Seu primeiro capítulo já enfatiza a impor
tância da aprendizagem — não tanto como umacúmulo deda
dos (embora tal acúmulo seja obviamente indispensável ao pro
cesso da aprendizagem) mas, antes, como uma tentativa, um es
forço para compreender. Mas,como iremoscompreender,a não
serque voltemos à fonte da qual abstraímososdados? Afonte
é a experiência — a experiência antes de ser canalizada através
dos padrões conhecidos do pensamento habitual, que transfor
mam tudo em coisas quantificáveise mensuráveis;em suma,em
dadosisoladosesemvida—excluindooqualitativodavida.
O retorno à experiência, que insiste no qualitativo como
parte integrante da vida, requer um outro tipo de pensamento.
Se "meditação", nas atuais circunstâncias, aindaéotermoade
quado para designar tal pensamento, certamenteé umaquestão
discutível. O termo tem sido usado em demasia e, na fala cor
rente, adquiriu muito de uma aura esotérica ou mística-mistifi-
9
cadora, ao passo que o que se pretendeé exatamenteo opo sto.
 A meditação é, em prim eir o lugar, um processo de apre ndiza
gem, de concentração atenta sobre uma situação ou objeto, a
fim de ganharmos ente ndim ento acercadesua natureza única e,
assim, capacitarmo-nos a lidar com ele de modo eficiente. Nós,
como seres vivos, estamos sempre dentro de uma situação, não
tanto no sentido de sermos entes isolados dentro de um recipi
ente, sem que ambas as "entidades" tenham relação entre si,
mas no sentido de estarmos espraiados por todaa situação. Em
outras palavras, po r.m eio de uma concentração atenta sobre
um objeto ou situação, aprendemos a discernir e a apreciar as
possibilidadesdestasituação.
 Aprendemos, então, co m base nesta atenção plena, a agir
de forma apropriada, o que significa não violentar a tessitura
delicada das situações da vida. Neste sentido, "m ed itaçã o" é
um meio de experienciar, de modo bastanteconcreto, qualqu er
situação de vida em que porventura nosencontremos. Não é, de
maneira alguma, algo transcendental ou "ab strato", mas, sim,
eminentemente "p rá tico ", na medida em que nos auxilia a nos
tornarmos vivos novamente, restabelecendo o livre curso da
corrente da vida. No Budismo, "me ditação", comojádeveestar
claro a esta altura, não implica fugir do pensar, mas setrata da
aplicabilidade e da aplicação deste tipo de "pens am ento" na v i
da cotidiana. Este éo tema co nd uto rdeste livro.
Na medida em que o leito rsesintaatraído peloque se po
de chamar de "Budismo aplicado", notará que o livro, em sua
progressão, ca pítu lo a ca pítu lo, é um "guiadoc am inho". O te r:
reno através do qual ele aponta a direção é a natureza rica e
complexa do homem. Sob este aspecto deser um guia, o livro é
muito tradicional, no sentido em que reafirma o fato de ser o
homem capaz de crescimento e deserocrescimento um proces
so co ntínu o de expansão para horizontescada vez mais amplos.
é também semelhanteà escaladado picode uma montanha , o n 

de temos que aten tar para cada passo na subida, ao mesmo te m 


po em quesomostom ados po rvistasque nostira m o fôlego. No
Tibete, estes "gu ias" ficaram conhecidos como lam-rim (Etapas
do C am in ho ), te nd o sido preservada uma extensa lit er atu ra 
sobreoassunto.

10
A obra mais antiga deste tipo é atribuída ao Guru Padma-
sambhava, uma pessoa cuja historicidade ficou sombreada por
lendas e mitos queatestam, todos , o impacto quea sua apresen
tação das idéias budistas teve sobre aqueles que tomaram con 
tato com a força atrativa delas. O que distingue sua obra (bem
como as obras que se desenvolveram na tradição por ele inicia
da, conhecida como a ordem Nyingma) de obras da mesma na
tureza de outras escolas de pensamento é a vividez da apresen
tação. Temos uma apresentação de experiênciasvivenciadaspo r
inteiro, e não uma coletânea rançosa de textos canônicos. Esta
mesma vividez e abordagem direta, o leitor encontrará neste li
vro, cujo autor é um dos mais destacados estudiosos Nyingma.
 A expansão da mente foi escrito para aqueles que ousam
formular perguntas que tocam o sentido da vida, e o livro to 
mou forma a pa rtir da colocação de tais perguntas. É desneces
sário salientar que o próprio título representa um desafio —
abrirmo-nos significa restituir a mente à sua abertura criativa.
 A expansão da mente, sem dúvida, sinaliza o caminhonesta d i
reção.

Herbert V. Guenther
UniversidadedeSaskatchewan

11
INTRODUÇÃO

Para este novo volumede ensaios, recolhi material  de sete


anosdeaulas e seminários sobremeditação,elementareseadian
tados, dados no Instituto IMyingma. Entre aqueles que fre q u e n 
taram tais cursos havia profissionais que estudavam novas fo r 
mas de terapia edecrescimento psicológico, co m o tam bé m pes
soas que simplesmente desejavam aum entar sua com preensã o
espiritual.
 A meditação é um campo comum que reúne interesses va
riados e múltiplos, é um assunto vasto eco m plexo,v oltado pa
ra o desenvolvimentodeuma compreensão da me nte, uma c o m 
preensão que pode se estender a todas as nossas expe riências.
Meditação não significa retirar-se da vida; ela é uma expans ão:
podemos levá-la conosco e enriquecer tu do o que fizer m os , seja
óqueouondefor.
Este conceito é fundamental aos ensinamentos N yingm a,
que se destinam a propiciar força inte rior e auto-s uficiência. Os
leitores de Gestos de equilíbrio* poderão reconheceralgunsdes
tes temas neste novo volume; mas, enquanto meu pr im eiro v o 
lume de ensaios foi concebido principalme nte com o uma in tro -

* Publicado pela Editora Pensamento. São Paulo.


 Alu no: 0tempotodo.
Rinpoche:Sim,masistoéumagrandetarefa.Somenteumapes
soa m uito desperta consegue praticar a ação corretaem relação
a cada pensamento, semexceção. Nãosão muitasas pessoas que
conseguem isto. Podemosestarcrescendoem sabedoriae conhe
cimen to a cada dia, mas o processo ainda requer um espaço de
tem po m uito grandeeé m uito trabalhoso. É precisoque eleseja
mais im portan te para nósdo quetodas asoutrascoisas.
Sua atitude é m uito positiva e não quero desencorajá-lo,
mas mesmo o Mahayana diz que se leva trinta e três kalpas —
muitas e muitas vidas — para se chegar à iluminação. Podemos
ver a importância de agir sempre com sabedoria e, até mesmo,
tentar fazer isto, mas nossos apegos aindase interpõem em nos
so cam inho. Às vezes a nossa boca é maisrápidado queo nosso
coração.

Porém, de acordo com o Mahayana, uma vez queo desejo


de nos tornarm os iluminados nasce na mente, algoacontece in
conscientemente dentro de nós. A prin cípio , talvez vamos mes
mo trabalharcontra estedesejoe criar maissofrim entopara nós,
mas é por intermédio deste sofrim ento quepoderemoselim inar
muitosobstáculosedespertar.
Quando começamos a buscar a iluminação, não há como
vo ltar atrás; a influência positiva desse desejo pela iluminação é
m uito grande. Mas precisamos aprender como proceder da fo r
ma mais eficaz. Nossas intenções podem ser boas, mas colocá-
-las em prática talvez seja d ifíc il. 0 que você.faz com seusape
gossamsáricosà com ida, diversões ou namoradôs?

 A lu no: Comecei a medesapegardessascoisas.


Rinpoche: Você as rejeita? De que modo você se desapega?

 A lu n o: É uma atitud e...


Rinpoche: Pode ser que a sua insatisfação o esteja levandoa re
nunciar aquilo de que você, na verdade, não gosta. A insatisfa-
ção é mu ito diferente do desapego. Podemos facilmentea brir
inflo do que achamos insatisfatório, mas é d ifícil renunciar ou 
tras coisas. Comer, dorm ir, divertir-se é mu ito importante pa
ra nós. Se você elim ina a diversão, então o que lhesobra?
O mundo está sempreconosco. Mas nãosabemos o que ele
vai nos apresentar amanhã: está em constante mudança. Talvez
estaremos nos sentind o alegres ou felizes, ou passando porso fri
mento e dor. Em outras palavras, não podemos confiar que os
nossos sentimentos permanecerão os mesmos de um dia para o
outro. Amanhã pode ser um dia m uito sereno, e talvez você se
sinta m uito feliz exatamentecomo está.

 A lu no: Às vezes, quando me sento para meditar, a meditação


não parece m uito imp ortante . O mundo parece mais impo rtante.
Oquequerdizeristo?
Rinpoche: Talvez você esteja começando a tocar a si mesmo. 0
mundo ó importante — você tem que oferecer ajuda. Encoraje-
-se a não se isolar em sua meditação, mas a estender a mãoem
direção aos outros. Quando fazemos da compaixão a nossa prá
tica, nostorna mo s plenosdealegria.

 A lu no: Então, tudo o que eu faça, não impoica o que, ainda é


samsárico.
Rinpoche: Talvez isto seja tud o oqueexista.

 A lu no: O que estou descobrindo é que o modo como venhovi


vendo e as coisasquetenho feito, na melhordas hipóteses, ain
da medeixam vazio.
Rinpoche: Sim. Em última análise, tudo é vaziu. Este é o ensi
namento básico. Mas este ponto de vista nãoé necessariamente
negativo. O Budismo não é uma filosofia negativista. Ao falar
sobre sofrimento, o Budismo está apenas tentando lidar com
as coisasda maneira com o elassão. Os ensinamentos nosaconse
lham a compreender nosso sofrimento de forma completa, para
que não mais precisemos dele.
Freqüentemente, nós nos impedimos de ver nossa situação
com clareza; não queremos assumir responsabilidade por nossos
atos. Ou, então, temos medo de mudar, porque isto ameaça de
mais a nossa segurança. O sofrime nto podeser o único modo de

25
podermos acordare verclaram entea naturezadanossa cond ição
samsárica. Quanto mais prontos estivermos para a d m itira reali-
dade do sofrimento em nossas vidas, tanto mais necessário se
torna fazeralgosobreesta questão.

 Alu no: Nós somos ocidentais, sem um modelo tradicional pa-
ra estes entendimentos. Como podemos ganhar a abertura de
que precisamos para viverem sociedade?
Rinpoche:Penso queos ocid entais estãoem condições de en ten -
derau tomaticam ente mu itos dos ensinamentos básicosdo Buda,
porque aqui há uma grande quan tidade defrustração. Podemos
compreender uma porção de coisas apenas estudando nossa p ró -
pria experiência na vida. O pró prio Buda adquiriusabedoriaem
função do curso natural de sua vida. Mas este caminhodemora
m uito, de modo que podemos querernosbeneficiardosensina-
mentos do Buda. Com freqüência, porém, os ocidentais têm o
conceito de queo Budismo é uma ''religião ''; de que é preciso
crer cegamente, sem compreensão; deque é preciso seguiras re-
gras de alguma outra pessoa. Mas o Budismo ouo Dharma é, na
verdade, a compreensão da realidade; ele pode ser constatado
pormeiodanossaprópriaexperiência.

 Alu no: Parece que estou estudando a mim mesmo, nãouma re-
ligião.
Rinpoche: Esta é a razão pela qual o Budadharma podesera pli-
cável a todas as pessoas. Todo s os seres vivostêm a o po rtu n ida -
de de experimentar, por si próprios, a verdade do que o Buda
descobriu.
 A A U T O -IM A G E M

O estado natural do nosso seréa atenção plena: umaaten


ção que não é voltada para uma dada coisa, mas queé um esta
do de experiência pura que abrange todas as coisas. De ntro da
atenção plena, nossa mente é equilibrada, leve, livre e flexível.
Não somos, no entanto, capazes de permanecer dentro desta
atenção plena, pois nossa inclinação imediata é querer saber
quem está vivendo o quê. Em conseqüência, a atenção plenace
de lugar à nossa consciência comum , que divide nossas percep
ções em sujeito e objeto, criando como sujeito uma ''auto-ima 
gem'', o "e u ". Mas oqueé, na verdade,este "eu "? Será quepo
demos, de fato, encontrá-lo em algum lugar na mente? Quando
olhamos com cuidado, vemos que o "eu " é simplesmente uma
imagem que a mente projetou. Este "eu " não tem realidadeal
guma em si;no entan to, nósotomamos como real e odeixamos
gerir asnossasvidas. 0 "e u ", então, obscurece nossaatenção ple
na e nos separa da nossa experiência, dividindo-a em um pólo
subjetivo e um objetivo.
Sob a influência da auto-imagem, perpetuamos ost» orlon
taçfío sujeito-objeto. Tão logo nos identificamos, começam as
comparações; logo em seguida surgem tendências A posso e no
egoísmo. A mente, então, põese o fazer discriminações e jolgn
mentos que provocam con flitos, Am ito Imagem forneceenergia

y/ 
a estes con flitos, e estes co nflitos , po r sua vez, alimentam a au
to-imagem. Deste modo, a auto-image m perpetua-sea si mesma,
tendendo a filtra r as experiências de forma a só pe rm itirespaço
para queas suas própriasestruturas rígidas funcio nem . Desprovi
dadeaberturaedeaceitação,aauto-imagemnosaprisionaemblo
queios e limitações. O flux o natural da nossa energiafica inter
rom pido , e a nossa sensibilidade de resposta, bem como a pro 
fundidade da nossa experiência, ficam com sua am plitude seria
mentetolhida.
 A fim de nos libertarm os da in te rferê ncia da auto-imag em ,
e para que o nosso eq uilíbrio natural tenha espaço para atuar,
precisamos prime iro ver quea auto-imagem nãoé umaparteau 
têntica de nós mesmos, que nós não precisamos dela, e que, de
fato , ela obscureceo nosso verdadeiro ser. Umaform a de conse
guir isto é dar um passo atrás e observar nossos pensamentos,
semprequeestivermosem meio a ferme ntação emociona l.

Mesmo quando estamos m u ito perturbados, é possível nos


separarmos da do r da emoção. Recue um poucoe, de fato, olhe
para a dor. Comestecon hecim ento, você podeverquea pe rtu r
bação é, na verdade, causada pela auto-imagem. Talvezvocê até
veja que muito de sua infelicidade resultou do fato de a auto-
-imagem levá-lo a ter expectativas que não poderiam ser preen
chidas. A auto-imagem é, ela própria, um tipo de fantasia, de
modo que ela tende a construir um mundo de fantasias. Este
fantasiar levanta uma quantidade m uito grande de energia, e,
quan do estas fantasias não se realizam, a energiafica bloqueada
esetransformaemfrustração.
Somos capazes de enco ntrar tod o tipo de razões racionais
para as nossas d ific uld ad es , mas um  exam e hon esto  pode i r
além destas razõese de scob rirq ue a nossa infelicid ad e advémda
identificação com a auto-imagem edo cum primen to desuas im 
posições. A auto-imagem nosdom ina e noscon trola,de manei-
r.i que ficamos presos por sua força e perdemos nossa indepen
dência.
Mesmo quando enxergamosa dificu lda de da nossa situação
o tentamos conscientemente p õr fim ao nossoso frim ento, nossa
nulo imagem muitas vezes nos leva a continuar a repetir expe-

Vtí 
riências dolorosas. Podeserque nãoqueiramosrealmente mud ar.
0 apego a uma auto-imagem é poderoso: talvez não queiramos
b uscar novas a lte rn ativ as  p or qu e  pressentimos u ma  p ossíve l
perda danossa “ identidad e".
Com frequência, nós realmentenosagarramosao nossoso
frim en to, pois o sofrim ento parece oferecer mais segurança do
que uma abertura para mudanças efetivas. Contudo, para expe
rime ntar felicidade verdadeira e equilíbrio em nossas vidas, te
mos que ab rir mão da causaque está na raizdo nossos ofrim en 
to:aauto-imagem.
No mom ento em que deixamos de servir a auto-imagem e
suas necessidades, todas as nossas dificuldades desaparecem, e
nossa energia é liberada para flu ir sem empecilhos. Estaenergia
pode então ser utilizada para incrementar, ainda mais, a com
preensãodenósmesmos.

Volte-se para de ntro de suasemoçõese, intencion alm en te,


faça-as fica r tão vívidas qua nto possível, deixandoque assensa
ções cresçam mais e maisem intensidade. Olhecom o a natureza
daauto-imagemédequereragarrar:estásemprecomexigências,
sempre querendo cada vez mais. Ao alimentarmos a auto-ima-
gem, perpetuamos aqu ilo que nunca poderemos essencialmente
satisfazer. Por fim , temos dificuldade em encontrarqualquert i 
po de satisfação, pois a tendênciaa agarrartransform a a satisfa
çãoemfrustração.
 A frustração leva a sentim entosnegativos, masq ua lq u er ne-
gatividade co nflita com a qualidade positiva inerente à energia
mental. A transformação dos sentimentos negativos ocorre na
turalmente quando cultivamos uma atitude positivae deaceita
ção em reiação a todas as experiências. A energiaque d aí resul
ta pode nos to rn a r mais criativos, maisatentos, maisabertos pa
ra aprender. Essa energia pode se opo r à ação da auto-imagem ,
quese alim en tade nega tividade e redobrasuas forçasacada fru s
tração queatravessa.
 Assim qu e passamos a co nhece ra auto-imag em p o r a q u ilo
que ela é, sabemos que podemos mudar, que podemos desen
volver flexibilida de em nossas atitudes, sem renunciar a nada.

29
perguntaram onde estava seu belo damaru, com o qual haviare
zado pela manhã. Nas manhãs de todos os dias anteriores, ele
havia contado como conversara com demónios e com que es
perteza os havia subjugado. Mas, desta vez, nada disse. Mais
tarde,desistiudapráticado chod  porcompleto.

Quando praticamos, âs vezes parece queexistem demônios


reais e medos reais. Podemoscontro lá-los co m o simpleseventos
mentais, mas, quando surgem situaçõesatem orizantes, fica mais
d ifíc il fazer face ao medo. Podemosnão ser atacadosp ordem ô
nios em forma física, mas há toda uma série de diferentes obs
táculos que podem surgir; embora não tenham substância algu
ma, quan do osaceitamoscom o reais, nósosto rnam os reais.
 Assim que vemos problem as surgindo , podemos agir; qua n
do estamos sempre alertas aos obstáculos, podemos desafiá-los
logo cedo e nos proteger. Considerem a morte. Não gostamos
nem mesmo de pensar sobre ela; contud o, chegará um tempo
em que seremos separados do nosso corpo , quando nos encon
trarem os sós em nossa consciência. Ao fin a l, nossas vidas parece
rão como o sonho de uma noite— umsonhom uito longo,com
todos os tipos de experiência, mas, ainda assim, um sonho de
uma só noite.

O fa to dequetemosque m orre r não é uma idéia agradável,


mas se superarmos nossa relutân cia em pensarsobre ela e desen
volvermos consciência da m orte, poderemosnosprotege rdom e
do e da confusão mental que sobrevêmquando a morte nospe
ga de surpresa. De repente, somos forçados a ab rir mãode nos
sa fam ília, amigos, entes queridos e pertences. Quandoa mo rte
chega, nada pode nos ajudar: nessa hora, nossa inteligência,
nossa beleza, nosso dinheiro e nosso poder não têm nenhuma
serventia. Nós compreendemos, novamente, o quanto o mundo
é bolo — os jardins, asárvores, as montanhas,aspessoas— eaesta
compreensão segue-se a profun da mágoa dequesomenteaprecia-
mo:» <i vida, deverdade, quando estamos prestes a mo rrer. A vida
éinacreditavelmentebela.Mastemosquedeixarestelugarmaravi
lhoso; não podemos sequer levar conosco o nosso corpo.

40
0 medo da morte é extremamente poderoso; é, de longe,
mais intenso do que qualquer outra emoção. Quando estamos
frente à morte, podemos tentar ignorá-la ou rezar, mas, de fato,
nada ajuda. Ainda mais potente do que a dor física é a dor do
medo. Até a palavra "m o rte " nos parece assustadora, visto que
denota um fim. Podemos acreditar que a consciência e o corpo
são a mesma coisa e que, se o corp o morre, entãoa consciência
deve cessar também . Mesmo se acreditamos que a nossa consci
ência sobrevive depois que o co rpo morre, sabemos que na m o r
te eles têm que se separar, e a idéia de abrir mãodo nosso corp o
nos faz sentir m uito perdidos e amedrontados.
Todavia, à medida que aumenta nosso entendimento do
significado da existência humana, é possível verquea m orte não
é uma separação mas, sim, uma transformação. Quando conse
guimos ampliar nossa perspectiva, podemos ver que a vida não
pode ser perdida e não pode desaparecer. Conforme o entend i
mento cresce, o medo declina. A morte se torna um excelente
mestre.

Vida e morte constituem partes de um processo ind efini


damente co n tín u o de mudança e recriaçãosutis;este processo é
como uma roda sempre a girar. Uma vez quetenhamos estabele
cido nossos padrões cármicos, não temos, conscientemente,
que dar impulso à roda — ela gira porsi própria. Quandocome
çamos a compreen der este processo, aía morte não parece mais
tão assustadora, porque sabemos quevamoster uma outra o p o r
tunidade, enquanto a roda continua a girar. Como no caso de
qualquer medo, é o rótulo que gera o medo, não o objeto do
medo em si mesmo.
Quando desistimos de rotular nossas experiências como
sendo de alegria ou dor, juventude ou velhice, vida ou morte —
podemos encon trar nelas um certo interesse desapegado. Pode
mos até ter uma atitude lúdica em relação a elas. Podemosnos
colocar em diferentes perspectivas segundo a nossa vontade;
nenhum medo de uma experiência em particular nos domina.
Neste nível, morte se torna apenas mais uma palavra para mais
uma experiência.

4 I
Infelizmente, nos Estados Unidos, a morte é um assunto
tabu. Seria de ajuda para nós sea m orte fosse reconhecida mais
abertamente como parte natural daexistência, e não como uma
grande tragédia. Ao entender a impermanência da vida, pode-
mosvalorizarplenamentecada mom ento. Aconsciência da m or-
te nos ensina a desfrutar a vida, não possessiva ou em ocional-
mente, mas com simplicidade, preenchida pela beleza e cria tivi-
dadedeumviverpleno.

 A me dida que nos damos co nta da nossa re sponsabilida de


em fazero me lhor de nossasvidas,podemoslida r maisfa cilm en -
te com a idéia dam orte. Quando encaramosa m ortecom o uma
transformação e nãocomo umfim, o medogeneralizadoda m or-
te perde seu pode r sobre nós, e a energiaatéen tão presa no me-
do deixa de ficar bloqueada. Podemos então usar esta energia
para ter uma percepção mais intensa da beleza inerente à rica
textura da nossa experiência. Nãoteremosressentimento algum
quando chegar o mo m ento da nossa morte. Saberemosque faze-
mos parte da natureza da existência, parte do cosmos, na vida
atual e depois.
Nosso corpo humano é um veículo preciosod ecrescime n-
to e experiência, o único meio peloqual podemos nos iluminar.
Mas precisamos utiliz ar nossocorpo humano para este fim , pois,
na hora da morte, nossa melhor companheira é uma mente ilu-
minada.
Nossa tarefa, po rtanto , é fortalecer nossa meditação, fazer
da nossa mente um cristal, de sorteque não haja separação entre
o interno e o externo. Então, "om alguma compreensão da na tu-
reza da iluminação, todos os medos se dissolvem, inclusive o
mais poderoso dos medos, o medo da morte. Os canais que le-
vam à iluminação se abrem e todo o nosso ser se transforma.
 Antes, estávamos dorm in do um sono in quie to , ch eio de medo;
agora, estamos acordando. Assim que estivermos inteiramente
despertos, iremos compreender a qualidade iluminada da nossa
mentenatural.
M ED ITAÇ ÃO : DE IXE SER O QUE F.

O ensinamento do Buda corresponde a um modo de vida.


É um caminho para se viver uma vidaequilibrada,serena e pro 
veitosa: um caminho que nos oferece uma saída para a série in
findável de problemas e lutas que enfrentamos na vida. Pode
mos descobrir este caminho na meditação, umavia que nosabre
paraosignificado da iluminação.
Embora a meditação seja, na verdade, m uito simples,é fá
cil nos confundirm os com as muitas e diferentes descriçõesdas
prática^ meditativas. Esqueça-as todas e apenas sente-se em si
lêncio. Fique m uito quieto e relaxado, e não tente fazer nada.
Deixe tudo — pensamentos, sentimentos e conceitos — passar
por sua mente, sem atrair sua atenção. Não agarre as idéias ou
pensamentos à medida que vêm e vão, nem tente manipulá-los.
Quando você acha que tem que fazer alguma coisa em sua me
ditação, apenas a torna mais d ifíc il. Deixe que a meditação se
faça po rsi mesma.
Depois de ter aprendido a deixar os pensamentos passar
por você, eles diminuem de velocidade e quase desaparecem.
Então, atrás do fluxo dos pensamentos, você sentirá uma sen
sação queco nstitui a base da meditação. Quando entrarem co n
tato com este lugar silencioso que há por trás de seus diálogos
internos, deixe que sua consciência deie fique mais forte. Você
pode simplesmente repousar nesta quietude, porque, nela, não

43
[iá nada a fazer; não há m otivo algum para produziralgumac oi
sa ou pararalguma coisa. Apenas deixetudo ser.
Quando meditamos deste modo simplese receptivo,a qua 
lidade meditativa gradualmente se torna mais pronunciada e sua
experiência, mais imediata. Após cada meditação, a luz desta
experiência permanecerá e se fortalecerá com a prática. A m edi
tação simplesmente vem por si própria, como o Solda manhã;a
atenção interio r, uma vez tocada, irradia-se naturalmente. To da 
via, encontrar esta atenção inte rior requerprática diária, de m o
do queé imp ortan te reservar tem po para a meditação.

À medida que perseverarmos em nossa prática, saberemos,


ao examinar nossas vidas, se estamos no caminho certo e se a
nossa meditação é eficaz. Quando a nossa mente está serena e
mais amorosa, quando as nossas emoções são constantese está
veis, e a nossa vida transcorre sem tropeços,então sabemosque
estamosprogredindo.
O silêncio interior que brota da meditação alivia a tensão
destes tempos de mudanças rápidas, em que é tão fácil perder
mos nosso senso de estabilidade e de equilíbrio. Ao tenta rfazer
coisas demais em tempo m uito curto, podemos ficar agitadose
transtornados. Porém, quando nossa mente está relaxada e
quieta, a vida se torna simples e equilibrada, livre de extremos
que nos descontrolam. Quando estamosequilibrados,somossau
dáveis — o corpo fica relaxado e a mente serena. Tornamo-nos
isentos de confusões, decepções e ilusões. Aprendemos a nos
orientara partir da nossa experiência da meditação.

O equ ilíbrio é de importância capital, até mesmo em nos


sa relação com os ensinamentos espirituais. O Dharma, por
exemplo, é um pouco com o muitas facuidades e universidades — 
r nos oferecida toda uma variedade de matérias interessantes, e
podemos desperdiçar nosso tempo e energia tentando aprendê-
las todas. Um granoe mestre disse uma vez que ocon hecim en-
!<> e como as estrelas da no ite — não podemoscon tarsua imen
sidão. Por isso, é melhor não tentar fazer tudo de uma só vez,
inrMiii)nocampoespiritual.
A princípio, é importante nos concentrarmosnaquelesen
sinamentos que são, de forma mais imediata, relevantes para
nós — ensinamentos em relaçãoaos quais nóstemos umaform a
ção. Caso co ntrá rio, jogamos fora o nosso tempo e ganhamos só
frustração. Contente-se em progredir gradativamente, passo a
passo, mantendo forte sua motivação e perseverando na prática
da meditação. É uma grande verdade que, no desenvolvimento
da meditação, o caminho mais lento é o mais rápido. Quando
cultivamos nossa meditação cuidadosamente, sem forçar, os
resultados serão sempre claros: embora possamos não perceber
o crescimento a cada dia, ele é constante. Este caminho não é
como uma chuva torrencial, que nos obriga a buscar abrigo; é
mais como a neve quevai suavementerecobrindo a terra.

Torne sua meditação descontraída, aberta — sem vigiá-la


ou forçá-la. As experiências da meditaçãovirão. Estas experiên
cias, em si, não são tão valiosas, mas podem co ns tituirumaf o r
ma de prolongam ento da meditação: certas experiências podem
tocar as sutilezas da mente e ajudar a esclarecer a natureza da
existência.

 A lu no: Eu tenho uma vontade m uito forte e freqüentemente a


uso para me induzir a relaxarou a suportar situaçõesdolorosas.
Qual è o lugar, ou a direção ou o uso correto da vontadena me
ditação?
Rinpoche: Este é o problema. Não há necessidade alguma de
vontade na meditação. Comumente, a idéia de exercer a von
tade é a de fazeresforço. A maioria das pessoas tem dificuldade
em não fazer esforço, em não fazer alguma coisa na meditação.
Mas, a vontade não ajuda; a mente é sensível e não pode ser fo r
çada. Quando tentamos forçar a mente, atrapalhamos a nossa
meditação.

 A lu no: Então,comoéquetentamos?
Rinpoche: Traga mais leveza para a sua meditação. Então,quan
do alguma dor ou auto-imagem ou quaiquer outra coisa o inco
modar, será mais fácil transcendê-ia. Quando sua meditação tem
uma qualidade pesada, "vo lun tária ", talvez não lhe seja possí 
'1'
que a mesma coisa. Não podemos dizer que seja exatamente o
mesmo, mas o sonho está m uito próximo da natureza da cons
ciência. O problema é que nós nos prendemos em distinções en
treos níveisde realidadedo mundo dossonhos edo mu ndo real.
Mas, se os examinarmos com bastante cuidado, constataremos
queosdoisestão m uito próximos. Durantea noite,quando algu
ma coisa aparece num sonho, o próprio aparecimento é, em si,
sem substância. O que aparece, o que vem, não pode ser visto.
Portanto, a figura, a imagem, o sonho, não existe. É a não-exis
tênciaqueestamosvendo.
Quanto mais profundam ente esta compreensão se estabe
lece, tanto mais flexível passa a ser nossa capacidade de viven-
ciar plenamente a vida. Ao perceber mais a fundo a naturezado
processo do sonho, podemos chegar mais perto da realidade
que se encontra dentro do sonho. Podemos vir a conhecer nos
sos sonhos tão bem que conseguimoscontrolá-loscom o umate 
levisão. Esse conhecimento pode então ser utilizado, na nossa
realidade do estado de vigília, para mudar nosso modo de pen
sar. Podemostransfo rm ar umdragão num nenezinho.
 A lu n o : Mas não podemos fazercom quetodasas outras pessoas
acreditem nisto.
Rinpoche: Não, essa realidade é individual. Geralmente, não po 
demosveros sonhos unsdos outros. Quando estamossonhando,
aquele mundo é todo o nosso mundo consciente. Naquele m o
mento, é possível ver o quanto podemos manipulá-lo, refiná-lo
e transcendê-lo — o quanto podemos jogar. Gradualmente, per
cebemos que, sendo nós mesmos uma projeção, somos tão fle
xíveis quanto as outras imagens. Assim, podemosaprendera nos
mudar também. Além disso, conforme nos desenvolvemos psi
quicamente, é possível que possamos compartilhar dos sonhos
dosnossosamigos.
 Alu no: Na noite passada, sonhei que estava em pé num campo
amplo. Enquanto estava lá, sem nenhum esforço, desci escorre
gando por um caminho coberto de areia e pedregulho. Era um
prazer maravilhoso. Nunca tinha feito isto.
Rinpoche: 0 sonho que você estava projetando era livredas li
mitaçõesdo tem po ou dascategoriasdoque é "re a l"ou "irr e a l".

87
Tanto o estado de vigília quanto oestadodesonosãoco mo es
pelhos. Você estava olhando para o seu rosto no espelho, que
nesse caso era o sonho. 0 sonho em si mesmo não tem funda
mento algum. É como uma bolha; a imagem não tem uma se
mente. Onde estão as imagens do sonho de ontem à noite?
Paraondeelasdesapareceram?

 A lu n o : E as imagens que chegaram à minha percepção ontem,


em meu apartam ento; elas também se foram. Há,aparentemen
te, dois sonhos acontecendo — um que temos quando estamos
dorm indo e ou tro que temos o resto do tempo. Elessãoa mes
macoisa?
Rinpoche: Sob alguns aspectos, eles são a mesmacoisa;sob ou 
tros, não. Basicamente, há dois tipos de experiência na vida:o
estado de vigília e o estado de sonho. E como um ponto que,
por alguma razão, tem dois lados. Se vocêque rseconvencerde
que sonhar não émais ilusório doqueestaracordado , lembre-se
das vezes em que você está sonhando, mas não dormindo —
quando vocêsubitamentese dácontadequeestáemalgum lugar,
mas não sabe com o foi parar lá. Ou vocêvê imagensfantásticas
que fazem você rir ou chorar. Estas imagens são m uito seme
lhantes, tanto no estado de sonho com o nodevigília. Comfre 
quência, durante o dia, ficamos tão presos em imagens oníricas
que perdemos devistao lugarondeestamos. É com o viver num
mundodeficção.

 A lu n o : Parece que tudo é uma ilusão,e estepensam ento me as


susta.
Rinpoche: O quevocêquerdizercom "assusta” ?

 A lu n o : Quero dizer que estou vivendo em uma não-realidade


agora.
Rinpoche:Masissosignificaquevocêestácomeçandoacompre
ender. Talvez você nãoperceba por inteiro a experiência quees
tá acontecendo, mas você tem uma noção, umanoção interpre-
liitiva. Com o você ainda nãoestá realmentevive nciando a expe-
riôncia, há o medo. Mas issotambém fazpartedo sonho.

HM
 A lu no: Há algum modo de nos livrarmosdesse medo?
Rinpoche: O medo faz parte do vão, da separação que vemos
entre o sonho e a realidade do estado de vigília. Mas, na verda
de, a natureza de toda a nossa experiência é a de um sonho. D i
gamos que eu tenha um sonho em que um tigre,um cachorro e
uma cobra estão todos me atacando, e eu sinta medo. É apenas
quando acordo de manhã que percebo que todo o programa do
sonho fazia parte de mim . A mesmacoisaacontece quando você
se torna ilum inad o: nesse mom ento, você sedá contadeque to 
do o samsara faz parteda sua própria criação. Você está criando
todaasuaexperiência.
Quando temos experiências com sonhos à noite, podemos
aplicar o que aprendemos nesses sonhos para torna r as nossas
vidas mais fáceis e sadias. Passar do estado de sonho para o es
tado de vigília é como cruzaruma ponte,de um nível deconsci
ência para ou tro. Com atenção plena e prática, podemos fazer
umaviagemdivertida.

 A lu n o: Eu consigo me ligar nisto. Mas, me ligarem coisascom o


ver o sofrimen to e a morte como um sonho, parece errado, por
alguma razão.
Rinpoche: O problema é que você não respeita osonho ou não
acredita realmente nele. Em alguma medida, vocêganhou cons
ciência da qualidade onírica da sua experiência, mas você não
percebe, ainda, que o sonho é o quevocê está vivenciando. Não
é tão-somente uma idéiasobrepostaà situação.

 A lu n o: Se eu pensar que a m orte faz partedo sonho, então não


vou sentir a realidade da morte de uma pessoa, nem como ela
meafeta.
Rinpoche: Se você de fato acreditasse que a realidade é um so
nho, então não se relacionaria com a morte a pa rtir do espaço
limitado que diz que a morte é uma coisa ruim, sofrimento,
ch oro... Um outro ponto é que não devemos pensar no sonho
como abrangendo apenas objetos externos. Na verdade, todo o
nosso senso subjetivo, todas as nossas percepções, toda a nossa
consciência — tudo — é um sonho. 0 sonho não consiste sim
plesmente nas imagens da nossa percepção.
 A lu n o : Então, se eu quero fazeresta prática, devo ficar me di-
zendo isso,com uma voz na minha cabeça?
Rinpoche: Não, perceba o fato diretamente. Quando você ten-
taforçarouseconvencer,nãofunciona.

 A lu no: Como ficam as coisasquandovocêse dá conta de quet u -


doéumsonho?
Rinpoche: Ficamm uito , m uito interessantes,além deprazerosas.

 A lu no: É por isso que podemosdizer quesamsara é nirvana?


Rinpoche: Sim. Isto parece bem próx im o docam inho.

 A lu no: Oque acontece quando vocêpassa a saber?


Rinpoche: Mesmo as coisas mais difíceis se torna m divertidas e
fáceis. Quando você compreende que tudo é como um sonho,
você alcança a atenção plena. A maneira de alcançar esta aten-
çãoécompreenderquetodaaexperiênciaécomoumsonho.

<)()
O LÓTUS DO SONHO

Nos sonhos, podemos fazero impossível — podemostrans


form ar nosso corpo, usardetelepatia e atévoar. Nossoestadode
sonho é como sondar as profundezas do oceano, ao passo que
nosso estado de vigília é como navegar na superfície do mar.
Como os sonhos não são elaborados de forma consciente, mas
brotam espontaneamente, conseguem se desviardos filtro s exis
tentes em nossa consciência do estado de vigília. Nossossonhos
podem nos levar a um conhecimento inalcançável em estado
desperto.
Todavia, nem sempre é fácil trabalhar com oestadodeso
nho, pois ainda precisamos usar nossos conceitos comuns para
entrar em con tato com as experiências oníricas. Há formas,p o
rém, de nossintonizarmoscom a densidade e o ritm o do padrão
dos sonhos, e, assim, explorarmos essa fon te de conhecimen to.
Uma delas épraticar certas visualizaçõeslogo antesde irmosdo r
mir.
A fim de favorecer este tipo devisualização,o ideal écriar
uma qualidade de sentimento adequada, relaxando-nos de mo
do pro fun do , imediatamente antes dosono. Em especial, relaxe
a cabeça e os olhos, os músculos do pescoço e as costas, e, por
fim, relaxe todo o seu corpo. Solte todaa tensãoe, limpando a
mente tanto quanto possível, simplesmente fique deitado e res

91
pire de forma muito lenta e suave. Deixeseu corpo esua mente
sentiremaqualidadeleveereconfortantedorelaxamento.
Em seguida, conduza a mente da maneira delicada como
você, talvez, conduziria uma criança pequena. A mente gosta
muitíssimo de sentimentos; por isso, faça-a assentar-secom sen
timentos calorosos, alegres e tranqüilos. A mente pára de ficar
pulando de um lugar para ou tro ; suas preocupações e conceitos
vão desaparecendo e você será capaz de relaxarprofundamente.
Agora,vocêestáemcondiçãodevisualizardemodoeficaz.

Quandovocêestiversesentindobemcalmoesereno,visua
lize uma flor de lótus linda e suave, em sua garganta. O lótus
tem pétalas rosa-claro que se curvam ligeiramente para dentro;
e, no centro deste lótus, há uma chama luminosade corlaranja-
avermelhado, que é clara nas bordas, passando a umatonalidade
maisescura nocentro. Olhando com bastantesuavidade,concen
tre-se na ponta da chama, e continu e a visualizá-la tanto tempo
quantopuder.
Esta chama representa a atenção pura, que tem a mesma
qualidade luminosa da energia do sonho. As experiências da
nossa vida no sonho e no estado desperto têm características
diferentes. Mas, visto que sua estrutura é essencialmente a mes
ma, a atenção plena de um estado pode passardesimpedidapa
raooutro.

Continue a manter a imagem do lótus e da chama. À me


dida que você faz isto, observe como os pensamentos surgem e
como a imagem visual do lótus se entrelaça com eles. Note
como esses pensamentos e imagens refletem as suas próprias
associações, passadas e presentes, bem como as suas projeções
futuras. Observe este processo, mas continue a seconcentrarno
lótus, de modo quesua visualizaçãopermaneça clara.

Pode ser que outras imagens continuem a entrar em sua


mente, e talvez você sinta que não possa conservar a mente li 
vre de pensamentos nem por um minuto. Não se preocupe com
eles; apenas observe o que acontece,seja o quefor. Emboraou 
tras imagens e pensamentos apareçam na mente, enquanto ofio
DIMENSÕES DA MEDITAÇÃO

 A experiência m editativa possui muitas dimensões. Pode


mos ter uma experiência linda, mu ito satisfatória e agradável,
mas esta experiência ainda é limitada, porque "pe rtenc e" a um
"eu ". Há um quadro de referência a pa rtir do qual reagimos e,
portanto, iremos perder a experiência. Deste modo, continua
mos a ter nossosaltos e baixo s. Maistarde, podeser que a nossa
experiência meditativa se expanda, tornando-se ilim itada: sem
um pon to de referência, sem um centro. Tudo,sem exceção, faz
parte da meditação. Isto pode levar ao terceiro estágio, onde
não há distinções a serem feitas. Nós acordamos e vemosquea
realidade e a verdade não são apenas unidimensionais, mas, co 
mo uma pedra preciosa,possuem muitasfacetas. Este nível co n
sistena atenção pura.

 Aluno: N o nível da atenção pura, nós temos pensamentos mas


estamos, de algum m od o, além dospensamentos?
Rinpoche: Estamos acima dos pensamentos, nos pensamentos,
fora dos pensamentos. Podemos ainda ver os pensamentos, mas
não nos envolvemos com eles. Elesapenas iatem dem ansinho —
não mordemcom muita força.

 Aluno: Como podemoste rconsciência de queestamos m ed itan


do desta maneira?

100
Rinpoche: É possível alguémgastarm uitos anos praticando, sem
fazer progressossubstanciais. Mas podemos distinguirquando es
tamos meditando bem, pois nos níveis mais elevados de medita
ção não temos ciência de que estamos fazendo coisa alguma —
não há movimento reflexivo. Enquanto houver paredes, enquan
to houver parâmetros, vamos questionar e tentar medir o espa
ço. Mas, desde que entremos no espaço aberto da meditação,
não podemos dividi-lo deste ou daquele modo. As perguntas já
nãose aplicam mais.
Quando começamos a meditar, é importante abrir mãode
todos os pensamentos; libertarmo-nos do seu passado e do seu
futuro . No espaço entre eles, encontramos a meditação. Mas,
conforme nossa meditaçãose torna maisdesenvolvida, umaqua
lidademeditativa podeserdescoberta intrinsecamentedentro de
cada pensamentoe decada emoção. A meditação, então, passa a
ser uma partenatural de nós mesmos — uma experiênciaque po
demossustentarao longoda nossa vida diária.

 Aluno: Você está dizendo que podemos usar nossos problemas


do dia-a-dia como base para a meditação?
Rinpoche: Todas as experiências que vivemos, sejam quais fo 
rem, podem se tornar a nossa meditação; em nossa meditação,
porém, não devemos tentar classificar e selecionar. Nossa respi
ração, sentimentos, tensão muscular, desejos, ego, voracidade e
confusão — tudo o que vivemos pode ser nossa meditação. A
meditação, na realidade, faz parte de nós e não podemos nos
afastardenósmesmos.
A meditação não só pode nos ajudara resolver nossos pro 
blemas, como também pode nos proteger do aparecimento de
les. O processo da meditação nos relaxa e nos acalma, de modo
que, quando quaisquer conceitos e emoções surgem, eles não
nos puxam mais para o seu con texto. E, desta forma, seu poder
sobre nóscomeçaa sè dissolver.

 Aluno: Tenho uma tendência a confundir concentração com


tensionamento e esforço. Se eu entendo o que você está dize n
do, isto não é correto; eu devosermais descontraído.

101
Rinpoche: A meditação é uma concentração não rígida. Para o
principiante, a concentração requer esforço. Mas, embora haja
volição,nãodevehaverforça.

 Alu no: 0queéexatamenteoego?


Rinpoche: O ego está intim am ente relacionadocomvoracidade
e identidade. Mas, quando aprendemos a med itar, o ego começa
a perderseu podersobre nós.

 Alu no: Nomeuconceito,equacionoegocomconsciência.


Rinpoche: Mas este co nc eito está baseadoem certas imagensou
interpretações que surgem p or intermédio dosseus sentimentos
e sentidos — elas são apenas padrões, sem qualquer significado
substantivo. A pessoa que pode confiar em sua meditação des
cobre quea experiência não tem nome nem forma.
Muitas pessoas sentem que a essência e o ego são a mesma
coisa. Quanto mais profunda a investigação e mais refinada a
compreensão, mais forte o entendimen to de que não existe um
absoluto, uma essência, um ego. Estas são apenas paiavrasvazias
que não contêm nenhum significado.

 Alu no: Parece que, sempre que me dito, minha menteé constan
temente inundada por imagens.
Rinpoche: Às vezes, quando nos concentramos, imagens sub
conscientes — recordações e arquétipos — chegam à superfície.
Muitas experiências não conhecidas parecem pular para a cons
ciência. Algumas técnicas de meditação revolvem e inflam estas
imagens. Este tip o de exp eriên ciasignificaque vocêestá no cami
nho da meditação. A concentração, naturalmente, leva a taise x
periências, mas a concentração também leva para além delas.
Relaxe-se e abra mão do "observa dor". Tente não estar ciente
de coisa alguma. Use de paciência. Vo lte para den tro da sua me
ditação e tente ficar em co nta to com a sensação de relaxamento
pro fun do ... Conforme sua experiênciada meditaçãofo rsea pro
fundando,sua inquietud e irá naturalm ente declinar.
Portanto, não prestea tenção à quantidadeou qualidadeda
m m meditação. Apenas conserve-a aberta. Você é o centro da
m m meditação.
 A lu no : Freqüentemente, quando tento me concentrarou quan
dotentomeditar,ficocomdordecabeça.
Rinpoche: Então sua meditação está sendo rígida ou dura de
mais. Esqueça o conceito de meditação; sclte-se do sentimento
de posse. Quando você tem uma experiência boa ou má, você
sente que é o dono dela. Este segurar gera contração. Quando
conseguir abrir mão da experiência, suas dores de cabeça irão
desaparecer. Muitas vezes, somos cuidadosos demais com a me
ditação, e agimos como se estivéssemosnum quartocom um be
bê do rm ind o: qualquer barulho fará o bebêacordar. Precisamos
relaxaresoltarestaatitude.
Seja gentil com o seu corpo. Massageie com delicadeza os
músculos do pescoço para que ali a energia se movimente livre
mente. Solte todas as suas tensões e resistências. Vocênão pre
cisa fazer nada em particular. Seus olhos, mãos, estômago, os
sos e músculos estão todos tom and o conta de si mesmos. Deixe
suaatençãopurafluirpeloseucorpoemente.

 A lu n o : Mas não é necessário quea pessoa no caminho espiritual


tenha algum tipo deguru ou instr utor pessoal?
Rinpoche: É m uito d ifíc il generalizar. Algumas pessoas, talvez,
precisem de umguru — outras, talvez, não. O único modo desa
ber é olha r dentro doseu coração e verse vocêconsegueprogre
dir, de fato , sem que seu ego ou seu auto-engano se ponha no
caminho.

 Alu no: Qual é o papel que a reiigião efetivamentetemadesem


penharna meditação?
Rinpoche: Religião e devoção são úteis — são um ou tro aspecto
da meditação. O sentimento religioso podeser m uito imp ortan
te, pois, assim que você crê e segue, sua consciênciasegue ta m 
bém. Enquanto você acreditare tive r fé e devoção, fará progres
sos.

 Alu no: Ela é apenas um ou tro instrumento?


 Rinpoche: Certo. Não é a única via, mas é um instrumento
muito importante.

103
 Alu no: Ela podese transformar num apego?
Rinpoche:Sim. Vocé pode se torna r apegadoao ouroou à m edi
tação, à sua casa ou a pessoas. Você pode se apegar a qualquer
coisa. Não há diferença:um apego é, ainda, um apego.

 A lu no: E a filosofia?
Rinpoche: A filosofia, antes de mais nada, se ocupa de pensa
mentos e conceitos. Os pensamentos e conceitosvãose refinan 
do e, então, ganham uma direção. Essa direçãochega a um po n
to em que se torna uma regra e, depois, um sistema. 0 sistema
cresce e, poucoa pouco, uma consciência ética se forma — certo
e errado, positivo e negativo, virtude e mérito, carma ruim — ,
coisas dessa natureza. Gradualmente, então,à medida quea filo 
sofia se torna um modelo, passa a ser restritae amarrada a m ui
tosdetalhescomplexos.
Quanto mais perguntas formulamos, mais perguntas pas
sam a existir. Porfim , percebemosque nãoprecisamosfazerper
guntas, pois não há respostas definitivas. Mas, se não começar
mosfazendo as perguntas,talvez nunca iremos nosdarcontadis
to. Em certo sentido, nosso conhecimento comum não é inú til,
porque nos ajuda a aprender como dar respostas... mas ele tam 
bém nos mostra que as perguntas nãotêm fim. É comoesfregar
dois pedaços de madeira um no outro. Eles se aquecem e aca
bam consumidospelo fogo. Assim é o conhecimento intelectual.
O único modo de não dar respostas é perceber, de finitiva
mente, quenão há respostas. Dar respostas não é a resposta. Dar
respostas co ntrib ui para as perguntas, e elas meramenterepetem
o ciclo. As perguntas e respostas não levam a lugar algum; elas
se reaümentam umas às outras.

 Alu no: Porque você nos incentivou a fazerperguntas?


Rinpoche: Nós temos pensamentos, e expressá-los é algo que po
de ajudar. Quando fazemos perguntas, podemos ver onde esta
mos. Indagar é uma forma deconhecer;outra é por meioda ex
periência. Quando ambas ocorrem ao mesmo tempo, é ótimo ,
mas às vezes não conseguimos sentira experiência. No final, tu 
do se torna umasó coisa e não há diferenças.
Perguntas e respostas não levam m uito longe, mas podem
representar uma experiência ú til, e não algo a ser rejeitado.
Quando descartamosa filoso fia ea compreensão intelectual,iso
lamo-nos de uma parte im po rtan te denós mesmos. Quando esti
vermosvivendo, estudando e trabalhando no mundo, precisare
mos fazer esse tipo de exercício tanto quanto possível. Mas,
quan do estivermosm editan do, nãodeve haver indagações.
Quando você estiver intelectualm ente confuso, tente,com
a meditação,sen tira confusão;trabalhe com ela. Istonãoé uma
perda de tempo — tudo é um processo deaprendizagem. Quan
do você acorda pela manhã, perceba que aquele é o mom ento;
ali está o desafio. Tente aprender a cada instante; suas aulas
ocorrem na vida diária. Vocêestá participand o dejogosnocam
po da meditaçãovinte eq uatro horasp ordia. O desafioé: "Que
lado está ganhando:o positivo ou one gativo?" " 0 queestamos
conseguindo?" Em um sentido últim o, não há nem ganho nem
perda; mas, até que entendamos esta verdade, continuaremos a
nos envolver com ganho e perda. Portanto, por ora, nós traba
lhamoscomoquetemos.

105
PENSAMENTOS

Quandosomos
Quan dosomosca capa
paze
zessdeaq
deaq uiet
ui etar
arnos
nosso
soc
corp
orpo,
o, respiração
respiração e
mente
mente, , surge natura
naturaimen
imentete uma
uma sensação muito confort confortável
ável e
apaz
apazig igua
uadodora
ra.
. E, à medida
medida que expandimos
expandimos essa sensação, ve- ve-
mos que,
que, dentro
dentro deia, nos senti sentimos
mos m uito em casa... pode podemo moss
vo lta r a essa sensação inúmeras veze vezesna
sna meditação diária. Pode-
Pode-
mos começ
começar ar praticando
praticando apen
apenas as uns poucosm
poucosm inutosa cada dia. dia.
Um dia,
dia, poré
porém,
m, conforme
conforme prolongamos
prolongamos estes perí períodos,
odos, vemos
que podemos
podemos meditarse
meditarsem m esforço. E, po r meio meio do contato repe-
repe-
tid o com essa sensação, nossa concentraçã o sedesen desenvo volv
lve
e na tu-
ralme
ralment nte.
e. Nosso progresso, no entanto, pode ficar ficar prej
prejud
udiicado
cado
se tentarmos interpretar essas sen sensaçõe
ções intelectualmente,
intelectualmente, pois pois
o processo do p en samen mento, ele próprio,
próprio, nos separa da expe expe--
riência.
Noss
ssoos pensa
pensamenmento tos
s fazem ta n to parte de nósqu
nósque,
e, mesm
mesmo o
quan
quando do estamos meditameditandondo, , tend
tendemos
emos a acei aceittar o mund
mundo o das
idéi
idéiaas e conceit
conceitos
os como a nossa real realida
idade.
de. Nós nos limitamos a
essa esfe
esfera
ra conhecida
conhecidae e, po r cons eguinte,
egu inte, limitam osa nossam edi- ed i-
taçã
tação.o. Enxe
Enxergrgam
amosos claramente
claramente esse efe ito quando quando examin
examinamosamos
de perto a natur
naturez
eza
a dos
dos pensamentos
pensamentos..

Quand
Quandoo surge um pensame
pensament
nto
o na ment
mente,
e, nós nos '"apega-
mos" a ele como
como se fosse nosso filho . Nós
Nós nos sen
sentimo
timos
s como
como

10(3
mães dos
dos nossos
sos pens
pensamamenentotos;
s; na realidade
realidade, , porém, ist isto
o é uma
uma
peça
peça quea mente nosprega sprega. . De fato, se observarmos comcuid com cuida a
do e tentarmos
tentarmos permperman anec
ecerer desapegados, pode podere remos
mos ver ver que
que
cada pens
pensame
amentnto
o surge e se vai vai sem umauma liga
ligaçã
çãoo efetiv
efetiva
a com o
subs
subseqü
eqüenente.
te. Os pens
pensam amenentotoss tendem a sererráticos, a pular de
uma
uma cois
coisa
a para
para outra,
outra , como cangcanguru urus.
s. Cada
Cada pensamento
pensamento tem sua
própria natu
nature
reza
za.
. Algu
Algunsns são lent lentosos eoutros
ou tros rápidos;
rápidos;um um pensa
nsa
mento pode
pode ser mu itopositivo,e
itopositivo,eo o próx imo , m uito nega negatitivo
vo.
. Os
pensament
pensamentos os estã
estão
o só de passag sagem, como os carros que passam sam
por uma estrada. Em sucessão muito muito rápirápidada,, um penpensam
sament
ento
apar
aparec
eceà
eà medidaque
medida que o últim úl tim o somesomede
de vis
vista.
ta.
À medida
medidaqueque um pensam
pensamen ento
to lev
leva ao pró xim o, pare parece
ce que
eles têm
têm uma cert certa
a dire
direçã
ção;o; mas, apesar da sensação de movi
mento, não
não há uma
umapr prog
ogre
ress
ssãoão verdade
verdadeira ira.
. Os eventos
eventosmen mentai
tais
s —
os pensa
pensamenmentotos
s—
— são como umfilmumf ilme: e: emboraexista umase umasen nsa
ção de continuidade, a continuidade,
continuidade, em si, é uma uma ilus
ilusão
ão cria
criada
da
pela
pela projeção
projeção de uma uma séri
sériee de imag image ens semelh
semelhant antes
es mas, na ver
dade,distintas.

À medid
medidaque
aque umdeterminado
umdeterminado pensampensament ento
o ou idéi
idéiaap
aapar
are
e
ce,
ce, ele come
começa ça a tomar forma, como umbe um bebêbê cres
cresce
cend
ndode
odentro
ntro
do útero.
útero. Ele se desen senvolv
volve
e por um certotempo
certotempo dentro de nós nós;
entã
então,o, "nasce"
"nasce" como
como uma idé idéiatotalm
iatotalm ente formada.
formada. Assi
Assimqu
mquee
o pensament
pensamento o emer
emergege,
,e
ele se põe a chorar;
chora r; precisamos
precisamos cuidarde
cuidar de
le. Os pens
pensamamenenttos são muito difícei
difíceis
s e exig
exigen
ente
tes.
s. É preciso
iso
aprendera lidar
lida r com eles
les demane
de maneiraadequ
iraadequada
ada..
Pela observação cuidad dadosa dos pens pensamamen
enttos,
os, pode
podemo
moss
aprender a experienciar dir diretam
etamen entte cada pensamento ou
conceit
conceitoo que
que brota.
brota. Se ficar
ficarmos
mos com
com cada penspensam
amenento
to de uma
manei
maneira ra delicada
delicada e habilid
habilidosa,
osa, podere
poderemos
mos sentir seus diferentes
padrões e tons. É isto o que se q u e r diz e r co m e ntra r na
experiência
experiência inte
in terio
rior
rou
ou tornar-s
tornar-sede
ede fato a experiência.
experiência.

A concentra
concentração
ção é importa
imp ortante
ntep
par
aras
aseeentrarem contato com
a ene
energia
rgia dentro de cada penspensamamen
ento
to,
, mas uma conc
concen
entr
traç
ação
ão
forç
forçad
ada
a não tem
tem efei
efeito
to algu
algum.
m. Forç
Forçar
ar pode parecarecer
er funcionar
funcionar
por períodos curtos
curtos detem po, mas, aí, novonovospen
spensa
same
mentntos
os con 
tinuam
tinuam a surgi
surgir
r e a conc
concenentr
traç
ação
ão falh
falha.
a. Quando
Quando estam
tamos lidan
lidan

107
do apena
penass pela meta
metadede com
com um pensam
pensamentento,
o, um ou tro já surge,
e depo
depoisis outro. Para evit
evitar
ar isto, é importante
importante con du zira ment
mente
e
delic
delicada
adament
mentee para uma unidir
unidireci
ecionai
onaiida
idade
de que
que possa se con
centrar
centrar plena
plenamen
mentete dentr
dentro
o da exper
experiên
iênci
cia
a inte rior de cada pen
pen
sament
samento.o. Por
Por meio
meio de uma
uma autod isciplina
isciplina branda,
branda, podemo
podemosgra
sgra
dualme nte desen
desenvo
volv
lvere
ere expan dir esta concen tração.

Quando
Quando estam tamos muito atent atentos
os,
, podem
podemos os nos
nos tornar cien
tes
tes do espa
espaço
ço que
que há entreca
entrecad da um dos
dospensa
pensamento
mentos.
s. Isto
Isto nãoé
nãoé
fácil, já que, tão rápi
rápida
da esutilm
s utilmente
ente um pensamento desa desapapare
reçça,
o pró xim o surge. Mas este processo tem tem um ritm o — e, e, quando
quando
nos sintoniz
sintonizamos
amos com esse ritmo , podemo podemos s verum
verum "vã o " entr
entre
e
os pensame
pensamento ntos:
s: um "espaço"
"espaço" ou um nível de consci consciênc
ência
ia onde
onde
os senti
sentidosdos não
não nos dist
distra
raem
em.. O espaço entre
entre os pens
pensamamenento
tos
s
tem uma
uma qualidad
qualidadedeedeaber
abertur
tura
a queé
queé m uito próx ima da qualida
de do vazi vazio.
o. Este espaço não é tomado por disc discri
rimin
minaçõ
açõeses ou
obsc
obscururececim
iment
entos
os.. Atingi
Atingi-l
-lo
o é como dardar um profun do mergu mergulh lho
o
no ocean
oceano; o; há uma vasta quietude.
quietude. Na superfície podem podem have haverr
inúmer
inúmeras as onda
ondas s mas, quand
quando o penetramo
penetramos s no fun do , há paz pro
funda e equilíbrio.
equilíbrio.
Esse espa
espaçoço entre os pensamentosé
pensamentosé semelhante ao interva 
lo entre este momentoe o fu tu ro : este pensament pensamento o já se foi mas
o pró xim o aindaindaa não exis
existe
te.
. De fato, esta prepresenç
sença
a de aten
atençção
pura não se envolvenvolveco
ecom
m pas
passado
sado ou fu tu ro ; nãose
nãose envolv
envolvee nem
nem
com a nossa idé idéia habi
habitu
tual
al do pres
presen
ente
te.
. Entrar em contato com com
esse espaço é como como fazer uma viagem a um outro mundo, mundo, e a
qual
qualiidade
dade da experiência é muito muito dif
diferent
erente
e daquilo
daquilo com que
norm alme nte nosde
nosdepapararamo
mos.s.

 Assim que encontramo


encon tramos s este
este espaço
espaço entre
en tre os pensamentos,
pensame ntos,
pode
podemo
mos
s expan
expandi di-l
-lo
o até que se transf
transforme
orme numa
numa expe
expeririên
ênci
cia
a
profunda e plen
plena.a. Conforme
Conforme expandimos
expandimos a calm calmaa do espaço que
que
há entre os pens
pensam amen ento
tos,
s, a mente
mente gradativamente
gradativamente vai perden
perdendo
do
sua inqu ietud e, e o estadtado natural da mente começa
começa a se reve
revela
lar.
r.
De início , é d ifíc il mant
manter
er esse esta
estado
do,
, porque
porque nossa mente
mente ten
de a se distrair
distrair com pen pensam
sament
entos.
os. Poré
Porém,m, à medid
medida a que des
desen
volv
volvemo
emos
s mais equilíbrio,
equilíbrio, a mente
mente gravi
gravita
ta com
com ma iorfacili
iorfacilidade
dade
para um níve
nível
l mais profun
profundo
do de aten
atençã
ção
o pura
pura.
. Quan
Quandodo apren-

10H
demos a sustentar esta atenção pura porperíodoscadavez mais
prolongados, ela se tornacom o uma luz interior, sempre radian-
te. Esta é a atenção pura intrínseca. Ela nos libertada confusão
e da seqüência habitual e aparentemente infindável dos pensa-
mentos.
Podemos expandir essa calma para além do nosso corpo,
para além, mesmo, deste mundo, e podemos sentir a amplidão
do espaço aberto, a sua ausência de centro. Nossa experiência
setorna viva, fresca,clara e positiva. Quanto mais profundam en-
te entramos neste espaço entre os pensamentos, mais poderosa
passa a sera nossa experiência.
Dentro do espaçoentre os pensamentos, vemosquea men-
te, em si, é espaço, que é transparentee sem forma. Vemos que
os nossos pensamentos, também, são abertos e desprovidos de
forma. Quando vivenciamos diretamente essa sensação de espa-
ço aberto, não ficamos mais confinados dentro das caixas dos
conceitos, palavras e imagens que, anteriormente, restringiam
nossaexperiência.
No espaço que há entre os pensamentosexisteapenasa qua-
lidade cristalina da atenção plena e pura. O passado e o fu turo
se dissolvem, porque esse espaçoestá além da esfera dosconcei-
tos... vasto, aberto, não se prendendoa nada, embora p erm itin-
dotudo.

 Alu no: Além de falara respeito de entrar no espaçoqueháentre


os pensamentos, você mencionou penetrar nopró prio pensamen-
to. Você poderia esclarecer isso?
 fíinpoche: Podemos aprender a simplesmente manter a nossa
atenção plena no mom ento, e apenassermos,sem criar qualquer
separação entre o nosso "e u " e o pensamento. Essa é a maneira
de atravessar ou penetrar um pensamento. Se tentarmos ana
lisar ou agarrar um pensamento, vamossemprepermanecer fora
dele. Nossos pensamentos nãoestão fora de nós; a realidade não
está em algum ou tro lugar.
Os pensamentos são um poucocom o bolhas quesobem no
mar. Dentro do pensamento em si, há uma atenção pura ou uma
clareza, leve e fresca. É importante contatar essa natureza inte-
riorao pró prio pensamento.
 A lu n o : Se eu pudesse entender todos os meus pensamentos e
atos,então...
Rinpoche: Mas, para isso, é preciso alguém que seja extrema
mente aten to. Nós não nos recordamosnem mesmodequantos
pensamentos tivemos hoje de manhã antesde levantarda cama.
Mesmo quando tentamos contar nossos pensamentos por uma
hora, e ver quantos pensamentos positivos, negativos e neutros
temos, não conseguimos nos lembrar deles; não conseguimos
nem mesmo lembrar dos pensamentos que estão atrás dos pen
samentos. Somente uma pessoa verdadeiramente desperta pode
aprender a usarcada pensamento, sem exceção,paradesenvolver
atençãopura.

 A lu n o: Com freqüência, você dizpara desistirmosda mente que


discrimina; no entanto, a palavra que significa sabedoria é, às
vezes, traduzida em certos textos como "atenção discriminado-
ra". Elesestãose referindo a alguma coisadiferente?
Rinpoche: O que chamamos de atençãodiscriminadoraé m uito
diferente da nossa discriminação comum ou da "percepçãode"
alguma coisa; é uma atenção pura intuitiva ,dotada de umaqua
lidade mais brilhante , mais elevada do que a percepçãocom um.
É um modo deco rtare atravessar nossa dependênciaem relação
apalavraseconceitos.
Esta atenção pura nos proporciona uma outra maneira de
ver, um ou tro ponto de vista a partir do qual observamosaex
periência. A consciência humana conseguegeralmenteverapenas
uma ou duas dimensões de cada vez, mas, com esta visão mais
profunda, o passado, presente e futuro juntam-se para formar
um só espaço. Todas as dimensões podem ser vistas ao mesmo
tempo.

 A lu n o: O que significa expandir o pensamento? Como é que o


própriopensamentopodesetornarmeditação?
Rinpoche: Primeiro, você percebe que um pensamento está vin
do. Deixe sua consciência entrar no pensamento; encontre o
seu núcleo, queéumaatenção pura esilenciosa dentro do pensa
mento. Isto significa ver. 0 pensamento,emsi,ébaseado na aten
ção pura: sem atenção pura, não há pensamento. Quando você

110
con tatar esta atençãoou energia, expanda-atan to quanto puder.
Faça destaexpansão do pensamento um exe rcício.
Ou, então, veja por este ângulo: um pensamento está aqui
e o próxim o pensamento ainda não veio; no exato momento
que o atual pensamento se vai, fique neste espaço antes que o
pró xim o chegue. Isto é que é expandir. Tão logoum conceito se
fo i, este é o lugar ondevocê permanece.

 A lu no: Fico me perguntando se expandimos um pensamento e


gostamostantodelequepodemosficarapegadosaele...entãoo
queacontece?
Rinpoche: Então isto é apego, manifestando-se sob forma do
próximo pensamento. Quando você está gostando de alguma
coisa, você está se segurando a ela; fica preso ali. Por isso,você
tem este pensamento; desta maneira, você está congelando a
meditação. É uma noção errada. Deixe os pensamentos irem —
agarrar-seaelesquebraameditação.

 A lu no: Ainda não entendo como ficarno espaçoentre os pensa


mentos.
Rinpoche: Para permanecer no espaço entre os pensamentos,
abra mão de qualquer qualidade que force a concentração, e
aprenda a não fazer esforçoalgum. Quando você consegue abrir
mão de qualquer idéia de preparação, mesmo num nível mental
m uito sutil, então você pode meditar muito naturalmente, sem
se focar em alguma forma em particular. Deste modo, sua men
te, de fato, se torna espaço; sua consciência e o espaço tornam-
se unos. A atenção pura é bastante semelhante à luz, e a cons
ciência, ao espaço. Sem espaço não pode haverluz.
A natureza reai da mente é livredeconceitos. Embora nós
falemos de um espaço "entre", este "entre", na verdade, não
existe. Não há um buraco determinado;mas, para alud irâ expe
riência. usamos palavras como "espaço" e "e ntre ". No nível da
superfície pode haver muitas manifestações, mas, num nívei
mais oro fun do e sutii, a mente é xotalmente abertae silenciosa.
Para contatar este lugar desilêncio, não ponha sua m edita
ção ou sua mente em "lugar'' algum. Apenas fique aberto, sem
se seaurar, sem centro. Assim que aprender a contatar direta
ALÉM DOS SIGNIFICADOS

Quando a tentativa de enco ntrar sentido para a nossa vida


leva a um interesse pelo caminho espiritual, fica logo claro que
'"caminho espiritual'" não significa a mesma coisa para todos. O
que para uma pessoa é a mais elevadaespiritualidade, para uma
outra é, muitas vezes, justamente o oposto. Então, como achar
mos a via correta? Podemos nos voltar para a filosofia a fim de
ob ter uma resposta, mas a filos ofia, comfreqüência, vem reves
tida de conceitos e teorias que achamos d ifícil de relacionar
com nossa vidado cotidiano.

Às vezes, esquecemos que as teorias podem ser postas em


prática. A filoso fia, por dirigir nossa atenção para questões que
afetam exatamente o cerne de nossas vidas,é freqüentemente a
porta que leva a compreensões mais elevadas. Esta é a razão da
importância de se estudar os textos que contêm os ensinamen
tos do Buda e os sistemas filosófic os quesedesenvolverama par
tir deles. Estas são apenas formas externas, mas são também fe r
ramentas valiosas — elas nos proporcionam meiosde irmosalém
das nossas limitações. Nós nos apoiamos nas palavras porque é
assim que os ensinamentos chegam até nós... as palavras apon
tamasdireçõeseosestágiosdocaminho.
Há sempre, porém, o perigo de que as formasexternas pas
sem a ser fins em si mesmas. Os conceitose significadostêm tan-

113
ta atração sobre a nossa mente conceituai que é fácil ficarmos
presos neles — ficarmos emaranhados nas palavras e perdermos
de vista as mensagens que carregam. As formas externas de to 
dos os tipos, quer asdo estudioso,querasdo monje, podem ser
armadilhas: podemos, com facilidade, pegar a forma e perdero
significado que está por trás dela. Podemos facilmente co nfu n
dir o dedo que aponta coma Lua. O caminhoespiritual não sig
nifica necessariamente passar a vida estudando filosofia e faia n
do sobre ensinamentos espirituais. A fim de queo caminho espi
ritual tenha valor real para nós, precisamos compreender suas
verdadesdiretamente.

Mas, como fazemos para aplicar os conceitos altamente


abstratos do Dharma às nossas vidas? A resposta se encontra na
meditação. Não é que vamos pensar sobre estes conceitos em
nossa meditação, mas, sim, que, por meio da meditação, chega
mos a compreensões que nosajudam a integraros ensinamentos
às nossas vidas. Somos inspirados a estudar estes ensinamentos
para obter novosinsights e aplicações. A meditação também usa
estas mesmas compreensões para nos ajudar a entrar em co nta to
com uma atenção pura inte rior, que podemos usar diretamente.
Conforme aprendemos a fazer uso desta atenção pura, a barre i
ra aparente entre a meditação e a nossa mente samsárica se
desfaz.
 A mente é m uito mais do que simplesmente o órgão em
que o pensamento ocorre. Sob um aspecto, a mente é o meio
pelo qual desenvolvemos a meditação. Num sentido mais amp lo,
a natureza da mente é a meditação. A meditação é o processo de
se trabalhar com o nível de menteque estamosexperienciando,
seja ele qual for.
O nível mais profundo é o da experiência direta. Ele ime
diatamente dá lugarà forma ção de imagens, e estas, por sua vez,
levam à interpretação dosconceitos. Este último nível,de inte r
pretações e conceitos, é o que geralmenteconsideramos como a
base da nossa realidade; mas, na verdade, estes conceitos são de
"segunda mão" — estão m uito afastados da experiência direta.
No nível dos conceitos e idéias, nós nos focamos nos signi
ficados, procurando, às vezes, por significados atrás dos signifi-
cados. Esta buscadesignificadosé com o perseguir palavras num
dicionário — uma palavra é explicada por outras palavras, que
são explicadas por outras, eassim pordiante. Mas, um significa
do, em si mesmo, não é nada; só tem valore m relaçãoa outros
significados. Passar de conceito em conceito, cada qual criado
pelo que veio antes, é umacaçadaquedesperdiçatem po ee ner
gia. Vistos desta form a, ossignificados assemelham-seao samsa-
ra — palavra que sugere o mo vimento circular de umarodaque
gira constantem ente. Não poderemos nunca nos libertar, atéque
compreendamos a inutilidade fun dam ental de perseguirmoseste
ciclo. Quando vemos que não temos que atrib uir significados a
coisa alguma, quando perm itimos que as coisas sejam simples
menteo que são,descobrimos nelas sua natureza intrínseca.

Visto que a busca de significados leva apenas a mais signi


ficados, como podemos fazer para pôr fim a esse cicio? Como
ob ter respostas sem colocar perguntas? Talvez as respostas que
estamos procurando encontrem-se além dos conceitos, além de
"respo stas". Isso nãoquer dize rquedevamos parardeusar pala
vras, conceitos e significados, mas apenas que há um ponto em
queelesdeixamdeterutilidade.
Isso é especialmenteverdade iro noscasosem quetentam os
buscar sentido na meditação. Na verdade, quando efetivamente
encontramos significado na meditação, algo está errado, porque
investigar o significado de experiências meditativas nos traz de
volta àquele ciclo inútil. Quando encontramossignificados, não
conseguimos penetrar além deles. Procurar por significados leva
apenas a maissignificados, mesmo na meditação.
Portanto, durante a meditação, não tenha expectativas.
Não ten te chegar a algum lugarou conseguiralguma coisa. Metas
lixas apenas representam conceitos adicionais — são projeções
mentais, viagensdecabeça,enão levamapartealguma. Aconcen-
ticição me ditativa não envolve uma atenção que seja assim ner
vosa. Nossa meditação deve sercom o escutar um somd istantee
vn /io; atenção em excesso somente produ z tensão.
Ter em mira objetivos específicos, tentar alcançar resulta
dos, é algo que impede uma concentração verdadeira. Nós nos
(involvemos novamente com significados e avaliações: con-

11 5
nossas ener
energi
gias
as flu íre m livre e serena
serenamen
mentete.
. Nesse esta
estado
do m ed i-
tat
ta t ivo
ivo relax
elaxa
a do,
do, nós pene
penettramos
amos em toda
oda a riquez
queza
a e profun-
didade
didade da experiência. Essa é a bele beleza
za e a potencialidade doser
doser.

■i<\
A I L U S Ã O DO A G O R A

Muito se diz
diz atual
atualmentmente e sob
sobre a import
importâncância ia de vive
viverm
rmosos
no pres
presen
ente
te,
, sobre a importância
importância do "a q u i" e "ago ra". Mas será
que
que há, na ver
verdade
dade,, um "agora"? Seolharmo olharmoscom
scom m uito cuida-
do para o que exat exatam amen entte é o "agora",
"agora", iremos talv alvez concluir
concluir
que ele não
nãoex
exis
iste
te.
. Talv
Talvez ez vejamosque
vejamosque não não há um "prese"pre sentente".
".
A princípi
princípio,
o, isto parece absu absurrdo:
do: eu tenhtenho o pensamen mentos
agora, e elesles acont
aconteceecemm para
para mim agora. Toda Todaa a experiên
experiência ciaquque
e
está acontecendoes
acontecendoestá tá,
,obviame
obviame nte, acontece
acontecendo ndo agora. Euestou
Euestou
aqui;
aqui;você está aí.
í. Posso falar com você; você você pode falarcom
fala rcomigo.
igo.
Não há dúvi
dúvida
da de que nos cons consiidera
deramo
mos s mutuamen
mutuamente te reais. É
tudo m uito simp
simplles.
es.
Não obstante,
obstante, a realirealidade
dade é diferen te para para cadaada um de nós.
Do meu ponto de vist vista,
a, vejo
vejo umauma coisa;
sa; do seu, você ocê vê outra.
outra.
Do meu ponto de vist vista,
a, eu sou o sujeito
sujeito da experi
experiênci
ência a e você
você ó
o objeto. Para você
você, , evidentemente, ocorre o inve invers
rso.
o.
Nenhum
Nenhum de nós vive ive exatament
exatamente e a mesma real realid
idad
ade.e. Mes-
mo se tent
tentás
ásse
semomoss duplicar, com absolu absolutata prec
precisisão
ão,, as circuns
circuns
tân
tâncias
cias de uma determinad
determinada a experiência
experiência, , nunc
nuncaasseria
eria exatamen-
te a mesma coisa. Se pudéss déssem emosos "d a r" a uma outra pessoa a
nossa experiência, a experiência não não seri
seria
a a mesm
mesma a para
para ela,
ela, pois
pois
ela
ela a veri
veria
a de sua própria
próp ria perspectiva. Nossas experiências,
experiências, nossa
real
realid
idad
ade,
e, depe
depend ndem
em da nossa consc consciêiênc
ncia
ia individual.
individual. E atéque
atéque

125
pon to essa consci
consciênc
ência
ia é está
estáve
vel?
l? Drog
Drogas
as,
, doen
doença
ças,
s, febre, calor,
fadi
fadiga
ga,
, podem
podem todos afetar
afetar profundamente nossa mente.
mente. Pode
Pode--
mos ver
ver drag
dragõe
õess ou figuras
figuras coloridas,
coloridas, ou a sala se mexendo. Sa-
bemo
bemoss que essas experiên
experiêncicias
as não
não são reais.
reais...
.. mas que é real
mas o que real?
?

Nossa
ossass sens
sensaç
açõe
ões,
s, percepções, pensamentos, reco nhec nh ecimimenen -
tos,
tos, lembra
lembrançanças,
s, experiências,
experiências, sentimentos, conceitos, emoções: emoções:
todos
todos são orgaorgani
niza
zado
dos
s sob form a de umpadrão,
umpadrão,dodo mesm
mesmom om o-
do que a estruestrutu
tura
ra de uma flo r é um padr padrão
ão.. Quand
Quandodes
odesmem-
mem-
bramos
bramos uma
uma flo r para
para verco
verco m o é feita, ela deixa
deixa dese
deser
ruma
umaflo
flo r.
Igual
Igualment
mente, e, quando
quando dividimos nossa experi experiênc
ência
ia em suas "p a r-
tes ", ela já não é mais
mais a mesmaexperiência.
Nossa experiênci
experiência a ha bitua l seencaixad
encaixad en tro de um padrão
dualist
dualista:
a: dividimos o mu ndo entreentre aque
aquelelequetem
quetem a experiência
experiência
(eu,
(eu, osujeito) ea quilo que é experienciado (ele (ele,o
,oob
ob jeto ). Assi
Assim
m
que
que temos
temos uma determinad
determinada a exper
experiêniênci
cia,
a, o eu (o sujeito)
sujeito) pensa
sobre a exper
experiêiênci
ncia
a (o ob jeto), ou a cons
considider
era
a de algu
algum
m modo.
Mas noss
nossosos pensamento
pensamentos s são apen
apenas as reflexosda exp eriên cia; não
pode
podem m ser a própriaexperi
própriaexperiênciência.
a. Em vezde formarem "e stru tu-
ras"
ras" isol
isolad
adas
as de experiência,
experiência, nossas experiexperiênc
ências
ias apar
aparec
ecem
em so- so-
brepostas
brepostas umaàs
umaàs outras.

 Ao
 A o te n ta r classi
cla ssific
ficar
ar e a rra n jar
ja r noss
nossas
as experi
exp eriênência
cias,
s, criam
cri am os
apenas umauma confus
confusãoão de cama camadadass e divi
divisõ
sões
es.
. Pode
Pode ser que cul-
pemo
pemos s as complexi
complexidades
dades da vida vida moderna
moderna por essas confu confusõesões.
s.
 Assim, tent
te ntam
am os s im p lifili fic
c a r as noss
nossas asvidas,a
vidas,a band
ba ndon onan ando
doaas
s nos-
nos -
sas repon
reponsab sabililid
idade
adess par
para viver no "prese nte". Maseste esteviver
viver no
"presente" acaba sendo ainda ainda uma
uma tentati
tentativa
va de agar
agarra rar
r a expe-
riên
riênci
cia,
a, ainda
ainda umsujeito queexamina umobjeto.
 As noss
nossasas próp
pr ópria
riass idéias
idéia s sobre o que sig si g nific
ni fica
a estar
esta r no
"present
"presente", e", ou estar aqui aqui "agora", cria criam
m raíz
aízes e nos enr enredam
edam
com suas complexidades. Onde está essa mente, mente, a minha mente
na qual
qual acreacredi dito
to que
que as idéai déaiss e as expe experriênc
iênciaias
s ocor
ocorraram?
m? Os
pens
pensam
amen ento
tos
s existem;
existem; nós nós temos um senso do presen presente; te; nósso-
nósso-
mos dotados
dotados de consc consciê iênci
ncia.
a. Mas, quando tentamosd eterm inar
com
com prec
precisisão
ão a experiênc
experiênciaqueiaque esta
estamo mos s de fato tendo, nãocnãoc on-
segu
seguim
imosos encon trar nad nada em nossa descr descriçiçãodaexp
ãodaexp eriênciaque
seja real mesmesmo.
mo. O que,que, na verd verdad
ade,e, encontramos,
encontramos, não não é nunca
nunca

1?(5
a realidade da experiência, mas apenas um conjunto de concei
tos que formamos sobre a nossa experiência. Quando tentamos
viver no "presente", partimos para ir além dos conceitos, além
do tempo, além das nossas experiências habituais; mas tudo o
que fazemos com nossa zelosa antecipação é reforçar nossa
mentedualista.

Como é possível, então, ir além desta superfície ou plano


relativo, quando até mesmo o desejo de iralém acaba nos impe
dindo de fazer isso? O primeiro passo é perceber que todas as
coisas que pertencem ao plano relativo, inclusive a linguagem,
as idéias e conceitos, são formas iguais às nuvens no céu. Elas
parecem sólidas; têm forma tos diferentes; elas se movimentam;
e, no entanto, não são tão diferentes do céu em que flutuam.
Do mesmo modo, criamos formas com as nossas diferentes ex
periências, por meio de emoções, imagens e conceitos. Desen
volvemos "enredos" que se assemelham aos dragões de nuvem
que deslizam pelo céu. Geralmente, consideramos essas expe
riências "iguais às nuven s" com o se fossem objetos reais, separa
dos denós. Mas, quand o comp reendem os quesão manifestações
de superfície, podemos relaxar e entrar em contato com o espa
ço sutil que se encontra além dos conceitos e emoções "seme
lhantes às nuvens", o espaço no qual não há dualidade alguma
entresujeitoeobjeto.

 A prin cíp io , é d ifíc il ace ita r que esse espaço vazio exista.
Como não temos desenvolvido o tip o de percepção queé neces
sário, temos dificu lda de em enten der a experiência. Porisso,p re
cisamos, primeiramente, ad qu irir uma compreensão intelectual;
depois, podemos, po r meio da meditação, nos abrir para a expe
riência efetiva. Por um lado, a compreensão intelectual apóia a
experiência; por ou tro, a experiência inspira uma compreensão
mais profunda. Elas se apro fund am juntas,em apoio mútuo.
Nosso entendimento intelectual é um mecanismode testa-
gem, um mecanismo que cria um meio de provar coisas de fo r
ma lógica. Essa faculdade é importante — mas, a partir de um
determinado ponto, ela se torna cada vez menos confiável, po r
que os conceitos e a lógica só nos levam até uma certa distância.

127
Somente a experiência pode nos levar além das imagens, além
dos conceitos e palavras, além do tempo. Mas isso não é a nossa
idéiahabitualdeexperiência...éatençãopura.
A meditação nos ajuda a deixar que os nossos conceitose
idéias cedam lugar a essa atenção pura e aberta. Na meditação,
fazemos nosso contato mais íntim o com o nosso lado experien-
ciai, ondeseencontraailum inação, a consciênciasuperior.Quan
do passamos diretamente para dentro de um momento qual
quer, quando dissolvemos as formas ou "nuve ns" dosconceitos
e cedemos lugar à experiência pura, descobrimos nosso grande
recurso — o espaço iluminado. Podemos garimpar nossa expe
riência para encontrar esse grande tesouro quese encontra den
trodecadapensamento.
Quando essa compreensão emerge, tudc passa a fazer parte
da meditação. Nós nos centramos no momento imediato da ex
periência e, noentanto, ainda participamosdesuasformasexter
nas, usando conceitos, gestos etc., para manifestar nossa expe
riência interior. Essa compreensão é umaverdadeira integração,
uma ligação autêntica de todo o nosso ser com a realidade da
experiência, com o "agora" que não é limitado pelo tempo ou
peloespaço.
É possível descobrir essa "rea lidade", esse "agora", duran
te a meditação. Nós a encontramos noespaço quehá tanto den
tro dos pensamentos como entre eles; esse espaço é um "te r
reno" silencioso e sereno que constitui a base da consciência.
Esse "terreno " é totalmente receptivo; todas as informações
provenientes dos nossossentidos se assentamaí, como sementes
semeadas num campo. As "sementes" incluem todas as expe
riências e toda a atividade mental, positiva e negativa;todas são
plantadas nesse "te rre no". Quandoas condiçõesestãopropícias,
as "sementes" brotam. Esse brotar, esse ganharvida é a ação do
carma. O "terreno"' para cada um de nós é o mesmo. O carma,
então, é o impulso que transforma esse terreno da consciência
na consciência singular de cada indivíd uo, dando lugar à cons
ciência individualizada do samsara.
A consciência, quando tomada isoladamente, não possui
quaisquer características determinantes. Podemosdizerqueeste
ó o sou aspecto "nirvâ nico". No entanto, podemosdizero mes-
mo com relaçãoà consciência "sa m sá rica"... a únicadiferença é
que, no plano samsárico, os pensamentos criam um dualismo,
um senso de sujeito e objeto, e um senso de separaçãoentreeles.
Nosso "agora" convencional discrimina entre "esta" pre
sença do agora e "aquela" presença do agora. Portanto, antes
que possamos de fato vivenciar a "presença da atenção pura ", é
necessário transcender esses conc eitos e esse processo de disc ri
minação. Até lá, não poderemos nunca saber, com certeza, se
a nossa consciênciaestá revelando a realidade ou a ilusão.

Há uma história sobre um vaqueiro quedesejava aprendera


meditar. Estava, porém, encontrando dificuldades, porque havia
passado toda a sua vida guardando vacas, e conhecia apenas os
costumesdos animais do campo. Um dia, seu mestre, Nagarjuna,
perguntou-lhe como sua prática de meditação estava progredin
do. O vaqueiro respondeu que, sempre que tentava meditar, as
caras das vacas entravam em sua mente. Nagarjuna, então, per
g u nto u : "Será que você conseguiria pensar, de modo ainda
mais vívido, no que vê? Você poderia praticar essa visualiza
ção po rseis meses?" O homem respondeu quesim.
Todos os dias, por oito horas, o vaqueiro se concentrava
firmemente, visualizando a cara de uma vaca. Depois de seis
meses, o rosto do homem ficou exatamente igual ao de uma va
ca. Nasceram-lhe até mesmo chifres! Quando Nagarjuna retor
nou e disse ao vaqueiro que era tempo de deixar sua casa, o
homem retrucou que não poderia, porque seus chifres eram
grandes demais para passar pela porta. Nagarjuna, então, disse-
lhe para meditar novamente do mesmo modo, mas para visuali
zar uma vaca sem chifres. Depoisdealguns dias, os chifresdesa
pareceram e o homem foi capaz de deixar sua casa. Nesse mo
mento, Nagarjuna sentiu que o vaqueiro estava pronto para re
ceber ensinamentos mais eievados.
Este é o modo como a consciência opera. Pode criar uma
ilusão e trans form ar o mundo em samsara. No enta nto, a mesma
consciência podevazar a ilusão eo mu ndo écom preendido como
nirvana. O meio para se realizar qualquer umadessasduascoisas
reside integralmente dentro de nós, e a escolha é unicamente
nossa.

129
demos encontrar essa força deixando que o Buda e o Dharma
ganhem vida den trode nós. Todavia, a maioriade nósainda não
é capaz de vivenciar essa verdade inte rio r. Podemosten tar, mas,
por ora, parece que temos que viver num nível maissuperficial,
voltad o para sujeitose objetos.
Essa é a razão pela qual a meditação é im po rtante . Na me
ditação, podemos tercompreensõesexperienciaisquerompem o
nosso modo conceituai de lidar com as experiências, e estas
compreensões nos ajudam a enxergardeum po nto devista mais
ilum inado . Nósentramosem con tato com acalmaeaclarezaque
se encontram pordebaixo do nível conceituai. A meditação,en
tão, passa a ser o nosso refúgio, pois, sempre que precisamos,
podemos apelar para ela para nos dare qu ilíbrio . Buscar refúgio
em nós mesmos, dessa maneira, nos pro po rcio na uma base mais
sólida, e uma maior confiança para fazer face à vida cotidiana.
Isto é refúgio num nível maiselevado.
O refúgio definitivo consiste num contato constante com
o estado meditativo, dentro do qual descobrimos a qualidade
imediata do Ser, onde não existem distinções artificiais. Nesse,
que é o mais alto dos níveis, vemos toda a experiência como a
atenção pura que alcançamos por meio da meditação. Não há
Buda, nem Dharma, nem Sangha. Não há sujeito nem objeto,
nenhum "e u " para buscar refúgio em coisa alguma; o conceito
de buscar refúg iocai porterra.

Quando ficamos sabendo como buscar refúgio, e quando


entendemos que não existe o conceito de um "e u " que precisa
ser reforçado, temos verdadeira proteção. Assim que nosdamos
conta de que o Buda, o Dharma e a Sangha são realidades vivas
 — o que vale dizer que toda a ex periência faz parte do Buda, do
Dharma e da Sangha — a experiência religiosa passa a fazerparte
denós. A experiência, então, transcorre num plano inteiramente
difere nte do nível comum dassensações e percepções. 0 ver, ou 
vir, sentir, toca r: todas as dimensões da experiência são inteira-
mente vivase infinita m en te ricas.
 A fo nte para o aprendizado e estudo do Dh arma está sem
pre à mão; não temos que sair e comprar um exemplar dele,
pois ele está sempre presente em nossa experiênc ia. Esse Dhar-
ma vivo é o ensinamento. Quando nos abrirmos paraele, quan-
do entrarmos em con tato com essaexperiência viva, o significa-
do da Sangha também se abrirá. Iremos ver a unidadeessencial
de todos os seres. Assim quetivermo s integrado nossa exp eriên -
cia, o Buda, ele pró prio , aparecerá. Por isso, todos os dias deve-
mos nos lembrar do Buda, do Dharma e da Sangha vivos; isso é
buscarrefúgio.
Há, desta forma , vários níveisde buscar refúgio, dependen-
do da nossa compreensão. No começo, nós nosdamos conta de
que o Buda, o Dharma e a Sangha podem nos guiar e nos dar
apoio, nos alimentar e nos confortar. A essa altura, estamos
ocupados em cuidar de nós mesmos e nostorna rsadios, deco r-
po e mente. Num nível um pouco mais p ro fu nd o, nós c om -
preendemos que o Budadharma é o centro da nossa vida, e que
há beleza e significado em toda a experiência. Num nível ainda
mais pro fund o, compreendemos queo Buda,o Dharma e a San-
gha estão sempre de ntro de nós, de modo que não há necessida-
de alguma deveneraçãoexterna. No nível mais pro fun do , já não
há mais qualquer refúgio, porque oego deixadee xistir. Há ape-
nas uma mandala — pe rfeita em todas asdimensões.

141
AMOR E COMPAIXÃO

 Ao apro fu ndar nossa compreensão da existência, abrim os


a porta que leva à compaixão. O desenvolvimento de uma cons-
ciência da do r e da ignorância que nós, bem como os outros,v i-
vemos, estimula simpatia e, depois, empatia. Esse crescente in-
teresse pelos outros inspira um sentimentode amo r— um amor
que perde suas ligações com os nossos conceitosesentidos, um
amorque é sem sujeito nem objeto.
 A com paixão é a capacidade de sentir plenam ente a situa-
ção de uma outra pessoa. Relacionamentosfam iliares próxim os
ajudam a desenvolver essa capacidade, mas, hoje em dia, osenso
de união da fam ília não é forte. Sem o apoio da família, tende-
mos a nos retrair para dentro de nós mesmos. Já que achamos
tão d ifíc il nos relacionar com os outros, mesmo com nossos
bons amigos, dedicamos nossos esforços para proteger a nós e
aos nossos bens materiais. Nosso interesse raramente vai além de
nós mesmos, além das nossas necessidades e desejospessoais. 0
cuidado para com os outro s e a sensibilidadeem respo ndera eles,
ambos fundamentais à compaixão, têm pouca chance de se de-
senvolver.
Um modo de aprender compaixão é cultivar o  desejo de
ajudar os outros. Este simples gesto abre, automaticamente, o
coração. Nós alargamos nossas perspectivase aum entamo s nossa

142
A SEMENTE DA ILUMINAÇÃO

 A ilum
ilu m ina
in a çã o é a natureza
natu reza deto
de toda
da a expe
ex periê
riênc
ncia,
ia, oque
o quesig
sig
nifica
nifica que
que a ilumin
iluminação
ação está disponí
disponível vel a nós, todo otempo. otempo. A
a u to -imag
mag em, p o rém, nos divo divorr cia
cia da visão ilumina uminada da — por por
isso, a maioria
maioria de nós tem pouc poucaa convic
convicçãoção de que
que há,defato,
,defato,
algo a mais na vida vida,
, além
além daquilo queque vive
vivemo
mos s cotidianamente
cotidianamente. .
Quando
Quando temos estas tas dúvid
dúvidas,
as, pode
pode ser queque nem
nem tentemos trans
cend
cender er as limitaç
limitações
ões que
que o nosso ego nos impõe. impõe. Mas, quando quando
vem
vemos que que talvez
talvez possa have haver
r algum
alguma a verd
verdadade
e nas cren
crençaças
s espi
espi
ritu
rituai
ais,
s, pomo-n
pomo-nos os num
num caminho
caminho queque nos leva além além das nossas
limitações para para esta
estadodos
s de atenção
atenção pura cada cada vez
vez mais
mais ele elevado
vados.s.
Nós nos
nos torna mo s maise aise mais
mais despert
despertos os para
para a nossa verdadverdadeireira
a
natu
naturerezaza,, até
até que,
que, ao final, nada exist existee entre
entre nós e nossa expe expe
riênci
riência a da iluminação.
Osensinamentosdo
ensinamentosdo caminho da iluminaçãotêm sidotrans sidotrans
mitid
mitidosos de mest mestrre a alunaluno
o em uma linhag hagem ininterr
ininterrupta
upta que,
no passad sado, cheg hega até
até o pró prio Buda
Buda. . O Buda
Buda ensinou,
ensinou, eaque
aque
les para
para quem ensino ensinou,u, por sua vezvez, ensi
ensinanara
ram
m outras pessoas.
Esta é a tradi tradição
ção viva que mantmantém ém o cami caminhnhoo da ilumi
ilumina
naçãção.
o.
 Aqueles
 Aquele s que passa passam mos
os ensina
ens iname
mentontos
s o fazem p o r inte
in term
rm é d io da
comp
compre reen
ensãsãoo dos
dos ensin
ensiname
amentntos
os do Buda
Buda em si mesmo esmos, s, e, por
tanto, transmitem não não apenas os textos e seus signif significa
icados
dos ver
dadei
dadeiro ros,com
s,com o também a efetivaexperiênc
efetivaexperiência ia da iluminação.

147
14 7
Os mestres da linha linhage
gem,
m, trabalhando
trabalhando em níve níveisis intern
internos,
os,
pode
podemm transm itir
itir a linha
linhagem
gem da ilumin
iluminaçã
açãoo dire
direta
tamen
mente te — sem
sem
palav
palavra
ras
s ou conceitos,
conceit os, sem
sem mesmo o uso
usodeex
deexprpres
essõ
sõeses ou gesto
gestos
s
simbólicos
simbólicos. . Todavia,
Todavia, nãonão é fácil receber
receber esta tran transm
smisissã
são;o; nossa
mente
mente conceituai, nosso ego ego que julga
julga e interpreta toda
toda a nossa
experiênc
experiência,ia, se põem
põem no meio do caminho.
caminh o.
Naquilo que
que geralmente
geralmente chamamosde
chamamosde ensi ensinono,
, o aprendiza
do é uma ques questãtãoo de filtra r pala
palav vras e sign
signif
ific
icad
ados
os através da
nossa compr
compree eens
nsão
ão conceituai.
conce ituai. Mas, nos nos ensi
ensina
namemento
ntos s do cam i
nho,
nho, como
como cada pala palav vra é uma
uma porta diredireta
ta para a ilumiiluminaç
nação,
ão,
pre
precisam
isamo os compr
compreeneenderder os signi
signifi
ficad
cados
os inte
intern
rnos
os,
, por
por meio
meio da
nossa exper
experiên
iênci
cia
a direta.
direta. Quando nossos coraçõ raçõeses e mentmenteses se
abre
abrem
m para estes tes significados
significados mais
mais profundo s, um mest mestre re pode,
então,
então, nos ajudar a transcender as limitaçõesque
limitaçõesque a nossa mente
conceituai
conceitua i impõe à nossa compreensão.

 A compreensão inte in telelect


ctua
ua l e a vivencial,
vivenc ial, ambas
ambas, , crescem
crescem e
se aprofund
aprofundam am junt
juntas
as. . Assim,
Assim, cada passo na tran transsmiss
issão — os
ensi
ensina
namen
mento tos,
s, os textos e o proc proceess
sso
o de apre
aprendndiz
izag
agem
em — deve deve
ser cumprido com com o máximo cuidado, cuidado, ou entãentãoo
oo cami
caminh nho
o dire
to para a ilumi uminaç
nação fica ficarárá obsc
obscururec
eciido.
do. Impacientes com com o
nosso progrogresso, pode
podemo mos s sentir
sentir que,
que, quanto
quanto "ma is" aprendaprende e
mos, melhor
melhor a nossa situ situaçãação.o. Mas ficar
ficar indo
indo de profprofes
esso
sorr em
prof
profes
esso
sor
r dilui a nossa compr compree eens
nsão,
ão, em vez de aprof aprofundá
undá-l -la.
a.
Prec
recisa
isamos, portanto, seleci seleciona onar
r cuid
cuidado
adosasame
mentnte
e um guiaguia rea
rea
liza
lizado
do e entã
entãoo segu
segui-i-lo
lo,, até
até que
que a nossa com compree
preensnsão
ão se torne
profundaeclara.
Como
Como podem
podemos os ter certez
certezaa de quen
que nosso profe
professssor
or será caca
paz de nos guiarguiar atée
atées sse entendim ento? Tendo Tendo porgu
porguia tanto
tan to a
nossa inteligê
inteligência
ncia quanto
quan to a nossa intuição, somo somossnaturalmente
naturalmente
atraídos
atraídos por um profes
professor sor que tenha
tenha cons
consumumadado
o aqu
aquela
elas qu ali
dade
dadesquedese
squedesejam jamosdesenvo
osdesenvolver lverem
em nós mesm
mesmos os.
. Um mestre
mestre v i
ve o significa
significado
do inte rior dosensinam
dosensinamento entose
se,, dest
destemodo,
emodo, vemos
vemos
nele
nele nossa natur
naturezeza
a inte rior. Então,
Então, por meio
meio de sua compaixão
iluminada,
iluminada, ele nos nos ajuda
ajuda a desenvdesenvolv
olver
er nossas própria
próprias s qu alid a
des de compaixão,
compaixão, integridade
integridade e confiança
confiança interior.
Quando
Quando o mestmestrere é compassi
compassivo vo e aberto, o caminho se abre
n.ituralmente , e as nossas vidas vidas assu
assume
mem m uma
umaqualidad
qualidade e un ifor-
ifo r-

MM
me e fluente.
fluente. Gradualmen
Gradualmente,
te, tornamo-
tornamo-nos
nos cien
cienttes da nossa na
ture
tureza
za interior e aprofundamos
aprofundamos nossa auto
autocom
comprpreen
eensã
são,
o, nossa
forç
força
a interior.

No entanto,
entanto, os ensiensinam
namenenttos nemnem sempre vèm em formas formas
agra
agradá
dáv veis
eis para
para nós
nós ou nossos egos. Um mest mestre re compass
compassiv ivo,
o, ao
reve
revelalar
r nossa nature
natureza
za inte rior à nossa atenatençã
çãoo consc
conscieient
nte,
e, ta m 
bém
bém trazà tona qualidades
qualidades que
que nãogost
nãogostamo amosde
sde a dm itiremnó
itiremnós s.
Podem
Podemos os nosnos livra r delas
delas depois queas
queas vemo
vemos, s, mas estas tasq ua lida 
des podem ser tais que os nossos egos não não queiram renunciá-
renunciá-las.
las.
E noss
nossosos egos, qua ndo se sentem
sentem ameaameaça çado
dos
s deperda,
perda, podem fa 
zer com
com queque duvidemos
duvidemos dosdos ensi
ensinanamementntos
os e do mest mestrre; pode
podemm
mesm
esmo nos leva levar
r a crer
crer que,
que, se não gost gostam
amosos de um certocerto ensi
ensi
namento, certamente elede eledevve esta
estarr errado.
errado. Nesse mo me nto, po 
demo
demos s nos sentir compelidosa romper com com o mest
mestre re,
, em vez de
romper com o nos nosso ego.
Mas romper
romper c om o mestre equi quiv ale
ale a rompe
romper r c om nossa
confi
confianç
ançaa em nós mesm esmos. Ao agir agir assim, chei heios de vont vontadades
es,
,
acei
aceittando
ando aqui aqui e rejei
rejeita
tando
ndo ali
ali, solapamo
pamos s o nosso próprio
próprio de
senvolvimento
senvolvimento e reforçamos apen apena as as nossas limitações.
limitações. Desse
modo
modo,, não só atraí atraímos
mos conf
onfusão
usão,, c omo
omo també
ambém m um profundo
profundo
sent
sentiiment
mento de cul culpa e fracasso que que torna
orna extre
extremame
mament nte
e d if í
ceis novos
novos progr
progres
essos
sos ao longo do caminho .
..Portanto,
..Portanto, confiança no mestr mestre e e no que ele repr repres
esent
enta
a é ne
cessário desde o início. início. Para que
que a linhagehagemm continu
continue e ininter
rupta,de
rupta,dev ve have
haverconfiança
rconfiança mútua, abertura,
abertura, honest
honestidaidadee
dee inte 
grid
gridad
ade,e, como
como bases do caminho.
caminho. ComunComuniidade
dades s construí
construídas
das so
so
bre
bre estes alialicerc
cerces
es continuarão
continuarão a prosprospe pera
rar,
r, e o futuro da linha
gem
gem esta
estará
rá assegurado
assegurado..

Os ensina
ensinament
mentos
os que lev
levam à experi
experiênc
ência
ia direta
direta são as pe
dras
dras de toque dos está
estági
gios
os do nosso cresci
crescimento
mento.. Porfim
Porfim , desco
desco
brimosqueos ensinamentose a nossa própria experiência
experiência da ilu 
minação
minação se fun de m . Transcendemosa nossa natureza
natureza samssamsáráric
ica.
a.
 Agora
 Ag ora,
, vemos que
qu e toda
to da a natur
na turez
eza
a e toda
to da a exis
ex istê
tênc
ncia
ia já estão
iluminadas.
Quando
Quando nos tornamos
tornamos ilumina
iluminados,
dos, passamos a fazer fazer part
parto
o
da iinh
iinhage
agem,
m, e com partilhamos do mesmo esmo conhecimento
conhecimento e com
preensão vivos do Buda. Este é o fio da iluminação. Nós então
levamos isto adiante em nossa próp ria compreensão, em nosso
trabalho no mundo.
Depois dessa experiência, não permanecem quaisquerques-
tões ou dúvidas: nós temos compreensão da linhagem ininter-
rupta. A inspiração desta antiga linhagem de iluminação vive
dentro de nós, e nósnosabrimos para a natureza iluminada que
é inerenteà toda a existência.
INDICE REMISSIVO

 A b e r t u r a , 56, 60, 70, 96, 108, 111, Basedo ser, 95 segs.
1 1 6 , 1 20 , 1 3 7 , 1 4 3,  1 45  Bodhisattva,23
 A ç ã o c o r r e t a , 2 3 Buda. 22, 23, 26. 96, 133, 138 segs.,
 A g a r r a r . 5 4 , 6 6 , 7 1, 1 2 6 145, 147, 150
e a u t o - im a g e m ,  2 9  Budismo, 14, 16, 25. 43, 69, 113, 132
e p e n s a m e n t o s  e i m ag e ns , 4 3 
 A n s ie d a d e , 4 7 , 71 segs.
 A p e g o , 5 1 , 6 3 , 7 0 , 1 0 4 , 1 0 6 Caminho, 43,60, 147, 148
 A t e n ç ã o ( p u r a ) , ( p le n a ) , 19, 4 4 , 5 1 , 5 5 , Caminhodo meio, 59, 70, 133
5 8 . 6 3 . 6 7 , 6 8 ,  7 8 , 1 08 , 1 09 , 1 10 , Caminho espirituai, 60, 70, 103, 113,
114
1 1 3  s eg s. , 1 4 0 
Carma, 21, 22, 33, 35, 41, 81, 128
c o m o  b as e d o s er , 9 5 
Chod, 38-40
comoenergia.21
Ciúme, 144
c o m o  e x p e ri ê n c i a  p o s it iv a  e n eg a 
Compaixão, 15, 62, 69, 136, 137, 142
tiva,30
segs.
d e n t r o  d os  p e ns a m e n t os , 1 0 0, 1 08 - Comunicação, 20, 54, 55, 69, 85, 143
109 dossentidos,55
d i s c r i m i n a d o r a ,  1 10  Compreensão experiencial, 53, 57, 60,
nameditação,63 78. 79, 101, 107, 117, 147, 148
na v is u ali za ç ão  d o  l ót us  d o  s o nh o , Conceitos, 76, 78, 91, 95, 104, 111,
92-4
113, 114, 122, 127
Concentração, 101-03, 107, 108, 111,
samsárica, 1 18-19
115,116
 A t i s h a , 8 2
Confiança, 135, 136, 149
 A t i t u d e , 4 6 - 7 , 5 6 , 6 0
Consciência, 27, 30, 38, 41, 48, 51.
 A t r a ç ã o , 71
61-3, 66, 67, 78, 81, 82, 91, 93 5.
 A u t o c o n f i a n ç a , 5 4 , 1 4 8 108, 122, 126. 128
 A u t o - i m a g e m , 2 7 se gs ., 3 4 , 8 1 , 8 3 , 1 0 0 , níveisda,89, 108
14 7 pura, 117, 139
 A u t o - s u f i c i é n c i a , 5 3 , 5 8 Criatividade, 29, 69 ,89
Demónios,38-40 Hinayana, 14
Devoção, 103, 135, 136, 137 Honestidade. 32 segs., 58
Dharma, 26, 44, 114, 132, 133 segs.,
138 segs.
Dor,28.41,45,61,66-67 Ilum ina ção. 69, 8 9, 117, 132, 134,
Dualismo, 117, 119, 121, 126, 127 135, 136, 138. 139. 147 segs.
desejopela.24
Ilusão, 37, 76 segs., 88, 107, 129
Ego, 23, 34, 46, 48, 64, 66, 83, 84, Impermanéncia. 22, 42 Wer também
102, 120, 121, 132, 139, 148, 149 Transitoriedade)
Emoções, 40, 59 segs.,84 , 117 Integração,56, 57, 118, 128
como energia,60 segs.,64
comomanifestaçãodoego,64
Jigmay Lingpa. 136
lidandocomas,64-5
transmudando as, 21, 28, 29, 30,
33. 34, 59 segs., 82. 116-17,
Lembranças, 48, 52 segs.
136
Linhagem. 147 segs.
Energia, 21, 28,29,35, 36,42,5 1,5 6,
Ludismo,41,63
57, 59, 61. 68. 69. 73, 84,93. 122
comomedo,36-7,62
Ensinamentos Nyingma, 11, 13, 14 Mahayana. 14,24
Eq uilíbrio interior,54,57, 69,94
Esforço, 45, 46,52, 62, 101, 102
Espaço,56,93, 111, 122, 127 Meditação, 42,43 segs.,63.65, 66,84,
como nível básico, 96 86. 100 segs., 114, 115. 116, 123,
da meditação, 101 129, 140. 146
Existência humana (importância da), ansiedadena, 72-3
41,42 atençãopura na, 114, 146
Experiência, 29. 55, 84, 95, 96. 97, desejo de experiências na, 48, 72,
106, 125, 126 120
caráter imediato da, 19 segs., 71, experiencial. 19 segs., 127, 128
78, 1 14, 117, 149 exploraçãodos sentioos na. 56
níveisda,97, 114 natureza dam entee, 14
positiva e negativa, 30, 59, 60, 67 níveisda.96, 97, 106
realidadeda.85-6 penetrando o medo na. 34, 37. 38
Experiênciamística,93 pensamentos na, 106 segs., 110
relaxamento e, 43 segs., 53, 102
tempoem relaçãoà. 47 .48
Fantasia.28 terrenoda,96
Fascinação, 71 segs. transformação de emoções negati
Filosofia, 25, 85, 104, 105, 113, 114 vasna, 60 segs., 65
Força. 145, 146 transitoriedadee. 78
da energia, 61 Meao, 34-5, 36 segs., 53. 61, 62, 67,
Frustração, 23, 26, 28-9, 32, 52, 62. 78,8 8.89 , 121
132 comocriação da mente. 36, 37

152
Ment e.  14, 2 4.  5 6,  6 2 , 7 2.  77,  8 5,  9 5 , Religião, 103
96. 106, 108, 121, 126, 153 Renúncia,24
meditação e a, 84. 114 Respiração,56, 116
natureza da, 14 Rotulação (da experiência), 37,41, 60.
padrões da. 51 80-1, 120
Mestres. 41, 103. 134, 147 segs.
Morte, 22, 40-2.89
Sangh a, 133 segs.
Mudança, 29, 32 segs., 41, 44, 76 (ver 
Samsa ra.  2 1,  2 2,  2 5 , 8 9,  9 0 , 9 6 .  115.
:3mhóm impermanència)
128,129,139
Saúde,44
N agarjuna. 129. 135 efeito da mente sobrea, 14
Negatividades. 53, 59, 144 Sentidos, 19,54 segs., 71 ,9 6
tran sfor maç ão. 60 segs., 69 camadasdos,55
N ir va na . 2 1 , 9 0 . 9 6 , 1 28 , 129 Sentimentos. 37, 52, 53, 54 segs., 61,
71,92.143
Sentimentos positivos,56, 145
O ri en ta çã o s u je i to - ob j et o,  2 7,  36 . 3 7,  S e r , 9 5 . 9 6 .  1 23 , 1 24 , 140
46. 116, 118. 120, 140. 145 Significados, 68. 113 segs.
Sistemas de ccnviccões, 78
Sociedade, 20, 26
Paciência, 20, 21, 62 S o f ri m e nt o , 2 4,  2 5,  29, 61 segs., 8 6, 
Padrões. 32 segs., 51 segs., 60, 73, 126 89, 117
Wer tombem Carma) Sonhos,40,59,80segs.,93
do medo,37 atenção plena nos. 92 segs.
rompendo os.33 -4, 73 c om o  e x em p lo  da t ra n si to ri ed a de ,
Pe ns ame nt os . 37 . 6 1 , 6 2 , 7 2.  7 3,  8 4 , 77
92. 104, 106 segs.. 121 segs., 126 usodos, na exoloração da realidade.
atenção pura e, 100, 101 80 segs.
espaço entre, 108 segs., 122 segs., visualização nos,92 segs.
128
natureza dos. 107
o observador e, 121 segs. T em po , 20, 24, 4 6-4 8. 62, 9 3,  122.
Poder, 134, 135 126,127
Prazeres,54, 55,71, 132, 134 Tensão,14
Presença mental, 20. 4 7 ,5 6 , 119 Tibete.82
meditação e, 19 Transitoriedade. 24,40. 77

Raiva, 59, 61 ,62 . 67. 68 Vajraya na, 15


Realidade, 19, 26, 36.76 segs., 80.81, Vazio. 25,57, 108
83. 8 5 segs., 1 00 , 10 9,  120, 125. Verdade, 78. 100
126, 128, 129 Verdaderelativa, 48,78, 12/
Reoeneracão. 57 Visualizações, 129
Relaxamento. 43. 52. 56 segs.. 63, 73, Visualização do lójus dovpnho,d1
78,91.101,116,143 Vontade.20.49
 A EXPANSÃO DA MENTE

T a r t h a n g T u l k u

Para as pessoas que, em número cada vez maior, estão se


interessando por um modo de vida mais espiritual,  A ex p a n s ã o
d a m e n t e   explica de forma clara o que é a meditação e ensina
em termos bem acessíveis a melhor forma de meditar. Contudo,
embora este seja o tema geral do livro, seus ensinamentos podem
ser aplicados a tudo na vida, pois através deles podemos chegar
à compreensão da natureza da mente, dos pensamentos e dos
sentimentos humanos.
Por apontar novos rumos no campo da meditação, este
livro constitui um avanço oportuno e expressivo para a com
preensão do Budismo Tibetano entre os ocidentais.
Tarthang Tulku, um lama tibetano que durante os últimos
dez anos vem pregando e trocando idéias com os ocidentais, é
um pioneiro na tão esperada fusão do Oriente com o Ocidente.
Dele, a Editora Pensamento já editou: G e s t o s d e eq u i l í b r i o ,
K u m N y e — t éc n i c a s d e r el a x a m en t o e  A m en t e o c u l t a d a
liber dade.

ISBN 85-316-0163-0

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