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Em busca

do novo
Em entrevista exclusiva, C.K. Prahalad diz que hoje
estratégia é o mesmo que criatividade

C.K. Prahalad já é quase um mito. Autor do best seller Competindo como a globalização, por exemplo,
pelo Futuro (ed. Campus), escrito junto com Gary Hamel, desenvolveu demandam uma nova maneira de
a famosa ferramenta das competências essenciais, já utilizada por fazer as coisas. Estão criando novas
76% dos executivos e em rápida ascensão, segundo dados da última estruturas industriais com exigências
pesquisa da Bain & Company realizada nos EUA, na Europa e na muito diferentes. Por isso, cada vez
Ásia com representantes de diversos segmentos econômicos (veja mais as pessoas estão se voltando
HSM MANAGEMENT número 6, página 56). para novos paradigmas e novas
Em entrevista exclusiva concedida a José Salibi Neto, diretor de ferramentas estratégicas, como essas
HSM MANAGEMENT, Prahalad discute a importância do crescimento com as quais trabalho.
para as empresas, explica por que é preciso esquecer as lições do
passado, mostra como identificar competências essenciais e detalha Quais são as exigências diferentes
o caminho para descobrir quais serão elas no futuro. da globalização?
Esse processo, segundo ele, tem três passos: (1) desenvolver uma Quando as pessoas discutem
arquitetura estratégica para vislumbrar como o futuro poderá ser; globalização, estão na realidade
(2) perguntar-se “quais devem ser as novas competências de acordo falando sobre clientes mundiais e
com isso”; e (3) descobrir como adquirir essas competências. Ao citar oportunidades mundiais. A China e a
vários exemplos do mercado brasileiro, Prahalad demonstra que conhece Índia, por si sós, poderão representar
nossa realidade e sugere caminhos para aproveitar o mercado local. de 30% a 40% das vendas de muitas
companhias multinacionais nos
próximos cinco a dez anos. Isso altera
fundamentalmente a maneira de elas
Por que suas idéias sobre estratégia nharia, muito downsizing, corte de funcionarem. Significa, por exemplo,
ESTRATÉGIA

se tornaram tão populares na níveis hierárquicos, enfim, esforços que as empresas dos Estados Unidos,
comunidade empresarial nos para ganhar eficiência na velha ma- da Europa e do Japão terão de retirar
últimos anos? neira de fazer as coisas. recursos significativos dos mercados
A década de 80 foi marcada pela O que se provou nos anos 90 é tradicionais e transferi-los para novos
preocupação de reduzir custos, resol- que esses esforços eram necessários, mercados – o que inclui o Brasil.
ver o problema da capacidade ociosa mas não suficientes para a sobrevi- Agora, veja como é interessante a
e melhorar os processos administrati- vência. As mudanças drásticas que o mudança de exigências para o
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vos. Com isso, houve muita reenge- mundo empresarial vem sofrendo, desenvolvimento de produtos nesse

HSM Management 7 março-abril 1998


“A estratégia
baseia-se em fazer
a pergunta: como
podemos moldar
as expectativas
dos clientes
e de nosso setor
de atividade?”

Internet e o comércio eletrônico, os


executivos devem buscar essencial-
mente duas coisas:
1. Fazer uma empresa crescer e criar
novos negócios, de tal modo que a
administração dedique tanta atenção
às receitas como aos custos. (Pois há
um limite para quanto podemos
reduzir os custos; ultrapassado esse
limite, destrói-se completamente o
estado de ânimo na organização. E,
se você quiser recuperá-lo, terá de
crescer.)
2. Conhecer quais são as implicações
de todas essas mudanças descontí-
nuas, tanto para a estrutura adminis-
trativa interna como para a maneira
de competir.
Na realidade, ambas as coisas
podem ser traduzidas como pergun-
tas estratégicas por fazer: como criar
Fotos Richard A. Chase

novos negócios? Como aproveitar os


negócios já existentes em uma escala
mundial? Como alocar recursos?
Como estabelecer, acomodar e
C.K. Prahalad alavancar as novas tecnologias
emergentes?

caso. Tradicionalmente, as compa- resultado é um sucesso. As exigências O sr. afirma em seu livro que os
nhias multinacionais levavam para os para o desenvolvimento de produtos executivos devem “aprender a
mercados em desenvolvimento os estão mudando com a globalização. esquecer”. Na prática, no entanto,
produtos que já possuíam. Mas a isso se mostra extremamente difícil;
italiana Fiat recentemente fez o O que fazer para atender às exigên- é frustrante trabalhar anos e anos de
contrário no Brasil com o carro do cias da globalização? uma maneira e depois jogar tudo
modelo Palio. Seu desenvolvimento
foi totalmente orientado para merca-
Nesses novos tipos de ambientes
empresariais criados com a nova
no lixo. Como se faz para esquecer?
Esta é uma das questões mais ➙
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dos em desenvolvimento – e o logística mundial, as vendas pela importantes das empresas bem

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estabelecidas. É necessário, antes de
mais nada, entender por que se deve Saiba mais sobre Prahalad
esquecer e convencer-se disso. Com o
tempo, toda empresa sólida acaba C.K. Prahalad disputa com o essencial, utilizado por 76% dos
desenvolvendo um padrão de compor- especialista Michael Porter o executivos, segundo a última
tamento e, via de regra, passa a dizer reinado da estratégia, e os dois têm pesquisa da Bain & Company.
para as pessoas: “É assim que fazemos discordâncias em vários pontos. Escreveu também The Multinational
as coisas por aqui”. Essencialmente, Professor de Estratégia Corporativa Mission: Balancing Local Demands
no entanto, o que ela está dizendo é: e Negócios Internacionais da and Global Vision (ed. Free Press).
“Nós desenvolvemos essa estratégia há University of Michigan, nos EUA, HSM Management já publicou
20 ou talvez 30 anos. Funcionou muito escreveu junto com Gary Hamel o uma entrevista com Prahalad
bem e a transformamos em um best seller Competindo pelo Futuro – (número 1, página 6) e um artigo de
dogma. Afinal, as pessoas estão Estratégias Inovadoras para Obter o sua autoria (número 2, página 140).
acostumadas a trabalhar desse modo”. Controle do Seu Setor e Criar os O especialista estará no Brasil no
Tudo estaria bem com esse padrão Mercados de Amanhã (ed. Campus), mês de abril para um seminário
se a meta da empresa fosse simples- em que desenvolveu, entre outros, organizado pela HSM Cultura &
mente aumentar um pouco a efi- o conceito de competência Desenvolvimento.
ciência no paradigma existente. Com
a necessidade de desenvolver um novo
paradigma, entretanto, o velho padrão
de comportamento pode se transfor- mais válidos hoje? Quais devem ser os simples: a busca do aperfeiçoamento
mar em uma grande fraqueza. novos pressupostos? Como mudar contínuo. A implicação desse
Darei exemplos relativos ao Brasil. diretrizes, procedimentos, estruturas aperfeiçoamento é que, cada vez
Quando uma empresa brasileira se analíticas? Como alterar o modo de mais, precisamos de menos e menos
perguntava algum tempo atrás “quais alocar recursos e recompensar o de- pessoas para realizar o mesmo
são meus pressupostos sobre a sempenho dos funcionários?” trabalho de antes. De modo que a
natureza da competição?”, a resposta Algumas vezes será preciso dizer pergunta passa a ser “o que fazer
seria “o mercado pode ser protegido “o que era outrora uma vantagem com os funcionários excedentes?”
por tarifas ou regulamentação essencial para nós tornou-se uma Se não estivermos crescendo, a
governamental”. Ora, esse pressupos- grande fraqueza”. consequência natural será despedi-
to deixou de ser válido. E se a per- los. Com isso, os funcionários
gunta fosse “quais foram as com- E precisa ser esquecido. Mas como? logo aprendem que, se melhorarem
petências que desenvolvi para compe- Sei que não é fácil. Isso constitui seu desempenho, perderão o empre-
tir?”, uma das respostas anos atrás uma mudança tremenda, e pouquíssi- go. É por isso que as empresas
seria “manter ótimo relacionamento mas empresas estarão aptas a realizá- que buscam o aperfeiçoamento
com os governos federal, estadual e la se não refletirem muito e explicita- contínuo sem crescer acabam,
municipal a fim de proteger meus mente a respeito da questão e não após certo tempo, deixando
negócios”. Esse pressuposto também tiverem um processo instaurado para de se aperfeiçoar. Então, aperfeiçoa-
deixou de ser válido, pelo menos na isso. Agora, o problema é que nem mento contínuo e crescimento
maioria dos setores. toda a tecnologia do mundo poderá contínuo precisam caminhar de
Por tudo isso, digo que é necessá- nos salvar se não estivermos dispostos mãos dadas.
rio repensar os fundamentos. A em- a esquecer a maneira antiga de fazer Mas não basta aperfeiçoar conti-
presa deve deixar bem explícitos negócios e aprender uma nova. nuamente um grupo de negócios e
quais são seus pressupostos competiti- crescer em negócios totalmente
vos, suas resoluções sobre como diri- O sr. fala muito sobre crescimento. desvinculados. Não é fácil transferir
gir o negócio e suas fontes de vanta- Por que uma empresa precisa talentos de negócios existentes para
gem comparativa e, então, perguntar- obrigatoriamente crescer? novos negócios, a menos que a
se: “Quais pressupostos já não são O primeiro motivo é bastante diversificação seja baseada em
determinado grupo de competên-
cias essenciais. Por isso, eu parto de
um pressuposto ousado: o aperfei-
“No início dos anos 80, a estratégia çoamento contínuo é consequência
do crescimento contínuo.
era um exercício de posicionamento. Além desse, há muitos outros
motivos para crescer. Eu diria, por
Hoje, não vejo nenhuma diferença entre exemplo, que é dificílimo convencer
quem quer que seja de que a empre-
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estratégia e criatividade” sa possui uma cultura interna vibran-

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te e envolvente quando não está quantidade imensa de novas oportu- ficará bastante vulnerável nos
crescendo. Soa falso. E o crescimen- nidades de crescimento, pois 3,5 próximos dez anos.
to pode ser um componente crucial bilhões de pessoas ingressaram
para criar uma organização que seja discretamente no mercado ao longo Que empresas já estão aproveitando
atraente para um grande número de dos últimos dez anos. Além disso, as essas oportunidades?
jovens talentosos. mudanças descontínuas na tecnolo- Se examinarmos o que aconteceu
gia e nos mercados estão criando nos Estados Unidos, veremos que
E o sr. vê muitas oportunidades de oportunidades tanto para empresas algumas das companhias mais co-
crescimento hoje? grandes como para pequenas. Quem mentadas atualmente eram firmas
Existe atualmente no mundo uma não aproveitar essas oportunidades minúsculas há apenas dez anos. Na
realidade, várias nem sequer exis-
tiam – seja a Netscape, a Yahoo, a
Microsoft, seja a Compaq. São em-
presas muito, muito jovens, que
aproveitaram extraordinárias opor-
tunidades de crescimento. Mas isso
não ocorre apenas em setores de alta
tecnologia. Pode-se citar o Starbucks
Coffee aqui nos Estados Unidos, por
exemplo. As oportunidades estão em
toda a parte: a empresa tem apenas
de aprender a aproveitá-las.

Que exercício uma empresa deve


fazer para identificar e maximizar
suas competências essenciais?
Muitos acham que a melhor
maneira de descobrir as competên-
cias essenciais é realizando diversas
entrevistas internas. Eu discordo.
Acho mais importante começar
entrevistando os clientes. Pode ser
feita apenas uma pergunta simples:
“O que você acha que nós temos de
exclusivo e singular? O que, a seu
ver, nos diferencia dos demais
concorrentes?” Minha experiência
mostra que os clientes têm uma visão
mais clara das competências essen-
ciais do que os funcionários.
Gostaria de avisar que identificar
as competências essenciais é uma
tarefa altamente trabalhosa e criati-
va. Além de conversar com os
clientes, é preciso dedicar um tempo
razoável conversando com os funcio-
nários de todos os níveis e tipos.

E quanto a desenvolver novas


“A melhor maneira de descobrir as competências essenciais, novas
competências? Existe um processo
competências essenciais é entrevistando para isso?
Sim, existe um processo bastante
os clientes com uma pergunta simples: claro e é muito importante. Caso
contrário, teríamos de viver para
‘O que você acha que nós temos de sempre com as competências que já
possuímos.
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exclusivo e singular?’” Pode-se começar por perguntar:

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“Espero que, daqui a dez anos, podemos moldar as expectativas dos
clientes e de nosso setor de ativi-
haja um número suficiente de empresas dade? E como usar essas expectativas
para impulsionar a organização
brasileiras que tenham enfrentado as interna em termos de alocação de
recursos, inovação, desenvolvimento
grandes empresas de todo o mundo e de produtos e desenvolvimento de
canais, para que o futuro se possa
se tornado, elas próprias, multinacionais” realizar?”

Gostaria de lhe pedir um exemplo de


empresa que moldou as expectativas
dos clientes e o futuro de seu setor.
“Como será o mundo no ano 2010?” te legítimo para a época, pois o Há quatro anos, as redes de
Se não me engano, chamamos isso mundo não estava mudando tão computadores eram uma piada.
de criar uma arquitetura estratégica. drasticamente. Ninguém as levava a sério. Hoje são
Veja bem, não é planejamento de Hamel e eu demos nossa contri- o paradigma. Todos aceitam as
modelos possíveis (que significa buição, creio, ao fazer uma per- redes de computadores como um
examinar os negócios existentes). gunta bem diferente: “Em uma era objetivo legítimo a ser buscado. O
Dados o plano e as forças propulso- de mudanças e descontinuidade, que aconteceu? Empresas como a
ras da descontinuidade no mercado como podemos criar estratégias que Oracle tomaram para si a responsa-
– estilos de vida, estilos de trabalho, nos tornem capazes de moldar o bilidade de educar os clientes sobre
demografia, distribuição de renda, futuro, ou seja, que não repre- o que o mundo poderia ser, não o
novas tecnologias –, o que sentem apenas um mero exercício que era. E conseguiram convencê-
podemos esperar que o mundo seja de posicionamento?” los de que não seria um mau lugar
no ano 2010? A resposta é que o processo da para estar.
O segundo passo é perguntar: “Se estratégia tem de ser totalmente
esse é o futuro que queremos diferente. Não se trata de com- Como o sr. descreveria o processo
construir, quais são as competências preender o nosso setor de atividade de detectar e antecipar as oportuni-
que não possuímos e precisamos tal como ele é, mas de entender dades e ameaças do futuro?
adquirir para chegar a ele, e como como criar novas atividades, novos Esse processo implica uma
fazer isso?” E, em seguida, é preciso empreendimentos e novos negócios. compreensão muito mais profunda
dar o terceiro passo e perguntar: Se partimos dessa perspectiva, a dos clientes do que apenas reagir e
“Como devemos desenvolver uma estratégia torna-se não um exercício corresponder ao que desejam hoje.
estratégia para adquirir tais compe- de análise posterior ao fato, mas É preciso imaginar o que eles vão
tências a um baixo custo?” um processo de descoberta. Então, querer no futuro. Vou explicar com
a estratégia passa a ser inovação exemplos práticos. Todos nós
Muitas empresas a que o sr. e Gary \e criatividade: a busca de novos sabemos que, nas regiões mais
Hamel se referem em seus artigos padrões de oportunidades e de desenvolvidas do mundo – ou seja,
e livro são empresas muito criativas novos padrões de interação entre Estados Unidos, Europa e Japão –,
que reinventaram o setor em que clientes, empresas, tecnologias e a população está envelhecendo.
atuam. Como o sr. associa criativi- mercados. (Talvez no Brasil ainda haja uma
dade e estratégia? população predominantemente
Ótima questão. Não vejo diferen- Em que perguntas a estratégia deve jovem por muito tempo.) Não há,
ça alguma entre criatividade e se basear hoje? portanto, absolutamente nenhum
estratégia. Farei um recuo no tempo Nas seguintes perguntas: “Como motivo para não criarmos alimentos
para explicar melhor isso. No início
dos anos 80, a estratégia era vista
como um exercício de posiciona-
mento. A maioria dos instrumentos
analíticos utilizados pelos consulto-
“O primeiro motivo para crescer é
res e criados nas universidades
buscava entender a estrutura exis-
a busca do aperfeiçoamento contínuo.
tente em um setor de atividade. A Além desse, crescer ajuda a convencer
pergunta predominante era: “Como
devo me posicionar dentro da que a cultura interna é vibrante e ➙
estrutura de meu setor de ativida-
de?” Tratava-se de algo perfeitamen- envolvente e atrai jovens talentosos” 11

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O que é competência essencial por C.K. Prahalad
Competência essencial é um dos aptidão. Por exemplo, o restrito a uma única unidade.
conceitos menos compreendidos gerenciamento just-in-time de O segundo teste é verificar se
de todos os tempos. Quero sistemas de suprimentos foi uma outras empresas têm dificuldade
esclarecer o que é e o que não competência essencial da Toyota em imitar aquilo. Por exemplo, se
é competência essencial. 10 ou 20 anos atrás, mas, hoje, toda uma empresa possui apenas um
Competência essencial não a indústria automobilística pratica projeto de microprocessador,
é infra-estrutura. Ter um sistema a mesma coisa – é uma capacidade alguém pode vir e copiá-lo.
de distribuição nacional não é básica. Ao longo do tempo, uma Mas se ela tiver toda uma maneira
nenhuma competência essencial: competência pode se tornar uma de desenvolver, projetar e
significa apenas que você tem uma capacidade. implementar programas de alto
infra-estrutura. rendimento em microprocessadores,
Três testes
Competência essencial também com vários níveis organizacionais
não é tecnologia. O fato de eu Para saber se aquilo que pensa e conhecimentos envolvidos, não
ser muito bom em projetar ser competência essencial realmente será fácil alguém vir e tomar isso
microprocessadores não implica o é, uma empresa pode fazer três dela. Isso é competência essencial.
uma competência essencial. testes. O primeiro é saber se aquilo O terceiro teste, por fim,
Geralmente as empresas confundem é um conjunto único de habilidades é descobrir se aquilo cria – e se
competência essencial com que inclui um componente pode ser utilizado em – novas
tecnologia ou infra-estrutura. tecnológico e um componente de oportunidades de negócios. Se a
Outro problema é que as aprendizagem e se esse conjunto resposta for afirmativa, estamos
empresas misturam competência está presente nas múltiplas unidades olhando para uma competência
essencial com capacidade ou de negócios. Não vale se estiver essencial.

especiais para a terceira idade,


fáceis de digerir e de preparar, com “Os dados de “Não atendo os pobres porque eles
não têm dinheiro”, ou então: “Sei
base em nossos conhecimentos
geriátricos – do mesmo modo que
que precisamos que eles não têm muito dinheiro.
O que devo modificar em minha
fizemos com a comida para bebês.
Mas a maioria das empresas simples-
para refletir sobre estrutura de custos para vender
a eles?”
mente não faz isso.
Assim, parece-me que o processo
o futuro estão Para finalizar, o que suas teorias
está em os executivos usarem mais
a imaginação quando pensam sobre
disponíveis. Basta dizem para as empresas pequenas e
médias?
clientes e ser mais sensíveis à evolu-
ção de suas necessidades. A maioria
examiná-los com Na verdade, se examinarmos quase
todos os exemplos que geralmente
dos dados que precisamos para
refletir sobre o futuro está disponí-
lentes adequadas” uso, veremos que mostram como
empresas pequenas quebraram as
vel. Basta examiná-los com lentes regras e desafiaram as grandes. Sony
adequadas. versus Philips, CNN versus NBC,
Agora um exemplo brasileiro. ambientes desagradáveis para Honda versus General Motors,
A Avon foi extraordinariamente quem não é rico? Canon versus Xerox. Espero que,
bem-sucedida no Brasil chegando Em resumo, o processo diz daqui a dez anos, quando ainda esti-
a territórios difíceis e tornando respeito ao uso da imaginação e da vermos falando sobre essas questões,
cosméticos de qualidade disponíveis criatividade para descobrir novos haja um número suficiente de em-
para pessoas de todas as camadas canais, novas abordagens, novos presas brasileiras que tenham
socioeconômicas. Uma pergunta modelos de negócios, novos mode- enfrentado as grandes empresas de
interessante para fazer é: “A mesma los de lucros. Não se trata apenas de todo o mundo e se tornado, elas pró-
abordagem não poderia ser utili- trabalhar com um mercado menos prias, multinacionais. Estou certo de
zada nos serviços bancários?” abastado, mas de perguntar: “Por que todas essas idéias são extrema-
Acho esta uma pergunta interessan- que não estamos atendendo outras mente aplicáveis às empresas de um
tíssima. Por que todas as pessoas pessoas? O que precisamos fazer?” país em desenvolvimento, qualquer
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têm de frequentar essas agências, Uma empresa brasileira pode dizer: que seja seu tamanho. ◆

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