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PETIÇÃO DE HERANÇA

Conceito: é a ação destinada ao reconhecimento de direito sucessório e a restituição de


herança a quem a titulariza, mas foi preterido na partilha.
A abertura da sucessão implica a transferência da propriedade e da posse da herança aos
herdeiros necessários. No entanto, pode ser que, em razão do esquecimento ou do
desconhecimento da existência de um herdeiro, outro sucessor assuma a posse direta da
herança. Acreditando ter também a posse indireta e a propriedade.

Art. 1.824. O herdeiro pode, em ação de petição de herança, demandar o reconhecimento de


seu direito sucessório, para obter a restituição da herança, ou de parte dela, contra quem,
na qualidade de herdeiro, ou mesmo sem título, a possua.

Momento: Via de regra é cabível depois de concluída a partilha, pois quando houver inventário
devem os sucessores se habilitar ou pleitear sua admissão no inventário.
Pode ocorrer que diante da complexidade dos fatos, o juiz determine a sustação do pedido de
admissão e remeta a parte para as vias ordinárias (art. 628 CPC/2015).

Art. 628. Aquele que se julgar preterido poderá demandar sua admissão no inventário,
requerendo-a antes da partilha.
§ 1º Ouvidas as partes no prazo de 15 (quinze) dias, o juiz decidirá.
§ 2º Se para solução da questão for necessária a produção de provas que não a documental,
o juiz remeterá o requerente às vias ordinárias, mandando reservar, em poder do
inventariante, o quinhão do herdeiro excluído até que se decida o litígio.

Cabe petição de herança contra quem não ostenta o título de sucessor, mas era mero
possuidor de bens. O herdeiro agindo individualmente não tem ação petitória ou possessória.
Só o espólio é legítimo para a ação, mas a lei permite a petição de herança como forma de
defesa individual.
O possuidor está obrigado a restituir os bens do acervo e terá a responsabilidade regida pelo
preceito do direito das coisas (art 1828 CC), o que quer dizer:
1- Se estiver de boa-fé poderá reter as benfeitorias úteis e necessárias até ser indenizado
por elas e terá direito nos frutos percebidos, etc.
2- Se estiver de má-fé: terá direito a indenização apenas das benfeitorias necessárias,
mas não poderá retê-las (art. 1214 a 1222 CC) e responde pela perda ou deterioração
da coisa.

Art. 1.828. O herdeiro aparente, que de boa-fé houver pago um legado, não está obrigado a
prestar o equivalente ao verdadeiro sucessor, ressalvado a este o direito de proceder contra
quem o recebeu.

Prazo: Reconhecimento do direito sucessório importa direito patrimonial, a pretensão de seu


exercício se sujeita a ser encoberto pela prescrição. Há prazo específico, vale o art. 205
CC., aplica-se o prazo geral de 10 anos contado da abertura da sucessão (Súmula 149 STF).
HERANÇA JACENTE

A herança que não foi reclamada ou a que todos os seus herdeiros conhecidos renunciaram
'JAZ SEM DONO". Dai a expressão herança jacente.

Início: Art. 738 CPC/15. O Juiz em cuja comarca o falecido tiver domicílio procederá
imediatamente à arrecadação dos bens.

Art. 738. Nos casos em que a lei considere jacente a herança, o juiz em cuja comarca tiver
domicílio o falecido procederá imediatamente à arrecadação dos respectivos bens.

Bens depois de arrecadados: Art. 1819. Ficarão sob a guarda e administração de um curador
até;
A - A sua entrega ao sucessor devidamente habilitado
B - A sua declaração de vacância.

Art. 1.819. Falecendo alguém sem deixar testamento nem herdeiro legítimo notoriamente
conhecido, os bens da herança, depois de arrecadados, ficarão sob a guarda e administração
de um curador, até a sua entrega ao sucessor devidamente habilitado ou à declaração de
sua vacância.

Art. 741. Ultimada a arrecadação, o juiz mandará expedir edital, que será publicado na rede
mundial de computadores, no sítio do tribunal a que estiver vinculado o juízo e na
plataforma de editais do Conselho Nacional de Justiça, onde permanecerá por 3 (três) meses,
ou, não havendo sítio, no órgão oficial e na imprensa da comarca, por 3 (três) vezes com
intervalos de 1 (um) mês, para que os sucessores do falecido venham a habilitar-se no prazo
de 6 (seis) meses contado da primeira publicação.
§ 1ª Verificada a existência de sucessor ou de testamenteiro em lugar certo, far-se-á a sua
citação, sem prejuízo do edital.
§ 2ª Quando o falecido for estrangeiro, será também comunicado o fato à autoridade
consular.
§ 3° Julgada a habilitação do herdeiro, reconhecida a qualidade do testamenteiro ou
provada a identidade do cônjuge ou companheiro, a arrecadação converter-se-á em
inventário.
§ 4º Os credores da herança poderão habilitar-se como nos inventários ou propor a ação de
cobrança.

Passivo da Herança: (Art. 1821 CC). O credor pode solicitar o pagamento das dívidas,
devidamente comprovadas e reconhecidas pelo falecido, nos limites da força da herança.
Podem se habilitar no inventário ou propuser ação de cobrança (art. 741 §4° CPC).
SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA
- Pode ocorrer a sucessão por força da lei ou por disposição de última vontade.
>Por força de lei: Sucessão Legítima
>Por disposição de última vontade: Sucessão Testamentária.

1)Histórico: Inicialmente, a sucessão testamentária em Roma era concedida a quem não tinha
herdeiros necessários. Filhos Emancipados e Filhas não tinham direito a herança. O
emancipado pelo Pater Famílias deixava o seio familiar, o que gerava o fim da qualidade de
herdeiro necessário. No nosso direito a sucessão testamentária era admitida desde as
Ordenações Afonsinas e chega a nossa país através das Ordenações Filipinas.

Gouvea Pinto e Clovis Beviláqua defendem que a sucessão testamentária independerá da


instituição de herdeiro. Assim, se admite a cumulação da sucessão legítima com a
testamentária, conforme dispõe o art. 1626 CC/16.
Ressalvada a legítima dos herdeiros necessários (parte indisponível), goza o testador da
liberdade de testar (cf. dispõe Donizeti e Quintela)

2)Liberdade de testar: é a liberdade do testador de dispor acerca de sua sucessão em


testamento. Essa liberdade está limitada a proteção da legítima, parte reservada aos herdeiros
necessários (descendentes, ascendentes e cônjuges)
> Capacidade para testar: Maiores de 16 anos, que tenham pleno discernimento (art. 1860 §
único).

Art. 1.860. Além dos incapazes, não podem testar os que, no ato de fazê-lo, não tiverem pleno
discernimento.
Parágrafo único. Podem testar os maiores de dezesseis anos.

Incapacidade de Fato (art. 3° e 4° CC): Não pode testar pelo ato da representação ou
assistência.

Art. 3ª São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os


menores de 16 (dezesseis) anos.
(Redação dada pela Lei n° 13.146, de 2015) (Vigência)
I - (Revogado); Redação dada pela Lei n° 13.146, de2015) (Vigência)
II - (Revogado); Redação dada pela Lei n° 13.146, de 2015) (Vigência)
III - (Revogado). Redação dada pela Lei n° 13.146. de 2015) (Vigência)

Art. 4° São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer


Art. 4° São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer;
(Redação dada pela Lei n° 13.146 de 2015) (Vigência)
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o
discernimento reduzido
III -os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo;
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico;
(Redação dada pela Lei n° 13.146, de 2015) (Vigência)
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade;
(Redação dada pela Lei n° 13.146, de 2015) (Vigência)
IV - os pródigos.
Parágrafo único A capacidade dos índios será regulada por legislação especial.
Parágrafo único. A capacidade dos indigenas será regulada por legislação especial.
(Redação dada pela Lei n° 13.146, de 2015) (Vigência)

Ato de testar: Direito personalíssimo (não pode ser feito por mandatário ou assistente, art.
1858 CC).

Art. 1.858. O testamento é ato personalíssimo, podendo ser mudado a qualquer tempo.

A incapacidade superveniente (após a elaboração) não invalida o testamento.

Nem o testamento do incapaz (quando elaborou estava sob incapacidade) se valida com a
superveniência da capacidade.

Art. 1.861. A incapacidade superveniente do testador não invalida o testamento, nem o


testamento do incapaz se valida com a superveniência da capacidade.

Exemplo 1: Augusto, capaz de testar, elabora testamento e posteriormente vem a ser


interditado. Superveniência de incapacidade de fato: testamento válido.
Exemplo 2: Caio, menor de 16 anos, testa, tal testamento. Este não se tonará válido após calo
completar 16 anos. Superveniência de capacidade de direito: testamento inválido.

3)Capacidade Testamentária Passiva: Se refere à possibilidade ou não de a pessoa ser


nomeada herdeira ou legatária no testamento. Arts. 1801, 1802 e 1900 CC. (a ausência de
capacidade passiva acarreta a nulidade da instituição do herdeiro ou legatário).

Art. 1.801. Não podem ser nomeados herdeiros nem legatários:


I - a pessoa que, a rogo, escreveu o testamento, nem o seu cônjuge ou companheiro, ou os
seus ascendentes e irmãos;
II - as testemunhas do testamento;
III - o concubino do testador casado, salvo se este, sem culpa sua, estiver separado de fato
do cônjuge há mais de cinco anos;
IV - o tabelião, civil ou militar, ou o comandante ou escrivão, perante quem se fizer, assim
como o que fizer ou aprovar o testamento.

Art. 1.802. São nulas as disposições testamentárias em favor de pessoas não legitimadas a
suceder, ainda quando simuladas sob a forma de contrato oneroso, ou feitas mediante
interposta pessoa
Parágrafo único. Presumem-se pessoa. interpostas os ascendentes, os descendentes, os
irmãos e o cônjuge ou companheiro do não legitimado a suceder.

Art. 1.900. É nula a disposição:


I - que institua herdeiro ou legatário sob a condição captatória de que este disponha,
também por testamento, em benefício do testador, ou de terceiro;
II - que se refira a pessoa incerta, cuja identidade não se possa averiguar;
III - que favoreça a pessoa incerta, cometendo a determinação de sua identidade a terceiro;
IV - que deixe a arbítrio do herdeiro, ou de outrem, fixar o valor do legado;
V - que favoreça as pessoas a que se referem os arts. 1.801 e 1.802.

Nascituro: Sucede se nascer com vida (art. 1798 CC, nascidos e concebidos).
Art. 1799 CC: Atribui capacidade testamentária passiva aos concepturos, pessoas jurídicas,
pessoas jurídicas cuja organização, for determinada pelo testador sob a forma de fundação.

Art. 1.799. Na sucessão testamentária podem ainda ser chamados a suceder;


I - os filhos, ainda não concebidos, de pessoas indicadas pelo testador, desde que vivas estas
ao abrir-se a sucessão;
II - as pessoas jurídicas;
II - as pessoas jurídicas, cuja organização for determinada pelo testador sob a forma de
fundação.

Concepturos: For concebido e nascer com vida.


Deferida a sucessão com todos os frutos e rendimentos produzidos por sua herança desde a
morte do testador (art. 1800 § 3°)

Art. 1.800. No caso do inciso | do antigo antecedente, os bens da herança serão confiados,
após a liquidação ou partilha, a curador nomeado pelo juiz.
§ 1º Salvo disposição testamentária em contrário, a curatela caberá a pessoa cujo filho o
testador esperava ter por herdeiro, e sucessivamente, às pessoas indicadas no art. 1.775.
§ 2º Os poderes, deveres e responsabilidades do curador, assim nomeado, regem-se pelas
disposições concernentes à curatela dos incapazes, no que couber.
§ 3º Nascendo com vida o herdeiro esperado, ser-lhe-á deferida a sucessão, com os frutos e
rendimentos relativos à deixa, a partir da morte do testador.
§ 4º Se, decorridos dois anos após a abertura da sucessão, não for concebido o herdeiro
esperado, os bens reservados, salvo disposição em contrário do testador, caberão aos
herdeiros legítimos.

Art. 1.775. O cônjuge ou companheiro, não separado judicialmente ou de fato, é, de direito,


curador do outro, quando interdito.
§1º Na falta do cônjuge ou companheiro, é curador legítimo o pai ou a mãe; na falta destes,
o descendente que se demonstrar mais apto.
§ 2º Entre os descendentes, os mais próximos precedem aos mais remotos.
§ 3ª Na falta das pessoas mencionadas neste artigo, compete ao juiz a escolha do curador.

Art. 1.775-A. Na nomeação de curador para a pessoa com deficiência, o juiz poderá
estabelecer curatela compartilhada a mais de uma pessoa.
(Incluído pela Lei n° 13.146, de 2015) (Vigência)

4)Capacidade Testamentaria Passiva Rejeitada Pela Lei: Art. 1801 CC e 1900 CC – Concubina
(amante).

União Estável: Companheira e herdeira (art. 1829 CC).


5)Conceito e Natureza Jurídica do Testamento:
>Natureza Jurídica: Negócio Jurídico Unilateral.

>Conceito: negócio jurídico, pelo qual alguém, unilateralmente, declara a sua vontade,
segundo pressupostos de existência, validade e eficácia, com o propósito de dispor, no todo ou
em parte, dos seus bens bem como de determinar diligência de caráter não patrimonial para
depois de sua morte (Pablo Stolze).

"Ato de Disposição de Última Vontade"

6)Características:
A) Unilateralidade;
B) Caráter Personalíssimo;
C) Revogabilidade;
D) Solenidade;
E) Gratuidade;

• Noção e formas do testamento:


Testamento negócio jurídico unilateral por meio do qual uma pessoa dispõe de seu patrimônio
e faz outra disposição de última vontade para depois de sua morte (art. 1857, caput e §2°)

O CC cuida de:
A) 3 formas ordinárias de testamento;
B) 3 formas especiais de testamento;
C) 3 formas proibidas de testamento.

A) Formas ordinárias de testamento (art. 1862 CC)


- Público
- Cerrado
- Particular
Art. 1.862. São testamentos ordinários:
I - o público;
II - o cerrado;
III - o particular.

B) Formas especiais de testamento (art. 1886 CC)


- Marítimo
- Aeronáutico
- Militar
Art. 1.886. São testamentos especiais:
I  - o marítimo;
II  - o aeronáutico;
III  - o militar.

C) Formas proibidas de testamento (art. 1863 CC)


- Conjuntivo
>Simultâneo, Recíproco ou Correspectivo.

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