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I) Antecedentes históricos:
- A sucessão mortis causa, objeto do direito das sucessões, tem sua origem conexa aos direitos
familiares, como modo de perpetuação das próprias famílias.
II) Conceito:
- A palavra “suceder” tem o sentido genérico de virem os fatos e fenômenos jurídicos uns
depois dos outros. Sucessão é a respectiva seqüência.
- Diz-se sucessão o chamamento de uma ou mais pessoas à titularidade das relações jurídicas
patrimoniais de uma pessoa falecida e a consequente devolução dos bens que a esta pertenciam
(vide art. 2024 do CC português);
- O direito de herança é considerado direito fundamental (art. 5º, XXX da CRFB 88),
constituindo-se em cláusula pétrea. Só se admite sua entrega ao Poder Público se não for
reconhecida a existência de vocacionados a receberem-no (arts. 1819 e 1844 do CCB).
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- Natureza jurídica da herança: Universalidade de direito (universitas iuris – artigo 91 do CCB).
A herança defere-se como um todo unitário, ainda que vários sejam os seus herdeiros (art. 1791 do
CCB), sendo considerada bem imóvel para efeitos legais (artigo 80, II do CCB).
- O que será distribuído entre os sucessores não é a herança bruta e sim a herança líquida
(bens, direitos e créditos, menos os débitos e as dívidas de funeral – ver artigo 1998 do CCB). Pode
assim ocorrer o fenômeno conhecido como herança negativa, gerador do que se convencionou
denominar inventário negativo (arts. 19 e 20 do CPC – ação declaratória).
- Casos especiais:
• Seguro de vida: No caso de seguro de vida o filho confere (arts. 2002 e ss.) as prestações ou
anuidades com que a favor dele entrou o progenitor. Foram estas quantias que saíram do
patrimônio do ascendente em proveito do descendente. Não o prêmio pago pela
companhia. Esse o beneficiário recebe iure próprio (vide artigo 794 do CCB);
• Arquivos digitais: Desde que valorados economicamente são passíveis de serem herdados
nos moldes da legislação em vigor (ex. e-books, músicas e softwares, aplicativos, jogos e
cursos on line), salvo manifestação de vontade contrária do seu titular. A mesma regra deve
se dar em relação a tudo aquilo que está em aberto nas redes sociais, fotos, mensagens e
vídeos públicos, que foram compartilhados sem restrição. Constituem herança digital.
Conversas em redes sociais e troca de e-mails que compõem a esfera da
intimidade/privacidade não devem ser passíveis de serem herdadas, haja vista que se
enquadram no campo dos direitos da personalidade, salvo se contarem com expressa
anuência do titular. Quando se tratar de menor de 16 anos, pessoa incapaz de testar ou de
realizar sozinho atos da vida civil (arts. 1857 e 1860), qualquer herdeiro poderá solicitar em
juízo a não destruição do conteúdo digital do falecido e a respectiva determinação de
entrega aos sucessores vocacionados, ficando a critério do Juiz a análise do pleito (posição
doutrinária de Luiz Paulo Vieira de Carvalho);
- 1ª) Em regra a lei que rege a sucessão no espaço é a do domicílio do testador (art. 10, caput da Lei
de Introdução às Normas do Direito Brasileiro), cabendo tão só ao juiz brasileiro realizar o inventário
e a partilha de bens situados no Brasil (art. 23 do CPC). Entretanto, em caso de ocorrer fraude a
legítima dos herdeiros, pode o Juiz determinar, para fins de cálculo da legítima, a inclusão de
todos os bens, situados no Brasil e no exterior (ver artigo 618 do CPC e 1771 do CCB – Ver A.I N.º
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55.17/97 – 8ª Câmara Cível do TJRJ e REsp 275.985/SP, 4ª Turma do STJ). Os bens situados no
exterior, entretanto, devem ser partilhados pela autoridade do país onde se localizam;
- 2ª) Partilhados os bens deixados em herança no estrangeiro, segundo a lei sucessória da situação,
descabe a justiça brasileira computá-los na quota hereditária a ser partilhada no país em detrimento
do princípio da pluralidade dos juízos sucessórios (ver REsp 397.769 – 3ª Turma do STJ).
- A herança ou espólio, nos termos do artigo 75, VII do CPC, é uma pessoa formal (ente
despersonalizado portador de capacidade jurídica), podendo estar representado pelo
administrador provisório (art. 1797 do CCB) ou pelo inventariante (artigos 617 a 619 do CPC).
- Situações excepcionais:
• Quando alguém é ofendido moralmente em vida e ajuíza a pretensão compensatória: tal qual
ocorre em relação ao dano patrimonial, vindo o autor a falecer no curso da demanda e sendo
esta vitoriosa, o crédito daí decorrente fará parte da herança do ofendido. Pode ocorrer,
ainda, a sucessão processual (art. 110 do CPC);
• Mesmo não tendo sido ajuizada a ação reparatória, o conteúdo patrimonial da ofensa moral à
personalidade do falecido transfere-se aos seus sucessores, por integrarem a herança como
crédito do espólio (direito eminentemente obrigacional – art. 943 do CPC). Transfere-se o
direito à indenização por dano moral e não o próprio dano moral (carecerá de prova de sua
ocorrência). Tese controvertida na jurisprudência. Ver em sentido positivo o REsp 978.651
da 1ª Turma do E. STJ. No mesmo caminho o Enunciado 454 da V Jornada de Direito Civil
CEJ/JF-STJ. A legitimação indenizatória, nesse caso, caberá ao espólio;
• Na parte geral temos o disposto nos artigos 12 e 20 do CCB (medidas acautelatórias e/ou
reparatórias em face daqueles que venham a ofender a memória do falecido – a projeção da
personalidade se espraia para além da vida, merecendo proteção jurídica);
- A sucessão legítima ou legal é a herança deferida às pessoas designadas na lei. Ocorre mais
comumente quando o autor da herança morre ab intestato.
- Princípio da sobra (art. 1788 do CCB): Na falta de testamento, no todo ou em parte, havendo
remanescente patrimonial, recolherão a herança os sucessores legítimos do falecido. O mesmo
acontece nos termos do art. 1966 do CCB.
- Regra básica: A classe e o grau de herdeiros mais próximos excluem os herdeiros mais
remotos, salvo na eventualidade de ocorrer direito de representação (arts. 1851 e ss. do CCB).
- A sucessão legítima ou legal é o gênero, enquanto a sucessão legitimária uma das espécies
(vide arts. 1845 e ss. do CCB).
- A sucessão legal e a legítima não são formas excludentes entre si, podendo coexistir na
mesma herança (sucessão mista).
c) Pode ainda verificar-se em vida – INTER VIVOS – ou pela morte – CAUSA MORTIS.
- A primeira ocorre no campo do direito das obrigações, do direito das coisas, do direito de
família, etc. Em regra tem sua fonte nos negócios jurídicos (contratos em geral). A segunda tem por
causa a morte da pessoal física ou natural.
- Como se denomina a pessoa que irá receber os bens: herdeiros (legais ou testamentários) e
legatários.
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