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Sucessão

1. Considerações Iniciais
Sucessão Inter vivos – compra e venda, doação, incorporação, etc.
Sucessão Causa mortis ou mortis causa
É objeto do direito de sucessões a sucessão provocada pelo fato jurídico morte,
conhecida como causa mortis.
Sucessão: Sinônimo de transmissão.
Direito das Sucessões – Das Críticas e dos Argumentos favoráveis
Críticas

1. Desejo de ver a morte do outro;


2. Sucessão é como escravidão – geradora de preguiça, não gera vontade
produtiva;
3. A pessoa acumula riquezas através da sociedade e quando morre deve
devolver à coletividade.
Alguns autores socialistas eram contra o Direito das Sucessões, uma vez que
acreditavam que quando alguém morre, não deve deixar seu patrimônio para a
família, mas, sim, para o Estado, beneficiando, portanto, a todos.
A sucessão, além de incentivar a preguiça, desestimula o trabalho.
Dos argumentos favoráveis - As tentativas de repressão ao Direito das Sucessões
não deram certo, uma vez que desestimulam o trabalho, pois uma vez que sabendo
que sua riqueza não será deixada a seus entes queridos o homem tende a acumular
o mínimo necessário à sua sobrevivência ou a burlar o impedimento doando seus
bens em via à sua família.
Teoria Droit de saisine (Na tradução literal, do francês, “Direito à posse” – 1.784)
Ficção Jurídica – A transmissão do patrimônio ocorre no exato momento da morte, a
abertura da herança se dá com a morte.
Trata-se de uma ficção jurídica¹.
(1) Ficção Jurídica: Criação artificial/forçada, elaborada pelo Direito para produzir
efeitos num determinado sentido.
Ex. Personalidade jurídica
Morte - transmissão dos bens e abertura da sucessão
O patrimônio é transferido com a morte.
A sucessão se abre com a morte.
Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde
logo, aos herdeiros legítimos e testamentários.
Inventário
Considerações Iniciais
Após a abertura da sucessão, realizar-se-á o inventário. Através deste:

1. Apura-se o valor da herança líquida;


2. Credores apuram o crédito do falecido e habilitam crédito;
3. Regulariza-se a situação dos bens para que seja possível, por exemplo,
sua alienação;
4. O Estado recolhe o imposto estadual ITC (Imposto de Transmissão de
Causa Morte e Doação);
5. Realiza-se a partilha dos bens para os herdeiros.
Inventário Judicial - Lugar (Onde se ajuíza o inventário judicial – Foro competente)
(Art. 1.785 cc 48 CPC)
- 1ª Regra – Domicílio do falecido;
- 2ª Regra – Situação dos bens (onde os bens se encontram) – No caso em que o
falecido possuía domicílio incerto ou mais de um domicílio;
- 3ª Regra – Lugar da situação de qualquer dos bens – Ocorrerá se falecido tinha
bens em vários lugares, domicílio incerto ou mais de um domicílio.
- 4ª Regra - Último domicílio no Brasil – Caso o falecido tenha morrido no exterior.
Art. 1.785. A sucessão abre-se no lugar do último domicílio do falecido.
Inventário Administrativo ( Requer assinatura de advogado)
Feito em qualquer cartório de notas do país.
Dar-se-á nos casos em que as partes:

1. São maiores e capazes;


2. Concordam com a partilha.
Tem maior custo, todavia é mais célere.
A sucessão pode se legítima (art. 1.829) e testamentária (Art. 1.786 – CCB)
Sucessão legítima
Obedece a uma ordem de preferência disposta na lei conforme o artigo 1.829 do
CCB.
Os herdeiros necessários são: Ascendentes, descendentes e o cônjuge ou
companheiro.
Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:
I - Aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente,
salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão
universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640,
parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da
herança não houver deixado bens particulares;
II - Aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge;
III - ao cônjuge sobrevivente;
IV - Aos colaterais.
A Sucessão testamentária é aquela que obedece a vontade do testador que distribui
o seu patrimônio ou parte dele através de declaração unilateral da vontade, o
testamento.
50% dos bens do testador são destinados por lei aos herdeiros necessários. É a
chamada legítima dos herdeiros necessários
Quem não tem herdeiro necessário pode deixar todo seu patrimônio para quem bem
entender.
- Exceção – Impedidos de receber herança (Art. 1.801 e 1.802 – CC):
Testemunhas, tabelião, pessoa que a rogo fez o testamento e a concubina do
testador casado, bem como as interpostas pessoas (ascendente, descendente e
cônjuge de pessoas impedidas).
Art. 1.801. Não podem ser nomeados herdeiros nem legatários:
I - a pessoa que, a rogo, escreveu o testamento, nem o seu
cônjuge ou companheiro, ou os seus ascendentes e irmãos;
II - as testemunhas do testamento;
III - o concubino do testador casado, salvo se este, sem culpa
sua, estiver separado de fato do cônjuge há mais de cinco
anos;
IV - o tabelião, civil ou militar, ou o comandante ou escrivão,
perante quem se fizer, assim como o que fizer ou aprovar o
testamento.
Art. 1.802. São nulas as disposições testamentárias em favor
de pessoas não legitimadas a suceder, ainda quando
simuladas sob a forma de contrato oneroso, ou feitas mediante
interposta pessoa.
Parágrafo único. Presumem-se pessoas interpostas os
ascendentes, os descendentes, os irmãos e o cônjuge ou
companheiro do não legitimado a suceder.
Sucessão Universal e Sucessão a Título Singular
Sucessão Universal
Transmite-se uma universalidade de bens, isto é, não se transmite um bem
específico, determinado.
Ex. Na sucessão legítima somente se tem certeza do que cada um vai receber após
a partilha.
Legatário: pessoa que recebe bem específico, determinado.
Se o legatário for filho e não houver ressalva no testamento, este receberá a parte
testamentária e a legítima.
Sucessão a Título Singular
Transmite-se um bem específico, determinado.
Aula 02
Sucessão
Ato em que alguém assume o lugar de outrem.
Direito das Sucessões
“Conjunto de normas que disciplinam a transmissão do
patrimônio de uma pessoa que morreu a seus sucessores” –
Eduardo Oliveira Leite
“A sucessão abranda a angústia da morte criando o sentimento
de imortalidade” – Eduardo Oliveira Leite
“O ser humano, buscando seu próprio interesse, tende a
adquirir bens em seu proveito atendendo assim, indiretamente,
ao interesse social. Por isso, a sociedade permite a
transmissão de bens aos herdeiros, estimulando a produção de
riquezas e conservando unidades econômicas a serviço do
bem comum. Daí se infere que o Direito das Sucessões
desempenha importante função social” – Maria Helena Diniz
Partilha (Art. 1.791)
A partilha é o que diz o que pertencerá a cada herdeiro.
Até a partilha, os herdeiros são considerados condôminos.
Assim, as mesmas regras que regem o condomínio regerão a partilha.
Art. 1.791. A herança defere-se como um todo unitário, ainda
que vários sejam os herdeiros.
Parágrafo único. Até a partilha, o direito dos co-herdeiros,
quanto à propriedade e posse da herança, será indivisível, e
regular-se-á pelas normas relativas ao condomínio.

Aula do dia 26/02/2021

8. Herança – Bem imóvel (Art. 80, II CC)


Herança é tratada como bem imóvel. Deste modo, a transferência deve ser feita por
meio de escritura pública, ainda que a herança seja de bens móveis.
Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais:
I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os
asseguram;
II - o direito à sucessão aberta.
Separação de fato - é aquela que não conta com a interferência do poder judiciário.
É necessários 02 anos de separação de fato.

Da ordem de vocação hereditária - Das disposições testamentárias - arts. 1.897


e seguintes.
Aula dia 01/03/2021

Das disposições testamentárias - 1.897 e seguintes.


Prazo inicial e final nas disposições testamentárias só podem ser colocados nos
legados de usufruto, alimentos e fideicomisso.
Legado de usufruto - Coloca-se termo, inicial e final. Caso contrário, o usufruto será
vitalício.
Legado de usufruto - Coloca-se termo, inicial e final. Caso contrário, o usufruto será
vitalício.
1.500.000,00.
Pode-se colocar prazo. C, D e E serão usufrutuários por 10 anos.
B proprietário do imóvel, mas ele a propriedade limitada. B terá a propriedade plena
da coisa no dia em que C,D e E faltarem.
Testador A, deixa para seu amigo B, a quantia de um salário-mínimo mensal,
enquanto ele viver, a título de alimentos.
Poderia ter estipulado por 12 anos.

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Art. 1.829 - O primeiro a receber a herança é o descendente juntamente com o
cônjuge.

Em três situações o primeiro a receber a herança será apenas o descendente:


regime de separação obrigatória de bens; regime de comunhão parcial de bens sem
bens particulares e regime de comunhão universal.
Na falta de descendentes o cônjuge sempre herda.
1/3 para cada um sendo pai, mãe e cônjuge.
1/2 para o cônjuge e metade para os avós sendo cônjuge e avós.
Se A era casado com B pelo regime de comunhão universal de bens e adquiriram
patrimônio de 3.000.000,00 na constância da união. O casal teve 03 filhos.
1.500.000,00 para A título de meação.
E a parte de B, que seriam 1.500.000,00 seria entregue aos três filhos do casal.
Se B não tivesse filhos e tivesse pai e mãe.
Seria meação de 1.500.000 para A .
e sobre a parte de B, 500 para A, 500 para o pai de B e 500 para a mãe de B.
Se B tivesse deixado A e 5 irmãos seria tudo para A em qualquer regime de bens.
Se A e B fossem casados pelo regime de separação obrigatória de bens?
Adquiriram durante a união 3.000.000,00 e B tinha 03 filhos do casamento anterior?
Súmula 377 do STF, A teria meação de 1.500.000,00.
A herança de B, que seria 1.500.000,00 seria entregue aos filhos de B.
Se B não tivesse filhos e tivesse a mãe com 100 anos?
Seria meação de 1.500.000,00 para A + 750.000,00 para A e 750.000,00 para a mãe
de B.
Se B tivesse deixado apenas A e três irmãos, seria tudo para A.

Art. 1.830. Somente é reconhecido direito sucessório ao


cônjuge sobrevivente se, ao tempo
a morte do outro, não estavam separados judicialmente, nem
separados de fato há mais de dois anos, salvo prova, neste
caso, de que essa convivência se tornara impossível sem culpa
do sobrevivente.

Direito de continuar morando no imóvel residencial do casal, desde que seja o único
imóvel residencial na herança. No caso de só haver um único imóvel residencial
deixado. O objetivo do Direito Real de habitação é garantir um teto para a pessoa.

Art. 1.831. Ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o


regime de bens, será assegurado, sem prejuízo da participação
que lhe caiba na herança, o direito real de habitação
relativamente ao imóvel destinado à residência da família,
desde que seja o único daquela natureza a inventariar.

PROBLEMAS DO DIREITO REAL DE HABITAÇÃO.


1 - O direito real de habitação deveria beneficiar também filhos sujeitos a alimentos.
2 - O direito real de habitação deveria ser mantido enquanto a viúva ou viúvo
permanecessem solteiros.

DIREITO REAL DE HABITAÇÃO NA UNIÃO ESTÁVEL.


a) Art. 1.829 - Casamento.
b) Art. 1.790 - Na união estável.
c) Art. 1.831 para união estável.

Mesmo sem contrato de união estável a gente vai aplicar a lei de casamento. Aplica-
se sempre a lei em vigor no momento da morte.

Qual é a diferença entre usufruto e direito real de habitação?

Durante a união acumularam patrimônio de 3.000.000,00. Antes de casar-se, B tinha


uma casa avaliada em 800.000,00. Como se dará a partilha?
Na comunhão parcial com bens particulares existem duas correntes.
Primeira corrente.
Majoritária.
1.500.000 meação para A. 1.500.000,00 para os filhos e os bens particulares, ou
seja, 800.000,00 serão divididos por quatro, os três filhos e A.
Segunda corrente - minoritária.
2.300.000 e divido por 04.
2.300.000,00 e divido entre os 03 filhos e A.
Além da meação de A que é de 1.500.000,00.
A herança seria de 2.300.000,00 por que seriam 1.500.000,00 + 800.000,00 em
bens particulares.
Nesta concorrência entre o cônjuge sobrevivente e os descendentes do falecido, o
artigo 1832 diz que a viúva não receberá menos que 1/4 da herança se for mãe de
todos.
Art. 1.832. Em concorrência com os descendentes (art. 1.829,
inciso I) caberá ao cônjuge quinhão igual ao dos que
sucederem por cabeça, não podendo a sua quota ser inferior à
quarta parte da herança, se for ascendente dos herdeiros com
que concorrer.

9. Regimento da sucessão – legislação em vigor no momento da morte


(Art. 1.787)
O que rege a sucessão é a lei em vigor no momento da morte do de cujus.
Art. 1.787. Regula a sucessão e a legitimação para suceder a
lei vigente ao tempo da abertura daquela.
Ex. Morte em 2001 – lei aplicável – Código de 1.916.
Da cessão de direitos hereditários. (Art. 1.793)
É possível vender ou doar o direito hereditário.
Pacta Corvina - Herança de pessoa viva – Vedada a negociação.
Não se pode negociar herança de pessoa viva, isto é, o herdeiro somente pode
vender sua parte após a morte do de cujus.
Cessão onerosa – Direito de Preferência
deve-se ofertar, primeiramente, aos demais herdeiros, tendo em vista que, até a
partilha, estes são condôminos.
Somente existe direito de preferência na cessão onerosa.
Não existe direito de preferência na cessão gratuita, pois estaria se aniquilando
o animus donandi, a vontade de doar.
A cessão de direitos hereditários é um negócio jurídico intervivos
Trata-se de uma cessão intervivos.
Autorização do cônjuge
Para ceder a herança deve-se ter a autorização do cônjuge, exceto no regime de
separação voluntária de bens.
O cônjuge deve assinar a escritura pública.
Cessão vs. compra e venda comum
Na compra e venda comum é sabido sobre qual bem recairá.
Na compra e venda da condição de herdeiro não há certeza quanto ao que lhe será
destinado, exceto quando a herança recai sobre um único bem.
Impostos
Na cessão de direitos hereditários onerosa serão recolhidos dois impostos, o - ITCD
– Imposto de Transmissão causa mortis e doação – 5%
Sobre o valor líquido da herança e o ITBI – Imposto de Transmissão de bens
imóveis
Pago pelo adquirente do direito de herança, sobre a parcela da herança vendida.
Em caso de cessão de direitos hereditários gratuita recolhe-se o ITCD sobre toda a
herança, em virtude do falto gerador morte e novamente o ITCD, desta vez em
virtude do fato gerador doação, 5%, sobre o valor referente à parte da herança
doada.
Prazo para recolhimento do ITCD – 180 dias da morte, sob pena de multa de 1% ao
mês sobre o valor líquido da herança.
Art. 1.793. O direito à sucessão aberta, bem como o quinhão
de que disponha o co-herdeiro, pode ser objeto de cessão por
escritura pública.

 1o Os direitos, conferidos ao herdeiro em conseqüência de substituição ou


de direito de acrescer, presumem-se não abrangidos pela cessão feita
anteriormente.
 2o É ineficaz a cessão, pelo co-herdeiro, de seu direito hereditário sobre
qualquer bem da herança considerado singularmente.
 3o Ineficaz é a disposição, sem prévia autorização do juiz da sucessão,
por qualquer herdeiro, de bem componente do acervo hereditário,
pendente a indivisibilidade.
Não envolve acréscimo posterior
A cessão de direitos hereditários anterior (a partilha) não envolve acréscimo
posterior em decorrência da renúncia de herdeiro.
Ex. Depois que o filho 3 vendeu para o filho 4, o filho 2 renunciou a herança. A
herança dos irmãos, portanto, aumentou. Em relação à parte que aumentou, caso
seja interesse do filho 3 dispor do acréscimo na herança, deve-se fazer uma nova
escritura pública e vender para o filho 4 o acréscimo novamente.
Se houver interesse de mais de um herdeiro, divide a parte para os interessados
(Art. 1.795)
Art. 1.795. O co-herdeiro, a quem não se der conhecimento da
cessão, poderá, depositado o preço, haver para si a quota
cedida a estranho, se o requerer até cento e oitenta dias após
a transmissão.
Parágrafo único. Sendo vários os co-herdeiros a exercer a
preferência, entre eles se distribuirá o quinhão cedido, na
proporção das respectivas quotas hereditárias.
Da Aceitação e renúncia à herança (Art. 1.806 e seguintes)
São irretratáveis.
Renúncia abdicativa
Renuncia-se ao Direito de Herança em favor do monte. O montante aumenta em
favor do que não renunciou (monte-mor).
Renúncia translativa - não existe no brasil
Realizada em favor de uma pessoa específica.
No Brasil, é considerada como aceitação da herança e cessão gratuita de direitos
hereditários.
“Pois seria o mesmo de aceitar e doar.”
Não existe renúncia parcial ou condicional, nem mesmo aceitação neste sentido.

Exceção
Se o herdeiro for, ao mesmo tempo, legítimo e testamentário, poderá escolher se
quer apenas uma das partes, as duas ou nenhuma delas.
A aceitação e renúncia são irretratáveis.
Art. 1.808. Não se pode aceitar ou renunciar a herança em
parte, sob condição ou a termo.

 1o O herdeiro, a quem se testarem legados, pode aceitá-los, renunciando


a herança; ou, aceitando-a, repudiá-los.
 2o O herdeiro, chamado, na mesma sucessão, a mais de um quinhão
hereditário, sob títulos sucessórios diversos, pode livremente deliberar
quanto aos quinhões que aceita e aos que renuncia.
Formas de renúncia

1. Por termo nos autos


2. Por escritura pública
A aceitação pode ser tácita, mas a renúncia deverá ser sempre expressa.
Perigo da renúncia
Se todos os filhos renunciarem, os herdeiros da classe mais próxima (netos),
herdam.
Se apenas um dos filhos renúncia, os filhos dele não herdam, pois os irmãos
permanecem.
Aceitação da herança pelos credores
Herdeiro que renuncia tendo dívidas dá margem à aceitação de sua herança pelos
credores.
Aceita somente até a parte da dívida. O restante será destinado ao espólio.
Aula 03
Da exclusão do herdeiro por indignidade (Arts. 1.814 e seguintes)
Exclusão do herdeiro ou do legatário incurso em falta grave contra o autor da
herança e pessoas de sua família que o impede de receber o acervo hereditário.
Afasta-se da herança o herdeiro que cometeu uma falta grave contra o inventariado.
Pena Civil que priva do Direito à herança
A exclusão é uma penalidade civil que não obsta eventual condenação penal
cabível.
Hipóteses. Rol taxativo. (Art. 1.814)

1. Homicídio ou tentativa contra o autor da herança, ascendente,


descendente, cônjuge ou companheiro
2. Calúnia em juízo ou crime contra honra¹ contra o autor da herança
(1) Crime contra a honra: Estende ao cônjuge ou companheiro.

1. Atentar contra a liberdade de disposição de bens.


Ex. Filho ameaça mãe para que esta escreva testamento.
Ação de exclusão do herdeiro por indignidade
Exclusão não automática – ajuizamento da ação necessário
A exclusão do herdeiro não é automática, devendo os demais interessados
ajuizarem Ação de Exclusão de Herdeiro por Indignidade.
Prazo decadencial – 4 anos
Conta-se o prazo de 4 anos a partir da morte do de cujus.
- No Brasil, a condenação cível é independente em relação à criminal, exceto se o
cerne se referir a prática de crime.
- Se o herdeiro excluído já tiver recebido os bens, pode-se pedir de volta.
Existe projeto de lei que torna automático o afastamento da herança na própria
sentença penal condenatória do crime de homicídio ou tentativa de homicídio.
Todavia, na atualidade os herdeiros devem propor a ação específica
supramencionada.
Propositura pelo Ministério Público
O Ministério Público tem competência para a propositura da ação, principalmente
quando há incapaz envolvido ou tratar-se de herdeiro único.
Também pode ajuizar a ação quando interessado não o fizer.
Justifica-se pelo fato de que a sociedade não deve assistir a este tipo de conduta. É
de interesse social, pois não se pode permitir que o torpe se beneficie da própria
torpeza.
Efeitos
Pessoais e retroativos
Os efeitos são pessoais e retroativos à data da morte¹.
(1) Efeitos retroativos à data da morte: Ex tunc - Deve o condenado devolver a
herança eventualmente recebida, inclusive com os frutos.
Os filhos² do agressor exluído da herança não são prejudicados, tendo, portanto,
direito à herança no lugar daquele.
(2) Filhos: Concebidos ou nascidos.
Todavia, em caso de morte dos filhos, o condenado não volta a ter direito sobre a
herança.
Vedação – usufruto e administração da herança
Some-se a isso, o condenado não pode ser usufrutuário ou administrador da
herança.
Frutos e rendimentos também devem ser devolvidos
A partir do momento em que a pessoa tem que devolver a herança, deve devolvê-la
com seus respectivos frutos e rendimentos.
Ressarcimento das benfeitorias
Antes da citação, o condenado tem direito de ser ressarcido pelas benfeitorias
necessárias e úteis.
Após a citação, por outro lado, considera-se comprovada a má-fé, não terá direito ao
ressarcimento das benfeitorias úteis e voluptuárias, somente das benfeitorias
necessárias.
- as regras de exclusão também são válidas para os herdeiros testamentários e
necessários.
- Na renúncia, por se tratar de ato voluntário, os filhos daquele que renunciou não
recebem. Entretanto, na exclusão por indignidade e na deserdação, os filhos do
herdeiro deserdado ou excluído receberão a herança em seu lugar.
Venda a terceiro de boa-fé
Pede-se o dinheiro apurado com a venda pelo condenado por exclusão.
Se antes de sentença de exclusão o bem é vendido a terceiro de boa-fé a venda é
válida ficando os herdeiros com o direito de pedir o valor apurado pela venda ao
herdeiro excluído.
Doação a terceiro
Se tratar de doação pede-se o próprio bem de volta.
Reabilitação (Art. 1.818)
É possível o perdão pelo autor da herança. Deve ser expresso através de
testamento ou outro ato autêntico.
Se o autor da herança não expressa o perdão, mas deixa determinado bem para o
agressor, este recebe o bem especificado (no limite da deixa), mas não o perdão.
assim, não se presume o perdão.
Art. 1.818. Aquele que incorreu em atos que determinem a
exclusão da herança será admitido a suceder, se o ofendido o
tiver expressamente reabilitado em testamento, ou em outro
ato autêntico.
Parágrafo único. Não havendo reabilitação expressa, o indigno,
contemplado em testamento do ofendido, quando o testador,
ao testar, já conhecia a causa da indignidade, pode suceder no
limite da disposição testamentária.
Deserdação

1. Conceito
Afasta do recebimento da herança o herdeiro que cometeu falta grave.
“Manifestação de vontade, feita pelo autor do patrimônio, externada através do
testamento, pelo qual o testador almeja excluir o herdeiro sucessório, privando-o de
sua legítima” – Salomão de Araújo Cateb
Trata-se de penalidade civil que priva do direito à herança.

2. Hipóteses (Arts. 1.814, 1.962 e 1.963)


As mesmas da exclusão, incluídas ofensa física, injúria grave, relação amorosa com
madrasta ou padrasto ou deixar ascendente enfermo ou em grave alienação mental
abandonado.
Art. 1.814. São excluídos da sucessão os herdeiros ou
legatários:
I - que houverem sido autores, co-autores ou partícipes de
homicídio doloso, ou tentativa deste, contra a pessoa de cuja
sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro, ascendente ou
descendente;
II - que houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da
herança ou incorrerem em crime contra a sua honra, ou de seu
cônjuge ou companheiro;
III - que, por violência ou meios fraudulentos, inibirem ou
obstarem o autor da herança de dispor livremente de seus
bens por ato de última vontade.

Art. 1.962. Além das causas mencionadas no art. 1.814,


autorizam a deserdação dos descendentes por seus
ascendentes:
I - ofensa física;
II - injúria grave;
III - relações ilícitas com a madrasta ou com o padrasto;
IV - desamparo do ascendente em alienação mental ou grave
enfermidade.
Art. 1.963. Além das causas enumeradas no art. 1.814,
autorizam a deserdação dos ascendentes pelos descendentes:
I - ofensa física;
II - injúria grave;
III - relações ilícitas com a mulher ou companheira do filho ou a
do neto, ou com o marido ou companheiro da filha ou o da
neta;
IV - desamparo do filho ou neto com deficiência mental ou
grave enfermidade.
Ação ordinária de deserdação
A deserdação não é automática. É necessária a propositura da ação ordinária de
deserdação, no prazo de 04 anos contado do registro do testamento.
Se o autor da herança nada disser, mesmo diante de falta grave, cabe ação de
exclusão por indignidade.
Assim, se o ascendente se tornou alienado mental e não conseguiu fazer o
testamento, não cabe deserdação.
Trata-se de ato personalíssimo. Logo, o curador não pode fazer.
A deserdação requer testamento do autor da herança, manifestando o desejo de
deserdar o herdeiro e indicando o motivo.

4. Deserdação de ascendentes (Art. 1.963)


Os filhos podem deserdar pais.
Requisitos da deserdação

1. Falta grave
2. Testamento
3. Ação ordinária de deserdação
Propositura pelo Ministério Público (mesmas regras da exclusão por indignidade).
O Ministério Público tem competência para a propositura da ação.
Também pode ajuizar a ação quando interessado não o fizer.
Justifica-se pelo fato de que a sociedade não deve assistir a este tipo de conduta. É
de interesse social, pois não se pode permitir que o torpe se beneficie da própria
torpeza.
Efeitos
Pessoais e retroativos
Os efeitos são pessoais e retroativos à data da morte.
Efeitos retroativos à data da morte: Ex tunc - Deve o condenado devolver a herança
eventualmente recebida, inclusive com os frutos.
Os filhos do agressor não são prejudicados, tendo, portanto, direito à herança.
Todavia, em caso de morte dos filhos, o condenado não volta a ter direito sobre a
herança.
Vedação – usufruto e administração da herança
Some-se a isso, o condenado por deserdação não pode ser usufrutuário ou
administrador da herança entregue ao filho menor.
Frutos e rendimentos também devem ser devolvidos
A partir do momento em que a pessoa tem que devolver a herança, deve devolvê-la
com seus respectivos frutos e rendimentos.

Ressarcimento das benfeitorias


Antes da citação, o condenado tem direito de ser ressarcido pelas benfeitorias
necessárias e úteis.
Após a citação, por outro lado, considera-se comprovada a má-fé, não terá direito ao
ressarcimento das benfeitorias úteis e voluptuárias, mas somente das necessárias.
Venda a terceiro de boa-fé (Regras da exclusão)
Pede-se o dinheiro apurado com a venda pelo condenado.
Aula 04
Do testamento
Declaração unilateral da vontade, através do qual o testador faz disposições de
última vontade para depois de sua morte, além de outras especificações.
Características: Unilateral, gratuito, solene, revogável, com produção de efeitos
causa mortis, personalíssimo.
Artigos 1857 e seguintes do CCB
Idade mínima: 16 anos. Art. 1860.
A incapacidade posterior não valida testamento de pessoa capaz, assim como a
capacidade posterior, não valida testamento realizado por menor de 16 anos.
Formas ordinárias: público, realizado em cartório de notas na presença de duas
testemunhas.
Cerrado, secreto ou místico: passa pelo cartório apenas para realização de auto
de aprovação. Requer duas testemunhas e é aberto exclusivamente pelo juiz, caso
contrário perde sua validade.
Particular: Não realizado em cartório, escrito à mão ou digitado, na presença de três
testemunhas, sendo que uma delas será chamada à presença do juiz para confirmar
a realização do mesmo, após a morte do autor da herança.
Testamentos especiais: Marítimo, aeronáutico ou militar.
Marítimo: realizado pelo comandante, na presença de 02 testemunhas a bordo de
embarcação nacional, de guerra, civil ou mercante. Deverá ser entregue às
autoridades portuárias do primeiro porto.
Aeronáutico: realizado perante pessoa designada pelo comandante, na presença
de 02 testemunhas a bordo de navio nacional, de guerra, civil ou mercante. Deverá
ser entregue às autoridades aeroportuárias do primeiro aeroporto.
Militar: apenas para militares em sérvio, perante o oficial de mais alta patente. Art.
1893 e seguintes.
Testamento nuncupativo: Oral, na presença de duas testemunhas. Só é admitido
para militares. Art. 1.896.
Os testamentos especiais caducam em 90 dias a partir do momento em que é
possível testar pela via ordinária. Art. 1895.
O testamento militar cerrado é o único que não caduca em 90 dias. Art. 1.894.
Circunstâncias excepcionais: Art. 1879.
Art. 1.879. Em circunstâncias excepcionais declaradas na cédula, o testamento
particular de próprio punho e assinado pelo testador, sem testemunhas, poderá ser
confirmado, a critério do juiz. 26
Anulação de testamento inteiro: Prazo de 05 anos contado do registro do
testamento. Art. 1.859.
Anulação de cláusula testamentária: Prazo de 04 anos contado do conhecimento
do vício. Art. 1.879.
Aula 05
Das disposições testamentárias (Art. 1.897 e seguintes)
A disposição testamentária pode ser pura e simples, condicional, com termo ou
encargo.
As disposições que comportam termo (prazo inicial e de encerramento) acontecem
nos casos de fideicomisso (art. 1951e seguintes), usufruto (art. 1921) e legado
de alimentos (art. 1920).
As condições são fiscalizadas pelos interessados os herdeiros legítimos. Caso não
sejam cumpridas, o bem será retornará para o monte.
A condição acompanha o bem desde que seja impessoal.
Se a pessoa parar de cumprir condição depois de encerrado o inventário e não há
herdeiros diretos, o Ministério Público tem legitimidade para propor a ação.
Art. 1.951. Pode o testador instituir herdeiros ou legatários,
estabelecendo que, por ocasião de sua morte, a herança ou o
legado se transmita ao fiduciário, resolvendo-se o direito deste,
por sua morte, a certo tempo ou sob certa condição, em favor
de outrem, que se qualifica de fideicomissário.
Art. 1.952. A substituição fideicomissária somente se permite
em favor dos não concebidos ao tempo da morte do testador.
Parágrafo único. Se, ao tempo da morte do testador, já houver nascido o
fideicomissário, adquirirá este a propriedade dos bens fideicometidos, convertendo-
se em usufruto o direito do fiduciário.
Disposições nulas (Art. 1.900)
São nulas as disposições:

1. Que contenham beneficiários incertos.


“Deixo 15% do meu patrimônio para uma pessoa bonita/alta/inteligente.”

1. Que contenham beneficiários incertos para que estes sejam determinados


por terceiros. Ex. deixo ¼ da minha herança para alguém que será
escolhido por Luiz.
2. Que não especifiquem o que está deixando para determinada pessoa.
Ex. Deixo algo (não especificado) para Carlos.

1. Que condicionem ao testamento de outra pessoa.


Ex. Deixo uma casa à Sônia se ela me beneficiar em seu testamento.
Art. 1.900. É nula a disposição:
I - que institua herdeiro ou legatário sob a condição captatória
de que este disponha, também por testamento, em benefício
do testador, ou de terceiros;
II - que se refira a pessoa incerta, cuja identidade não se possa
averiguar;
III - que favoreça a pessoa incerta, cometendo a determinação
de sua identidade a terceiro;
IV - que deixe a arbítrio do herdeiro, ou de outrem, fixar o valor
do legado;
V - que favoreça as pessoas a que se referem os arts. 1.801 e
1.802.
Disposições válidas (Art. 1.901) – Exceções
São válidas as disposições que beneficiem alguém que será indicado por terceiro, se
fechado o rol de opções dele. Ex. Deixo minha casa a alguém a ser indicado por
Lucas, dentre Maurício, Augusto e Thiago.
Pode-se não especificar o que está sendo deixado, ficando a escolha a cargo do
herdeiro legítimo, em benefício da pessoa que cuidou do morto em razão de sua
moléstia em seus derradeiros messes de vida.
Art. 1.901. Valerá a disposição:
I - em favor de pessoa incerta que deva ser determinada por
terceiro, dentre duas ou mais pessoas mencionadas pelo
testador, ou pertencentes a uma família, ou a um corpo
coletivo, ou a um estabelecimento por ele designado;
II - em remuneração de serviços prestados ao testador, por
ocasião da moléstia de que faleceu, ainda que fique ao arbítrio
do herdeiro ou de outrem determinar o valor do legado.
Disposições gerais em favor dos pobres (Art. 1.902)
Serão as instituições que ajudam pessoas carentes do domicílio do testador.
Instituição privada tem prioridade às instituições públicas.
Instituições privadas têm prioridade sobre as instituições públicas, pois estas já
recebem subsídio governamental.
Art. 1.902. A disposição geral em favor dos pobres, dos
estabelecimentos particulares de caridade, ou dos de
assistência pública, entender-se-á relativa aos pobres do lugar
do domicílio do testador ao tempo de sua morte, ou dos
estabelecimentos aí sitos, salvo se manifestamente constar
que tinha em mente beneficiar os de outra localidade.
Parágrafo único. Nos casos deste artigo, as instituições
particulares preferirão sempre às públicas.
Erro na designação da pessoa (Art. 1.903)
Ao invés de mencionar meu primo Luiz Henrique Santos, menciona-se meu primo
Henrique Luiz Santos. Trata-se de cláusula válida pois o erro é meramente material.
Art. 1.903. O erro na designação da pessoa do herdeiro, do
legatário, ou da coisa legada anula a disposição, salvo se, pelo
contexto do testamento, por outros documentos, ou por fatos
inequívocos, se puder identificar a pessoa ou coisa a que o
testador queria referir-se.
Pessoas citadas individualmente e pessoas citadas em grupo (Art. 1.905)
Cada pessoa citada sozinha recebe uma parte da herança, cada pessoa citada em
grupo divide sua porção com o grupo.
Exemplo: deixo minha fazenda à Soraia, Cristina, Arthur e aos seis filhos de minha
Tia Ruth. A fazenda será dividida em 04 partes iguais e os seis filhos de Ruth
receberão um quarto do imóvel.
Art. 1.905. Se o testador nomear certos herdeiros
individualmente e outros coletivamente, a herança será dividida
em tantas quotas quantos forem os indivíduos e os grupos
designados.
Aula 06
Dos Codicilos
Declaração unilateral da vontade, datada e assinada para disposição de bens de
pequeno valor.
Não requer testemunhas.
Testamento vs. codicilo
O testamento possui peso maior que o codicilo.
Portanto, se realizado testamento posterior ao codicilo, aquele deve confirmar o
conteúdo deste.
Por outro lado, codicilo posterior não revoga testamento anterior.
Art. 1.884. Os atos previstos nos artigos antecedentes
revogam-se por atos iguais, e consideram-se revogados, se,
havendo testamento posterior, de qualquer natureza, este os
não confirmar ou modificar.

Reconhecimento de Filhos
Codicilo posterior revoga codicilo anterior, exceto na parte que versa sobre
reconhecimento de filhos.
Assim, pode-se reconhecer filho através do codicilo, sendo este reconhecimento
irrevogável.
Codicilo cerrado (Art. 1.885)
Pode-se fazer codicilo cerrado tal como o testamento cerrado, ou seja, secreto.
Somente deve ser aberto pelo juiz.
Art. 1.885. Se estiver fechado o codicilo, abrir-se-á do mesmo
modo que o testamento cerrado.
Nomeação de testamenteiro
Através do codicilo, pode-se nomear testamenteiro, pessoa da confiança do
testador, indicada por ele, para fiscalizar se as disposições testamentárias estão
sendo cumpridas.
Das cláusulas de inalienabilidade, incomunicabilidade e impenhorabilidade
(Art. 1.848 e 1.911 – CCB).
Deve-se justificar a existência de cláusula em testamento se for atingir à legítima.
A cláusula de inalienabilidade implica automaticamente em impenhorabilidade e
incomunicabilidade.
A inalienabilidade impede a disposição do bem pelo herdeiro,
a impenhorabilidade impede a penhora do bem herdado em processo de execução
do herdeiro, e a incomunicabilidade impede que o herdeiro casado pelo regime de
comunhão universal dívida o bem herdado com o cônjuge.
Só valem por uma geração.
Se o imóvel for desapropriado, com o dinheiro da indenização deve ser adquirido
doutro que virá com as mesmas restrições.
Art. 1.848. Salvo se houver justa causa, declarada no
testamento, não pode o testador estabelecer cláusula de
inalienabilidade, impenhorabilidade, e de incomunicabilidade,
sobre os bens da legítima.

 1o Não é permitido ao testador estabelecer a conversão dos bens da


legítima em outros de espécie diversa.
 2o Mediante autorização judicial e havendo justa causa, podem ser
alienados os bens gravados, convertendo-se o produto em outros bens,
que ficarão sub-rogados nos ônus dos primeiros

Art. 1.911. A cláusula de inalienabilidade, imposta aos bens por


ato de liberalidade, implica impenhorabilidade e
incomunicabilidade.
Parágrafo único. No caso de desapropriação de bens
clausulados, ou de sua alienação, por conveniência econômica
do donatário ou do herdeiro, mediante autorização judicial, o
produto da venda converter-se-á em outros bens, sobre os
quais incidirão as restrições apostas aos primeiros.
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PARTE 2 DO CADERNO

Dos Legados (Arts. 1.912 e seguintes)

1. Conceito “Transmissão de bem específico, determinado, a alguém que se


chama de legatário.” Transferência de um bem específico/determinado a alguém.

A vantagem de ser legatário é que, se no momento do recebimento, não houver


dinheiro para pagar todo mundo, o legatário tem preferência com relação ao herdeiro
testamentário.

2. Partes

a) Legante: o testador.

b) Legatário: Aquele que receberá o bem específico e determinado.

c) Onerado: O herdeiro legítimo do legante. Ficam com o ônus do cumprimento do


legado.

3. Sublegado: Exemplo - O testador A deixa uma casa para B, desde que este
compre/entregue um carro a C.

Se B não concordar/não entregar o carro, não receberá a casa. Portanto, nem B e


nem C serão beneficiados. Assim, o bem voltará para o monte.
4.1. Partes a) Sublegante aquele que somente receberá o bem se cumprir
determinada condição. b) Sublegatário aquele que será o beneficiário final da
condição estipulada pelo legante.

5. Bem especificado apenas pelo gênero (Art. 1.951/1.929) Se o bem for


especificado somente pelo gênero, os demais herdeiros deverão providenciar a
compra do bem de qualidade intermediária. Ex. Deixo um relógio para Daniel.

O legado pode caducar, como por exemplo: Deixo meu carro para Daniel. Caso o
carro seja roubado, Daniel não receberá o carro. Art. 1.951.

Pode o testador instituir herdeiros ou legatários, estabelecendo que, por ocasião de


sua morte, a herança ou o legado se transmita ao fiduciário, resolvendo-se o direito
deste, por sua morte, a certo tempo ou sob certa condição, em favor de outrem, que
se qualifica de fideicomissário. Art. 1.929.

Se o legado consiste em coisa determinada pelo gênero, ao herdeiro tocará escolhê-


la, guardando o meio-termo entre as congêneres da melhor e pior qualidade.

6. Legatário vs. herdeiro testamentário

6.1. Legatário O legatário recebe BEM ESPECÍFICO e DETERMINADO. Ex. Um


carro

6.2. Herdeiro testamentário O herdeiro testamentário recebe PORCENTAGEM ou


FRAÇÃO DA HERANÇA. Ex. 15% do patrimônio do falecido.

O legado pode ser de usufruto (Art. 1.921), de alimentos (Art. 1.920), de dinheiro, de
Bens móveis/imóveis, semoventes, de perdão de dívida (Art. 1.918), de crédito de
dívida, “pode ser de tudo.”

(1) Legado de usufruto e de alimentos: Se não houver especificação de tempo,


considera-se que este será vitalício.

Art. 1.921. O legado de usufruto, sem fixação de tempo, entende-se deixado ao


legatário por toda a sua vida. Art. 1.920. O legado de alimentos abrange o sustento,
a cura, o vestuário e a casa, enquanto o legatário viver, além da educação, se ele for
menor.

Art. 1.918. O legado de crédito, ou de quitação de dívida, terá eficácia somente até a
importância desta, ou daquele, ao tempo da morte do testador. § 1o Cumpre-se o
legado, entregando o herdeiro ao legatário o título respectivo. § 2o Este legado não
compreende as dívidas posteriores à data do testamento.

9. Legado alternativo (Art. 1.932) Aquele em que o testador deixa uma opção. O
testador poderá elencar alguém para fazer a escolha. Em caso de omissão, a
escolha caberá ao onerado/herdeiro. Ex. Deixo ou minha casa ou cem mil reais. Art.
1.932. No legado alternativo, presume-se deixada ao herdeiro legítimo a opção.
Imóveis contíguos¹ (1) Imóveis contíguos: Imóvel ao lado/que faz divisa com o
primeiro imóvel. Os imóveis contíguos não são incorporados ao legado. Somente
serão incorporados se houver cláusula expressa.

Benfeitorias: As benfeitorias posteriores ao testamento se incorporam o legado.


Ex. Deixa-se um sítio a Rubens. Todavia, quando o “de cujus” morre, várias
benfeitorias posteriores já haviam sido feitas. Neste caso, Rubens terá direito ao
sítio com todas as benfeitorias, não tendo dever de indenizar nada.

Da caducidade dos legados(Art. 1.939) O legado caduca quando a natureza da


coisa for modificada a tal ponto de que esta não possua a mesma denominação.

Art. 1.939. Caducará o legado: I - se, depois do testamento, o testador modificar a


coisa legada, ao ponto de já não ter a forma nem lhe caber a denominação que
possuía; II - se o testador, por qualquer título, alienar no todo ou em parte a coisa
legada; nesse caso, caducará até onde ela deixou de pertencer ao testador; III - se a
coisa perecer ou for evicta, vivo ou morto o testador, sem culpa do herdeiro ou
legatário incumbido do seu cumprimento; IV - se o legatário for excluído da
sucessão, nos termos do aart. 1.815; V - se o legatário falecer antes do testador.

Da Sucessão por estirpe ou por representação (Arts. 1.851 a 1.856 do CCB)

A sucessão pode ser por direito próprio ou por cabeça ou por representação ou por
estirpe.

(1) Sucessão por estirpe ou representação: Acontece quando uma pessoa é


chamada a receber a herança no lugar de um herdeiro faltante como se ele fosse
vivo. Será sempre em linha reta descendente. Ex. Neto recebendo herança do avô,
tendo em vista que seu pai morreu.

(2) Sucessão por cabeça ou direito próprio: Acontece quando a pessoa recebe a
herança por seu próprio direito. Se não houver ninguém da geração mais próxima
(filhos), os da mais distante (netos) receberão por direito próprio, isto é, dividir-se-á
igualmente entre todos. Ex. Se um avô morre e deixa 03 filhos e um quarto filho pré
morto, os netos deste quarto filho receberão ¼ da herança como se o pai fosse vivo.

Mas, se todos os quatro filhos eram pré-mortos e no total havia 09 netos, divide-se a
herança pelo número de netos, por direito próprio, por cabeça.

Dá-se o direito de representação, quando a lei chama certos parentes do falecido a


suceder em todos os direitos, em que ele sucederia, se vivo fosse. Art. 1.852.

O direito de representação dá-se na linha reta descendente, mas nunca na


ascendente. Art. 1.853.

Na linha transversal, somente se dá o direito de representação em favor dos filhos


de irmãos do falecido, quando com irmãos deste concorrerem. Art. 1.854.
Os representantes só podem herdar, como tais, o que herdaria o representado, se
vivo fosse. Art. 1.855.

O quinhão do representado partir-se-á por igual entre os representantes. Art. 1.856.


O renunciante à herança de uma pessoa poderá representá-la na sucessão de
outra.

A segunda hipótese de representação acontece nos casos de filhos de irmãos pré-


mortos. Se A não era casado, não tinha descendentes ou ascendentes, mas deixou
03 irmãos e um quarto irmão pré-morto, B, a herança de A será dividida em 4 partes
iguais sendo a parte de B entregue aos sobrinhos de A, filhos de B.

Substituição Arts. 1947 e seguintes

Indicação de uma ou mais pessoas para receber o direito hereditário caso o


legatário nomeado venha a faltar.

Motivos: I. pré-morte; II. exclusão por indignidade; III. renúncia IV. descumprimento
de condição.

Substituição (vulgar ou ordinária):

a) Simples: uma pessoa substituindo outra;

b) Coletiva: mais de uma pessoa substitui herdeiro faltante;

c) Recíproca: os beneficiários em um grupo vão se substituindo reciprocamente


(mais de um bem), na forma de colegado ou um bem para cada pessoa.

Exemplo de substituição recíproca: A deixa uma fazenda à B, C e D. Se B faltar sua


parte será dividida entre C e D automaticamente. Isso é co-legado.

Outra forma. A deixa um lote para B, um apto para C e um sítio para D em


substituição recíproca. Se B faltar, o lote será dividido entre C e D. Se D faltar, o
sítio tocará à C e A etc.

No colegiado os colegatários são substitutos recíprocos automaticamente. - Se


colocou proporção e 1 não herdar, obedece a proporção na divisão - Se entrar um
de fora, a parte do que faltar é dividida sem observar as proporções.

Substituição especial ou fideicomissária – arts. 1961 e ss – cc beneficiam-se 02


pessoas com 1 disposição testamentária, com um mesmo bem.

Partes: O testador é o fideicomitente, o intermediário é o fiduciário e o beneficiário


final o fideicomissário.

Fideicomisso pode ser:

a) Vitalício (intermediário fica com o bem até morrer)


b) A termo, o intermediário fica com o bem até certa data

c) Condicional.

Se não houver prazo é sempre vitalício. O beneficiário final é uma pessoa que ainda
nem foi concebida, sempre filha de alguém determinado.

Exemplo: deixo meu apartamento à B e quando este completar 70 anos, o imóvel


deve ser entregue ao filho de C. Exemplo de fideicomisso à termo.

Exemplo de fideicomisso condicional: deixo meu apartamento à B e quando o filho


de C se formar em curso superior o imóvel pertencerá à ele.

Caso não tenha sido concebida até a morte do testador e não havendo estipulação
de outro prazo, espera-se 02 anos após a morte do testador.

Se depois do prazo não houver filho, o bem fica definitivamente com o fiduciário.

Se entre redação do testamento e a morte do testador o fideicomissário nascer ele


passa a ser proprietário e o intermediário usufrutuário - O intermediário é proprietário
de propriedade resolúvel (vai se extinguir), mas pode alienar, exceto se houver
cláusula de inalienabilidade.

O fideicomisso só se opera até o 2º grau de transmissão. São apenas dois


beneficiários. Não se trata de grau de parentesco, mas de grau de transmissão.

Da concorrência entre tios e sobrinhos – art. 1843 CC – Os sobrinhos,


equiparando-se aos descendentes, tem preferência com relação aos tios, embora
ambos sejam parentes em terceiro grau.

Da concorrência entre irmãos - Concorrência entre irmãos unilaterais (mesmo


pai/mãe diferentes ou mesma mãe e pais diversos) e bilaterais (mesmo pai e mãe)
art. 1841 a 1843. Os irmãos bilaterais recebem o dobro dos unilaterais.

Sobrinhos bilaterais (filhos de irmãos bilaterais) também herdam o dobro em


comparação aos sobrinhos unilaterais (filhos dos irmãos unilaterais).

Havendo apenas irmãos unilaterais ou sobrinhos unilaterais, estes herdam da


mesma forma.

Da ação de petição de herança (Arts. 1.824 e seguintes do Código Civil)

Ação proposta no caso em que um herdeiro foi afastado da herança, com


conhecimento ou não dos demais quanto à existência daquele.

1. Herdeiro aparente é quele que tem a aparência de herdeiro, porém não é o


herdeiro ou não é o único.

2. Súmula 149 – STF Prazo – não é uma ação imprescritível.


3. Alienação e terceiros de boa fé - aquele que ajuizou a ação pedirá o dinheiro
que foi apurado com a venda.

4. Doação a terceiros: Aquele que ajuizou a ação pedirá bem que foi doado.

5. Prazo: não existe prazo específico. Prazo geral de 10 anos da abertura da


sucessão

6. Após a citação: posse de má-fé. Numa ação de petição de herança, os herdeiros


aparentes são considerados possuidores/proprietários de má-fé após a citação. Até
a citação, todas as benfeitorias serão indenizadas. Após a citação, não deve realizar
benfeitorias, pois só as necessárias serão indenizadas.

Da ação de sonegados

1. Sonegados são os bens que deveriam entrar na partilha, porém foram ciente e
conscientemente dela desviados, quer por não terem sido descritos ou restituídos
pelo inventariante ou por herdeiro, quer por este último não os haver trazido à
colação, quando esse deve se lhe impunha.

2. Arts. 1992 e seguintes

3. Penalidade ao herdeiro que oculta bens ou sabe que alguém o faz e silencia.
Sempre há má fé, porque se um bem for descoberto após a partilha, será feita a
sobrepartilha.

4. Sonegação realizada pelo inventariante (Art. 1.993)

5. Sonegação realizada pelo testamenteiro: perde-se o cargo, a testamentaria, se


praticada pelo inventariante perde-se a inventariança.

6. Prazo: não há prazo específico, então aplica-se o prazo geral de 10 anos,


contados da abertura da sucessão/morte.

7. Efeitos Penalidade ao herdeiro que oculta bens ou sabe que alguém o faz e
silencie: Perderá qualquer direito relacionado aos bens, exceto indenização por
benfeitorias necessárias, para se evitar enriquecimento ilícito. Se ocultar dinheiro em
poupança.

8. Ação de sonegados

9. Termo inicial de sonegação A petição inicial de inventário deve constar: -


Qualificação do de cujus - Qualificação dos herdeiros - Os bens (endereço, banco...).
No fim do processo de inventário podem ser feitas as últimas declarações. É a partir
das últimas declarações que um herdeiro pode ser acusado de sonegação.
10. alienação Venda – o herdeiro prejudicado pedirá o dinheiro apurado com a
venda à terceiro de boa-fé. Se foi doação, pede-se o próprio bem de volta.

Da partilha

1. Conceito
“Divisão dos bens da herança segundo o direito hereditário dos que sucedem.” –
Clóvis Beviláqua

A partilha é um direito dos herdeiros. O dono da herança não pode criar uma
cláusula dizendo que seus bens são impartilháveis.

Pode, somente, gravar seus bens com as cláusulas de incomunicabilidade,


impenhorabilidade e inalienabilidade.

A partilha extingue o condomínio dos herdeiros, tendo em vista que divide os bens,
isto é, direciona os bens a cada herdeiro.

Após a partilha, o herdeiro sabe sobre o que o seu direito vai recair.

Em caso de um imóvel, por exemplo, ficará este em nome de todos os herdeiros.


Nesta situação, não há extinção do condomínio.

2. Principal efeito (Arts. 1.784 e 1.791)


O principal efeito será estipular qual será o direito do herdeiro sobre cada um dos
bens.
Quando a partilha é feita dividindo cada bem para um herdeiro, seu efeito principal
será acabar com o condomínio.

Partilha Consensual: Ocorre quando todos os herdeiros são maiores e capazes e


concordam com a partilha.
Pode haver diferença de valor entre os herdeiros no que se refere ao inicial
estipulado, mas, neste caso, a SEF cobra imposto de doação sobre a diferença,
como se o herdeiro que recebeu menos tivesse doado a diferença aos demais.
É proposta pelos próprios herdeiros.
O juízo não decide a partilha, se houver consenso, mas somente a homologa.

Termo nos autos: Uma ou todas as partes requerem ao advogado que peticione na
vara de sucessões que lavre um termo no qual constará a quem pertencerá cada
bem.
Escritura pública: pede-se ao tabelião do cartório de notas que lavre uma escritura
pública de partilha.

Nota:
Escrito particular: Faz-se uma petição ao juízo descrevendo a quem pertencerá
cada bem. É necessário advogado e inventariante, mesmo em um inventário
administrativo.

Partilha litigiosa: A partilha litigiosa sempre será judicial, não podendo ocorrer em
cartório.
Se houver herdeiro menor ou incapaz, a partilha também sempre será judicial.

4. Partilha em vida 02 formas

a) Feita quando o autor da herança faz um testamento ou documento


autêntico distribuindo tudo o que tem entre os herdeiros.
Ou
b) Quando a pessoa pega tudo o que ela tem em vida e doa para os filhos
com reserva de usufruto.

Todo inventário que tem testamento é judicial.

O de cujus deve, sempre, respeitar a legítima.


Ex. A diferença entre a herança dos filhos não pode afetar a legítima. Assim, deve,
cada um, receber o mínimo que lhe é devido.

5. Sobrepartilha (Arts. 2.022 e seguintes)


Quando é descoberto bem após a partilha. Incide multa. É a partilha de um bem-feita
depois de outra partilha.
Depois da partilha, a família descobre um novo bem pertencido ao falecido que não
foi dividido.
Paga-se 1% de juros de multa ao mês.
Se a má-fé for de todos os herdeiros, dividir-se-á a multa entre todos.
Todavia, se a má-fé for de um herdeiro em relação a outro, tratar-se-á de
sonegação. Neste caso, o herdeiro sonegador perderá seu direito sobre o bem.

6. Ação anulatória de partilha – Prazo 01 ano


A partilha CONSENSUAL está sujeita à ação anulatória de partilha no prazo de 01
ano.

Parágrafo único. O direito de propor ação anulatória de


partilha amigável prescreve em 1 (UM) ANO, CONTADO
ESTE PRAZO:
I - No caso de coação, do dia em que ela cessou;
II - No de erro ou dolo, do dia em que se realizou o ato;
III - quanto ao incapaz, do dia em que cessar a
incapacidade.

7. Ação rescisória de partilha


Arts. 657 e 658 CPC.

A partilha consensual, pedida pelos herdeiros está sujeita à ação anulatória de


partilha.
A partilha judicial está sujeita à rescisória.

Da garantia dos quinhões hereditários – Arts 2023 e ss

1. Evicção por fato anterior à partilha


Quando, após a partilha, um dos herdeiros ou mais, perdem seus bens, pois
descobrem que o bem não era do testador, deve haver uma redivisão e o herdeiro
que perdeu seu bem por evicção, fica com o direito de ser indenizado pelos outros,
que são responsáveis solidários.

2. Herdeiro insolvente
Se após a evicção, um dos irmãos que deveria indenizar o herdeiro prejudicado não
tiver mais dinheiro, pois tinha credores, a indenização da parte dele será dividida
entre todos os irmãos, inclusive o que é credor da indenização.

3. Evicção por culpa do herdeiro


1) Se a evicção ocorrer por culpa do herdeiro, este não terá direito à garantia dos
quinhões hereditários.

Ex. Herdeiro que não pagou condomínio, que foi intimado sobre audiência de
usucapião e não compareceu.
2) Também não há garantia se a evicção vier por fato posterior à partilha.

4. (Arts. 2.023 e seguintes)

Do testamenteiro (Arts. 1.976 e seguintes)

Pessoa de confiança do testador para fiscalizar se as disposições estão sendo


cumpridas/se a vontade do testador está sendo cumprida.
Recebe ou um bem deixado pelo testador ou remuneração – fixada pelo juiz –
chamada vintena (não pode ultrapassar 5% da herança líquida).

1. Funções
Se alguém atacar testamento, o testamenteiro é o defensor do testamento.
- Cargo chama: testamentaria
- Fiscaliza se as disposições testamentárias estão sendo cumpridas
- Se a vontade do testador está sendo cumprida.

2. Remuneração
Chamada vintena fixada pelo juiz quando o testador não deixa nenhum bem para
testamenteiro.
Não pode ultrapassar 5% da herança líquida.

3. Testamenteiro vs. inventariante vs. administrador provisório

a) Testamenteiro
Pessoa de confiança do testador para fiscalizar.
b) Inventariante
Do andamento ao processo de inventário.
Anexa os documentos nos autos, providencia as CND’s. Recolhe ITCD.
c) Administrador provisório
Está na posse dos bens até o juiz determinar o inventariante.
Indenizado pelas despesas, mas não recebe pelo exercício cargo.

4. Mais de um testamenteiro
Cada um responsável por uma parte ou todos por tudo. Todos vão receber.

5. Falta do testamenteiro
Quando não há testamenteiro o juiz nomeia o cônjuge ou um filho que não receberá
nada, pois já está recebendo a herança. Sua função de testamenteiro não se
transfere aos filhos deste.

6. Prazo
180 dias para fiscalizar se o testamento está sendo cumprido.
Pode-se aumentar o prazo dependendo da complexidade do caso.
Inicia-se a contagem do prazo da aceitação da testamentaria, isto é, após a
aceitação por parte do testamenteiro.
Quando toda a herança estiver distribuída em legados, o inventariante será o
testamenteiro.

Direito de acrescer entre herdeiros e legatários


No co-legado, quando um dos herdeiros não puder receber herança, a mesma será
redividida entre os co-legatários, não voltando ao monte.

Herança Jacente e Herança Vacante (Arts. 1819 e seguintes do CCB)

1. Conceito
1.1. Ausência de herdeiros legítimo, testamentário ou legatário, como também
quando todos os herdeiros renunciam/são excluídos por indignidade
São aquelas que, aparentemente, não têm dono.
Quando a pessoa não tem herdeiro legítimo e não deixa um herdeiro testamentário,
tratar-se-á de herança jacente.

Ocorre também quando todos os herdeiros renunciam à herança ou são excluídos


por indignidade.
Nestes casos, a herança é pertencente ao Estado.

1.2. Ausência de quem represente, delibere em nome do acervo hereditário

2. Procedimento
2.1. Após 01 ano da publicação do primeiro edital: sentença de vacância.
O juiz mandará publicar 3 editais para convocação dos possíveis herdeiros. Será
qualificado quem morreu.
Após um ano da publicação do primeiro edital, será prolatada a sentença de
vacância¹ (não há herdeiros), sendo nomeado curador para a herança.
Sentença de vacância: Aquela na qual se indica que não há herdeiros.
4. Após 05 anos da abertura da sucessão os bens passam para o domínio
público
Abertura da sucessão: O prazo da abertura da sucessão se inicia após a morte do
de cujus. Assim, pode-se dizer que são 05 anos após a morte do autor da
herança.
Após 5 anos do prazo da abertura da sucessão, a herança passa para domínio
público.
5. Efeitos da sentença de vacância
Após 01 ano da publicação do primeiro edital é prolatada a sentença de vacância.
Neste caso, se aparecerem parentes colaterais, estes não terão direitos à herança.

5. Arts. 738 e seguintes do CPC

Da colação (Arts. 2.002 e seguintes do CCB)

1. Devolução ao monte partível, para abatimento na herança das doações recebidas


em vida do autor da herança.

Devolução ao monte das doações feitas em vida pelo de cujus/autor da herança aos
seus herdeiros necessários para abatimento na herança.

2. Obrigados: herdeiros necessários


São os herdeiros necessários obrigados colacionarem.

3. Dispensa de colação - formas


A dispensa deve ser feita por meio de testamento ou inserido no instrumento da
doação.
Somente se dá nos casos em que os bens doados não ultrapassam 50% do
patrimônio total do autor da herança.

Se o herdeiro for obrigado a colacionar, a doação advirá da parte indisponível da


herança.
Caso contrário, advirá esta da parte disponível da mesma.

Nota:
O bem vendido ao filho deve possuir a assinatura de todos os demais filhos do
vendedor.
Tal obrigação, por outro lado, não é característica na doação, uma vez que o bem
deverá ser colacionado após a morte do de cujus.

4. O neto está sujeito à colação?


Se no momento da doação pelo avô, o pai do neto era vivo (filho deste avô), não é
necessário colacionar.
Todavia, se no momento da doação pelo avô, o pai do neto já estava morto, será
necessário colacionar, tendo em vista que o neto é representante do pai.

5. Despesas não colacionáveis


- Não são colacionáveis:
Não são colacionáveis: Não podem ser abatidas da herança do filho.
a) Todas as despesas dos pais com os filhos MENORES com saúde, educação,
vestuário, moradia, etc.
b) Despesas que os pais tiverem para defender o filho em processo criminal.
c) Despesas nupciais.

Apura-se o patrimônio na data da morte do autor da herança.


Art. 1.847. Calcula-se a legítima sobre o valor dos bens existentes na abertura da
sucessão, abatidas as dívidas e as despesas do funeral, adicionando-se, em
seguida, o valor dos bens sujeitos a colação.

6. Bens alienados
Voltam ao monte com o valor da época da doação corrigidos monetariamente.

Na colação, em princípio, devolve-se o rpórprio bem para que seja abatido da


herança do herdeiro beneficiado, mas, caso o bem tenha sido alienado, adota-se o
valor da doação apenas corrigido monetariamente.

7. Benfeitorias
Benfeitorias não devem ser colacionadas, sendo o donatário restituído pelo valor das
mesmas.
Frutos e rendimentos anteriores à morte não devem ser colacionados.
Todavia, os frutos e rendimentos posteriores à morte devem ser colacionados.

- Das regras para redução das disposições testamentárias


Ocorre quando o testador deixa mais de 50% do que ele tem, ocorre redução.
Ou seja, reduz para o máximo que pode deixar em testamento (50%). Quando o
bem é indivisível.

- Bem divisível ou porcentagem: O excedente voltará para o monte, aos herdeiros


necessários.

Nota:
O próprio testador pode colocar no testamento quem irá receber caso não tenha
bens suficientes no momento da morte. Se não há disposição, o legatário tem
preferência.

- (Art. 1.967) quando a parte que ultrapassar a metade disponível for superior a ¼
do valor do bem, o bem fica com os herdeiros e o legatário é indenizado.
- Se a parte que ultrapassar a metade disponível não for superior a ¼ do valor do
bem, o bem fica com o legatário e ele indenizará os herdeiros.

Do pagamento das dívidas – art. 965 do CCB


Quando há morte de alguém, em primeiro lugar, paga-se as dívidas, antes de
calcular o valor da parte disponível. Depois que é retirada a dívida do patrimônio
serão 50% dos herdeiros necessários e 50% é a parte disponível.
Os herdeiros receberão apenas se sobrar alguma coisa.

- Ordem de preferência para pagamento dos credores – art 965 do CCB.


Primeiro paga-se os credores listados no artigo 965. Depois receberão os credores
que possuírem alguma garantia, os credores pignoratícios, e depois os
quirografários, sendo que receberão primeiro aqueles que habilitarem seus créditos
primeiramente.

- Habilitação dos credores


Inventário também serve para habilitação dos credores, dentre outras funções.
Do inventário Judicial – Arts. 610 e SS NPCP

Sempre que houver testamento, ou herdeiro menor ou interditado e, ainda, sempre


que houver desacordo entre os herdeiros, o inventário será obrigatoriamente judicial.
Nos demais casos a família pode optar pelo inventário administrativo.

Prazo – No CPC o prazo é de 60 dias e no CCB de 30. Mas, em Minas Gerais, o


que importa é o prazo de 180 dias para o recolhimento do ITCD, prazo a partir do
qual começa a incidir a multa. Se o imposto for recolhido nos primeiros 90 dias do
óbito é dado 15% de desconto.

Questões de alta indagação – questões de alta indagação são aquelas que não
são da competência do juízo da Vara de Sucessões. Como, por exemplo, uma ação
de reconhecimento de união estável, que tem reflexos sucessórios, mas é da
competência da Vara de Família. Deve-se pedir reserva de bens na Vara de
Sucessões e esperar a decisão da vara de Família.

Administrador provisório – é a pessoa que tem a posse e a administração do


patrimônio do de cujus, enquanto não nomeado o inventariante. Art. 1797 CCB.

O inventariante cuidará do patrimônio deixado, providenciará a documentação e


certidões necessárias, prestará as primeiras e as últimas declarações, dará
andamento ao processo de inventário e é o responsável fiscal pelo recolhimento do
ITCD.

O inventariante pode ser removido e substituído se for suspeito e não estiver dando
andamento ao processo ou se não estiver agindo com diligência.

Primeiras declarações – peça processual em que são qualificados herdeiros e


descritos detalhadamente todos os bens deixados pelo de cujus.

No final do processo do inventário o Juiz abre espaço para acrescentar algum bem
ou herdeiro que tenha ficado de fora através das últimas declarações. É a partir
deste momento, inclusive, que se pode acusar algum herdeiro ou o inventariante de
sonegação.

A própria família pode sugerir a divisão dos bens através do plano de partilha.

Quando todos os herdeiros forem maiores e capazes e concordarem com a divisão,


o inventário seguirá o rito simplificado de arrolamento. (Arrolamento comum).

Também seguirá o rito de arrolamento, independentemente se consensual ou não,


heranças com o valor de 1.000 salários-mínimos. Art 664 do CCB.

Após apresentadas todas as certidões negativas de débito (estadual, municipal e


federal) e após comprovação de pagamento de ITCD o juiz proferirá sentença,
decidindo, ele a divisão, ou homologando a divisão proposta pelas próprias partes, e
mandará expedir formal de partilha.
O formal de partilha será levado ao cartório de registro de imóveis onde estão
registrados os bens deixados pelo de cujus e através de seu registro o nome dos
herdeiros passa a constar como proprietários do imóvel.
O pagamento do ITCD atualmente é obtido através do preenchimento dos
formulários da Secretaria de Estado da fazenda/ITCD, disponíveis no site da SEF,
com o envio dos documentos necessários e preenchimento e pagamento do DAE.

Do inventário Administrativo – Lei 11441/2007.

É uma opção para as famílias em que todos os herdeiros são maiores e capazes e o
inventário consensual.

A competência é do cartório de notas.

Requer também a assinatura de advogado.

Também é necessário o recolhimento do ITCD e apresentação das certidões


negativas de débito, certidão atualizada do imóvel, certidão de feitos ajuizados na
justiça comum e trabalhista.

A qualificação das partes e descrição detalhada dos bens é feita em uma minuta
apresentada ao tabelião, no lugar das primeiras declarações, que seriam
apresentadas a um juiz.

Também há escolha de um inventariante.

Não há sentença ou formal de partilha. O que os herdeiros levam para registro no


cartório de registro de imóveis para inserir o nome dos herdeiros como proprietários
dos bens é a escritura pública de inventário, lavrada pelo tabelião do cartório de
notas e assinada por todos os herdeiros e cônjuges e pelo advogado.

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