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DIREITO CIVIL

DA SUCESSÃO EM GERAL

 Introdução básica ao Direito das Sucessões

– Fundamento do Direito das Sucessões

 1ª fase: culto aos deuses

O Direito Romano: o culto aos deuses e a questão da necessidade de existência


do filho varão.

Não existência de filho varão:

1. adotar filho e dar a filha em casamento


2. instituir em testamento herdeiro que casasse com a filha.

Morte do autor da herança sem realizar estas possibilidades – parente mais


próximo seria herdeiro com aobrigação de casar-se com sua filha.
Se ela já fosse casada – teria que se separar e casar com o herdeiro.

 2ª fase: proteção a prole

 Herdeiros recolhiam os bens


 Surgimento da sucessão ab intestado (sem testamento - legitima) e per
testamentun (com testamento)
 De cujus – falecido – morto – pessoa DE CUJA sucessão se trata.

 3ª fase: a contemporaneidade:

 Princípio da solidariedade (Princípios da afeição real e afeição presumida)

 Direito à propriedade individual – art. 5º, XII, XIII e XXX, CF/88

 A propriedade e sua característica de perpetuidade

- Conceito de Direito das Sucessões:

Conjunto de regras e princípios que regulamentam a transmissão causa mortis do


patrimônio deixado pelo autor daherança.

II. Princípios estruturais do Direito das Sucessões

A). O Princípio da saisine:

(Art. 1.784) Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos


herdeiros legítimos e testamentários.
-Origem:

 Direito medieval - morte do servo – devolução dos bens ao senhor.

 Direito francês (século XVIII) : le mort saisit le vif- o morto dá posse ao vivo

 Saisir: colher, apreender, confiscar, agarrar, capturar.

-Conceito: ficção jurídica segundo a qual com a morte do autor da herança


seus bens serão imediatamente transmitidos aos herdeiros legítimos e
testamentários.

-Propósito: res derelicta (coisa abandonada) e res nullius (coisa sem dono)

-Os beneficiados:

 Herdeiros legítimos – assim entendidos como aqueles que recolherão o


patrimônio em virtude de ordem de vocação hereditária estabelecida pelo
art. 1829, CC – recebem um COTA PARTE ou UM PERCENTUAL DO BEM.
Ex: 25% do patrimônio deixado pelo de cujus.

 Herdeiros Testamentários – assim entendidos como aqueles que são


nomeados sucessores em razão de testamento. Também recebem uma
cota do autor da herança. Ex: 5%do patrimônio.

 Os legatários - são sucessores mas não são herdeiros, uma vez que
recebem legado, ou seja, bem certo e determinado e não uma cota parte do
bem deixado pelo autor da herança. (art. 1923, § 1º, CC).

 Efeitos da Saisine e decorrências práticas:

Art. 1.787. Regula a sucessão e a legitimação para suceder a lei vigente


ao tempo da abertura daquela. – o momento da abertura da sucessão ira
indicar qual lei será aplicada ao caso e quem poderá ser considerado
sucessor

Art. 2.041. As disposições deste Código relativas à ordem da vocação


hereditária (arts. 1.829 a 1.844) não se aplicam à sucessão aberta antes de
sua vigência, prevalecendo o disposto na lei anterior (Lei no 3.071, de 1 de
janeiro de 1916).

Súmula 112, STF: O imposto de transmissão "causa mortis" é devido pela


alíquota vigente ao tempo da abertura da sucessão.

- Princípio da Saisine e suas consequências em decisões proferidas pelo


Poder Judiciário:

- Proteção possessória contra os outros compossuidores herdeiros :


possibilidade de ajuizamento de Ação de Reintegração de Posse pelo herdeiro
contra os outros compossuidores. (STJ, REsp 537.363/RS, Rel. Min. Vasco Della
Giustina, j. 20.04.2010, Informativo n. 431 do STJ).

- Obrigatoriedade de pagamento de aluguéis pelo herdeiro que utiliza de


forma exclusiva o imóvel, objeto do espólio (STJ, Resp 570.723/RJ, Rel. Min.
Nancy Andrighi, 3ª turma, j. 27.03.2007)

B). Princípio da Territorialidade (art. 48, CPC e art. 1.785,CC)

Art. 1.785. A sucessão abre-se no lugar do último domicílio do falecido.

Art. 48. O foro de domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente para o


inventário, a partilha,
a arrecadação, o cumprimento de disposições de última vontade, a impugnação
ou anulação de partilha
extrajudicial e para todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito
tenha ocorrido no
estrangeiro.
Parágrafo único. Se o autor da herança não possuía domicílio certo, é competente:

I - o foro de situação dos bens imóveis;


II - havendo bens imóveis em foros diferentes, qualquer destes;
III - não havendo bens imóveis, o foro do local de qualquer dos bens do espólio.

III. Espécies de sucessões e espécies de sucessores

- Espécie de sucessão hereditária:

1. Sucessão legítima (arts. 1.829,CC a 1.856,CC)

Hipóteses:

 Autor da herança não fez testamento ou tendo feito, é ele considerado


nulo/anulável
 Autor fez testamento, mas não abrangeu toda a herança

Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:

I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se


casado este com o falecido no regime da comunhão universal,
ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no
regime da comunhão parcial, o autor da herança não
houver deixado bens particulares;
II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge;
III - ao cônjuge sobrevivente;
IV - aos colaterais.

2. Sucessão testamentária (arts. 1.857,CC a 1.990,CC) – atribuição de acervo


patrimonial em testamento sempre respeitando a legítima (metade indisponível)
dos herdeiros necessários (descendentes, ascendentes e/ou cônjuge).

- Espécies de sucessores:

1. Herdeiros: são aqueles que recebem uma cota parte ou percentual da


herança.
1. Necessários – descendente, ascendente e cônjuge – obrigatoriamente a
eles deve ser reservado 50% da herança.
2. Legítimos - TODOS aqueles nomeados no art. 1829, CC – descendente,
ascendente, cônjuge e colateral.
3. Facultativos – apenas os colaterais - aqueles não tem reserva obrigatória
de 50%. Assim, se o autor da herança quiser dispor de 100% do seu
patrimônio para benefício de seu vizinho, deste modo poderá proceder.
4. Testamentário – nomeados em testamento com beneficio de cota parte ou
percentual da herança do de cujus

Acervo patrimonial do herdeiro: herança

2. Legatários : aqueles que recebem bem certo e determinado.


Exemplo: “Deixo meu veiculo X, marca y, cor prata para João da Silva”

1. Acervo patrimonial do legatário: legado


2. De cujus: legante
3. Sucessor: legatário
4. Patrimônio: legado

Observação importante! Legatário NÃO É HERDEIRO, mas sim,


SUCESSOR!!!!

Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:


I - aos descendentes, - herdeiro necessário. 50%
II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge; - herdeiro necessário – 50%
III - ao cônjuge sobrevivente; - herdeiros necessário – 50%
IV - aos colaterais. herdeiros facultativos – não tem a reserva de 50%

OBS - São herdeiros facultativos:


 Colaterais em segundo grau – irmãos
 Colaterais em terceiro grau – tio/sobrinho
 Colaterais em quarto grau – primos ou tio-avô e neto-sobrinho

- Classificação da sucessão hereditária pelo conjunto de bens transmitidos:

 Sucessão a título universal (art. 1.829,CC a 1.856,CC) – herdeiros – se dá


quando há transmissão de uma cota parte da herança ou de sua
universalidade, ou seja, apenas os herdeiros (legítimos ou testamentários)
é que será beneficiados pela sucessão a titulo universal.
 Sucessão a título singular (1.912,CC a 1.940,CC) – legatários – se dá
quando há transmissão de bem certo e determinado, ou seja, apenas os
legatários serão beneficiados com tal espécie de sucessão

IV) Da aceitação e renúncia da herança (arts. 1.804 a 1.813,CC)

1. A aceitação da herança

- Conceito: ato jurídico unilateral de caráter não receptício em que o herdeiro


confirma se aceita receber a herança.
- Características:

 Caráter não receptício – não precisa da manifestação de vontade dos


demais herdeiros
 Desnecessidade de autorização conjugal – desde 1962 – Lei 4.121 –
Estatuto da mulher casada.
 Irrevogável (art. 1812,CC): Art. 1.812. São irrevogáveis os atos de
aceitação ou de renúncia da herança. Se o herdeiro se arrepender –
cessão de direitos hereditários
 Indivisível: mas o que se autoriza é o exercício separado da aceitação -
dois títulos diversos ou títulos iguais eorigens distintas.

- Autorização do exercício separado da aceitação - dois títulos diversos ou


títulos iguais e origens distintas.

• Exemplos:

1. Dois títulos diversos:

 Sucessão a titulo universal (legítima) e sucessão a titulo singular


(testamento)

Ex: Morre o pai de João. Este receberá a titulo de legítima (ovh) 20% da
herança. Todavia, o pai de João deixa em testamento a ele um carro. Desta
forma, João poderá, por ex., aceitar os 20% da herança (suc. a titulo
universal) e recusar a sucessão testamentária (legado- carro)

2. Títulos iguais mas com origens distintas:

 Sucessão a título universal (proveniente da legítima – OVH - lei) e


sucessão a titulo universal (proveniente de testamento)

Exemplo: Morre o pai de João. Este receberá a titulo universal, pela ordem
de vocação hereditária, uma cota parte da herança (ex: 25 por cento) e
ainda foi beneficiado com outra cota parte deixada por seu pai em
testamento (ex: 10 por cento da herança). Sendo assim, João poderá
aceitar o patrimônio proveniente da legítima e recusar o patrimônio
proveniente da testamentária.

- As espécies de aceitação:

 Expressa:

Por declaração escrita – escrito público ou particular ou ainda por termo nos autos.
Art. 1.805. A aceitação da herança, quando expressa, faz-se por declaração
escrita; quando tácita, há
de resultar tão-somente de atos próprios da qualidade de herdeiro.

 Tácita
Art. 1.805. A aceitação da herança, quando expressa, faz-se por declaração
escrita; quando tácita, há
de resultar tão-somente de atos próprios da qualidade de herdeiro.
§ 1º Não exprimem aceitação de herança os atos oficiosos, como o funeral do
finado, os meramente
conservatórios, ou os de administração e guarda provisória.
§ 2º Não importa igualmente aceitação a cessão gratuita, pura e simples, da
herança, aos demais
coerdeiros.

Atos próprios da qualidade de herdeiro: nomear advogado, propor ação, posse do


acervo, etc.

 Provocada: como resposta a requerimento de algum interessado

Art. 1.807. O interessado em que o herdeiro declare se aceita, ou não, a herança,


poderá, vinte dias após
aberta a sucessão, requerer ao juiz prazo razoável, não maior de trinta dias, para,
nele, se pronunciar o
herdeiro, sob pena de se haver a herança por aceita.

Legitimidade ativa provocar a aceitação – interessado – herdeiro.

 Herdeiro da mesma classe de quem a renúncia beneficiará


 Herdeiros da classe posterior se houver apenas um herdeiro da mesma
classe anterior
 Credores do renunciante

Prazo para requerimento pelo interessado: 20 dias após aberta a sucessão


Prazo a ser solicitado pelo juiz para o sucessor se manifestar: não superior a 30
dias

A transmissão da herança em caso de falecimento de herdeiro sem realizar


deliberação a seu respeito (art. 1.809,CC):

- Sucessão hereditária do direito de deliberar deve ocorrer nos seguintes


termos:

Art. 1.809. Falecendo o herdeiro antes de declarar se aceita a herança, o poder


de aceitar passa-lhe aos
herdeiros, a menos que se trate de vocação adstrita a uma condição suspensiva,
ainda não verificada.
Parágrafo único. Os chamados à sucessão do herdeiro falecido antes da
aceitação, desde que
concordem em receber a segunda herança, poderão aceitar ou renunciar a
primeira.

2. A renúncia da herança

Conceito – ato jurídico unilateral abdicativo expresso, formal e com efeitos


retroativos.
- Requisitos para existência da renúncia:

 Agente capaz

 Outorga conjugal (art. 1.647,I):


Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648 , nenhum dos cônjuges pode, sem
autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta: I- alienar ou gravar
de ônus real os bens imóveis; Observação: O art. 80, II, CC estabelece que a
herança dever ser considerada um bem imóvel (ficção jurídica)

 Negativa de lesão a credores (art. 1.813,CC)


Art. 1.813. Quando o herdeiro prejudicar os seus credores, renunciando à
herança, poderão eles, com autorização do juiz, aceitá-la em nome do
renunciante.§ 1º. A habilitação dos credores se fará no prazo de trinta dias
seguintes ao conhecimento do fato. § 2º. Pagas as dívidas do renunciante,
prevalece a renúncia quanto ao remanescente, que será devolvido aos demais
herdeiros. Observação: Esta aceitação refere-se apenas às divididas vencidas e
não às dívidas vincendas.

 Ato solene – Art. 1.806. A renúncia da herança deve constar


expressamente de instrumento público ou termo judicial

- Espécies de renúncia:

 Renúncia abdicativa - cessão pura e simples a todos os coerdeiros – Não


há incidência de Imposto de Transmissão Inter Vivos contra o renunciante

 Renúncia translativa – cessão de direitos a favor de determinada pessoa


(in favorem) - há incidência de Imposto de Transmissão Inter Vivos contra
o renunciante – cessão de direitos hereditários.

IMPORTANTE!

Não existe direito à representação de herdeiro renunciante, ou seja, por


regra, a quota do herdeiro renunciante dirige-se para os demais herdeiros
da mesma classe. Assim, é permitido dizer que a quota parte do herdeiro
renunciante apenas irá para classe seguinte se não houver mais parentes
da mesma classe do herdeiro renunciante!

- Efeitos da renúncia:

- Na sucessão testamentária:

 Se o testador indicou substituto testamentário – este deliberará sobre a


herança
 Se o testador não indicou substituto mas estabeleceu de direito de acrescer
– os indicados receberão a parte do herdeiro renunciante.
 Ausência das previsões anteriores – a cota parte renunciada/recusada será
destinada aos herdeiros legítimos DO AUTOR DA HERANÇA (ordem de
vocação hereditário – art. 1.829,CC)
Observação importante!

 Direito de representação em caso de recusa da herança: não há direito de


representação

Exemplo: Pedro falece e deixa três filhos. Um de seus filhos, Gustavo, possui
dois filhos, portanto, netos de Pedro. Se Gustavo recusar a herança de seu
pai, seus filhos, netos de Pedro, não poderão receber a parte que Gustavo
rejeitou. Isto porque, a cota parte recusada irá para os herdeiros da mesma
classe que Gustavo, ou seja, seus irmãos.

 Direito de representação em caso de morte antes mesmo da aceitação e


renúncia da herança: há direito de representação.

Exemplo: Pedro falece e deixa três filhos. Um de seus filhos, Gustavo, morre
antes de aceitar ou recusar a herança de seu pai. Mesmo Gustavo tendo mais
dois irmãos, o direito de aceitar ou recusar a herança passará aos filhos de
Gustavo, por direito de representação quanto à deliberação da herança.

V) Da cessão de direitos hereditários (arts. 1.793 a 1.795,CC)

Art. 1.793. O direito à sucessão aberta, bem como o quinhão de que disponha o
coerdeiro, pode ser objeto de cessão por escritura pública.

 Conceito: ato jurídico negocial de natureza aleatória, oneroso ou gratuito.


 Figuras: cedente e cessionário

 Forma em caso de inventário judicial: Art. 1.793,CC:

O direito à sucessão aberta, bem como o quinhão de que disponha o coerdeiro,


pode ser objeto de cessão por escritura pública.

 Forma em caso de inventário extrajudicial: Poderá ser lavrada na mesma


oportunidade em que se formaliza a própria escritura pública de partilha

Art. 16 da Resolução n. 35, de 24 de abril de 2007, do Conselho Nacional de


Justiça: É possível a promoção de inventário extrajudicial por cessionário de
direitos hereditários, mesmo na hipótese de cessão de parte do acervo, desde que
todos os herdeiros estejam presentes e concordes”

- Direito de acrescer e substituição testamentária na cessão de direitos


hereditários:
Art. 1.793,§ 1º,CC - A cessão hereditária não abrange direito posteriormente
incorporado.

“Caso um herdeiro haja cedido a terceiro direito hereditário que a si competia, em


tendo sido posteriormente beneficiado em virtude de substituição (chamado a
substituir outro sucessor) ou em decorrência de acréscimo de quinhão, este novo
direito ou valor agregado não estará compreendido na cessão anterior.”

- Questão para exemplificar:


 Paola deixa em testamento parte da sua herança para: Gláucia e Higor

1º. Higor – cedeu seus direitos hereditários a X

2º. Gláucia renuncia a sua quota a qual é recebida por Higor por direito de
acrescer.

Pergunta-se: esta quota recebida por Higor como direito de acrescer entra
na cessão de direitos hereditários que Higor celebrou em beneficio de X?

Resposta: NÃO! Art. 1.793,§ 1º,CC - A cessão hereditária não abrange


direito posteriormente incorporado.

- Cessão de coisa certa e determinada (art. 1.793,§ 2º,CC):

Art. 1793,§ 2º,CC - É ineficaz a cessão, pelo coerdeiro, de seu direito hereditário
sobre qualquer bem da herança considerado singularmente.

Art. 1793, § 3º- Ineficaz é a disposição, sem prévia autorização do juiz da


sucessão, por qualquer herdeiro, de bem componente do acervo hereditário,
pendente a indivisibilidade.

 Inventário judicial – pedido judicial


 Inventário extrajudicial – alvará judicial – procedimento de jurisdição
voluntária.

- Direito de preferência do coerdeiro sobre a cota hereditária (art. 1.794,CC e


art. 1.795,CC):

Art. 1.794. O coerdeiro não poderá ceder a sua quota hereditária a pessoa
estranha à sucessão, se outro coerdeiro a quiser, tanto por tanto.

 Dever ser feita a comunicação por ato judicial ou extrajudicial ao demais


coerdeiros

 Se o coerdeiro for alijado de seu direito de preferência: após depositar o


preço, poderá ter para si a quota cedida a estranho, se o requerer até cento
e oitenta dias após a transmissão.

Art. 1.795. O coerdeiro, a quem não se der conhecimento da cessão, poderá,


depositado o preço, haver para si a quota cedida a estranho, se o requerer até
cento e oitenta dias após a transmissão

 Se houver mais de um sucessor interessado em exercer o direito de


preferência

Art. 1.795. Parágrafo único. Sendo vários os coerdeiros a exercer a preferência,


entre eles se distribuirá o quinhão cedido, na proporção das respectivas quotas
hereditário

- A necessidade de autorização conjugal para a cessão de direitos


hereditários
Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais: (...)
II - o direito à sucessão aberta.

Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem
autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta:
I — alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis (HERANÇA)

 Alienação – alienação onerosa (venda)// alienação gratuita (doação)


 Cessão de direitos hereditários onerosa – (alienação onerosa)
 Observação - Situação semelhante a alienação de direito imobiliário
 Nomenclaturas:
- Autorização do marido: outorga marital
- Autorização da mulher: outorga uxória

- QUESTÃO

João é casado com Renata e com ela teve três filhos durante o casamento que
perdurou até maio do corrente ano, momento em que João falece. Um dos filhos
de João deseja ceder seus direitos hereditários de forma onerosa para um de seus
irmãos. Todavia, é casado com Ana sob o regime da comunhão parcial de bens.
Diante disso, é possível afirmar que Ana deverá autorizar a cessão de direitos
hereditários a ser praticada pelo filho do autor da herança?

- RESPOSTA

Se consideramos a herança como bem imóvel conforme preceitua o art. 80, II, CC,
a depender do regime de bem haverá necessidade de autorização conjugal para
cessão de direitos hereditários, assemelhando tal situação com a que ocorre com
o art. 1647, I, CC que determina que exceto se os cônjuges forem casados sob o
regime da separação convencional de bens , haverá necessidade de outorga
conjugal para atos de alienação de bens imóveis. Sendo assim, este dispositivo
legal poderá também ser aplicado, pelos motivos acima expostos em caso de
cessão de direitos hereditários feita de forma onerosa ou gratuita.

VI) Da exclusão da sucessão por indignidade (art. 1.814 a 1.818,CC)

a) Conceito: forma de exclusão de herdeiro ou legatário do recebimento da


herança por cometerem atos de indignidade contra o autor da herança que
encontram-se previsto no art. 1814, CC

b) Hipóteses (art. 1.814,CC) – rol taxativo

Art. 1.814. São excluídos da sucessão os herdeiros (legítimos ou


testamentários)ou legatários:

I - que houverem sido autores, coautores ou partícipes de homicídio doloso, ou


tentativa deste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge,
companheiro, ascendente ou descendente;

- Homicídio tentado ou consumado


- Há possibilidade de existência de excludentes? Sim
- Há necessidade de prévia condenação criminal? Não
- Contra quem o ato será cometido para ser considerado suficiente para a exclusão
da sucessão? contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge,
companheiro, ascendente ou descendente

II - que houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da herança ou


incorrerem em crime contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou companheiro;

 Crime de denunciação caluniosa (art.339,CP) - Necessidade de prévia


condenação criminal? Não
 Crime contra honra - necessidade de prévia condenação criminal? Sim
 Contra quem o ato será cometido para ser considerado suficiente para a
exclusão da sucessão?
- Denunciação caluniosa (somente contra o autor da herança)
-Crime contra a honra (contra o autor da herança, seu cônjuge ou
companheiro)

III - que, por violência ou meios fraudulentos, inibirem ou obstarem o autor da


herança de dispor livremente de seus bens por ato de última vontade

 EXCLUSÃO DA SUCESSÃO POR INDIGNIDADE

- QUEM PODE SER EXCLUÍDO? • Herdeiros legítimos ou testamentários


e ainda os legatários

- QUAIS AS CAUSAS QUE PODERÃO GERAR A EXCLUSAO DA


SUCESSÃO POR INDIGNIDADE? • Apenas as causas inseridas no rol
taxativo do art. 1814,CC

 EXCLUSÃO DA SUCESSÃO POR DESERDAÇÃO

- QUEM PODE SER EXCLUÍDO? • Apenas herdeiros necessários


(cônjuge, ascendentes e descendentes)

- QUAIS AS CAUSAS QUE PODERÃO GERAR A EXCLUSAO DA


SUCESSÃO POR DESERDAÇÃO? • As causas inseridas no rol taxativo
do art. 1814, CC, art. 1962 e art. 1963,CC

c) A necessária propositura de ação judicial (art. 1.815,CC):

Art. 1.815. A exclusão do herdeiro ou legatário, em qualquer desses casos de


indignidade, será declarada por sentença.

- Legitimidade ativa para propositura da ação: interessado, Estado e Ministério


Público (Lei nº 13.532, de 2017).

Art. 1815. § 2º. Na hipótese do inciso I do art. 1.814, o Ministério Público tem
legitimidade para demandar a exclusão do herdeiro ou legatário.

- Prazo para propositura da ação – 04 anos a contar da data da abertura da


sucessão

d) Os efeitos da exclusão relativos aos herdeiros:


- Efeitos pessoais: direito de representação dos herdeiros do excluído – sucessão
legítima

Art. 1.816. São pessoais os efeitos da exclusão; os descendentes do herdeiro


excluído sucedem, como se ele morto fosse antes da abertura da sucessão.

- Restituição de frutos e rendimentos aos sucessores beneficiados com a exclusão


– direito do excluído a indenização por despesas pela conservação destes bens.

- Eventual sucessão indireta dos bens que o indigno fora excluído - impossibilidade

 A exclusão da sucessão por indignidade na sucessão testamentária

1º. Verificar se há Indicação de substituto testamentário

2º. Verificar se há Indicação de direito de acrescer

3º Ausência das previsões anteriores – o valor que receberia o herdeiro


excluído segue o monte-mor – o patrimônio a ser recebido pelo excluído
segue a ordem de vocação hereditária do autor da herança.

e) Os efeitos da exclusão relativos aos terceiros de boa-fé (art.


1.817,caput, CC)

• Pedido de indenização ao indigno – alienação onerosa e administração

Art. 1.817. São válidas as alienações onerosas de bens hereditários a terceiros de


boa-fé, e os atos de administração legalmente praticados pelo herdeiro, antes da
sentença de exclusão; mas aos herdeiros subsiste, quando prejudicados, o direito
de demandar-lhe perdas e danos.

Parágrafo único. O excluído da sucessão é obrigado a restituir os frutos e


rendimentos que dos bens da herança houver percebido, mas tem direito a ser
indenizado das despesas com a conservação deles.

f) A reabilitação do indigno (art. 1.818,CC)

- Conceito: ato exclusivo do ofendido (autor da herança). PERDÃO.

- Forma:

 Expressa – testamento ou documento autêntico


 Tácita – de cujus beneficia indigno em testamento após prática de atos de
indignidade.

- Observação!

Recebe a deixa testamentária mas pode ser excluído quanto a legítima, se for
herdeiro necessário

- Momento em que poderá operar a reabilitação – após sentença de exclusão.


VII) Da exclusão da sucessão por deserdação (art. 1.961,CC a 1.965,CC)

(Sucessão testamentária)

a) Conceito: subtração da legítima do herdeiro necessário por


declaração em testamento Herdeiros necessários: descendente,
ascendente e cônjuge.

b) Causas ensejadoras da deserdação:

1º) As mesmas causas em que poderão ser excluídos da sucessão


indignidade

Art. 1.814. São excluídos da sucessão os herdeiros ou legatários:


I - que houverem sido autores, coautores ou partícipes de homicídio doloso, ou
tentativa deste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge,
companheiro, ascendente ou descendente;
II - que houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da herança ou
incorrerem em crime contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou companheiro;
III - que, por violência ou meios fraudulentos, inibirem ou obstarem o autor da
herança de dispor livremente de seus bens por ato de última vontade.

 Autorizam a deserdação dos descendentes por seus ascendentes e dos


ascendentes pelos descendentes (art. 1.962 e art. 1.963,CC):

2º) Ofensa física


3º) Injúria grave
4º) Relações ilícitas com quem ascendente ou descendente mantenha
vínculo conjugal ou viva em união estável
5º) Desamparo de ascendente ou descendente portador de deficiência
mental ou grave enfermidade

- Quais causam ensejariam a deserdação do cônjuge tendo em vista que os artigos


1963 e 1962 se referem apenas a descendentes e ascendentes? Apenas as
causas do artigo 1814, CC (Indignidade)

c) Requisitos indispensáveis para a configuração da pena de


deserdação:

1º) Validade do testamento


2º) Existência de herdeiros necessários: Art. 1.845. São herdeiros
necessários os descendentes, os ascendentes e o cônjuge.
3º) Existência de cláusula de deserdação com expressa declaração de
causa:

Art. 1.964. Somente com expressa declaração de causa pode a deserdação ser
ordenada em testamento.

4º) Prova da existência da causa arguida pelo testador:


 Ação ordinária – prova da veracidade das alegações feitas pelo autor da
herança.

 Legitimidade ativa para propositura da ação:

- Herdeiro instituído ou aquele que aproveite a deserdação;


- Estado;
- Testamenteiro e o próprio deserdado.

 Prazo para a propositura da ação – 04 anos a contar da data da “abertura”


do testamento (art. 1.965, caput) = “cumpra-se”
 O fornecimento de provas – o testador poderá mencioná-las ou fornecê-la.

d) Da posse e propriedade dos bens da herança pelo herdeiro


necessário que possui em seu desfavor cláusula de deserdação:
e)

Aplicação analógica

Art. 1.817,CC: São válidas as alienações onerosas de bens hereditários a


terceiros de boa-fé, e os atos de administração legalmente praticados pelo
herdeiro, antes da sentença de exclusão; mas aos herdeiros subsiste, quando
prejudicados, o direito de demandar-lhe perdas e danos.

- Deserdado é herdeiro sob condição resolutiva – tem direito à posse e propriedade


dos bens da herança – P. da Saisine.

f) Os efeitos da deserdação (art. 1.816, CC, caput e parágrafo único):

- Privação do herdeiro necessário do direito à legítima (metade indisponível)


bem como da metade disponível - Pena civil - efeito personalíssimo:
equiparação a premoriência- o herdeiro do excluído sucede em seu lugar
como se o excluído fosse morto antes da abertura da sucessão do autor da
herança.

 Se o deserdado possuir filhos – herdam por representação


 Se o deserdado não possuir filhos – seu quinhão retorna ao monte
seguindo a destinação legítima.
 Se o deserdado possuir filhos menores – o deserdado não terá direito ao
usufruto, administração ou eventual sucessão dos bens
 Se o deserdado for um dos genitores – o outro receberá a totalidade dos
bens

g) O perdão concedido ao deserdado (art. 1.818,CC):

Art. 1.818. Aquele que incorreu em atos que determinem a exclusão da herança
será admitido a suceder, se o ofendido o tiver expressamente reabilitado em
testamento, ou em outro ato autêntico. Parágrafo único. Não havendo reabilitação
expressa, o indigno, contemplado em testamento do ofendido, quando o testador,
ao testar, já conhecia a causa da indignidade, pode suceder no limite da disposição
testamentária.
 Perdão expresso – expressa menção ao perdão em testamento ou
escritura pública.
 Perdão tácito – existência de testamento posterior sem inserir cláusula de
deserdação

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