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01. Em sentido amplo → sucessão inter vivos: significa o ato pelo qual uma pessoa
assume o lugar de outra numa relação jurídica substituindo-a em seus direitos e obrigações
ou na titularidade de determinados bens. Por exemplo, cessão de crédito e subrrogação
subjetiva (p. ex., fiador).
02.Lei: A sucessão legal ou legítima é aquela que decorre da lei quando o de cujus
falece sem deixar testamento ou quando este for parcial, nulo ou ineficaz. A lei determina
uma ordem de sucessores a ser estabelecida no caso de o falecido não ter deixado
testamento, ou quando este não puder sem cumprido.
Sucessão se refere ao ato de suceder, que pode ocorrer por ato ou fato entre vivos
ou por causa da morte.
A figura do espólio:
O espólio é visto como uma simples massa patrimonial que permanece coesa até a atribuição
dos quinhões hereditários aos herdeiros. O termo é usado sob o prisma processual, sendo o
inventariante quem o representa em juízo (art. 75, VII, e art. 618, I, ambos do NCPC).
Por outras palavras, é o conjunto de bens que integra o patrimônio deixado pelo "de cujus" e
que será partilhado no inventário. O espólio responde por todas as dívidas do falecido.
• Sucessões em geral
• Sucessão legítima
• Sucessão testamentária
• Inventário e partilha
Espécies de Sucessão
Se o testador determina quais bens serão recebidos e por quais pessoas teremos então uma
sucessão a título singular. Por exemplo: deixo três casas para João e todo o dinheiro que está
na conta para a Maria.
Quando se fala em sucessão a título singular, fala-se em legatário e eles recebem um legado.
A maioria das sucessões no Brasil são sucessões que decorrem da lei, porque não há o costume
de fazer testamento.
Não é admitida pelo nosso ordenamento jurídico, segundo o art. 426, do CC. Ela recebe o
nome de ‘’pacta corvina’’.
A lei admite que antes de morrer a pessoa faça doações com cláusula de usufruto, de modo
a, por exemplo, dividir seus bens por entre seus filhos. Contudo, após a morte do de cujus é
possível trazer os bens à colação se um ou mais herdeiros forem prejudicados na sua legítima.
04. Sucessão Irregular ou Anômala: são situações excepcionais regidas por normas
específicas.
Exemplo 2: Direitos Autorais. Se a pessoa morre sem deixar herdeiros, estes direitos não vão para o
Estado, mas caem em domínio público (art. 45, I, da Lei nº. 9.610/1998).
FACULTATIVOS
Espécies de Sucessores:
TESTAMENTÁRIOS
Herdeiros recebem a título universal e legatários a título singular. Só é possível existir legatário se
houver testamento. Herdeiro pode ser instituído em testamento (chamado herdeiro testamentário)
ou previsto em lei (chamado de herdeiro legítimo). Pode haver uma coexistência de herdeiro e
legatário.
50% DISPONÍVEL
Abertura da Sucessão
a- com decretação de ausência (saiu para comprar pão e sumiu). O ausente é uma
situação excepcional no sistema sucessório, porque a lei admite a abertura da sucessão
provisória e, posteriormente, a sucessão definitiva. A morte do ausente só é presumida
quando a lei autorizar a abertura da sucessão definitiva (arts. 6 e 26 e ss. do Código
Civil).
b- sem decretação de ausência (cai avião e some o corpo no mar). Nestes casos abre-se
um procedimento e quando se esgotarem as buscas, o juiz dá uma declaração de
morte presumida que substitui o atestado de óbito.
OBS: Comoriência (art. 8º do Código Civil). Aqui, um não herda do outro. Morte simultânea é
a comoriência. Se o pai, por exemplo, iria deixar bens para o filho, não deixa. E se o filho
poderia deixar bens para o pai, este não herda. Isto acontece porque ambos faleceram juntos,
ao mesmo tempo.
Transmissão da herança:
Na data da morte, que é quando abre sucessão, calcula-se a legítima. A legítima é a metade
dos bens que o de cujus possui na data da abertura da sucessão, abatidas as dívidas e despesas
do funeral, adicionando-se os bens a título de colação (por exemplo, quando o de cujus
adiantou bens para um dos filhos, este filho que já havia recebido antes da morte, deverá
receber menos que os outros na data da morte, para que todos recebam na mesma
proporção)
Lugar da abertura da sucessão: art. 1.785, CC; art. 48 NCPC. Onde o de cujus morava quando
morreu é onde deverá ser aberto o inventário. Tendo mais de um domicílio, poderá ser em
qualquer um deles.
Conceitos:
Espólio é a herança, processualmente falando. É um ente sem personalidade jurídica, mas com
personalidade judiciária ou legitimidade ad causam, representada pelo inventariante.
PROIBIDA REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL SEM AUTORIZAÇÃO
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Professora Taís Cecília dos Santos Lima de Clares
A herança é considerada um bem imóvel, por força do art. 80, inciso II, do Código Civil;
consequentemente, é exigida escritura pública e outorga uxória (autorização da esposa) ou
autorização marital (autorização do marido) para a cessão de direitos hereditários (exceto
no regime da separação obrigatória de bens – art. 1.647, CC).
Admite-se a cessão dos direitos hereditários na forma da cota (= quinhão) a que o herdeiro
tem direito, mas não é possível ceder um bem específico da herança antes da partilha. A
cessão de direitos hereditários é um ato translativo inter vivos, que pode ser feita de forma
gratuita (doação) ou onerosa (venda).
O co-herdeiro tem direito de preferência na aquisição dos direitos hereditários (art. 1.794 e
1.795, CC). A herança se rege pelas regras do condomínio.
Responsabilidade dos Herdeiros (art. 1.792): se o falecido deixar dívidas e elas superarem o
valor dos bens deixados na herança, o herdeiro não tem de dar sua renda para pagar a dívida
do falecido. E se o morto morre sem deixar bens e deixa um monte de dívidas? Os credores
podem cobrar, mas pra isso existe um remédio não previsto na lei e que chama inventário
negativo.
Inventário negativo: é o procedimento por meio do qual se prova que o falecido não deixou
bens, embora tenha deixado dívidas. Forma-se, então, um documento que poderá ser
apresentado aos credores do falecido, eximindo a responsabilidade do herdeiro.
Vamos imaginar, agora, que o pai tenha deixado bens. Deve se fazer uma lista das dívidas e
pagá-las. Mas e se forem superiores aos bens? Nesse caso, pelo fato do de cujus ter deixado
bens, mas estes não serem suficientes para o pagamento das dívidas, formar-se-á um
Abertura do inventário
Prazo para abrir o inventário: temos o art. 1.796 do Código Civil (30 dias); Art. 983 do Código
de Processo Civil (60 dias) e art. 611 do NCPC (2 meses); Lei Estadual 10.705/2000 – arts. 17,
19, 20, 21, (60 dias – para abrir o inventário).
A sanção está na lei estadual: multa no ITCMD - imposto incide sobre a transmissão de bens -
(4% do valor dos bens), que é o imposto pago quando morre alguém. Se pagar o ITCMD em
até 90 dias da data do óbito, tem desconto do pagamento; se pagar entre 90 e 180 dias do
óbito paga o valor normal; se passar de 180 dias paga-se multa de 0,33% até 20%. Essa data é
para PAGAR e não dar entrada no inventário, mas para pagar é necessário abrir, pois precisa
colocar as informações acerca do processo de inventário.
Se não for feita a abertura do inventário dentro do prazo, terá multa. Se atrasar o pagamento
do imposto, terá a segunda multa, ou seja, são duas multas que podem incidir no ITCMD.
Inventariante
Exerce um munus publico, ou seja, uma espécie de encargo público sujeito a fiscalização
judicial. A função dele é administrar os bens do espólio e ser representante legal deste.
Portanto, o inventariante é quem tem a maior responsabilidade pelos bens deixados pelo
morto como, prestar contar, gerenciar aluguéis, entrar com ação em caso de invasão etc, e
isso porque ele também tem interesse por ser herdeiro. Se ele não cumpre seu encargo, pode
ser responsabilizado pessoalmente, respondendo com seus bens pelo prejuízo.
O 617 do NCPC estabelece uma ordem para nomeação do inventariante, ordem esta que só
poderá ser alterada pelo juiz se houver motivo relevante.
Só podem ser inventariantes as pessoas capazes e que não tenham interesses contrários aos
do espólio.
Administrador provisório (art. 1.797, CC): É a pessoa que cuida dos bens da herança até que
o inventariante preste seu compromisso. Ele tem direitos e deveres previstos no art. 614 do
NCPC. Nem sempre é necessário nomear administrador provisório.
Exceção: nascituro. O nascituro é protegido pelo art. 2, do Código Civil, então se ele já tiver
sido concebido, aguarda-se o seu nascimento. E se ele nascer vivo, herdará os bens. Se nascer
morto, sua quota será devolvida aos herdeiros legítimos ou ao sucessor/substituto
testamentário.
Não basta que a pessoa tenha nascido, é preciso que ela esteja viva e sobreviva ao de cujus.
Isso recebe o nome de princípio da coexistência.
01. Prole eventual (art. 1.799, I e art. 1.800, CC): contemplação testamentária em
favor de filhos que vierem a ser gerados por pessoa determinada. Prazo máximo de dois anos
de espera para a concepção, contados da abertura da sucessão. Os bens destinados a essa
prole ficarão a cargo de um curador.
Por exemplo, quer deixar bens para o filho da minha neta Maria. Quando morro, Maria tem
17 anos. Mas aí, terá dois anos para engravidar, se não, não herdará. Questões: Maria pode
fazer inseminação artificial? O Código é omisso. E se o testador colocar que deverá ser filho
de Maria e João, mas ele é estéril, pode pegar esperma de outra pessoa? E se ela tiver
problema com útero? Não pode adotar ou ter uma barriga de aluguel? Pode pegar óvulo da
irmã? A CF igualou os filhos biológicos e adotivos... E se Maria tiver outro filho? Só o primeiro
será beneficiado, ou o segundo não?
O fato é: prole eventual está prevista e então, se Maria engravida naturalmente, enquanto
isso existem bens para serem administrados. Diz o 1.800, CC, que tem um curador especial
que cuidará dos bens por um tempo. Maria será a curadora. É parecido com o curador do
incapaz. Não tem liberdade total, pois tem de ter autorização do juiz para vender, prestar
contas de tempo em tempo etc.
02. Pessoas jurídicas a serem criada pela vontade do testador (art. 1.799, III, CC). Por
exemplo: fundações. Fundações – arts. 62 e seguintes do CC – podem ser instituídas por
escritura pública ou por testamento. Posso deixar, por exemplo, 30% dos meus bens para uma
fundação de amparo ao idoso.
Observação: o art. 1.597, incisos III e IV, admite como filho do de cujus a criança gerada com
o material genético do de cujus, mesmo que ela tenha sido gerada após a morte deste. Se os
direitos sucessórios dos filhos na sucessão legítima são iguais, então esta criança também
deveria participar da sucessão do de cujus e, assim, a regra do art. 1.798 do Código Civil não
seria adequada. Esta criança não era viva quando o de cujus faleceu nem era prole eventual;
o Direito de Família se preocupou com o fato de esta criança nascer sem pai, mas e os direitos
sucessórios? Essa questão não está resolvida.
Não podem ser herdeiros nem legatários, as pessoas nomeadas no art. 1.801, CC.
Observação: Concubinato. Art. 1.727, 1.802 e 1.803, CC. Pode doar para seu próprio filho,
ainda que filho da amante.
ACEITAÇÃO DA HERANÇA
1- Conceito: É o ato pelo qual o herdeiro confirma a transmissão da herança ocorrida por lei
no momento da abertura da sucessão (art. 1.804, CC).
2- Espécies de aceitação:
Quanto ao modo:
a- Expressa: É feita por escrito, nos termos do art. 1.805, caput, primeira parte do CC;
b- Tácita: É a que decorre da prática de atos próprios da qualidade de herdeiro (art. 1.805,
caput, segunda parte, do CC;
c- Presumida: É a que decorre do silêncio do herdeiro quando provocado por qualquer
interessado (art. 1.807, CC).
a- Direta: É o próprio herdeiro que se manifesta, em regra; mas ele pode se fazer
representar por um procurador com poderes especiais.
b- Indireta: Ocorre quando a legitimidade para aceitar pertence a um terceiro:
2ª hipótese: aceitação da herança pelos credores (art. 1.813, CC). Ocorre quando o herdeiro
renuncia a herança com a intenção de fraudar os credores. Por exemplo, o devedor deve mais
do que tem, mas a sua mãe ou pai tem condição e um deles morre, deixando patrimônio. Aqui,
os credores vão atrás dele para cobrar a dívida, então ele renuncia à herança e dá para a irmã,
a fim de evitar que fique sem e isso caracteriza fraude (ato gratuito) contra credor. Se ele
tivesse bens para saldar credores, ele poderia renunciar e não caracterizaria fraude aos
credores. Os credores, então, aceitam a herança em nome dele até os limites de seus créditos.
O que sobra, por ter renunciado, ficará para a irmã dele.
3ª hipótese: aceitação pelos sucessores (art. 1.809, CC). Por exemplo, morre o avô e quem
aceitaria a herança? O filho. No dia seguinte, o filho morre e, então, não deu tempo de
manifestar ato de aceitação, logo, os netos é quem irão aceitar essa herança em nome do pai.
Avó morreu → deixa patrimônio → pai morre → deixa segunda leva de patrimônio (avô + pai)
→ os netos precisam aceitar a herança do pai, que engloba o que era do avô.
3- Características da aceitação:
A- Unilateral
D- Indivisível: não se admite aceitação ou renuncia parcial, exceto nas hipóteses previstas nos
parágrafos do art. 1.808 do Código Civil.
Ex: meu avô deixa parte em testamento e o meu pai morreu, então posso aceitar a parte do
avô e renunciar à do meu pai. Mas dentro do mesmo legado ou herança, ou aceita tudo, ou
não aceita.
E- Irretratável: Art. 1.812, Código Civil: os atos de aceitação e renúncia são irrevogáveis. O CC
de 1916 permitia a revogação.
RENÚNCIA À HERANÇA
1- Conceito: é o ato pelo qual o herdeiro abre mão de sua qualidade (parágrafo único, do art.
1.804, Código Civil).
2- Espécies de renúncia:
Ex: Imagina-se que uma mãe morre e deixa três filhos, sem netos. Um não quer receber a
herança e renuncia. Se fizer renúncia própria, a parte dele acresce ao monte mor. Agora, se
ele fizer uma renúncia translativa, e isso significa que sua parte seja dada para uma irmã
PROIBIDA REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL SEM AUTORIZAÇÃO
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específica e não para o monte mor. Neste caso, entende-se que o herdeiro renunciante recebe
causa mortis e transmite inter vivos para a irmã, então são pagos dois impostos.
3- Características da renúncia:
B- Não receptícia: renúncia não precisa ser dada ao conhecimento de ninguém para valer;
C- Indivisível: do mesmo jeito que a aceitação, não pode renunciar um pedaço e aceitar o
outro;
F- Formal ou solene (característica que difere da aceitação): A renúncia só pode ser feita por
escritura pública ou por termo nos autos do inventário (art. 1.806, CC).
Ex: o herdeiro pode até falar numa festa de família que vai renunciar, e alguém pode até ter
gravado, mas aquela renúncia não vale, exceto se ele aparecer em frente ao juiz e renunciar,
ou se for ao tabelião e fizer escritura pública renunciando a herança.
4- Efeitos da Renúncia:
Ex: Imagine-se que uma avó que morre e deixa um filho e três netos. Se o filho renuncia, a
herança desce diretamente para os netos, porque o filho era o único da classe ‘’filhos’’.
O art. 1.811, CC, diz que três filhos não sucedem por representação. Por outras palavras, diz
que quem renuncia, a sua quota vai para os demais herdeiros da mesma classe e se houverem
filhos, estes não herdarão (do que renunciou).
Ex: uma avó tem três filhas e duas netas. Imaginemos que, ao invés de renunciar, uma das
filhas fosse pré-morta, ou seja, já havia morrido quando a avó morreu. Nesta hipótese, a
herança desta filha pré-morta é dividida entre as netas. As netas herdam representando a
mãe pré-morta.
Um caso: um avô morre e tem três filhos. Se um renuncia, a quota vai para os outros. Se dois
renunciam, a quota vai para o último que sobrou. E se o terceiro renunciar? O código diz que,
se todos renunciarem, herdam os da próxima classe por direito próprio OU por cabeça
(sinônimos) e não por representação. Direito próprio significa que cada um herdará uma cota
parte do total. Isso está no artigo 1.811, segunda parte, Código Civil.
Sucessão por direito próprio: Quando o herdeiro participa da herança de modo direto, Ex: o filho, o
pai, atualmente também o cônjuge, e até os herdeiros colaterais, é chamado de herdeiro por direito
próprio.
Sucessão testamentária: Até agora era a sucessão legítima, que decorre da lei e não precisa
de testamento. Se a renúncia ocorrer no testamento, havendo um substituto previsto no
testamento, a quota renunciante vai para ele. Por exemplo, uma pessoa morre e deixa para
A, B e C e um deles renunciando, o dinheiro vai para o substituto que pode ser D. Não havendo
substituto, a quota renunciante vai para os demais herdeiros testamentários, salvo se
determinada a quota de cada um deles (por exemplo: “José herdará 33% dos meus bens”,
então José não pode receber mais do que isso, não pode receber quota de herdeiro
renunciante), caso em que a quota do renunciante irá para os herdeiros legítimos. (direito de
acrescer – arts. 1941 e ss. do CC)
a) O renunciante deve ser plenamente capaz → pode o tutor renunciar a herança do tutelado?
Não, pois é perda patrimonial para o incapaz;
b) É preciso anuência do cônjuge se o renunciante for casado, exceto se o regime de bens for
de separação absoluta de bens (art. 1.647, inciso I, Código Civil), ou no regime de participação
final nos aquestos, com cláusula de livre disposição dos bens imóveis particulares (art. 1.656,
CC), porque o direito à sucessão aberta é considerado um bem imóvel (art. 80, inciso II, CC).
A ineficácia da renuncia pode ocorrer pela suspensão temporária dos seus efeitos pelo juiz,
a pedido dos credores prejudicados (art. 1.813, CC).
Renúncia ineficaz é a que é feita, mas não tem eficácia e na prática não produz seus efeitos.
Se fizer renúncia prejudicando credores, ela não gerará efeitos e a quota renunciada não irá
para os outros herdeiros e, sim, para os credores.
A invalidade absoluta ocorre se a renúncia não obedecer à forma legal, ou se for feita por
absolutamente incapaz sem representante e sem autorização judicial..
1. INDIGNIDADE
1.1. Conceito e Hipóteses: é a pena civil aplicada ao sucessor que praticar um dos atos
descritos no art. 1.814, Código Civil. O rol deste artigo é taxativo.
Se o herdeiro for condenado criminalmente essa sentença faz coisa julgada no cível. Mas se
ele for absolvido pela inexistência do fato ou por não ser ele o autor do crime ou pelo
reconhecimento de uma excludente de ilicitude, ele não poderá ser condenado por
indignidade civil (art. 935, CC).
Inciso II → A primeira hipótese trata de denunciação caluniosa (art. 339, CP) e a jurisprudência
entende que, para denunciação gerar efeitos sucessórios, ela deve ter sido praticada em juízo
criminal.
O inciso dá impressão que não pode oferecer denuncia caluniosa contra herdeiro ou contra
cônjuge ou companheiro, mas na realidade é não denunciar caluniosamente, nem cometer
crime contra honra.
Inciso III → Por violência ou meios fraudulentos. É a situação do herdeiro que tenta ludibriar
o falecido para que ele não faça o testamento ou para que faça conforme essa pessoa que
está ludibriando quer. O código fala da violência, que é uma ação física e a fraude é psicológica.
Exemplos: herdeiro que obriga o de cujus a testar; herdeiro que impede o de cujus de revogar
testamento anterior; herdeiro que suprime ou inutiliza testamento cerrado ou particular;
herdeiro que falsifica testamento etc.
Esses exemplos são fáceis encontrar nos livros, então, a situação do herdeiro que forja um
testamento ou ilude a cabeça do testador para que ele não faça o testamento e isso é difícil
de provar, mas isso se enquadraria no inciso. Como provar que a pessoa está induzindo a
pessoa a erro? Por exemplo, só se tiver um funcionário que trabalha na casa e vê a situação.
A dúvida é com relação aos credores, porque já vimos que eles têm legitimidade para abrir
inventário e, inclusive, aceitar a herança. E nesse caso? Tudo bem que tem questão
patrimonial, mas na questão da indignidade é questão pessoal, pois quem é indigno pode ser
perdoado. A maioria da doutrina entende que o credor não tem legitimidade para pedir a
indignidade de alguém, porque se trata de um assunto de natureza íntima e privada. Essa ação
é personalíssima.
Por exemplo, a Suzane se excluída por indignidade, não iria para o irmão, iria para os filhos
dela. É tido como se tivesse morto e não como renunciado.
1.3. Legitimidade passiva: o réu é apenas o imputado, já que a culpa não se transmite. Se ele
morrer no decorrer da ação, esta se extingue e os bens passarão aos seus herdeiros.
A pena não pode ir além da pessoa do condenado. E a indignidade é uma pena civil, então
quem é condenado e perderá os bens, será o indigno.
1.4. Ação: A exclusão do indigno depende sempre de uma sentença de natureza declaratória,
de rito comum, movida no juízo cível, ainda que haja condenação criminal. Se ninguém
propuser a ação, o indigno continuará a herdar.
Será que o MP pode mover ação de indignidade? O MP moveu ação penal para condenar
Suzane pela morte dos pais. E por indignidade? O MP não entra nessa seara e isso porque é
natureza privada e o MP defende direitos indisponíveis e coletivos. Poderia defender grupos
de pessoas ou entrar em questão individual, desde que o direito fosse INDISPONÍVEL.
1.5. Prazo: 4 anos contados da abertura da sucessão (art. 1.815, CC). Prazo decadencial.
1.6. Reabilitação ou perdão do indigno: art. 1.818 do CC. O autor da herança pode perdoar o
indigno de duas formas:
02. De forma tácita, quando o indigno for contemplado em testamento após a ciência
da causa da indignidade. Nessa forma tácita, o de cujus não escreve expressamente e no
testamento. Tentaram mata-lo, ele sobrevive e descobre que foi o próprio filho. Após isso, ele
faz testamento beneficiando o filho, então houve perdão tácito e nem precisa escrever no
testamento que quer perdoar. Aqui, vai ter direito como se nada tivesse ocorrido.
O perdão é irretratável e ainda que o documento que o contenha seja anulado, os efeitos do
perdão podem subsistir. O perdão concedido evita que outros herdeiros excluam o indigno da
sucessão após a abertura desta.
Ex: O prazo para pedir a exclusão por indignidade é de 4 anos da abertura da sucessão, então
se o filho tenta matar a mãe trinta anos atrás e quando ela morre hoje, começam contar os
quatro anos para os herdeiros afastarem os indignos, por isso, se quer perdoar, melhor fazer
no testamento, de forma expressa, ou em outro ato autêntico, porque os herdeiros poderão
afastá-lo por indignidade.
02. O indigno não terá direito a usufruto e a administração dos bens ereptícios
pertencentes aos filhos menores. Bens ereptícios são aqueles que os herdeiros recebem por
conta da exclusão do indigno. O indigno não terá direito a suceder nos bens herdados ou sub-
rogados no caso de seus filhos morrerem (art. 1.689 e 1.816, parágrafo único). Se preciso,
nomeia um tutor específico para administrar esses bens. O indigno não herda, nem usufrui os
bens e seus filhos que herdariam morrem, então ele não herda, vai para os demais herdeiros
legítimos e, não havendo, vai para o munícipio.
Validade dos atos praticados pelo herdeiro aparente: herdeiro aparente é aquele que não
sendo titular dos direitos sucessórios, é tido como legítimo proprietário da herança, em
consequência de um erro invencível e comum. Assim, o indigno pode ter recebido os bens em
partilha e os vendidos a um terceiro antes da sentença de indignidade. Neste caso, se o
terceiro estiver de boa-fé, e o negócio jurídico for oneroso, a alienação feita pelo indigno será
válida, mas caberão aos demais sucessores o direito de voltar-se contra o indigno pleiteando
indenização por esses bens (arts. 1.817, 1.827 e 1.828 do CC).
2- DESERDAÇÃO
2.1. Conceito: é o ato pelo qual o próprio autor da herança afasta o herdeiro necessário,
mediante testamento válido, nas hipóteses previstas em lei. É o próprio autor da herança
quem pune o responsável, em testamento (só ocorre na sucessão testamentária), afastando
o direito à legítima por parte dos herdeiros necessários afastados.
6- relações ilícitas com o cônjuge ou companheiro do outro (meio Nelson Rodrigues ex:
padrasto com nora, madrasta com enteado etc)
(OBS – não tem mais: desonestidade da filha que vive em casa paterna)
2.3. Efeitos: são pessoais (iguais aos da indignidade) Ex: filhos herdam por representação
2.4. Procedimento: é preciso que haja ação própria (não basta a deserdação estar presente
no testamento). Isto serve para evitar que haja uma causa leviana de deserdação no
testamento.
Herança Jacente (art. 1.819 CC): ocorre quando não há na lei herdeiro certo e
determinado, ou não se sabe da existência dele, ou ainda quando a herança é repudiada.
Este acervo de bens não tem personalidade jurídica, mas tem personalidade judiciária,
podendo estar em juízo representado pelo curador.
Hipóteses de Jacência:
Procedimento:
➔ Um ano após a primeira publicação de edital, se não houver habilitação, a herança será
declarada vacante;
➔ Arts. 738 a 743 NCPC.
A sentença que declara a vacância põe fim à imprecisão que caracteriza a jacência
estabelecendo a certeza jurídica de que o patrimônio não tem titular. Ao declarar vago o
patrimônio hereditário, a sentença de vacância devolve-o ao Estado. É neste momento que o
Estado se torna titular, e não quando da abertura da sucessão (posição majoritária) levando à
conclusão que os terceiros podem usucapir o bem enquanto ele estiver em situação de
jacência (porque ele só será um bem público após a sentença de vacância).
1º. Constitutiva: o Poder Público é mero destinatário da herança e não herdeiro, por isso a
ele não se aplica o princípio da saisine.
2º. Declaratória: eficácia que retroage à data da abertura da sucessão (ex tunc).
Bens vacantes são diferentes de bens vagos: estes são coisa alheia perdida que deve
ser devolvido ao dono por quem a encontrar(art. 1.233 e ss., CC).
Ex: filho não reconhecido que ingressa com ação de petição de herança cumulada com
ação de investigação de paternidade; herança deferida a parentes mais afastados do falecido
e o parente mais próximo, preterido, ingressa com ação de petição de herança etc.
Enquanto o inventário está aberto e a partilha não é ultimada, o herdeiro que se julgar
preterido pode demandar sua admissão no inventário; encerrada a partilha o herdeiro
preterido terá ao seu dispor apenas a ação de petição de herança.
Além de real e condenatória, a ação de petição de herança é uma ação universal; isto
porque o autor pretende a devolução do patrimônio hereditário por inteiro ou em quotas, ou
seja, o pedido não envolve a devolução de coisas destacadas, singulares e determinadas.
A legitimidade passiva é do possuidor dos bens hereditários. Este possuidor pode ser
o pro herede que é aquele que se julga herdeiro (herdeiro aparente) ou possuidor pro
possessore que não invoca nenhum título para recusar a entrega dos bens da herança,
configurando a chamada posse do ladrão ou posse viciada (art. 1824 CC).
Além dos possuidores do bem hereditário, a ação pode ser proposta contra todos os
herdeiros do falecido.
sentença de partilha não o afeta, não produzindo coisa julgada contra quem não foi parte no
processo.
B- Quanto ao terceiro adquirente: se ele recebeu os bens a título gratuito terá devolvê-
los ao novo herdeiro, mas se recebeu os bens a título oneroso e estava de boa-fé, não
precisará restituí-los e o herdeiro aparente responderá perante o autor da ação de petição de
herança pelo valor dos bens. Se, porém, o terceiro adquire os bens de má-fé o ato é ineficaz e
ele deverá restituir os bens.