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ANOTAÇÕES DO C.

C DE DIREITO DAS SUCESSÕES


AULA 30/03
1. FUNDAMENTOS:
a) EVENTO MORTE: Incidência de regras sucessórias
b) EXISTENCIA DE HERDEIROS: PESSOAS QUE RECEBRAM A TITULARIDADE DO
ACERVO DEIXADO PELO FALECIDO
Obs.: o evento morte retira a titularidade jurídica de uma determinada pessoa (o de
cujus) e essa titularidade é imediatamente transferida aos seus herdeiros – não há
bens sem titularidade no direito, o direito nunca deixa bens patrimoniais sem
titularidade, mesmo que por uma fração de segundos.
2. ABERTURA DA SUCESSÃO (diferente de abertura do inventário)
Se dá exatamente no momento da morte, assim como a titularidade.
Obs.: nem todas, mas a maior parte das dívidas são transferidas.
3. MORTO É O AUTOR DA HERANÇA
O falecido é o autor da herança.
4. MORTE REAL E PRESUMIDA
a) Morte real: quando se dá a morte encefálica;
b) Morte presumida: I - se for extremamente provável a morte de quem estava
em perigo de vida; II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito
prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra (art. 7
CC).
c) Afora o caso daqueles desaparecidos por muito tempo, nos quais o juiz pode
presumir a morte.
5. COMORIÊNCIA
Quando dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, mas nós não pudermos
averiguar quando deles é o pré-morto (que faleceu primeiro) a presunção é de que
eles faleceram no mesmo momento. Não precisando se dar necessariamente no
mesmo lugar, podendo ser em lugares distintos.
- Art. 8 o Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo
averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão
simultaneamente mortos.

PERFIL DO DIREITO DAS SUCESSÕES


- Transmissão dos direitos e obrigações pelo falecimento.
- Vocação hereditária: convocação de pessoa com direito à herança, para que receba o
patrimônio deixado pelo falecido. A vocação hereditária pode ocorrer por sucessão
legítima (por meio da lei) ou por disposição de última vontade do falecido (por meio do
testamento).
SUCESSÃO EM GERAL (cap do CC)
1. Sucessão em geral: normas gerais, especialmente quanto a transmissão,
renúncia, petição de herança e excluídos da herança;
2. Sucessão legítima: sucessão que se opera por lei, ad intestato, conforme a ordem de
vocação hereditária e outras regras.
3. Sucessão testamentaria: sobre as regras relativas à transmissão que se opera por ato
de ultima vontade (testamento).
4. Inventário e partilha: normas sobre o processo judicial por meio do qual se efetua a
divisão dos bens.

HERDEIROS NECESSÁRIOS:

- Aquele (s) que não pode ser afastado da sucessão por simples vontade do falecido (ex. filho).
São herdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o cônjuge. Os herdeiros
necessários são aqueles que têm direito a parte legítima da herança: os descendentes (filho,
neto, bisneto) os ascendentes (pai, avô, bisavô) e o cônjuge (ou convivente, por equiparação).

- O falecido só pode dispor de 50% dos seus bens para outras finalidades, os outros 50% são
para os herdeiros necessários.

HERANÇA POR CABEÇA E POR ESTIRPE:

Quem herda por cabeça herda por direito próprio (sua vez de herdar e herdou)

– Ex.: filhos que herdam do pai falecido.

A situação muda de figura quando um desses filhos já estava morto antes do pai (pré-morto),
mas deixou um filho, esse neto não herda por cabeça ou direito próprio, ele é um herdeiro
que recebe uma herança por estirpe ou por direito hereditário de representação (herdando
no lugar do seu pai).

- HERANÇA POR ESTIRPE OU POR REPRESENTAÇÃO só se dá em DUAS HIPÓTESES:

1. Linha reta descente (não há em linha reta ascendente); 2. Linha colateral: em linha colateral,
mas apenas em favor de filhos de irmão que é pré-morto do falecido, quando irmãos do
falecido concorrem (ou seja, a pessoa não tem filhos, nem cônjuges, mas tem irmão e
sobrinhos, seus irmãos são herdeiros naturais, caso um irmão esteja morto, o sobrinho herda
por estirpe).

NÃO SE DEVE CONFUNDIR MEAÇÃO COM HERANÇA!

Meação: matéria de direito de família e é a parte que cada cônjuge ou companheiro tem
direito quando é feito o divórcio ou a dissolução da união estável (e é estabelecido pelo regime
de bens). Já a herança: é o conjunto de bens a que o herdeiro tem direito quando uma pessoa
morre.

- Há a possibilidade de a pessoa ser meeira e herdeira (50% da meação e concorre aos outros
50% com os filhos do falecido, por exemplo).
Obs.: não há taxação de grandes fortunas, no entanto, há a taxação de heranças quando da
transmissão por meio do imposto ITCMD, que varia de estado para estado (variam entre 1,5 e
8% do valor venal dos bens).

AULA 06/04
ASSUNTOS DA AULA: ABERTURA, TRANSMISSÃO, CARACTERISTICAS GERAIS, ORDEM
HEREDITARIA, ACEITAÇÃO E RENUNCIA DA HERANÇA.
MOMENTO DA TRANSMISSÃO DA HERANÇA
Ficção jurídica
Não é possível que ocorra um vazio na titularidade de qualquer bem que componha
agpra – por força da morte – o acervo hereditário a ser distribuído.
A transmissão se dá por força de lei, ainda que o herdeiro não tenha conhecimento da
situação.
A transmissão JAMAIS se dá antes do falecimento, uma vez que a disposição de
herança de pessoa viva é vedada em nosso sistema jurídico (art. 1089 CC).
ATÉ A MORTE OS HERDEIROS POSSUEM MERA EXPECTATIVA DE DIREITO.
O tempo da morte do autor da herança se denomina ABERTURA DA SUCESSÃO que é
diferente da ABERTURA DO INVENTÁRIO
A morte é o ANTECEDENTE LÓGICO, é o pressuposto, é a causa. Já a TRANSMISSÃO é a
CONSEQUENCIA, é o efeito da morte.
INDIVISIBILIDADE DA HERANÇA
A herança é tida como IMÓVEL, independentemente dos bens que a compõem (art.
44, III, CC), ou seja, mesmo sendo um celular, escova de dentes, etc... e ainda é sempre
tida como uma UNIVERSALIDADE (art. 57, CC), ou seja, como uma coisa só.
O conjunto de bens e direitos que compõem a herança também é tido como
INDIVISÍVEL, se existirem dois ou mais herdeiros, até a partilha, por expressa
disposição contida no art. 1.791, CC.
SUCESSÃO LEGÍTIMA E A ORDEM DE VOCAÇÃO HEREDITÁRIA
Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: (Vide Recurso
Extraordinário nº 646.721) (Vide Recurso Extraordinário nº 878.694)
I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado
este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória
de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor
da herança não houver deixado bens particulares;
a) Da comunhão universal | comunhão universal exclui a concorrência
sucessória do cônjuge com descendentes, ou
b) Da separação obrigatória de bens, ou
c) Da comunhão parcial, caso o autor da herança não houver deixado bens
particulares.
EX.: O cônjuge não é meeiro de bem particular, somente herdeiro.
OBS: Só sobrou a separação convencional (não obrigatória por lei), a comunhão
parcial quando o autor da herança deixou bens particulares (sobre estes bens incidirá
a concorrência sucessória) e a participação final nos aquestos!
II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge;
III - ao cônjuge sobrevivente;
IV - aos colaterais (irmãos, tios, sobrinhos, primos, tios avós e sobrinhos netos).

Obs: Os companheiros são equiparados aos cônjuges pelo STF

ACEITAÇÃO DA HERANÇA
a) Princípio constitucional da liberdade ou de autodeterminação – pessoas podem
renunciar à herança.
b) Vedação total a qualquer ato que tenha por objeto a herança de pessoa viva
c) Efeito meramente declaratório de confirmação da transmissão das
titularidades, que já havia se operado desde a abertura da sucessão.
d) A aceitação e a renuncia só podem ser feitas juridicamente após a morte do
autor da herança.
e) O CC não exige manifestação expressa de aceitação – reputa-se existentes a
aceitação se o herdeiro não manifestar expressamente a renúncia.
f) A lei não determina prazo para que ocorra a aceitação, mas o juiz estabelecerá
prazo razoável, se e quando necessário – vencido o prazo, tem-se aceita a
herança, de modo IRREVOGÁVEL.
Obs.: é VEDADO no Direito Civil Brasileiro, a aceitação parcial de uma herança. Assim
como a aceitação sobre uma condição ou a termo (aceito desde que, quando isso
acontecer, ou aceito só uma parte da herança). Exceção a isso é a hipótese do herdeiro
que receba uma herança e um legado, nesse caso ele pode aceitar um e renunciar o
outro e vice versa.
RENÚNCIA À HERANÇA:
- Declaração unilateral do beneficiário
- Só se renuncia a direito já nascido e incorporado ao patrimônio do renunciante (ou
seja, somente após a morte do autor da herança).
- Tem efeito retroativo e deve ser interpretada restritivamente.
FORMA É INDISPENSÁVEL: por escritura pública, lavrada por tabelião ou por termo nos
autos do processo.
- A herança ou legado não se disponibilizam para os sucessores do renunciante:
“ninguém pode suceder representando herdeiro renunciante”.
- A renúncia é IRREVOGÁVEL – EXCEÇÃO: ação de anulação de renúncia em caso de
gravames declarados nulos (ex. determinadas pessoas em vida, impõem determinados
gravames, obrigações, sobre determinados bens, e o herdeiro renúncia, se o juiz
declara nulo esse gravame, esse herdeiro pode ajuizar uma ação de anulação dessa
renúncia dela sob bem que não há mais gravame).
- A renúncia pode ser feita por procurador, mas com poderes específicos e bem
definidos para tanto.
ESPÉCIES DE RENÚNCIA:
a) Abdicativa: Renúncia pura e simples da herança e o quinhão que se renunciou
volta para a distribuição igual de todos os demais herdeiros (não se pode
beneficiar determinado herdeiro apenas).
b) Translativa: não se aplica no direito civil brasileiro – Renunciar em favor de
determinada pessoa (em favor de um irmão, por exemplo).
Obs.: É possível que um credor aceite a herança em nome daquele que renuncia, para
pagar um débito devido a si, o que sobra do quinhão é objeto de renúncia e será
dividido entre os outros herdeiros de forma igualitária.

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