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24 de Março de 2023

Resumo Completo de Direito das


Sucessões
Publicado por Samuel Franklin há 5 anos  101K visualizações

CONCEITO E FUNDAMENTO DO DIREITO DAS


SUCESSÕES

Direito das Sucessões é o conjunto de normas que disciplinam a


transferência do patrimônio (ativo e passivo – créditos e débi-
tos) de alguém, depois de sua morte, em virtude de lei ou testa-
mento. Está regulado nos arts. 1.784 a 2.027 CC. A Constituição
Federal assegura o direito de herança (artigo 5º, XXX).

O fundamento do direito sucessório é a propriedade, conjugada


ou não com o direito de família.

DA SUCESSÃO EM GERAL

A sucessão pode ser classificada em:

Sucessão Legítima (ou ab intestato) —> decorre da lei;


morrendo a pessoa sem testamento transmite-se a herança aos
herdeiros legítimos indicados pela lei. Também será legítima se
o testamento caducar ou for declarado nulo.
Sucessão Testamentária —> ocorre por disposição de última
vontade (testamento). Havendo herdeiros necessários (cônjuge
sobrevivente, descendentes ou ascendentes), o testador só po-
derá dispor de metade da herança (art. 1.789 CC). A outra me-
tade constitui a “legítima”, assegurada aos herdeiros necessá-
rios. Não os havendo terá plena liberdade de testar. Mas se for
casado sob o regime da comunhão universal de bens (art. 1.667
CC) o patrimônio do casal será dividido em duas meações e a
pessoa só poderá dispor da sua meação.

Nosso ordenamento proíbe qualquer outra forma de sucessão,


especialmente a contratual. São proibidos os pactos sucessórios,
não podendo ser objeto de contrato a herança de pessoa viva
(art. 426 do C.C. – pacta corvina). No entanto admite a cessão
de direitos.

A título universal —> o herdeiro é chamado para suceder na


totalidade da herança, fração ou parte dela, assumindo a res-
ponsabilidade relativamente ao passivo. Ocorre tanto na legí-
tima como na testamentária.

A título singular —> o testador deixa ao beneficiário um bem


certo e determinado (legado). O herdeiro não responde pelas dí-
vidas da herança.

ABERTURA DA SUCESSÃO, ACEITAÇÃO E RENÚNCIA


DA HERANÇA

A Abertura da Sucessão (também chamada de delação ou devo-


lução sucessória) se dá no momento da constatação da morte
comprovada do de cujus (expressão latina abreviada da frase de
cujus successione agitur – aquele de cuja sucessão se trata, ou
seja, a pessoa que faleceu; de cujus também é chamado de autor
da herança).
O Princípio Básico do Direito das Sucessões é conhecido como
Droit de Saisine (direito de posse imediata), ou seja, transmite-
se automaticamente e imediatamente, o domínio e a posse da
herança aos herdeiros legítimos e testamentários do de cujus,
sem solução de continuidade (ou seja, sem interrupção) e ainda
que estes (os herdeiros) ignorem o fato (art. 1.784 CC). Não ne-
cessita da prática de qualquer ato. No entanto deve-se proceder
a um inventário para se verificar o que foi deixado e o que foi
transmitido.

Só se abre sucessão se o herdeiro sobrevive ao de cujus. O her-


deiro que sobrevive ao de cujus, ainda que por um instante,
herda os bens por ele deixado e os transmite aos seus sucesso-
res, se falecer em seguida. Há necessidade de apuração da capa-
cidade sucessória.

Além disso, é válido frisar que o herdeiro sucede a título univer-


sal e o legatário a título singular.

Aceitação da herança ou adição – (arts. 1.804 e seguintes


do CC)– é o ato jurídico unilateral pelo qual o herdeiro (legítimo
ou testamentário) manifesta livremente o desejo de receber a
herança que lhe é transmitida. A aceitação consolida os direitos
do herdeiro. É também indivisível e incondicional porque não se
pode aceitar ou renunciar a herança em parte e sob condição ou
a termo, isto para se preservar a segurança nas relações jurídi-
cas; a aceitação deve ser pura e simples. Não pode haver retrata-
ção da aceitação da herança. No entanto pode ser anulada e re-
vogada, se após a sua ocorrência se verifica que o aceitante não
é herdeiro.

A aceitação pode ser classificada em:

• expressa – declaração escrita (pública ou particular).


• tácita – atos compatíveis com a aceitação da qualidade de
herdeiro.

• presumida – quando o herdeiro permanece silente, depois que


é notificado para que declare se aceita ou não a herança.

Renúncia da herança – Consiste no ato jurídico unilateral


pelo qual o herdeiro declara expressamente que não aceita a he-
rança a que tem direito, despojando-se de sua titularidade. É
ato solene, devendo ser feito por escritura pública (perante o ta-
belião) ou termo nos autos (perante o juiz).

Se o herdeiro “renunciar” em favor de outrem, isto não se confi-


gura em uma renúncia propriamente dita. Na verdade é uma
aceitação e imediata transmissão, havendo a incidência de tri-
butação causa mortis e também inter vivos. Também é chamada
de renúncia translativa. A renúncia válida é a abdicativa, isto é,
cessão gratuita, pura e simples.

Requisitos para a renúncia:

• Capacidade jurídica do renunciante. Os incapazes não podem


renunciar, senão por seu representante legal, autorizado pelo
Juiz.

• Forma prescrita em lei; sempre por escrito (escritura pública


ou ato judicial); não há renúncia tácita nem presumida.

• Impossibilidade de repúdio parcial da herança. Esta é indivisí-


vel até à partilha.

• Respeito a direitos de eventuais credores. Se a renúncia preju-


dica credores, estes podem aceitar a herança.
• Se o renunciante for casado, depende de outorga (uxória ou
marital), pois o direito à sucessão é considerado bem imóvel.

Efeitos da renúncia:

• O renunciante é tratado como se nunca tivesse sido chamado à


sucessão; seus efeitos retroagem à data da abertura da sucessão.
O que repudia a herança pode aceitar legado.

• O quinhão hereditário do repudiante, na sucessão legítima,


transmite-se de imediato aos outros herdeiros da mesma classe
(direito de acrescer). Os descendentes do renunciante não her-
dam por representação. No entanto se ele for o único da classe
seus filhos herdam por direito próprio e por cabeça.

• O renunciante não perde o usufruto e nem a administração


dos bens que, pelo seu repúdio, foram transmitidos aos seus fi-
lhos menores.

• A renúncia da herança é irretratável e irrevogável.

HERANÇA JACENTE E VACANTE (ARTS 1819 A 1823)

Para falar em herança jacente e vacante é necessário falar em


sucessão do Município, do Distrito Federal e da União. Na ver-
dade a administração pública não é herdeira, não lhe é dado o
direito de saisine, isto é, não se torna proprietária dos bens da
herança no momento da morte do de cujus, como acontece com
os demais herdeiros.

Quando o falecido não deixar testamento nem herdeiros conhe-


cidos ou quando estes repudiarem a herança, os bens irão para o
Município ou Distrito Federal (se localizados nas respectivas
circunscrições) ou União (se situados em Território Federal).
Mas não de imediato. Há um procedimento legal:
Herança Jacente

Falecendo uma pessoa na situação acima, seus bens são arreca-


dados. Nomeia-se uma pessoa (curador) para conservá-los e ad-
ministrá-los. A característica principal da herança jacente é a
transitoriedade da situação dos bens. Não goza de personali-
dade jurídica; é uma universalidade de direito. São expedidos
editais convocando eventuais sucessores. Após a realização de
todas as diligências, não aparecendo herdeiro e decorrido um
ano após o primeiro edital, haverá a declaração de vacância.

Herança Vacante

Superada esta primeira fase, os bens passam, então, para a pro-


priedade do Estado (em sentido amplo). Mas ainda não de
forma plena, mas apenas resolúvel (propriedade resolúvel —> é
a que pode se “resolver”, ou seja, se extinguir). Somente após 05
(cinco) anos da abertura da sucessão a propriedade passa para o
domínio público (Município, Distrito Federal ou União). Com-
parecendo herdeiro, converte-se a arrecadação em inventário
regular.

O Poder Público, pelo atual Código, não consta mais do rol de


herdeiros apontados na ordem de vocação hereditária. É, por-
tanto, um sucessor irregular, desde que haja sentença que de-
clare a vacância dos bens.

EXCLUSÃO POR INDIGNIDADE

Indignidade (arts. 1.814/1.818 CC)é uma espécie de incapaci-


dade sucessória que priva uma pessoa de receber a herança. É
uma pena civil, criada pelo legislador, atingindo os herdeiros
necessários, os legítimos e os testamentários. A pena de indigni-
dade só alcança o indigno, sendo representado por seus suces-
sores, como se morto fosse. São excluídos por indignidade os
herdeiros ou legatários que:

a) houverem sido autores, co-autores ou partícipes em crime de


homicídio doloso, ou tentativa deste, contra a pessoa de cuja su-
cessão se tratar, seu cônjuge, companheiro, ascendente ou
descendente.

b) houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da he-


rança, ou incorreram em crime contra a sua honra (calúnia, di-
famação e injúria), ou de seu cônjuge ou companheira (o).

c) por violência ou fraude, a inibiram ou obstaram o autor da


herança de livremente dispor dos seus bens por ato de última
vontade.

Os descendentes do indigno herdam como se ele fosse falecido


(representação). O indigno não terá direito ao usufruto nem ad-
ministração dos bens que seus filhos menores herdaram. A ex-
clusão do herdeiro, ou legatário, em qualquer desses casos de
indignidade, será declarada por sentença em ação ordinária,
movida por quem tenha interesse na sucessão (art. 1.815 CC). O
prazo é de 04 (quatro) anos, sob pena de decadência. Os efeitos
da sentença declaratória de indignidade retroagem (ex tunc) à
data da abertura da sucessão, considerando o indigno como pré-
morto ao de cujus.

Reabilitação – O art. 1.818 CC permite ao ofendido reabilitar


o indigno, desde que o faça de forma expressa em testamento ou
outro ato autêntico (ex.: escritura pública). É o perdão do
indigno.

SUCESSÃO LEGÍTIMA
Arts 1829 – 1844 do Código Civil. Sucessão Legítima é aquela
em que o de cujus faleceu sem testamento (ou ab intestato), ou
o testamento deixado caducou, ou é ineficaz. Há uma relação
preferencial das pessoas que são chamadas a suceder o finado.
Se deixou testamento, mas havia herdeiro necessário, é possível
que ocorra uma redução das disposições testamentárias para
respeitar a quota dos mesmos, prevista em lei.

Portanto, na sucessão legítima os herdeiros são apresentados


pelo legislador e essa seqüência é denominada ordem de voca-
ção hereditária.

VOCAÇÃO DOS HERDEIROS LEGÍTIMOS

Arts 1829 – 1844 do Código Civil. O chamamento dos sucesso-


res é feito de acordo com uma seqüência denominada ordem de
vocação hereditária, que é uma relação preferencial, estabele-
cida pela lei, das pessoas que são chamadas para suceder o de
cujus na sucessão legítima.

Classes: 1ª descendentes + cônjuge; 2ª ascendentes + cônjuge;


3ª cônjuge; 4ª colaterais até 4º grau. (Art 1829)

Descendentes: mais próximos excluem mais remotos. Os de


mesmo grau sucedem nos mesmos direitos, sucessão por cabeça
e não por estirpe.

Ascendentes: mais próximos excluem remotos. Não há distinção


entre linha materna e paterna (Art 1836, § 2º), o que interessa é
o grau. Não há direito de representação para ascendentes (Art
1852).

Colaterais: mais próximos excluem mais remotos, exceção: di-


reito de representação para filho de irmão pré-morto. Irmãos
germanos ou bilaterais e irmãos unilaterais: os últimos têm me-
tade do quinhão dos primeiros (Art 1841 e ss). Tio e sobrinho
são colaterais de 3º grau, na falta de outros herdeiros, a herança
deveria ser dividida entre eles, porém o direito sucessório esta-
belece que sobrinho exclui tio da sucessão, pois, devido ao di-
reito de representação, o sobrinho entra no lugar do irmão pré-
morto, que é um colateral de 2º grau, enquanto o tio, por ser as-
cendente, não possui direito de representação, se mantendo no
3º grau, como mais próximos afastam mais remotos, logo, so-
brinho exclui tio (Arts 1840, 1843 caput e 1851 ss).

Observações importantes:

1. Uma classe só será chamada quando faltarem herdeiros da


classe precedente. Exemplo: os ascendentes só serão chamados
na sucessão se não houver descendentes.

2. Dentro de uma classe, o grau mais próximo, em princípio, ex-


clui o mais remoto. Exemplo: o de cujus deixou um filho e este
possui dois filhos (que são netos do de cujus); a herança irá so-
mente para o filho, excluindo, neste caso, os netos.

3. Os descendentes, os ascendentes e o cônjuge sobrevivente são


considerados herdeiros necessários; neste caso o testador só po-
derá dispor por testamento de metade da herança. Isto é, me-
tade de seus bens irá obrigatoriamente para os herdeiros neces-
sários (salvo alguma hipótese de deserdação). A outra metade
ele poderá dispor em testamento.

4. Todos os filhos herdam em igualdade de condições (Consti-


tuição Federal, art. 227, § 6º: “Os filhos, havidos ou não da rela-
ção do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e
qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias
relativas à filiação”). Assim, um filho não pode ser chamado de
adulterino ou bastardo. Tanto faz seja ele proveniente de um ca-
samento ou de uma relação extraconjugal: é filho do mesmo
jeito e terá direito à herança.

5. Se houver um testamento essa ordem pode não prevalecer


exatamente desta forma, ou seja, pode haver algumas
modificações.

DIREITO DE REPRESENTAÇÃO (ARTS. 1851 A 1856)

Dá-se o direito de representação quando a lei chama certos pa-


rentes do falecido a suceder em todos os direitos, em que ele su-
cederia, se vivesse (art. 1.851 CC). Só tem aplicação na sucessão
legítima.

Exemplo: A faleceu deixando 05 filhos. Dois deles (B e D) fale-


ceram anteriormente (ou seja, antes de A). Um desses (B) tinha
um filho (G) e o outro (D) tinha dois filhos (H eI).

Cada um dos filhos de A irá receber 20% do patrimônio do pai.


G representará seu pai na herança de seu avô e receberá a totali-
dade que seu pai receberia (20%). No entanto H e I represen-
tam D e irão herdar apenas 10% cada um da totalidade da he-
rança. Os filhos herdam por cabeça ou por direito próprio. Já os
netos herdam por estirpe ou por direito de representação.

Mas neste mesmo exemplo se todos os filhos já fossem pré-mor-


tos, concorrendo apenas os netos, todos do mesmo grau, a su-
cessão não seria mais deferida por representação (ou estirpe),
mas por cabeça. Assim, como só há três netos, cada um herdará
um terço da totalidade da herança. Essas cotas chamam-se avo-
engas, por serem transmitidas diretamente do avô para os
netos.
O direito de representação se aplica ao herdeiro pré-falecido e
também ao excluído por indignidade ou deserdação.

Somente se verifica o direito de representação na linha reta des-


cendente (operando-se ad infinitum), nunca na ascendente (art.
1.852 CC). Na linha colateral, só ocorrerá em favor dos filhos de
irmãos do falecido (sobrinhos), quando com irmão deste con-
correrem. Mas não há representação na renúncia nem na he-
rança testamentária, não se aplicando, também aos legados.

SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA E TESTAMENTO

Sucessão Testamentária é aquela em que a transmissão heredi-


tária se opera por ato de última vontade, revestido da soleni-
dade requerida por lei. Em outras palavras, é a sucessão que se
faz por meio de um testamento. Permite a instituição de her-
deiro (sucessor a título universal) ou legatário (sucessor a título
singular). Como já vimos, tem certas limitações, pois deve res-
peitar a legítima (que é a parte que cabe aos herdeiros
necessários).

A sucessão testamentária rege-se pela:

• Lei vigente no momento da feitura do testamento, que regula a


capacidade testamentária ativa e a forma do ato de última
vontade.

• Lei que vigorar ao tempo da abertura da sucessão, que rege a


capacidade testamentária passiva e a eficácia jurídica do con-
teúdo das disposições testamentárias.

Testamento — é um ato personalíssimo, unilateral, solene e


revogável pelo qual alguém dispõe no todo ou em parte de seu
patrimônio para depois de sua morte.
O testamento serve também para a nomeação de tutores, reco-
nhecimento de filhos, deserdação de herdeiros, revogação de
testamentos anteriores e outras declarações de última vontade.

O testamento é ato unilateral e individual, não podendo ser feito


em conjunto com outra pessoa (é nulo o testamento conjuntivo).
Proíbe-se, os pactos sucessórios, ou seja, estipulações bilaterais,
de feição contratual, em favor dos estipulantes ou de terceiros,
afastando-se a possibilidade de contratos que tenham por objeto
herança de pessoa viva (art. 426 C.C. – pacta corvina). É ato
personalíssimo, podendo ser revogado.

O testamento, por ser um negócio jurídico, requer para a sua va-


lidade agente capaz, objeto lícito e forma prescrita ou não defesa
em lei. É um negócio jurídico que requer uma série de solenida-
des. Caso não sejam observadas, o ato será considerado nulo
(conforme a regra geral do art. 166, V do CC). Também é neces-
sária a análise da capacidade testamentária ativa e passiva.

Capacidade Testamentária Ativa

A capacidade testamentária ativa é a capacidade para fazer o


testamento. O Código Civil estabelece apenas como incapazes de
testar (art. 1.860 CC): os menores de dezesseis anos, os despro-
vidos de discernimento (ex.: os que não estiverem em perfeito
juízo, surdos-mudos, que não puderem manifestar a sua von-
tade, etc.) e a pessoa jurídica.

Assim, podem testar o cego, o analfabeto, o pródigo, o falido,


etc. Os maiores de 16 anos, mas menores de 18 anos, apesar de
relativamente incapazes, podem testar, mesmo sem a assistên-
cia de seu representante legal.
A incapacidade posterior à elaboração do testamento não o in-
valida. A capacidade para testar deve existir no momento em
que o testamento é feito, pois a incapacidade superveniente não
invalida o testamento eficaz. O testamento do incapaz não pode
ser convalidado com a superveniência da capacidade.

Capacidade Testamentária Passiva

A capacidade testamentária passiva é a capacidade para adqui-


rir por testamento. Rege-se pela regra genérica de que são capa-
zes todas as pessoas, físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangei-
ras, maiores ou menores, existentes ao tempo da morte do
testador.

Não podem ser contemplados por testamento as coisas inani-


madas, os animais e as entidades místicas. Se o beneficiário do
testamento já morreu (pré-morto), a cláusula é considerada
caduca.

São absolutamente incapazes para adquirir por testamento:

• Os indivíduos não concebidos (o nascituro possui capacidade,


pois já foi concebido) até a morte do testador, salvo se a disposi-
ção deste se referir à prole eventual de pessoas por ele designa-
das e existentes ao abrir-se a sucessão.

• As pessoas jurídicas de direito público externo relativamente a


imóveis situados no Brasil.

São relativamente incapazes para adquirir por testamento, proi-


bindo que se nomeiem herdeiros ou legatários:

• A pessoa que, a rogo, escreveu o testamento, seu cônjuge, seus


ascendentes, descendentes, e irmãos.
• As testemunhas do testamento.

• O concubinário (amante) do testador casado, salvo se este,


sem culpa sua, estiver separado de fato do cônjuge há mais de
05 anos.

• O tabelião, civil ou militar, o comandante, ou escrivão, perante


o qual se fizer, assim como o que fizer, ou aprovar o testamento.

Restrições do testamento

Não se pode dispor de mais da metade dos bens havendo her-


deiros necessários (descendentes, ascendentes e cônjuge sobre-
vivente), salvo se os mesmo forem deserdados. As disposições
que excederem à metade disponível será reduzida ao limite dela.
Reduzem-se também as doações feitas em vida, que atingiram a
legítima dos herdeiros necessários (são chamadas doações
inoficiosas).

Um testamento pode ser revogado por outro (de qualquer espé-


cie), total ou parcialmente. Não há uma hierarquia entre os
testamentos.

11. FORMAS DE TESTAMENTO

1) ORDINÁRIO: a) Público; b) Particular; c) Cerrado

2) ESPECIAL: a) Militar; b) Marítimo; c) Aeronáutico

TESTAMENTO ORDINÁRIO

Testamento Público (arts. 1.864 a 1.867 CC)


Testamento público é o lavrado por tabelião em livro de notas,
de acordo com a declaração de vontade do testador, exarada
verbalmente (o mudo não pode) em língua nacional, perante o
oficial. É o testamento mais seguro. Porém tem o inconveniente
de permitir a qualquer pessoa conhecer o seu teor. Podem testar
de forma pública: os analfabetos, os surdos (desde que não se-
jam mudos). O cego só pode testar por testamento público. Só
não podem assim testar os mudos e os surdos-mudos.

Os requisitos essenciais dessa forma estão nos incisos do art.


1864 do CC.

Com a abertura da sucessão, o traslado é apresentado em juízo.


Depois de lido e não tendo vícios o Juiz ordena o registro e
cumprimento.

Testamento cerrado (arts. 1.868 a 1.875 CC)

Testamento cerrado é o escrito em caráter sigiloso, feito e assi-


nado pelo testador ou por alguém a seu rogo, completado por
instrumento de aprovação lavrado por oficial público em pre-
sença de 02 (duas) testemunhas idôneas. Também é chamado
de secreto ou místico.

O analfabeto e o cego não podem testar desta forma. O surdo-


mudo só poderá fazer esse testamento se souber ler e escrever.
Ao entregá-lo ao oficial deve escrever na face externa “que é seu
testamento cuja aprovação lhe pede”.

Contém quatro elementos:

a) Cédula testamentária – escrita pelo testador (ou alguém a seu


rogo, desde que não seja beneficiário), em caráter sigiloso. As
disposições testamentárias estão nesta fase.
b) Auto de entrega – o testador (não se admite portadores) en-
trega a cédula ao tabelião na presença das testemunhas, que não
precisam saber do teor do testamento.

c) Auto de aprovação – lavrado pelo oficial público para assegu-


rar a autenticidade do ato; todos (oficial, testador, testemunhas)
assinam o instrumento.

d) Cerramento – o tabelião lacra o envelope com cera derretida,


costura a cédula com cinco pontos de retrós e lança pingos de
lacre sobre cada um. Após isso o tabelião entrega ao testador,
lançando em seu livro nota do lugar, ano, mês e dia em que o
testamento foi aprovado e entregue.

Requisitos:

• Escrito (em língua nacional ou estrangeira – art. 1.871 CC) e


assinado pelo testador; pode ser escrito mecanicamente, desde
que todas as páginas sejam numeradas e autenticadas com sua
assinatura (art. 1.868, parágrafo único CC).

• Entregue ao oficial na presença de 02 (duas) testemunhas.

• Oficial pergunta se este é o testamento e exara o auto de apro-


vação, tendo-o por bom, firme e valioso.

• Leitura do auto de aprovação.

• É cerrado (fechado e lacrado) e costurado.

Morto o testador, deve o testamento cerrado ser apresentado ao


Juiz para as formalidades da abertura, e para que o Juiz mande
registrar, arquivar e cumprir (arts. 1.125 e 1.126 do C.P.C.).

Observações:
1. Estão proibidas de usar este testamento as pessoas que não
saibam ler (analfabetos e cegos).

2. As testemunhas, ao contrário do testamento público, não sa-


bem quais são as disposições testamentárias.

3. Desvantagens: possui muitas formalidades, pode ser ocul-


tado; qualquer vício o invalida (ex: lacre rompido).

Testamento particular (arts. 1.876 a 1.880 CC)

O testamento particular (também chamado de aberto, ológrafo


ou privado), é o escrito pelo testador e lido em voz alta perante
três testemunhas idôneas, que também assinam. É a forma me-
nos segura de se testar, porque depende de confirmação em
juízo pelas testemunhas. É permitido aos que sabem ler e escre-
ver. Não pode ser utilizado pelo cego, analfabeto e os incapacita-
dos de escrever.

Requisitos:

• Escrito de próprio punho pelo testador ou mediante processo


mecânico (art. 1.876 CC)– neste caso não pode conter rasuras
ou espaços em branco.

• 03 (três) testemunhas.

• Leitura do testamento pelo testador.

• Publicação, em juízo, após a morte do testador.

• Homologação do testamento pelo Juiz.


• Sobrevivência de pelo menos uma das testemunhas. Se as tes-
temunhas forem afirmativas (contestes) sobre o fato ou pelo
menos da leitura perante elas e reconheçam suas assinaturas o
testamento será confirmado. Em casos excepcionais o testa-
mento sem testemunhas poderá ser confirmado pelo Juiz, desde
que se convença da sua veracidade.

Morto o testador, será publicado em juízo, com citação dos her-


deiros legítimos. Pelo menos uma das testemunhas deve reco-
nhecer sua autenticidade. Após isso e ouvido o Ministério Pú-
blico o Juiz confirmará o testamento.

TESTAMENTOS ESPECIAIS

São os de caráter provisório, feitos em situações de emergência.

Testamento Marítimo e Aeronáutico

O testamento marítimo ou aeronáutico consiste na declaração


de vontade feita a bordo de navios ou aeronaves de guerra ou
mercantes, em viagem de alto mar. Deve ser lavrado pelo co-
mandante ou escrivão de bordo perante duas testemunhas
idôneas.

Observação: se o testador não morrer na viagem ou nos 90 dias


subseqüentes após o desembarque, o testamento perde a vali-
dade (caduca).

Testamento Militar

Testamento militar é a declaração de última vontade feita por


militares e demais pessoas a serviço do exército em campanha,
dentro ou fora do país. Deve ser escrito por autoridade militar,
na presença de duas testemunhas. Admite a forma nuncupativa,
isto é, feita por pessoa ferida; neste caso, pode ser feito de viva
voz na presença de duas testemunhas.

Em qualquer hipótese, se o testador não morrer na guerra ou


nos 90 dias subseqüentes em lugar onde possa testar na forma
ordinária, o testamento caducará.

Registro, Arquivamento e Cumprimento

Após a morte do testador, o testamento deve ser apresentado ao


Juiz que o mandará registrar, arquivar e cumprir, se não houver
vício externo que o torne suspeito de nulidade ou falsidade. De-
pois de efetuado o registro, o mérito das disposições testamen-
tárias será examinado no inventário ou em ação ordinária
própria.

DISPOSIÇÕES TESTAMENTÁRIAS

O Código Civil Brasileiro dispõe de um Capítulo somente sobre


as Disposições Testamentárias, ou seja, aquelas coisas que po-
dem ou não ser ditas em testamentos.

A rigor, predomina o Princípio da Autonomia da Vontade do


Testador, ou seja, a maneira que ele dispor será absoluta quanto
aos bens. Contudo, nem mesmo a disposição de última vontade
do de cujus poderá ferir a legislação, nem mesmo a vontade do
testador pode se opor à licitude da lei ou os princípios morais.

Como sabemos, no testamento podem conter disposições patri-


moniais ou disposições exclusivamente pessoais. As disposições
patrimoniais podem ser encontradas mais facilmente nos testa-
mentos comuns,e, até certos autores vêem o testamento apenas
como meio de disposição do patrimônio. Contudo, existem tam-
bém diversas disposições de ordem não patrimonial que podem
ser aditadas a um testamento, por exemplo, reconhecimento de
filho, nomeação de tutor, recomendações sobre o funeral, o des-
tino do corpo do de cujus, e outras relativas a direito pessoal.

Convém salientar que serão consideradas como não escritas


quaisquer cláusulas chamadas de derrogativas, aquelas onde o
testador contraria o Princípio da Irrevogabilidade do Testa-
mento, ou dispensa qualquer das suas solenidades.

Existem, contudo, uma variada gama de cláusulas possíveis de


serem apostas em um testamento.

Pode-se num testamento, instituir herdeiros, através de um an-


tigo instituto conhecido desde o Direito Romano como heredis
institutio, válido ainda em nosso ordenamento jurídico. Existem
duas regras gerais, a primeira, onde diz que somente o testador
tem o poder de instituir os herdeiros, e a segunda, é que não
existem nenhuma restrição acerca da quantidade de herdeiros.
A Instituição de algum herdeiro gera efeitos imediatos, cabendo
aos herdeiros testamentários o direito à sua parte.

È lícito ao testador impor alguma condição sobre os bens dis-


postos em testamento, de modo que podem haver condições que
enquanto não forem atendidas, o bem não se transmitirá. Por
exemplo, um herdeiro testamentário receberá o bem quando co-
lar grau em curso superior.

Conforme a vontade do testador, podem ser apostos sobre os


bens determinados encargos, que podem variar indefinida-
mente. Podendo ser o encargo em favor de terceira pessoa, ou
da sociedade em geral.

O testador, da mesma forma, pode colocar no testamento, algu-


mas razões que levaram ele a realizar a divisão dos bens como
foi feita, dá-se o nome dessa disposição de Disposição Causal.
Finalmente, pode impor ônus e gravames sobre os bens que se-
rão herdados. Os mais conhecidos desses ônus são as cláusulas
restritivas à propriedade, que consistem na cláusula de incomu-
nicabilidade, inalienabilidade e impenhorabilidade. Sobre essas
últimas, se faz necessário que o disponente, no próprio instru-
mento, mencione um motivo bastante justificado para a aposi-
ção dessas cláusulas no testamento.

LEGADOS

Legado é a disposição testamentária a título singular, pela qual


o testador deixa a pessoa estranha ou não à sucessão legítima,
um ou mais objetos individualizados ou uma certa quantia em
dinheiro. O legado é típico de sucessão testamentária, recaindo
sobre uma coisa certa e determinada (ex.: deixo a meu amigo
minha biblioteca; deixo a meu sobrinho o meu piano, etc.).

O conceito jurídico atual de legado é um ato de liberalidade feita


em testamento a uma pessoa determinada, chamada de
legatário.

O legatário não é obrigado a aceitar o legado, podendo renun-


ciar tácita ou expressamente. Os legados podem caducar (ex.:
anulação do testamento; alienação, modificação ou perecimento
da coisa; falecimento do legatário antes do testador; revogação;
indignidade, etc.).

Enquanto a herança consiste na totalidade ou de uma fração


ideal dos bens do de cujus, como uma universalidade de bens,
sendo considerada um único bem imóvel, conforme o art. 80, II
do CC, o legado é a sucessão que incide sobre uma coisa certa e
determinada. A herança é indefinida e o legado é definido.
Quando o legado é deixado para um herdeiro legítimo, que
passa a acumular os papéis de herdeiro e legatário, é chamado
de legado precípuo ou prelegado.

O legado, quanto ao objeto, pode ser de coisas corpóreas ou in-


corpóreas, crédito ou de quitação de dívidas, alimentos; usu-
fruto, imóvel, dinheiro; renda ou pensão periódica.

O legado de coisas pode se dar sobre uma coisa específica ou ge-


nérica, de modo que, nesse último caso, a escolha somente será
feita depois, pelo legatário, ou outra pessoa designada pelo tes-
tador. Como a coisa legada é definida apenas pelo gênero, o le-
gado se cumprirá mesmo que tal coisa não exista entre os bens
do testador, segundo reza o art. 1.915 do CC. Além disso, o có-
digo veda totalmente o legado de coisa alheia, conforme o dis-
posto no art. 1.912.

Também pode um crédito de propriedade do de cujus ser objeto


de legado, para se transferir ao legatário, de modo que o novo
crédito agora seja devido ao mesmo, de modo igual ao que
ocorre em uma cessão de crédito. Pode ser transmitida uma qui-
tação de dívida ao legatário, e se transfere pela própria entrega
do instrumento de quitação do herdeiro para o legatário.

Os alimentos podem ser transmitidos por legado. Através dessa


modalidade de legado, cria-se uma relação jurídica que obriga o
pagamento da pensão alimentícia, como aquela devida aos fi-
lhos. Os alimentos devem compreender o necessário à manuten-
ção da vida do legatário (alimentado), levando sempre em conta
as circunstâncias e o meio-termo, de modo que o valor estipu-
lado dos alimentos não seja praticamente uma “esmola”, mas
também não seja muito alto, de modo que seja um aproveita-
mento ilícito do alimentado.
Em geral, os alimentos são fixados levados em conta as possibi-
lidades do alimentante e as necessidades do alimentado. Essa
modalidade de legado tem fulcro legislativo no art. 1.920 do CC:
“O legado de alimentos abrange o sustento, a cura, o vestuário e
a casa, enquanto o legatário viver, além da educação, se ele for
menor.”

O testador, se possuir plena propriedade de um bem, pode legar


o seu usufruto para uma terceira pessoa, de modo que essa fique
no uso e fruição do bem, em todo o prazo estipulado. Se não
houver um prazo estipulado pelo testador, há uma presunção
iure et de iure de que este prazo seja vitalício com relação ao le-
gatário, conforme o disposto no art. 1.921.

Quanto ao legado de bem imóvel deve-se observar a disposição


do art. 1.922: “Se aquele que legar um imóvel lhe ajuntar depois
novas aquisições, estas, ainda que contíguas, não se compreen-
dem no legado, salvo expressa declaração em contrário do testa-
dor”. E, no parágrafo único: “Não se aplica o disposto neste ar-
tigo às benfeitorias necessárias, úteis ou voluptuárias feitas no
prédio legado”.

Pode-se também legar dinheiro. O pagamento deve ser feito


logo após a partilha, de forma que os juros correrão a partir do
momento em que o herdeiro pagador se constituir em mora, ou
seja, no momento em que for feito a partilha e o legatário não
receber o dinheiro.

O Legado de Renda ou Pensão Periódica é o gênero do qual o le-


gado de Alimentos é espécie. Nesta modalidade, é legada uma
renda, de caráter vitalício ou não, renda esta fixada pelo próprio
testador.
Há o legado alternativo quando o testador coloca duas ou mais
opções de legado ao herdeiro incumbido de cumprir o legado.
Está amparado no art. 1.932 do Código: “No legado alternativo,
presume-se deixada ao herdeiro a opção.”

O art. 1.924 do Código Civil assinala que o direito de pedir o le-


gado não se exercerá, enquanto se litigue sobre a validade do
testamento, e, no legados condicionais, ou a prazo, enquanto es-
teja pendente a condição ou o prazo não se vença.

DIREITOS DE ACRESCER ENTRE OS HERDEIROS

Quando vários herdeiros ou legatários, pela mesma disposição


testamentária, forem conjuntamente chamados à herança em
quinhões determinados, e qualquer deles não puder (ex.: pré-
morte, indignidade, renúncia, etc.) ou não quiser aceitá-la, a sua
parte acrescerá à dos outros co-herdeiros ou co-legatários (salvo
direito do substituto). Exemplo: A deixa seus bens a B, C e D.
Se um deles falecer antes de A, sua parte retornará ao monte,
acrescendo ao quinhão dos outros dois. Mesmo que D tenha fi-
lhos estes não receberão os bens por representação.

Obs. Não haverá direito de acrescer se a cédula testamentária


for declarada nula ou anulada, caso em que subsistirá a suces-
são legítima (art. 1.788 CC).

Requisitos

• Nomeação de co-herdeiro ou co-legatário, na mesma disposi-


ção testamentária.

• Deixa dos mesmos bens ou da mesma porção de bens.

• Ausência de cotas hereditárias.


HERDEIROS NECESSÁRIOS E REDUÇÃO DAS DISPO-
SIÇÕES TESTAMENTÁRIAS

Herdeiros Necessários não estão, obrigatoriamente, ligados a


um tipo de Sucessão. São assim considerados por ser uma quali-
dade dada somente a alguns parentes próximos do de cujus, de-
terminados pelo art. 1.845: “São herdeiros necessários os des-
cendentes, os ascendentes e o cônjuge.”

Não é aquele somente tipificado em Lei, como o Herdeiro Legí-


timo. Como possui a qualidade de necessário, a lei confere ao
mesmo o direito à Legítima. O de cujus de maneira alguma
pode, por arbítrio próprio, se furtar a transferir ao herdeiro ne-
cessário a Legítima a que este possui direito. Contudo, nada im-
pede que o herdeiro necessário renunciar a herança, na confor-
midade da Lei.

Legítima e Metade Disponível do patrimônio do de cu-


jus – Distinção

O patrimônio de uma pessoa, enquanto viva, pode ser dividido


em duas metades: a Legítima e a metade disponível. Entretanto,
tal distinção somente produzirá efeitos práticos se houverem
herdeiros necessários em jogo (Descendentes, Ascendentes e/ou
Cônjuge sucessíveis).

A metade chamada de Legítima é aquela que a lei transmite


obrigatoriamente, e de maneira igual, aos herdeiros necessários,
a não ser que eles mesmos (e seus cônjuges, se houver), de ma-
neira expressa, renunciem à herança, por força do art. 1.846 do
Código Civil: “Pertence aos herdeiros necessários, de pleno di-
reito, a metade dos bens da herança, constituindo a legítima.”

No caso dessa ressalva, nem o próprio autor da herança poderá


deixar de transferir a Legítima para algum herdeiro necessário.
A outra metade do patrimônio, chamada de Metade Disponível,
é aquela que o autor da herança pode deixar para quem quiser,
mediante um ato de disposição de última vontade (Testamento
ou Codicilo), a priori, não há restrições visíveis quanto à forma
de disposição da metade disponível, contudo, mesmo a disposi-
ção de última vontade deve obedecer a certas determinações
emanadas da lei.

SUBSTITUIÇÕES E FIDEICOMISSO

Substituição hereditária é a disposição testamentária na qual o


testador chama uma pessoa para receber, no todo ou em parte, a
herança ou o legado, na falta ou após o herdeiro ou o legatário
nomeado em primeiro lugar. O testador, prevendo a hipótese de
um herdeiro ou legatário não aceitar ou não poder aceitar a he-
rança, nomeia-lhe substitutos.

Pode ocorrer nas hipóteses de premoriência (morrer primeiro),


exclusão por indignidade, renúncia, não implemento de condi-
ção imposta pelo testador, etc.

Espécies de substituição:

1) Vulgar ou Ordinária

a) simples (ou singular)

b) coletiva (ou plural)

c) recíproca

2) Fideicomissária

3) Compendiosa
1 – Substituição Vulgar ou Ordinária – Ocorre a substitui-
ção vulgar quando o testador designa uma ou mais pessoas para
ocupar o lugar do herdeiro ou legatário que não quiser ou não
puder aceitar o benefício. Estabelece a vocação direta (é uma
substituição direta), pois o substituto herda diretamente do de
cujus, e não do substituído.

A substituição vulgar pode ser:

• Simples – quando é designado um só substituto ao herdeiro


ou legatário. Exemplo: deixo meus bens para A. Se ele não qui-
ser os bens irão para B.

• Coletiva – quando há mais de um substituto. Exemplo: deixo


meus bens para A. Se ele não quiser os bens irão para B e C.

• Recíproca – quando o testador, ao instituir uma pluralidade


de herdeiros ou legatários, os declara substitutos uns dos outros
(admite-se também a nomeação de uma pessoa estranha).
Exemplo: deixo meus bens para A, B ou C. Se um deles não qui-
ser (ou não puder aceitar) a quota dele irá para os demais her-
deiros (ou para uma outra pessoa, D).

Substituição Fideicomissária – O Fideicomisso é forma de


substituição indireta. Consiste a substituição fideicomissária na
instituição de herdeiro ou legatário com a obrigação de, por sua
morte, a certo tempo ou sob condição preestabelecida, transmi-
tir a herança ou o legado a uma outra pessoa. Estabelece-se uma
vocação dupla: direta (para o herdeiro ou legatário instituído,
que desfrutará do benefício por um certo tempo estipulado pelo
de cujus) e indireta (ou oblíqua para o substituto). Exemplo:
deixo minha fazenda para A (que é meu caseiro há muitos anos),
mas com a sua morte estes bens passarão a ser dos filhos de B
(que é irmão). Notem que neste caso B não é herdeiro necessá-
rio do de cujos. Seus filhos são meus sobrinhos.
Assim, no fideicomisso participam três pessoas:

a) fideicomitente – é o testador.

b) fiduciário (ou gravado) – é a pessoa que é chamada a suceder


em primeiro lugar e que deverá passar os bens para o fideico-
missário; é titular da propriedade resolúvel e pode praticar to-
dos os atos inerentes ao domínio.

c) fideicomissário – é o último destinatário da herança ou le-


gado. Segundo o atual Código, o fideicomissário deve ser pessoa
não concebida ao tempo da abertura da sucessão. Caso o fidei-
comissário já tenha nascido, não haverá fideicomisso, mas usu-
fruto. O fideicomissário será o proprietário dos bens fideicomi-
tidos e o fiduciário passará à condição de usufrutuário, pelo
tempo de duração que fora previsto originalmente. Se o fideico-
missário não nascer a propriedade plena se consolida nas mãos
do fiduciário.

O fideicomisso só pode ser instituído sobre a metade disponível,


não podendo comprometer a legítima. Possui três modalidades:

• vitalício – a substituição ocorre com a morte do fiduciário.

• a termo – a substituição ocorre no momento fixado pelo


testador.

• condicional – quando depende de cumprimento de condição


resolutiva.

Fideicomisso X Usufruto

Usufruto – é um direito real sobre coisa alheia, sendo que o


domínio se divide em duas partes, cada uma com seu titular (nu
proprietário – direito de dispor e reaver – e usufrutuário – di-
reito de usar e fruir), que exercem seus direitos
simultaneamente.

Fideicomisso – é espécie de substituição testamentária em


que as partes (fiduciário e fideicomissário) exercem a proprie-
dade plena, mas de forma sucessiva, permitindo que se benefi-
cie prole eventual.

3 – Substituição Compendiosa – A substituição compendi-


osa constitui um misto de substituição vulgar e substituição fi-
deicomissária. O testador dá substituto ao fiduciário ou ao fidei-
comissário, prevendo que um ou outro não queira ou não possa
aceitar a herança ou o legado.

DESERDAÇÃO

Deserdação é o ato unilateral pelo qual o de cujus exclui da su-


cessão, mediante testamento com expressa declaração de causa,
herdeiro necessário, privando-o de sua legítima, por ter prati-
cado alguma conduta prevista na lei como causa.

Requisitos de Eficácia: A deserdação exige a concorrência


dos seguintes requisitos:

• Existência de herdeiros necessários.

• Testamento válido (só pode haver deserdação por testamento,


sendo proibido por escritura pública, instrumento particular,
termo judicial ou codicilo – veremos este termo mais adiante).

• Expressa declaração da causa prevista em lei.

• Propositura de ação ordinária.


Causas de Deserdação: Além das causas que autorizam a in-
dignidade (art. 1.814 CC), acrescenta-se:

A) Deserdação dos descendentes por seus ascendentes (art.


1.962 CC): ofensa física, injúria grave; relações ilícitas com a
madrasta ou padrasto; desamparo do ascendente, em alienação
mental ou grave enfermidade.

B) Deserdação dos ascendentes pelos descendentes (art. 1.963


CC): ofensa física; injúria grave; relações ilícitas com a mulher
ou companheira do filho ou a do neto com o marido ou compa-
nheiro da filha ou o da neta; desamparo do filho ou do neto com
deficiência mental ou grave enfermidade.

Efeitos da Deserdação: Os efeitos da deserdação são pesso-


ais, isto é, atingem o herdeiro excluído, como se ele morto fosse.
Mas os seus descendentes herdam por representação, ante o ca-
ráter personalíssimo da pena civil.

Não basta que o testador deserde o herdeiro. Cumpre aos outros


herdeiros promover, no prazo de 04 anos (contados da abertura
do testamento) ação de deserdação para confirmar a vontade do
morto. O deserdado terá direito de defesa. Não se provando o
motivo da deserdação, o testamento produzirá efeitos em tudo o
que não prejudicar a legítima do herdeiro necessário.

Mera reconciliação do testador com o deserdado não gera inefi-


cácia da deserdação. Deve ser realizada a revogação por testa-
mento (trata-se do perdão).

Distinção entre Indignidade e Deserdação:

1) A exclusão por indignidade se refere à sucessão legítima e


afasta da sucessão tanto os herdeiros legítimos, quanto os testa-
mentários, necessários ou não, inclusive o legatário; a deserda-
ção se refere à sucessão testamentária, servindo apenas para
privar da herança os herdeiros necessários (descendentes, as-
cendentes e cônjuge), inclusive quanto à parte legítima.

2) A exclusão por indignidade funda-se exclusivamente nos ca-


sos do art. 1.814 CC e a deserdação repousa na vontade exclu-
siva do autor da herança, desde que fundada em motivo legal.

REVOGAÇÃO E DO ROMPIMENTO DOS


TESTAMENTOS

Sendo o testamento um ato jurídico, para que possa produzir


efeitos jurídicos, deverá satisfazer as condições genéricas (capa-
cidade do testador, objeto lícito e possível, forma solene e con-
sentimento válido), sob pena de nulidade e anulabilidade. Além
disso, ainda existem causas que impedem o testamento de pro-
duzir seus efeitos jurídicos:

• Revogação

• Rompimento

• Caducidade

• Nulidade Absoluta ou Relativa

Revogação

Revogação é o ato pelo qual o testador, conscientemente, torna


ineficaz o testamento anterior, manifestando vontade contrária
à que nele se encontra expressa. Um testamento só pode ser re-
vogado por outro, mesmo que de modalidade diversa (um testa-
mento público pode revogar um cerrado; um testamento parti-
cular pode revogar um cerrado, etc.). O importante é que o novo
testamento seja válido. No entanto é irrevogável o testamento
na parte em que o testador reconhece filho havido fora do
casamento.

O testamento revogado não se restaura pelo fato deste ter sido


revogado posteriormente (não há repristinação no testamento).

Um codicilo não pode revogar um testamento, mas este pode re-


vogar o codicilo.

A revogação, quanto a sua extensão, pode ser classificada em:

a) total – o testamento superveniente retira a eficácia de todas


as disposições testamentárias anteriores.

b) parcial – retira algumas das disposições, subsistindo as


demais.

Já quanto à forma utilizada, pode ser classificada em:

a) expressa (ou direta) – declaração inequívoca, explícita do tes-


tador —» novo testamento revoga o anterior (pode ser total ou
parcial).

b) tácita (ou indireta) —> quando o testador não declara que re-
voga o anterior, mas há incompatibilidade entre as disposições
deste e as do novo testamento ou em caso de dilaceração ou
abertura do testamento cerrado, pelo testador, ou por outrem,
com o seu consentimento, ou quando o testado alienar volunta-
riamente a coisa legada.

Rompimento
É a inutilização do testamento por perda de validade em razão
da ocorrência de certos fatos previstos em lei. Exemplo: super-
veniência de descendente sucessível ao testador, que o não tinha
ou não o conhecia quando testou ou quando o testamento foi
feito na ignorância de existirem outros herdeiros necessários. O
testador não teria disposto de seus bens em testamento se sou-
besse da existência de algum herdeiro necessário. Também é
chamado de revogação presumida (o testamento é chamado de
rupto).

Caducidade

Ocorre a caducidade quando as disposições testamentárias não


prevalecerão, embora válidas, pela ocorrência de obstáculo su-
perveniente. Exemplo: herdeiro morreu antes do testador; her-
deiro renuncia ou foi excluído; perecimento da coisa legada, etc.
Caducará o testamento marítimo e o militar, três meses após o
momento em que o testador podia testar de forma ordinária e
não o fez.

Nulidade e Anulabilidade

O testamento pode ser anulado se contiver defeito leve ou grave.


Pode atingir o testamento em sua totalidade (neste caso abre-se
a sucessão legítima) ou em parte (prevalece a parte válida do
testamento, abrindo-se sucessão legítima, se for o caso, quanto
ao que for anulado).

a) Nulidade: incapacidade do testador; impossibilidade ou ilici-


tude do objeto; inobservância das formas legais e nulidade das
disposições. Requerimento de qualquer interessado, do Ministé-
rio Público ou de ofício pelo Juiz.
b) Anulabilidade: erro substancial na designação da pessoa do
herdeiro, legatário ou da coisa legada; dolo; coação ou fraude.
Requerimento apenas do interessado, respeitando o prazo deca-
dencial de quatro anos.

TESTAMENTEIRO

Art. 1976 do Código Civil. O testamenteiro é a pessoa encarre-


gada de executar o testamento. Quando o testador nomeia um,
este será o testamenteiro instituído. Caso o testador não tenha
nomeado, o juiz nomeará um testador dativo, de acordo com
uma ordem estabelecida por lei. Podem também haver mais de
um testamenteiro, quando trabalham em conjunto (dois ou
mais testamenteiros agindo ao mesmo tempo, podendo cada um
ter uma função específica ou não) ou separados (testamentária
sucessiva, apenas um atua, mas, havendo necessidade, é substi-
tuído pelos outros testamenteiros já nomeados).

Os atos do testador são pessoais e indelegáveis, podendo consti-


tuir formalmente um mandato para outro. Pode também o indi-
cado recusar, já que não é obrigatório.

Extensão dos poderes: UNIVERSAL: posse e administração da


herança. Deve requerer a abertura do inventário (o testador não
pode ter herdeiros necessários). PARTICULAR: sem posse e ad-
ministração da herança.

Obrigações: (a) propugnar pela validade do testamento. (b)


Cumprir as disposições do testamento no prazo estabelecido
pelo testador ou em até 180 dias após a aceitação da testamen-
tária caso não haja prazo. (c) Fiscalizar o cumprimento das dis-
posições testamentárias, podendo até se substituir a um her-
deiro que não esteja cumprindo tais disposições. (d) Prestar
contas. (e) O testamenteiro universal deve defender a posse de
atos de turbação, esbulho e ameaça.
Remuneração: VINTENA, 20% ou 1/5 da herança deferida por
sucessão testamentária, já que ele presta um serviço. Caso o tes-
tamenteiro também seja herdeiro ou legatário nomeado pelo
testador, pode escolher entre receber a vintena ou a
herança/legado. O que é herdeiro legítimo recebe normalmente
a vintena.

Perda do Direito da Vintena: (a) Negligência, (b) Não cumpri-


mento das disposições por dolo ou culpa, (c) Prestação de con-
tas julgada negativamente.

Observação 1: O valor da vintena é de 5%, sendo que o testa-


dor ou o juiz pode fixar um valor menor do que os 5%, depen-
dendo do grau de dificuldade e complexidade do cumprimento
das disposições.

Observação 2: A vintena é paga ao final do cumprimento das


atribuições do testamento, mas o testador pode pedir
adiantamento.

INVENTÁRIO E PARTILHA

I. Inventário: procedimento de formalização da transmissão


dos bens do de cujus aos sucessores. A figura do inventário está
em outras situações, como o ususfruto e o fundo de comércio,
mas no Direito Sucessório diz respeito aos bens que compõem o
acervo hereditário, por meio de identificação de bens e apuração
de valores para dar o quinhão ao sucessor.

Sentido técnico: procedimento especial de jurisdição contenci-


osa. É sempre judicial, com participação do Estado-juiz; jurisdi-
ção contenciosa, pois, o litígio está na iminência devido à exis-
tência de pretensões resistidas.

Espécies de inventário:
a) Tradicional ou propriamente dito – procedimento completo,
atos bem identificados, prazos, aplicação subsidiária do arrola-
mento (Art 982 CPC);

b) Arrolamento – mais simplificado, com atos concentrados,


prazos reduzidos, mais célere e econômico; b’) Sumário: interes-
sados maiores e capazes de comum acordo com a forma da par-
tilha (não importa o valor); b”) Comum: herança de pequeno va-
lor (índice adotado pelo Estado), mesmo com menores e incapa-
zes, porém se há conflito, mesmo sendo o valor pequeno, deve-
se usar o inventário tradicional.

II. Partilha: atribuição do bem individualizado que compunha o


acervo hereditário ao sucessor. Ela, em geral, complementa o
inventário, lembrar novamente que a propriedade já se transmi-
tiu no momento da morte do de cujus (Art 1784).

Inventários sem partilha: a) Herdeiro Universal – há adjudica-


ção e não partilha, com certidão de pagamento do quinhão here-
ditário; b) Dívidas absorvem toda a herança; c) Inventário Ne-
gativo – sem bens a declarar, serve para comprovar a inexistên-
cia de bens, promovendo um acerto na situação patrimonial do
de cujus, comprova que o de cujus faleceu sem bens, logo, cre-
dores não serão satisfeitos, de cujus pode ter deixado obrigações
a cumprir (ex: outorgar escrituras de compra e venda de imó-
veis que ele vendeu) e forma de evitar imposição de finalidades
civis (ex: viúvo para casar novamente sem ser com separação
obrigatória de bens deve apresentar inventário do cônjuge
falecido).

Espécies de partilha: a) Judicial: (Art 2016) após falecimento do


de cujus, há herdeiros menores e incapazes ou se não há acordo
sobre a partilha; b) Amigável (Art 1029 CPC): b’) Ato “inter vi-
vos” (Art 2018) – ato de deliberação do de cujus antes do faleci-
mento, de natureza contratual ou via testamento, ele pode doar
os bens a futuros sucessores e estabelecer usufruto vitalício em
seu favor (o falecimento do de cujus dá a propriedade plena aos
sucessores dos bens já partilhados); b”) Ato “causa mortis” – su-
cessores, de comum acordo, estabelecem entre si qual quinhão
cabe a cada um (Art 2015).

Anulação ou rescisão da partilha (Art 2027): estão vinculadas às


espécies de partilha (ver CPC 1022 e ss). A decisão do juiz sobre
o conflito tem natureza de sentença, por isso, transitando em
julgado, só será rescindida por ação rescisória proposta direta-
mente no Tribunal (prazo prescricional de 2 anos – Arts 1030 e
485 CPC). Na partilha amigável, os vícios de consentimento, de
natureza negocial, podem levar à anulação, por meio de ação
anulatória no juízo de 1ª instância (prazo prescricional de 1
ano) !!!Cabe ação rescisória para anular partilha amigável
quando houver pessoa absolutamente incapaz, pois o prazo
dessa ação é mais dilatado, beneficiando-a.

Emenda da partilha: juiz pode alterar o conteúdo de sua decisão


de 1ª instância para sanar erro ou inexatidão materiais ou ine-
xatidão na descrição ou identificação dos bens.

Sobrepartilha (Art 2022): nova partilha nos próprios autos do


inventário da partilha inicial, ocorre quando nem todos os atos
são partilhados, possibilidades: a) bens sonegados: bem reti-
rado do sonegador e partilhado; b) bens desconhecidos no mo-
mento do inventário; c) bens litigiosos – ainda se discute a pro-
priedade do bem (falta?).

Destituição do inventariante: impossibilidade de continuar no


cargo por causas externas ao processo de inventário. (inventari-
ante – Arts 990 e ss CPC falta no caderno)
Bens não sujeitos ao inventário (exceções): a) bem de família
convencional estabelecido por escritura pública (Art 20, Dec
3200/40), cessada a situação que assim o caracteriza, será in-
ventariado; b) bens da Lei 6854/80 podem ser levantados
administrativamente.

Prazos do inventário: a) início (Art 983 CPC): 30 dias após a


morte – não é muito seguido, porque a única sanção é fiscal (há
multa após 60 e ela dobra após 180); b) fim – 180 a partir do re-
querimento da abertura. Legitimidade para requerer abertura
(Arts 987 e ss CPC). Bens situados no Brasil – inventário tra-
mita aqui e a recíproca é verdadeira, independentemente de na-
cionalidade ou domicílio do de cujus e sucessores.

Competência de foro: domicílio do de cujus, local de situação


dos bens e local de falecimento. Vis attractiva: ações de natureza
sucessória tramitam no mesmo foro do inventário, a competên-
cia do juízo do foro do inventário é relativa, não atraindo ações
sem ligação com a sucessão ou de competência absoluta (ações
imobiliárias).

Valor da causa: somatório dos bens vinculados ao acervo here-


ditário (influi no valor das custas), bens imóveis: critérios fiscais
mais objetivos, bens móveis: critérios aleatórios e arbitrários (se
houver irregularidade pode-se impugnar por perícia). Em SP, a
meação do cônjuge compõe o valor da causa, tabela de custas
Lei 11608/03.

COLAÇÕES

Noção: ato de retorno à herança de bens que foram retirados


por ato de liberalidade do de cujus. Bens que ultrapassaram os
limites da legítima. (Arts 1014 e ss CPC).
O Art 2002 – retorno das doações feitas aos descendentes, não
menciona o cônjuge, há críticas: muitos falam que os bens doa-
dos aos cônjuges também deveriam retornar por ser herdeiro
necessário, mas o CC não prevê isso, há projeto de lei para
mudar.

Excluído ou deserdado (Arts 2008 e 1015 CPC), descendente


deve trazer bens a ele doados à colação.

Observar que a colação, que ocorre nos autos do processo de in-


ventário em prazo de 10 dias após citação do último herdeiro
(Arts 1000 e 1014 CPC), não traz o bem de volta ao espólio (§ ún
Art 2002), por isso, sobre eles não incide imposto causa mortis
(Art 155, I, CF), ela também não aumenta a parte disponível da
herança, mas sim soma bens à parte indisponível.

Sonegação: quem sonega sofre penal civil – perde o bem sone-


gado, se este for o inventariante ou o testamenteiro perde a fun-
ção e o bem, o último ainda perde a vintena.

Art 2004: valor do bem à época da doação e não da abertura,


Enunciado 119 Conselho de Justiça – valor à época do faleci-
mento – entendimento não muito aceito.

Presunção de que o bem doado a descendente seja a título de


adiantamento da legítima, se não for, o de cujus deve dizê-lo ex-
pressamente (Art 2005).

Bens que não devem ser trazidos à colação Arts § 2º 2004,


2010, 2011 e 2012 (só metade) e indenizações a título de seguro
de vida ou acidente pessoal (Art 794).

Ex: A doa bem para B (filho de A) e C (casado com B), A morre:


o bem deve ser todo trazido à colação ou só metade? Doutrina
maior entende que só a metade (afinal C não é descendente, Art
2002), S. Rodrigues entende que o todo deve ser trazido, pois, a
intenção de A era contemplar B e só contemplou C em virtude
do casamento.

SONEGADOS

É a ocultação dolosa de bens que devem ser inventariados ou le-


vados à colação. Pode ser praticada pelo inventariante (quando
omite intencionalmente bens e valores ao prestar as primeira e
as últimas declarações) ou pelos herdeiros (que não indicam
bens em seu poder).

A pena de sonegados tem caráter civil e consiste, para o her-


deiro, na perda do direito sobre o bem sonegado, que é devol-
vido ao monte e partilhado aos outros herdeiros, como se o so-
negador nunca tivesse existido. Se o bem não existir mais, será
responsável por seu valor, mais perdas e danos. Quando o sone-
gador for o inventariante a pena imita-se à remoção da
inventariança.

A ação de sonegados prescreve em 10 anos e deve ser ajuizada


no foro do inventário e pode ser proposta pelos herdeiros legíti-
mos, testamentários e credores.

PAGAMENTO DAS DÍVIDAS

Antes da partilha, poderão os credores do espólio requerer ao


juízo do inventário o pagamento de dívidas. Só serão partilha-
dos os bens e valores que restarem depois de pagas as dívidas. A
cobrança das dívidas faz-se, em regra, pela habilitação do credor
ao inventário.

Não sendo impugnada a dívida vencida e exigível, o Juiz decla-


rará habilitado o credor e mandará que se faça a separação do
dinheiro ou bens, para o seu pagamento.
Depois de efetivada a partilha os credores devem cobrar seus
créditos não mais do espólio, mas dos próprios herdeiros, pro-
porcionalmente. Além disso, o herdeiro não pode responder por
encargos superiores às forças da herança.

Obs. – Determina o art. 1.998 CC que as despesas funerárias


sairão do monte da herança, haja ou não herdeiros legítimos. As
despesas de sufrágios por alma do falecido só obrigarão a he-
rança quando ordenadas em testamento ou codicilo.

Disponível em: https://samuelfranklin.jusbrasil.com.br/artigos/588658998/resumo-completo-de-


direito-das-sucessoes

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