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A sucessão pode ser realizada inter vivos ou mortis causa (entre pessoas vivas ou em razão da
morte), sendo que suceder é transmitir algo a alguém. Por isso, o adquirente sucede o
alienante quando compra uma casa.
O direito das sucessões, porém, se preocupa apenas com a segunda hipótese. Trata-se da
sucessão que se inicia com um evento muito específico, futuro, certo quanto à ocorrência, mas
incerto quanto ao momento: a morte.
Atente, pois só podemos falar em algum efeito sobre a herança após a mortes do de cujus. A
morte depende de comprovação, que se dá, em regra, com o atestado de óbito, ou,
excepcionalmente, com a presunção de morte ou a ausência.
A herança será transmitida aos herdeiros legítimos, se não houver testamento, ou se for
caduco ou nulo. Porém, o art. 1.789 do Código Civil estabelece que se houver herdeiros
necessários – forçados ou reservatórios –, o testador só poderá dispor da metade da herança.
Herança e administração
1- Ao cônjuge ou companheiro;
2- Ao herdeiro que estiver na posse e administração dos bens, e, se houver mais de um
nessas condições, ao mais velho;
3- Ao testamenteiro;
4- A pessoa de confiança do juiz, na falta ou escusa das indicadas nos incisos
antecedentes, ou quando tiverem de ser afastadas por motivo grave levado ao
conhecimento do juiz.
Vocação hereditária
Mas somente eles são considerados sucessíveis? Não. É possível estabelecer a sucessão a
outras pessoas, que não as contempladas acima. O Código Civil, passa, então, a regular quem
pode suceder.
Existem, também, as pessoas que não podem ser nomeadas herdeiras nem legatárias. Se,
mesmo com a proibição, forem nomeadas, são nulas as disposições testamentárias em favor
de pessoas não legitimadas a suceder. São ilegítimos a suceder:
Abre-se a sucessão e os herdeiros, então, têm duas escolhas: aceitar ou renunciar à herança,
sendo que nenhuma das duas podem ser feitas parcialmente ou a termo, mas, sim,
integralmente. Se aceitar, torna-se definitiva a transmissão da herança ao herdeiro, desde a
abertura da sucessão. Se renunciar, a transmissão tem-se por não verificada.
Tanto a aceitação quanto a renúncia da herança são atos irrevogáveis. Se o herdeiro falecer,
renunciando à herança, seus descendentes não terão direito à herança do avô, mesmo que a
quisessem à época do falecimento do avô e mesmo tendo protestado com o pai, já que a
renúncia é ato personalíssimo. Por isso, ninguém pode suceder, representando herdeiro
renunciante. Se, porém, ele for o único legítimo da sua classe, ou se todos os outros da mesma
classe renunciarem a herança, poderão os filhos vir à sucessão, por direito próprio, e por
cabeça.
A renúncia da herança, por sua vez, deve constar expressamente de instrumento público ou
termo judicial, não podendo ser feita por instrumento particular ou verbalmente. Como se
considera a herança um bem imóvel, se o herdeiro for casado, precisa ele de autorização do
cônjuge para renunciar, salvo se for casado no regime da separação de bens
Renunciando, a parte do renunciante acresce à dos outros herdeiros da mesma classe e, sendo
ele o único desta, devolve-se aos da subsequente. Exemplo: Se seu pai morre e você renuncia
à herança, vai ela aos seus irmãos. Se você não tem irmãos (herdeiro único desta classe,
portanto), passa-se à próxima classe. Qual é a próxima classe? Os ascendentes. Falecido seu
pai, e renunciando você à herança, seus avós herdariam. E se você tem filhos? Quando há um
único herdeiro numa classe e ele renunciar ou se todos os outros da mesma classe
renunciarem à herança, podem os filhos deles vir à sucessão, por direito próprio, e por cabeça.
Assim, se você é filho único e renuncia à herança, seus dois filhos herdam, por cabeça, metade
cada um.
Exclusão da sucessão
Temos duas formas de excluir um sucessor da transmissão mortis causa. De um lado, há a
exclusão da herança por declaração de indignidade de herdeiros e legatários, que sempre
depende de decisão judicial. De outro, existe a deserdação, aplicável somente aos herdeiros
necessários, a partir do testamento.
Haverá a exclusão, por indignidade, do herdeiro ou legatário nos casos previstos em lei. A
indignidade, porém, dependerá sempre de decisão judicial declaratória. Quando isso ocorrerá?
Obs.1: Haverá a exclusão, por indignidade, do herdeiro ou legatário nos casos previstos em lei.
A indignidade, porém, dependerá sempre de decisão judicial declaratória. Quanto isso
ocorrerá?
Obs.2: Os efeitos da exclusão são pessoais, preservando os direitos dos herdeiros do herdeiro
excluído. Assim, os descendentes do herdeiro excluído sucedem, como se ele morto fosse
antes da abertura da sucessão. Se os netos do falecido são menores, não poderá o pai ser o
curador, como normalmente ocorre, nem poderá perceber aluguéis do imóvel do falecido ou
receber tais valores, caso os netos do falecido morram durante o inventário.
A Deserdação ocorre quando o testador por algum motivo priva um herdeiro necessário de
seus bens, inclusive de suas legítimas (parte da herança que cabe ao herdeiro), por meio de
cláusula testamentária. Autorizam a deserdação dos descendentes por seus ascendentes:
1- Ofensa física;
2- Injuria grave;
3- Relações ilícitas com a madrasta ou com o padrasto;
4- Desamparo do ascendente em alienação mental ou grave enfermidade;
5- Homicídio doloso, consumado ou tentado, contra o ascendente, seu
cônjuge/companheiro, ascendente ou descendente;
6- Acusação caluniosa em juízo contra o falecido ou se cometer crime contra a honra do
morto ou de seu cônjuge/companheiro;
7- Impedimento ao autor da herança de dispor livremente de seus bens por testamento,
mediante violência ou meios fraudulentos.
Herança jacente
O que acontece se a pessoa morre sem deixar testamento e sem deixar herdeiros legítimos ou
notórios? Ou se, tendo herdeiros, eles renunciam à herança? Essa é a chamada herança
jacente, a herança sem dono.
Assim, herança vacante não se confunde com herança jacente. Jacente é a herança sem dono;
vacante é a herança jacente cuja sucessão hereditária não foi possível, e os bens, vagos, vão ao
domínio do Estado. 2 A herança vacante tem de ter sido, em regra, anteriormente jacente,
mas a herança jacente pode não se transformar em vacante.
Obs.1: o Código Civil estabelece que quando todos os chamados a suceder renunciarem à
herança, será esta desde logo declarada vacante. Nesse caso, a jacância e a vacância ocorrem
no mesmo momento, no mesmo ato.
Sucessão legítima
A sucessão legítima ocorre por classes, ou seja, há uma ordem legal daqueles que serão
chamados a receber e não será chamada a classe seguinte, se houver herdeiro da classe
anterior. São chamados, nessa ordem:
• Os colaterais.
Obs.: o cônjuge ou companheiro concorre com os ascendentes em qualquer caso, mas com os
descendentes, será preciso analisar o regime de bens de casamento. Trata-se de opção
legislativa.
• Cônjuge concorre com descendentes que também são seus (ex.: seus filhos, netos): o
cônjuge deve receber, pelo menos, ¼ da herança e o restante é dividido entre os
descendentes;
• Cônjuge concorre com descendentes exclusivos do falecido (ex.: filhos apenas do falecido):
todos recebem quinhões iguais.
E na sucessão híbrida, aquela em que o cônjuge concorre com filhos comuns (dele e do
falecido) e exclusivos do falecido? A questão ainda é polêmica! A corrente majoritária manda
prestigiar os filhos, dividindo os quinhões em partes iguais entre todos (sem essa reserva de ¼,
portanto).
DA SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA
Pelo testamento, o testador exerce sua autonomia privada, manifestando suas últimas
vontades. Trata-se de negócio jurídico unilateral, gratuito, formal e causa mortis.
O testador deve ser pessoa capaz e o testamento não pode atingir a legítima dos herdeiros
necessários (que corresponde à metade do patrimônio do testador). Ademais, o testamento
pode conter disposições de caráter não patrimonial, como a criação de uma fundação.
Obs.: A lei fixa o prazo decadencial de 5 anos para impugnação da validade do testamento,
contado de seu registro.
A lei proíbe o testamento comum/conjuntivo, que é o celebrado por mais de uma pessoa em
um só instrumento, ainda que seja: (i) simultâneo, beneficiando os testadores uma terceira
pessoa; (ii) recíproco, beneficiando os testadores uns aos outros; (iii) correspectivo,
beneficiando os testadores uns aos outros na mesma proporção.
Ademais, confira os tipos de testamentos ordinários, que passaremos a estudar:
III - o particular; O testamento particular, por sua vez, pode ser escrito de próprio punho ou
por processo mecânico. Se escrito de próprio punho, deve ser lido e assinado por quem o
escreveu, na presença de 3 testemunhas, sob pena de ser inválido. Poderá ser feito em língua
estrangeira, se as testemunhas a compreenderem. Excepcionalmente, o testamento particular
poderá ser feito de próprio punho e assinado pelo testador, mas sem a presença de
testemunhas e será confirmado, a critério do juiz. Ex.: se o testador está internado em UTI.
O testamento marítimo ou aeronáutico é feito por aquele que está em viagem, a bordo de
navio ou aeronave. Importa notar que ele pode caducar (ficar sem validade), se o testador não
morrer na viagem, nem em 90 dias de seu desembarque, caso em que poderia testar de forma
ordinária. Ademais, também não valerá o testamento marítimo se, no curso da viagem, era
possível desembarcar e fazer o testamento ordinário. O testamento militar é o feito por militar
ou por outras pessoas que também estão a serviço das Forças Armadas em campanha, dentro
ou fora do país, bem como em praça sitiada ou com comunicações interrompidas. Pode ser
aberto ou cerrado. O testamento militar caduca se o testador ficar 90 dias seguidos em local
em que possa testar de forma ordinária.