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Para a concessão da tutela provisória de urgência (antecipada ou cautelar), faz-se mister que no plano fático inexista risco de
irreversibilidade dos efeitos da decisão, isto é, tem que haver possibilidade de retorno das coisas ao status quo ante, admitida, inclusive, a
reversibilidade in pecúnia. Para aferição dessa condição, o juiz deve atentar para a aplicação do princípio da proporcionalidade, analisando
se há de se preferir a tutela do direito aparente em detrimento de uma reversibilidade insuficiente.
Obs.: para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir caução real ou fidejussória idônea para ressarcir os
danos que a outra parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser dispensada se a parte economicamente hipossuficiente não puder
oferecê-la.
A parte pode solicitar ao juiz qualquer providência de tutela provisória, mesmo que tal providência não tenha sido prevista previamente pelo
legislador, e por outro lado, o juiz pode concedê-la desde que presentes as situações genéricas nas quais ela tem cabimento (probabilidade
do direito e perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo).
Obs.: o poder geral de cautela do juiz não é ilimitado. Há alguns limites ao manejo de tutela provisória atípica contra a fazenda pública,
visto que é vedada a concessão de tutela provisória em determinados casos (compensação em matéria tributária, aumento e vantagens
a servidores públicos, entre outros).
Obs.: por conta das semelhanças, não é incomum ver situações onde não se sabe, ao certo, se a medida é de urgência antecipada ou
TUTELA TUTELA DE URGÊNCIA cautelar. Com o objetivo de mitigar essas dificuldades e de propiciar a efetiva tutela jurisdicional a doutrina e jurisprudência tem adotado
PROVISÓRIA a fungibilidade entre a tutela cautelar e a tutela provisória. Assim, se o autor, fizer o pedido de uma tutela de urgência antecipada e a
natureza do pedido for cautelar, pode o juiz conceder a tutela que achar mais conveniente ao pedido, do contrário também é válido.
A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente (concedida no início do processo e de cognição sumária) ou após a justificativa
prévia. Vale lembrar que é possível proferir decisão em tutela provisória de urgência sem a oitiva da parte contrária. Deve a parte
interessada na tutela demonstrar as provas que justifiquem seu pedido, não estando suficientes os elementos apresentados, nada impede
que o requerente da tutela prove, por testemunhas, a situação de urgência, caso em que se designará uma audiência de justificação para
tanto. A parte contraria só será intimada para essa audiência quando não houver risco de tornar ineficaz a medida liminar a ser deferida,
caso contrário, ela será realizada exclusivamente na presença de requerente da tutela.
Presentes os requisitos legais, o juiz está obrigado a deferir a medida. Não se trata de faculdade ou de ato discricionário calcado na
conveniência e oportunidade da medida, mas, sim, de dever-poder expressamente consignado na norma processual.
Tanto o deferimento quanto o indeferimento da medida liminar devem ser fundamentados. Decisões vagas como “presentes os requisitos
legais, defiro a medida liminar” ou “ausentes tais requisitos, indefiro” são nulos de pleno direito. Porém, o indeferimento da medida liminar,
seja por qual for o fundamento, não implica na extinção do processo, pois os requisitos para a concessão da tutela provisória poderão ser
provados no decorrer da processual.
A responsabilidade civil do requerente da tutela provisória de urgência é objetiva, de modo que ele responde pelos danos que causar ao
requerido pela efetivação da medida, independentemente da prova de dolo ou culpa. Basta que o demandado prove o dano e o nexo de
causalidade entre a efetivação da medida e o dano, para fins de recebimento da indenização. Independentemente da reparação por dano
processual, a parte responde pelo prejuízo que a efetivação da tutela de urgência causar à parte adversa, se:
I - A sentença lhe for desfavorável;
II - Obtida liminarmente a tutela em caráter antecedente, não fornecer os meios necessários para a citação do requerido no prazo de 5 dias;
III - ocorrer a cessação da eficácia da medida em qualquer hipótese legal;
IV - O juiz acolher a alegação de decadência ou prescrição da pretensão do autor.
Recebida a inicial, pode o juiz conceder ou não a tutela antecipada. Caso entenda que não há elementos para a concessão de tutela
antecipada, o juiz determinará a emenda da petição inicial em até 05 dias, sob pena de ser indeferida e de o processo ser extinto sem
resolução de mérito. De outro lado, concedida a tutela antecipada antecedente o autor deverá aditar a petição inicial, com a
complementação de sua argumentação, a juntada de novos documentos e a confirmação do pedido de tutela final em 15 dias ou em outro
prazo maior que o juiz fixar.
Na tutela cautelar, recebida a inicial, o réu será citado para, no prazo de 05 dias, contestar o pedido de tutela cautelar e indicar as provas
que pretende produzir. Não sendo contestado o pedido, os fatos alegados pelo autor presumir-se-ão aceitos pelo réu como ocorridos
(revelia), caso em que o juiz decidirá dentro de 05 dias. Contestado o pedido de tutela cautelar no prazo legal, observar-se-á o
procedimento comum.
Efetivada a tutela cautelar, o pedido principal terá de ser formulado pelo autor no prazo de 30 dias, caso em que será apresentado nos
mesmos autos em que deduzido o pedido de tutela cautelar, não dependendo do adiantamento de novas custas processuais.
Obs.: se por qualquer motivo cessar a eficácia da tutela cautelar, é vedado à parte renovar o pedido, salvo sob novo fundamento.
Concede-se a tutela de evidência quando se tem um contexto em que é “evidente” o direito de uma das partes, não faz sentido esperar
até a prolação de decisão final no processo para conceder o bem da vida almejado, sendo que, ainda que provisoriamente e sem caráter
de definitividade, o CPC permite a concessão da tutela antes da decisão final.
A tutela de evidência é espécie de tutela provisória que será concedida independentemente da demonstração de perigo de dano ou de
risco ao resultado útil do processo.
Será concedida tutela provisória de evidência quando:
I. Ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório da parte;
TUTELA DE EVIDÊNCIA II. As alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos
repetitivos ou em súmula vinculante;
III. Se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental adequada do contrato de depósito, caso em que será
decretada a ordem de entrega do objeto custodiado, sob cominação de multa. Nesse caso, o juiz também poderá decidir liminarmente
sem a oitiva da parte prejudicada;
IV. A petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos do direito do autor, a que o réu não
oponha prova capaz de gerar duvida razoável.