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Profa.

Flavia Marsola
Tutelas Provisórias - roteiro

TUTELAS PROVISÓRIAS

TUTELA DE URGÊNCIA E TUTELA DE EVIDÊNCIA


Houve mudanças no novo CPC.

Conceito: “São tutelas jurisdicionais não definitivas, fundadas em cognição sumária, em exame
menos profundo da causa, capaz de levar a prolação de decisões baseadas em juízo de
probabilidade e não de certeza. Pode fundar-se em urgência ou evidência” – Alexandre Freitas 1
Câmara.

As tutelas provisórias se encontram baseadas na Constituição Federal – art. 5º. Alguns


direitos fundamentais são considerados direitos fundamentais processuais, pois atingem
institutos do processo.
Art. 5º, LXXVIII – princípio duração razoável do processo.
A tutela jurisdicional deve ser adequada, efetiva e tempestiva.
As tutelas provisórias servem para garantir essa tempestividade e efetividade da tutela
jurisdicional.
Está fundamentada na Constituição Federal.
“Não basta acelerar o processo como um todo, então em certas hipóteses
e, observados os limites, cabe adiantar o seu possível resultado ou
manter as condições para que ele possa futuramente se concretizar” –
Wambier e Talamine.

Nem sempre dá para acelerar todo o processo. Mas é possível adiantar o resultado final
para garantir determinado direito. Para que o autor não suporte sozinho o ônus da demora do
processo.

TUTELAS PROVISÓRIAS

DE URGÊNCIA DE EVIDÊNCIA

ANTECIPADA CAUTELAR

ANTECEDENTE INCIDENTAL ANTECEDENTE INCIDENTAL


Profa. Flavia Marsola
Tutelas Provisórias - roteiro

DA FUNGIBILIDADE À UNIFICAÇÃO DAS TUTELAS DE URGÊNCIA


O antigo CPC já previa a fungibilidade das tutelas de urgência. Asseverava que a Cautelar
e a Antecipação de Tutela poderiam ser convertidas uma na outra caso o julgador recebesse uma
como outra, desde que os requisitos estivessem preenchidos.
Certo que existem casos em que elas se confundem, restando dúvida se o caso é de tutela
antecipada ou tutela cautelar.
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O NCPC continua prevendo o mesmo preceito:

Art. 305. A petição inicial da ação que visa à prestação de tutela cautelar em
caráter antecedente indicará a lide e seu fundamento, a exposição sumária do
direito que se objetiva assegurar e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil
do processo.

Parágrafo único. Caso entenda que o pedido a que se refere o caput tem
natureza antecipada, o juiz observará o disposto no art. 303.

REGRAS COMUNS:

Eficácia das Tutelas Provisórias


Conservam sua eficácia durante o processo, enquanto estiver tramitando. Pode ser
modificada ou revogada a qualquer tempo. Conserva a sua eficácia mesmo durante a suspensão
do processo – art. 296.

Modificação ou Revogação: A qualquer tempo, mas tem que ter como base novos fatos, novas
provas, algo novo, que justifique a nova tomada de posição para que possa modificar ou revogar
– art. 298.
O juiz deve fundamentar a sua decisão sob pena de ser considerada nula. Tem que
mostrar quais os elementos que autorizam a modificação ou revogação da tutela provisória.
Como a tutela é provisória, o cumprimento é provisório. Aplicam-se as regras quanto ao
cumprimento provisório de sentença – art. 297, par. Único.

Momentos:
1- Em caráter antecedente
2- Em caráter incidental
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A tutela de urgência pode ser requerida em caráter antecedente – antes da propositura


da ação completa.
Também podem ser requeridas incidentalmente, no decorrer do processo.
Já a tutela provisória de Evidência, só pode ser em caráter incidental, mas admite liminar
em alguns casos.
O requerimento da tutela incidental não sofre os efeitos da preclusão temporal e pode
ocorrer a qualquer tempo.
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Competência – art. 299.


Juízo competente para analisar o processo principal também é competente para analisar
a tutela provisória de urgência.
Nos processos de competência dos tribunais, ou em grau de recurso, o pedido de tutela
provisória é dirigido a quem seja responsável pela análise do mérito.
Ex. uma das câmaras cíveis do tribunal – a decisão cabe ao relator – caráter monocrático
(sozinho). Depois leva a discussão do colegiado, mas a decisão é monocrática.

Poder Tutelar Geral do Juiz – art. 297.


O Juiz toma as medidas que julga adequadas para efetivação da tutela provisória.
É mais amplo que o poder geral de cautela. Poder Tutelar Geral está falando de todos os
tipos de tutela provisória. Pode adotar outras medidas que não estejam previstas na lei, de
acordo com sua criatividade.

Recurso – Agravo de Instrumento se o juiz concede ou nega a tutela provisória em 1ª instância –


15 dias.
Decisão monocrática de relator – Agravo Interno – 15 dias úteis.
Sentença – Apelação – 15 dias úteis.
Acórdão – depende de onde foi proferido o acórdão.

TUTELAS DE URGÊNCIA

CLASSIFICAÇÃO DAS TUTELAS DE URGÊNCIA – art. 294, par único.


- Cautelar
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- Antecipada

Alexandre Freitas Câmara: “Tutela cautelar é uma tutela de urgência, isto é, uma tutela
provisória urgente, destinada a assegurar o futuro resultado útil do processo, nos casos em que
uma situação de perigo põe em risco sua efetividade”
“Tutela Antecipada (ou satisfativa) se destina a permitir a imediata realização prática do
direito alegado pelo demandante, revelando-se adequado nos casos nos quais se afigure
presente uma situação de perigo iminente para o próprio direito substancial.”
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Substancial = material.

Cautelar = do processo
Antecipada = direito material

Por vezes na prática, é impossível estabelecer diferenças entre tutela cautelar e tutela
antecipada. Há algumas que não se consegue definir se são antecipadas ou cautelares, estão em
zona cinzenta.
Assim, o NCPC deu tratamento uniforme, estabelecendo tratamento único a ambas,
embora em alguns casos, estabeleça diferenças.

Fumus boni iuris


Periculum in mora
São 2 requisitos comuns às tutelas cautelares e antecipadas.
Periculum in mora: resultante da demora do processo. A demora pode causar algum
prejuízo ao processo ou ao direito material discutido no processo.
Fumus boni iures: probabilidade da existência do direito. Há elementos no processo que
demonstram que provavelmente o autor tem direito.

Requisito da tutela de urgência antecipada – art. 300, §3º.


Perigo de irreversibilidade – se houver, não pode ser concedido. Já que é provisória, os
seus efeitos podem ser revertidos, conforme o caso.
Volta ao status quo ante.
Essa regra não é absoluta. Em alguns casos, mesmo não sendo reversível, o juiz defere.
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Ex. alimentos em ação de alimentos. Em regra, é irrepetível, o valor pago não é tomado de volta
depois. Alimentos provisórios.
Ex. Realização de tratamento médico/cirúrgico, não há como desfazer a cirurgia. Está em jogo 2
direitos: a reversibilidade e a vida da pessoa.

Essa regra da reversibilidade tem lógica: impedir que a decisão provisória produza efeitos
definitivos.
Mas há casos que o indeferimento da tutela também produz efeitos definitivos –
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irreversibilidade recíproca.
Ex. juiz determina a cirurgia para que a pessoa não morra. Se o juiz não conceder, também é
irreversível porque a pessoa morre.

§ 3o A tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida quando houver perigo de
irreversibilidade dos efeitos da decisão.

Tutela de Urgência – Caução e Danos


Art. 300, §1º - Caução Real ou Fidejussória em alguns casos para a concessão da tutela de
urgência.
É caução de contra cautela, para que o réu não sofra prejuízos pela reversão da tutela de
urgência concedida. A finalidade é proteger a parte contrária.
É válida para os 2 tipos de tutela de urgência.
A garantia deve ser idônea e suficiente para cobrir os prejuízos.
A caução pode ser dispensada, quando a parte for economicamente hipossuficiente não
conseguindo oferecer caução, a fim de que o hipossuficiente não tenha seu direito de ação
violado porque não conseguir arcar com a caução.
En. 497 – processualistas civis usam o art. 520, IV, que trata do cumprimento provisório
de sentença, no que tange ao pagamento de quantia certa. A transferência de posse, alienação
de propriedade ou outro direito real é possível quando fixada caução.
Esse enunciado é parâmetro para concessão da tutela de urgência.

O juiz determina caução quando houver periculum in mora inverso – perigo da demora
para o réu.
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Nos casos do art. 521, se dispensa caução, nas ações de natureza alimentar, quando o
autor for hipossuficiente, quando a decisão do juiz esteja em consonância com súmula do STF,
STJ, acórdãos proferidos em casos repetitivos.

Independente de caução, o autor ainda responde pelos prejuízos que causar ao réu.

Oportunidade da tutela de urgência:


A tutela de urgência pode ser deferida liminarmente ou após justificação prévia. Em 6
alguns casos o direito ao contraditório é relativizado, o juiz defere a tutela de urgência sem ouvir
a parte contrária em decisão liminar, decisão no início do processo.
O juiz pode marcar audiência de justificação prévia, para deferir a tutela de urgência. Ele
pode, por exemplo, ouvir algumas testemunhas, que seriam ouvidas somente na fase de
instrução.

Medidas cautelares nominadas e medidas cautelares inominadas:


O art. 301 elenca algumas medidas cautelares nominadas – arresto, arrolamento de bens,
registro de protesto contra alienação de bem e qualquer outra medida idônea.
Trata-se de cautelar e não de antecipada.
O NPCP simplificou o regramento sobre as cautelares.
O juiz pode adotar qualquer outra medida idônea para assegurar o resultado do processo.
Ele se refere ao poder geral de cautela do juiz – ou poder cautelar geral. São medidas que não
estão previstas no CPC. O juiz pode adotar outras medidas desde que fundamente sua decisão.

COMPETÊNCIA E PROCEDIMENTOS DA TUTELA DE URGÊNCIA


A competência será de acordo com art. 299 do CPC.

Os procedimentos serão diferenciados conforme se trata de antecedente ou cautelar:

ANTECIPADA ANTECEDENTE
A tutela em caráter antecedente pode ser concedida em sede de liminar, antes de ouvir o
réu, ou após justificação prévia.
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O autor deve dizer na petição que está se valendo da antecipada antecedente, se não
disser, será recebida como antecipada incidental, sendo necessário indicar os requisitos do art.
303.

Quando o autor se vale da antecedente, já deve fazer os cálculos do pedido total a fim de
que recolha as custas do processo todo e não somente do pedido antecedente.

Se o juiz concede a tutela antecipada antecedente, concederá 15 dias para que o autor
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adite a petição inicial com o pedido principal. Quando o juiz nega a antecipada antecedente,
concede 5 dias para o autor emendar a petição inicial.

O autor irá expor os fatos ensejadores da concessão da medida antecipada e produzirá as


provas pertinentes, baseado em juízo de cognição sumária, o juiz concede a tutela antecedente.
O réu é citado para interpor o Recurso de Agravo de Instrumento, caso não o faça, a tutela será
estabilizada.
Haverá estabilização quando:
- houver deferimento com pedido de antecedente.
- não houver recurso do réu.

Uma vez estabilizada, o processo é extinto. Não há coisa julgada material, porque não há
cognição exauriente.
Mas os efeitos são estáveis. A medida conserva seus efeitos até que nova ação seja
julgada.

Para que as partes possam modificar, revogar ou anular essa tutela, deverão ajuizar ação
autônoma em 2 anos, caso não o façam, a tutela continuará vigente.
Ex. o réu tem contra si alimentos provisórios deferidos e não recorre, nem entra com ação no
prazo de 2 anos. Em outro processo ele não é declarado pai, vai continuar pagando pensão, já
que teve 2 oportunidades para impugnar a decisão que antecipou a tutela provisória e não o fez?

A doutrina diz que não haverá estabilização da tutela de urgência antecedente se:
- o direito pleiteado for indisponível;
- a citação do réu foi ficta: citação por hora certa e citação por edital;
- caso o réu não recorra nos processos urgentes preparatórios contra a Fazenda Pública.
Profa. Flavia Marsola
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CAUTELAR ANTECEDENTE
O autor deve indicar os requisitos do art. 305.
Pode haver fungibilidade entre as medidas – art. 303, par. Único.
O juiz pode entender que há necessidade de audiência de justificação prévia – art. 300,
§2º. Podem ser ouvidas testemunhas, somente participarão autor, juiz e advogado do autor. O
réu não é chamado para a produção dessa prova. Chamam-se testemunhas para serem ouvidas
antes da citação do réu.
O juiz pode indeferir o pedido de tutela cautelar.
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Se o juiz conceder, o autor tem que aditar a petição em 30 dias da efetivação da tutela,
que pode ser de conhecimento ou de execução.
Se o autor não propõe, o processo é extinto e cessa a eficácia da medida liminar
concedida.
Se a liminar for deferida, determina a citação do réu para em 5 dias contestar a cautelar.
O juiz pode entender pelo indeferimento da medida naquele momento, determinando a
citação do réu, não quer dizer que o juiz não vai conceder mais, só quer dizer que naquele
momento ele entendeu que não estão presentes os requisitos para concessão da tutela. Ao
longo do processo ele pode mudar de opinião.

TUTELA DE EVIDÊNCIA
Não exige urgência, mas admite liminar em 2 casos.

Art. 311, CPC.

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