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UNIP – UNIVERSIDADE PAULISTA

Campus Anchieta – Direito

MAURÍCIO BULCÃO FERNANDES – A950JC4

TUTELA ANTECIPADA

Trabalho acadêmico apresentado para


composição da nota de Cautelares/Tutela
de Urgência, referente ao décimo
semestre, do curso de Direito da UNIP –
período matutino, 10/WA0839.

SÃO PAULO
2016
TUTELA ANTECIPADA

INTRODUÇÃO

No Ordenamento Jurídico, a palavra processo significa “um instrumento de


que se vale o órgão jurisdicional para solucionar o litígio submetido a sua
apreciação”. Na essência, é a relação jurídica que se instaura e se desenvolve entre
autor, juiz e réu. O processo então se manifesta através do procedimento.
Portanto, podemos dizer, de acordo com o conceito acima, que no Direto, o
processo está ligado à atividade que se desenvolve perante os tribunais para a
consecução da tutela jurídica estatal.
Sabemos que a morosidade na prestação jurisdicional e os graves efeitos
causados pelo tempo sempre foram impedimento a uma prestação jurisdicional ágil
e eficaz. Devido a essa morosidade, foram criadas as medidas processuais
cautelares (ação cautelar) e da antecipação dos efeitos da tutela (tutela antecipada),
ou seja, as medidas de urgência. Nosso objeto será a segunda.
A tutela antecipada, destina-se a satisfazer o direito material, antes de
proferida decisão final do referido processo de conhecimento, justificando-se pelo
princípio da necessidade, já que, sem ela, a espera pela sentença de mérito
importaria verdadeira denegação de justiça.

1. CONCEITO DE TUTELA ANTECIPADA

O instituto da tutela antecipada foi inserido no Direito Brasileiro pela Lei nº


8.952, de 13 de dezembro de 1994. Explica Denise Willhelm Gonçalves que “a tutela
antecipada tem como escopo implementar, desde logo, efeitos práticos da sentença
de procedência, desde que presentes os requisitos autorizadores. Destina-se, assim,
a satisfazer o próprio direito material, antes de proferida decisão final do processo de
conhecimento, justificando-se pelo princípio da necessidade, já que sem ela a
espera pela sentença de mérito importaria verdadeira denegação de justiça,
porquanto seriamente comprometida a efetividade da prestação jurisdicional”.
A tutela antecipada justifica-se, pois, pelo princípio da necessidade, a partir
da constatação de que sem ela a espera pela sentença de mérito importaria
verdadeira denegação de justiça, já que a efetividade da prestação jurisdicional
restaria gravemente comprometida. Mas, adverte-se que, diante da natureza
constitucional do princípio da segurança jurídica contido na garantia do contraditório
e ampla defesa, a antecipação de tutela está sujeita a regime próprio, com situações
autorizadoras, rigorosamente, elencados pelo legislador ordinário, no art. 273, do
CPC
A Tutela Antecipada tem caráter de satisfativo, logo, sua decisão antecipa
desde já os efeitos que só se obteriam no término do processo com o provimento
final.

2. REQUISITOS DA TUTELA ANTECIPADA

Os requisitos essenciais à concessão da tutela antecipada vêm expressos


no art. 273 e seus incisos:

1 . A existência de prova inequívoca. Entendemos, no caso, que a prova em


questão deverá ser documental.
2. Verossimilhança da alegação. A parte obrigatoriamente deverá
demonstrar que seu pleito é verdadeiro, ou muito próximo da verdade. Que suas
alegações se aproximam da verdade e do Direito.
3. Fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação. A parte deverá
demonstrar que a concessão da medida se presta a evitar um dano irreparável, ou
que a reparação se torne muito difícil. Obrigatoriamente deverá provar, no caso
concreto, a real possibilidade ou grande probabilidade de ocorrência do dano,
justificando, portanto, a concessão da medida.
4. Abuso do direito de defesa ou manifesto propósito protelatório. Lógico
concluir que pelo princípio da ampla defesa e contraditório, constitucionalmente
consagrados, o réu tem o direito de se defender amplamente, utilizando-se dos
recursos legais. Entretanto, tal direito é limitado pelos procedimentos legais. A partir
do momento que o réu extrapola os limites e requisitos impostos pela lei, seu
pretenso direito passa a configurar um verdadeiro abuso, o qual coloca em risco
toda a atividade jurisdicional. Bem como, quando começa a utilizar-se de
procedimentos protelatórios, que em nada elucidam a questão, com o único fito de
retardar o provimento jurisdicional. Nestes casos, presentes os requisitos do caput
do art. 273 poderá se conceder a tutela antecipada.

5. A não-existência de perigo de irreversibilidade da medida. O § 2º do art.


273 é taxativo ao afirmar que não se considerará a tutela antecipada quando houver
perigo de irreversibilidade do provimento antecipado. Entendemos que ao analisar o
pedido, o juiz necessariamente tem que verificar sobre a possibilidade de
irreversibilidade da medida. Havendo este perigo, não há que se deferir a tutela
antecipada. Portanto, a não-existência de perigo de irreversibilidade se caracteriza
como um verdadeiro requisito à concessão da medida.

3. PROCEDIMENTO

Petição Inicial + tutela antecipada + prova documental. O magistrado pode


concedê-la ou não. Se conceder ela deve ser cumprida, o escrivão faz a expedição
de mandado (ato processual que formaliza a ordem do juiz), dá-se cumprimento ao
mandado. Como a tutela antecipada é uma decisão interlocutória, os processos
continuam correndo normalmente.

4. MOMENTO

Quanto ao momento a tutela antecipada depende do:


Requerimento: normalmente requerida na Petição Inicial, quem requer é o
autor. A exceção é que às vezes não é o autor que requer, mas o réu. Pode também
ser requerido no curso do processo.
Concessão: o juiz pode conceder logo após a PI, liminarmente, faz sem ouvir
o réu (inaudita altera parte).
No momento de conhecimento é a prova inequívoca convencedora da
verossimilhança da alegação (prova documental). O juiz também pode conceder no
curso do processo após a citação do réu. Após a citação do réu o juiz pode conceder
a tutela antes da sentença. Pode conceder na própria sentença.

A tutela antecipada é uma decisão interlocutória e não é afetada pelo efeito


suspensivo. A Tutela Antecipada pode ser pleiteada em qualquer procedimento seja
comum ou especial, podendo ser uma antecipação total ou parcial.

5. RECURSO

Segundo Misael Montenegro Filho, o magistrado pode de igual sorte deferir


a tutela Antecipada no corpo da própria sentença judicial (e não apenas confirmá-la,
como preceitua o inciso VII do art. 520 do CPC). Cabe então a interposição de dois
recursos processuais:

a) Agravo de Instrumento, para o combate da parte da decisão que se refere


ao deferimento da Tutela Antecipada.
b) Apelação, para o ataque da parte remanescente do pronunciamento.

CONCLUSÃO

Vimos que a Tutela Antecipada é o provimento liminar, concedido ao autor


(ou réu, no caso das ações dúplices), destinado a assegurar-lhe, de forma
provisória, a tutela jurisdicional à relação de direito material em que se funda o litígio.
A concessão da tutela antecipada não é faculdade ou poder discricionário do juiz,
mas direito subjetivo processual, que deve ser atendido, desde que satisfeitas às
exigências legais para tal. É uma antecipação da decisão de mérito, que se justifica
pelo princípio da necessidade, pelo qual o atraso na solução definitiva da questão
comprometeria a efetividade do processo.
Podemos concluir que o processo na esfera estatal é moroso e ineficaz e
assim, coloca em risco a própria prestação jurisdicional, afastando o próprio direito
das partes, que será definido posteriormente numa ação final. Daí a importância
dessa medida de urgência, com o propósito de garantir a efetividade da prestação
jurisdicional.
BIBLIOGRAFIA

COSTA, Wagner Veneziani. AQUAROLI, Marcelo. Dicionário Jurídico. São Paulo:


Madras, 2004.

FILHO, Misael Montenegro. Curso de Direito Processual Civil, vol. 3: Medidas de


Urgência, Tutela Antecipada e Ação Cautelar, Procedimentos Especiais. 4ª ed.,
São Paulo: Atlas 2007.

MANZIONE, Luiz. Resumo de Direito Civil, 2ª ed. Leme: BH Editora e Distribuidora,


2005.

GONÇALVES, Marcus Vinícius Rios. Sinopses Jurídicas: Processo de execução


e cautelar, 8ª ed. São Paulo: Saraiva, 2007.

Tutela Antecipada e Tutela Cautelar. Artigo. Denise Willhelm Gonçalves.


Advogada e professora da URCAMP/RS. Disponível em:
<http//www.consulexnet.com.br>. Acesso em: 12 mai.2009.

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