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LIVRO VI do réu.

Até a citação, a possibilidade de aditamento da


DA FORMAÇÃO, DA SUSPENSÃO E DA EXTINÇÃO DO inicial e de alteração da ação proposta é livre, e
PROCESSO independe do consentimento do adversário. Depois dela,
a alteração depende da anuência deste, ficando-lhe
assegurada a possibilidade de manifestação no prazo
TÍTULO I mínimo de 15 dias, sobre as alterações implementadas,
DA FORMAÇÃO DO PROCESSO facultado o requerimento de prova suplementar (art.
329, II, do CPC). Após o saneamento, nenhuma alteração
O processo civil começa por iniciativa da parte, uma vez da ação proposta poderá ser admitida, mesmo que haja
que a jurisdição é inerte. Ao apresentar a petição inicial, consentimento do réu.
o autor fixará os limites objetivos e subjetivos da lide,
indicando qual a sua pretensão, em face de quem ela é O IMPULSO OFICIAL
dirigida, e quais os fundamentos de fato e de direito que
devem motivar o acolhimento. O art. 2º consagra a regra de que, depois da propositura
da demanda, o processo se desenvolverá por impulso
Proposta a ação, não se sabe ainda se o processo será oficial, cumprindo ao juiz zelar para que tenha
viável. O juiz examinará a petição inicial para verificar se andamento e se desenvolva até atingir o seu desfecho.
está ou não em termos e se tem ou não condições de ser
recebida. Se detectar algum vício que possa ser sanado, Quando o ato processual depende de iniciativa do autor,
concederá ao autor 15 dias para que o corrija. Mas se a o juiz aguardará que ele tome as providências. Se não o
inicial estiver em termos, determinará que o réu seja fizer, e o processo ficar paralisado, determinará que seja
citado. Só então a relação processual estará completa, e intimado para dar andamento ao feito em cinco dias, sob
a propositura da ação produzirá efeitos em relação ao pena de extinção sem resolução de mérito (o Superior
réu. Tribunal de Justiça tem exigido que a extinção seja
requerida pelo réu, nos termos da Súmula 240, não
Não se confundem os momentos da propositura da podendo o juiz promovê-la, de ofício. Se o réu não o
demanda, o do despacho que ordena a citação e a requerer, o processo ficará paralisado por um ano, e só
citação propriamente dita. Cada um deles provocará um então o juiz poderá decretar-lhe a extinção, na forma do
conjunto de consequências processuais relevantes. art. 485, II, do CPC).

A partir da propositura da demanda, já existe Afora as hipóteses em que o andamento do processo


litispendência. Essa palavra está empregada aqui no depende de ato a ser realizado pelo autor, cumpre ao
sentido de lide pendente, que produz, como principal juiz e a seus auxiliares dar-lhe prosseguimento, na forma
consequência, a atuação do juiz e o impulso oficial no da lei, impulsionando-o até o final.
desenvolvimento do processo. Desde a propositura, o
juiz se incumbirá de zelar pelo desenvolvimento do Art. 312. Considera-se proposta a ação quando a petição
processo (o termo “litispendência” pode ser usado, inicial for protocolada, todavia, a propositura da ação só
ainda, como proibição de que, estando em curso o produz quanto ao réu os efeitos mencionados no art. 240
processo referente a determinada ação, outra idêntica depois que for validamente citado.
seja proposta. Nesse sentido, é a citação válida que induz
litispendência; prevalecerá o processo da ação em que Propositura da ação = protocolo da PI => impulso oficial
ocorreu a primeira citação válida, devendo o outro ser
extinto sem resolução de mérito). Efeitos para o réu = citação valida
Induz litispendência
O despacho que ordena a citação interrompe a Torna litigiosa a coisa
prescrição, ainda que ordenado por juízo incompetente. Induz mora
Ao proferi-lo, o juiz, implicitamente, está recebendo a
petição inicial, o que pressupõe que ela esteja em ordem.

Mas é para a citação do réu que a lei processual reserva a


maior gama de efeitos e consequências processuais. O
art. 240, caput, enumera alguns: a citação válida induz‐
litispendência, faz litigiosa a coisa e constitui o devedor
em mora. É também a partir dela que a alienação de
bens capazes de reduzir o devedor à insolvência pode ser
considerada em fraude à execução.

Além disso, a partir da citação, ocorre a estabilização da


demanda, porque o autor não poderá mais alterar o
pedido ou a causa de pedir, senão com o consentimento
a) depender do julgamento de outra causa ou da
TÍTULO II declaração de existência ou de inexistência de relação
DA SUSPENSÃO DO PROCESSO jurídica que constitua o objeto principal de outro
processo pendente;
Enquanto o processo estiver suspenso, não serão
praticados atos processuais, senão aqueles urgentes, Prejudicialidade externa (não poderá exceder 1 ano)
necessários para a preservação dos direitos das partes, a Em regra, torna conexas as ações, o que permite a reunião para
fim de evitar danos irreparáveis, salvo no caso de julgamento conjunto. Mas ela nem sempre será possível, pois
arguição de impedimento e de suspeição, em que as cada uma das ações pode estar vinculada a determinado juízo,
tutelas e a urgência serão requeridas não ao próprio juiz, por regras de competência absoluta. Para que não haja
decisões conflitantes, suspende-se uma até que a outra seja
mas ao seu substituto legal, nos termos do art. 146, § 3º.
julgada.

Art. 313. Suspende-se o processo: b) tiver de ser proferida somente após a verificação de
determinado fato ou a produção de certa prova,
I - pela morte ou pela perda da capacidade processual de requisitada a outro juízo;
qualquer das partes, de seu representante legal ou de Prejudicialidade interna
seu procurador;

A suspensão é automática e se os fatos só vierem ao VI - por motivo de força maior;


conhecimento do julgador posteriormente, terá efeitos
ex tunc, sendo nulos todos os atos praticados nesse Fatos imprevistos e inevitáveis, que impedem o
ínterim. prosseguimento do processo: as greves, as catástrofes naturais,
Em caso de morte da parte, o processo seguirá quando as guerras e as revoluções.
houver a sucessão pelo seu espólio ou herdeiros. Em
caso de perda de capacidade processual ou morte de Greve de adv. público não é força maior
representante legal ou advogado, o juiz fixará prazo para
regularização (art. 76 do CPC). VII - quando se discutir em juízo questão decorrente de
acidentes e fatos da navegação de competência do
II - pela convenção das partes; (até 6 meses) Tribunal Marítimo;
O juiz não pode indeferir o requerimento.
Mas as conclusões dele não vinculam o Poder Judiciário, que
III - pela arguição de impedimento ou de suspeição; não está impedido de concluir de forma diversa daquilo que foi
decidido pelo Tribunal Marítimo.
Desde a apresentação da arguição, o processo ficará suspenso e
assim permanecerá até que haja decisão do relator do VIII - nos demais casos que este Código regula.
incidente, no Tribunal, a respeito dos efeitos em que ele o
recebe. Se o receber no efeito suspensivo, o processo Exs: instauração do incidente de desconsideração da
continuará suspenso e só voltará a correr depois que a arguição personalidade jurídica (art. 134, § 3º); a dúvida quanto à
for julgada. Se receber a arguição sem efeito suspensivo, o sanidade mental do citando (CPC, art. 245 e parágrafos); a
processo voltará a correr. existência de processo crime versando sobre fato delituoso
discutido também no juízo cível, caso em que é facultado ao
juiz suspender o julgamento deste até a solução daquele (art.
315 do CPC).
IV- pela admissão de incidente de resolução de
demandas repetitivas; IX - pelo parto ou pela concessão de adoção, quando a
advogada responsável pelo processo constituir a única
Trata-se do incidente regulado nos arts. 976 e ss. do CPC, que patrona da causa; (até 30 dias)
será admitido quando houver efetiva repetição de processos
que contenham controvérsia sobre a mesma questão jurídica, Trata-se de hipótese introduzida pela Lei n. 13.363/2016. O
com risco de ofensa ao princípio da isonomia ou segurança prazo de suspensão do processo será de 30 dias, a contar do
jurídica. Nos termos do art. 982, II, admitido o incidente, o parto ou da concessão da adoção, que deverão ser
relator suspenderá os processos pendentes, individuais ou comprovados mediante apresentação de certidão de
coletivos, que tramitam no Estado ou na região em que o nascimento ou documento similar que comprove a realização
incidente corre. A suspensão abrangerá os processos que do parto, ou de termo judicial que tenha concedido a adoção,
versem sobre a mesma questão jurídica. Caso haja necessidade, desde que haja notificação ao cliente. Se houver outros
a tutela provisória será requerida ao juízo onde tramita o advogados responsáveis, não haverá suspensão.
processo suspenso. Além disso, é possível a qualquer
interessado solicitar ao STF ou STJ a suspensão de todos os X - quando o advogado responsável pelo processo
processos individuais ou coletivos que versem sobre a mesma
constituir o único patrono da causa e tornar-se pai. (até
questão jurídica, em todo o território nacional (art. 982, § 3º).
8 dias)
V - quando a sentença de mérito:
O art. 313, X, do CPC/2015 prevê que o advogado que se V – quando a sentença de mérito:
tornar pai tem direito à suspensão dos prazos a) depender do julgamento de outra causa ou da
processuais desde que: a) seja o único patrono da causa; declaração de existência ou de inexistência de relação
e b) tenha notificado seu cliente sobre esse fato. O jurídica que constitua o objeto principal de outro
período de suspensão será de 8 dias, contado a partir da processo pendente;
data do parto ou da concessão da adoção. Para que esse b) tiver de ser proferida somente após a verificação de
prazo de suspensão do processo se inicie, é necessário determinado fato ou a produção de certa prova,
que o advogado informe ao juízo que nasceu o seu filho? requisitada a outro juízo;
Somente após a comunicação ao juízo é que o processo
será suspenso? NÃO. A suspensão do processo em razão § 5º O juiz determinará o prosseguimento do processo
da paternidade do único patrono da causa se opera tão assim que esgotados os prazos previstos no § 4º.
logo ocorra o fato gerador (nascimento ou adoção),
independentemente da comunicação imediata ao juízo. § 6º No caso do inciso IX, o período de suspensão será de
Obs.: a mesma conclusão acima exposta pode ser 30 (trinta) dias, contado a partir da data do parto ou da
aplicada para o inciso IX do art. 313 do CPC. STJ. 3ª concessão da adoção, mediante apresentação de
Turma. REsp 1.799.166-GO, Rel. Min. Nancy Andrighi, certidão de nascimento ou documento similar que
julgado em 02/04/2019 (Info 645). comprove a realização do parto, ou de termo judicial que
tenha concedido a adoção, desde que haja notificação ao
§ 1º Na hipótese do inciso I, o juiz suspenderá o cliente.      
processo, nos termos do art. 689.
§ 7º No caso do inciso X, o período de suspensão será de
§ 2º Não ajuizada ação de habilitação, ao tomar 8 (oito) dias, contado a partir da data do parto ou da
conhecimento da morte, o juiz determinará a suspensão concessão da adoção, mediante apresentação de
do processo e observará o seguinte: certidão de nascimento ou documento similar que
comprove a realização do parto, ou de termo judicial que
I - falecido o réu, ordenará a intimação do autor para que tenha concedido a adoção, desde que haja notificação ao
promova a citação do respectivo espólio, de quem for o cliente.      
sucessor ou, se for o caso, dos herdeiros, no prazo que
designar, de no mínimo 2 (dois) e no máximo 6 (seis)
Art. 314. Durante a suspensão é vedado praticar
meses;
qualquer ato processual, podendo o juiz, todavia,
determinar a realização de atos urgentes a fim de evitar
II - falecido o autor e sendo transmissível o direito em
dano irreparável,
litígio, determinará a intimação de seu
=>Espólio,
Salvo no caso de arguição de impedimento e de
=> De quem for o sucessor ou, se for o caso, dos
suspeição. 144,145
=> Herdeiros,

pelos meios de divulgação que reputar mais adequados, Art. 315. Se o conhecimento do mérito depender de
para que manifestem interesse na sucessão processual e verificação da existência de fato delituoso, o juiz pode
promovam a respectiva habilitação no prazo designado, determinar a suspensão do processo até que se
sob pena de extinção do processo sem resolução de pronuncie a justiça criminal.
mérito.
§ 1º Se a ação penal não for proposta no prazo de 3 (três)
meses, contado da intimação do ato de suspensão,
§ 3º No caso de morte do procurador de qualquer das
cessará o efeito desse, incumbindo ao juiz cível examinar
partes, ainda que iniciada a audiência de instrução e
incidentemente a questão prévia.
julgamento, o juiz determinará que a parte constitua
novo mandatário,
§ 2º Proposta a ação penal, o processo ficará suspenso
no prazo de 15 (quinze) dias, ao final do qual
pelo prazo máximo de 1 (um) ano, ao final do qual
extinguirá o processo sem resolução de mérito,
aplicar-se-á o disposto na parte final do § 1o.
=>se o autor não nomear novo mandatário,
=> ou ordenará o prosseguimento do processo à revelia
do réu, se falecido o procurador deste.

§ 4º O prazo de suspensão do processo nunca poderá


exceder 1 (um) ano nas hipóteses do inciso V e 6 (seis)
meses naquela prevista no inciso II.

II – pela convenção das partes;


IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e
TÍTULO III de desenvolvimento válido e regular do processo;
DA EXTINÇÃO DO PROCESSO
Esse dispositivo trata dos pressupostos processuais de validade,
Art. 316. A extinção do processo dar-se-á por sentença. aos quais se poderia acrescentar os de eficácia. São matérias
que podem ser conhecidas de ofício. A falta de qualquer deles
deverá ser sanada, quando possível. Por exemplo, se falta a
uma das partes capacidade processual ou postulatória, o juiz
Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:
fixará prazo para regularização. Não sanado o vício, extinguirá o
Sentença terminativa
Decisão sem mérito processo sem resolução de mérito. Nem sempre a falta de
pressuposto processual gerará a extinção. Há situações em que
provocará a nulidade dos atos processuais já realizados e a
I - indeferir a petição inicial;
necessidade de repeti-los, mas não a extinção. Por exemplo,
caso se constate que o juízo é incompetente ou o juiz impedido,
art. 330, que enumera as causas de indeferimento. Todas elas os autos serão remetidos para o competente e imparcial, que,
implicarão a extinção do processo sem resolução de mérito e se necessário, determinará a repetição dos atos. Mas não a
podem ser reconhecidas pelo juiz de ofício, antes que o réu extinção do processo. Em regra, os pressupostos processuais
tenha sido citado. O indeferimento da inicial pressupõe que o cuja falta enseja a extinção do processo são os relacionados às
juiz nem sequer tenha determinado a citação do réu. Quando a partes, sobretudo ao autor, a quem interessa o
extinção do processo ocorrer mais tarde, depois da citação, em prosseguimento.
razão de qualquer outra das causas do art. 485, não haverá
propriamente indeferimento da inicial. Também não pode ser
considerada como tal a sentença de improcedência de plano,
V - reconhecer a existência de perempção, de
proferida na forma do art. 332 do CPC, já que ela extingue o litispendência ou de coisa julgada; impedimentos
processo com resolução de mérito. processuais.

II - o processo ficar parado durante mais de 1 (um) ano São os pressupostos processuais negativos, que devem ser
por negligência das partes; examinados de ofício pelo juiz. A litispendência e a coisa
julgada têm em comum a existência de outra ação idêntica
É indispensável que o juiz determine a intimação pessoal da (com os mesmos três elementos): na primeira, tal ação ainda
parte a que dê andamento ao feito, em cinco dias. Somente está em andamento e, na segunda, já foi definitivamente
depois de transcorrida in albis, poderá ocorrer a extinção. Essa julgada. A perempção é a perda do direito de ação, imposta a
hipótese é relativamente rara, uma vez que, de acordo com o quem, por três vezes anteriores, deu causa à extinção do
inciso III, se o autor abandonar a causa por mais de trinta dias, processo por abandono. O CPC, art. 486, autoriza àquele cujo
e, intimado pessoalmente, não praticar o ato ou a diligência processo foi extinto sem resolução de mérito a repropositura
que lhe cabe, o juiz já poderá dar o processo por extinto. Mas da mesma ação. Mas, para isso, o vício que ensejou a primeira
isso exige prévio requerimento do réu, nos termos da Súmula extinção deve ter sido sanado (§ 1º). No caso da litispendência,
240 do Superior Tribunal de Justiça. Pode ocorrer que o autor somente com a prova de que ela deixou de existir será admitida
abandone o processo, mas o réu não requeira a extinção. O a nova ação. No caso da perempção e da coisa julgada, o vício
processo ficará paralisado, porque o juiz não poderá extingui-lo será permanente, o que obstará a repropositura, excetuado,
de ofício. Ultrapassado um ano, a extinção poderá ser quanto a esta última, a possibilidade de que tenha sido
decretada, mesmo que o réu não a requeira. desconstituída por ação rescisória ou ação declaratória de
ineficácia.
III - por não promover os atos e as diligências que lhe
incumbir, o autor abandonar a causa por mais de 30 VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse
(trinta) dias; processual;

É indispensável a prévia intimação pessoal do autor para que, O acolhimento da teoria abstratista eclética traduz ação como
em cinco dias, dê andamento ao feito, sob pena de extinção. direito a uma resposta de mérito. Mas condicionado: o juiz só
Mesmo que o autor permaneça inerte, o juiz só estará emitirá o provimento de mérito se preenchidas as condições da
autorizado a extinguir o processo se o réu o solicitar. É o que ação, o que ele deve examinar de ofício. Antes do mérito, ele
dispõe a Súmula 240 do STJ: “A extinção do processo, por verificará duas ordens de questões preliminares: os
abandono de causa pelo autor, depende de requerimento do pressupostos processuais e as condições de ação. A sua falta
réu”. A ratio dessa súmula é não permitir que o autor possa pode levar à extinção do processo.
obter a extinção do processo porque não o quer mais, sem que
haja o consentimento do réu. Para que haja desistência, depois VII - acolher a alegação de existência de convenção de
que o réu já se manifestou, é preciso que ele consinta. Ora, o arbitragem ou quando o juízo arbitral reconhecer sua
autor a quem não mais interesse o andamento do processo competência;
poderia, em vez de desistir, abandoná-lo, o que levaria à
extinção do processo sem que o réu consentisse. Por causa Vem prevista no art. 1º da Lei n. 9.307/96, que autoriza as
disso, o STJ, por meio da súmula, exige prévio requerimento do pessoas capazes a convencionar a arbitragem para dirimir
réu para a extinção. Se o réu ainda não tiver apresentado conflitos relacionados a interesses patrimoniais disponíveis. A
resposta, desnecessário o seu requerimento para a extinção do convenção de arbitragem é também um pressuposto
processo, pelo juiz. A intimação do autor deve ser pessoal, por processual negativo, porque impede às partes o acesso ao
carta, mandado ou edital, se ele estiver desaparecido. Judiciário, diante do que foi convencionado. Da existência de
convenção de arbitragem, o juízo não poderá conhecer de X - nos demais casos prescritos neste Código.
ofício.
A lei pode prever outras hipóteses de extinção sem resolução
VIII - homologar a desistência da ação; de mérito. São exemplos: a inércia do autor em promover a
citação de litisconsorte necessário, ou em promover a
O autor pode desistir da ação proposta. Ao fazê-lo, estará substituição do seu representante legal ou do seu advogado,
postulando a extinção do processo, sem exame do mérito. Não em caso de falecimento.
se confunde com a renúncia, em que o autor abre mão do
direito material discutido, e o juiz extingue o processo com Conquanto não encerre o processo, encerra a fase cognitiva em
julgamento de mérito. A desistência pode ser requerida e primeira instância. Quando a sentença for de extinção sem
homologada até a prolação de sentença em primeira instância. resolução de mérito, de improcedência ou de procedência, mas
Depois, não mais, como decidiu o Supremo Tribunal Federal no sem que haja condenação, porá fim ao processo. Mas, mesmo
RE 163.976-1/MG,DJU 16/04/1996, e, mais recentemente, o nesses casos, será possível haver uma fase de execução
Superior Tribunal de Justiça no REsp 1.115.161/RS, de 5 de relacionada à cobrança das verbas de sucumbência impostas na
março de 2010, Rel. Min. Luiz Fux. Se ela for manifestada sentença.
depois de oferecida contestação, a sua homologação
dependerá da anuência do réu, conforme art. 485, § 4º. Se o CONSEQUÊNCIAS DA EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DE
MÉRITO
réu não a ofereceu, tornando-se revel, desnecessário o
consentimento. O consentimento do réu se justifica porque, A reiteração de ações
depois da resposta, ele pode querer que o juiz examine as suas
razões e profira sentença de mérito, com o que a decisão As sentenças de extinção sem resolução de mérito fazem
tornar-se-á definitiva, vedada a reiteração, que não seria apenas coisa julgada formal, não material. Por isso, não
obstada pela simples desistência. Mas o réu, ao manifestar impedem a reiteração de demandas, por força do que dispõe
eventual discordância, deverá fundamentá-la, expondo as suas expressamente o art. 486, caput. No caso de extinção por
razões. Se apenas silenciar, ou manifestar discordância sem litispendência, indeferimento da inicial, falta de pressupostos
nenhum fundamento, ou com algum que não seja razoável, o processuais e de condições da ação (interesse e legitimidade), e
juiz homologará a desistência. existência de compromisso arbitral, não se poderia admitir a
Havendo litisconsórcio passivo, a desistência dependerá da simples reiteração sem que o vício que ensejou a extinção
anuência de todos os que tiverem apresentado contestação. Se anterior tenha sido solucionado, sob pena de haver mero bis in
houver desistência em relação a apenas um dos réus, só este idem. Assim, se houver repropositura da ação, a inicial só será
precisará consentir, desde que já tenha respondido. Nesse recebida se o juiz verificar que o vício que levou à extinção
caso, a desistência repercutirá sobre o prazo de resposta do anterior foi sanado (art. 486, § 1º). Do contrário, a inicial será
corréu, conforme CPC, art. 335, § 2º. Quando há mais de um indeferida de plano por haver mero bis in idem. Se a ação foi
réu, o prazo de contestação para todos eles só flui do instante proposta em determinado juízo, que extinguiu o processo sem
em que todos estiverem citados (CPC, art. 231, § 1º). Pode resolução de mérito pelas razões acima (do que a parte poderá
ocorrer que um tenha sido citado, e esteja aguardando a ter recorrido), não seria razoável admitir que ela pudesse
citação dos demais, para que seu prazo de resposta possa fluir. tentar a sorte em outro juízo, simplesmente repropondo a
Se o autor desistir da ação em relação aos demais, o citado ação, sem nenhuma alteração. O art. 286, II, do CPC determina
deverá ser intimado para que o seu prazo corra. que, em caso de reiteração, a distribuição seja feita por
dependência. A apreciação ficará a cargo do mesmo juízo que
Há uma hipótese legal em que a desistência da ação, mesmo anteriormente proferiu a sentença extintiva.
depois da contestação, independe da anuência do réu. Trata-se
daquela prevista no art. 1.040, § 1º, do CPC, quando a ação, em A cessação da litispendência
curso no primeiro grau de jurisdição, versar sobre questão
jurídica afetada para o julgamento de recurso repetitivo. Se o Extinto o processo, e não havendo recurso, cessará a
autor propuser uma ação versando sobre determinada litispendência, com todas as consequências daí decorrentes: a
questão, idêntica àquela que é objeto do recurso paradigma, coisa disputada deixa de ser litigiosa, o juízo deixa de ser
resolvida a questão em sentido contrário ao proposto pelo prevento, a alienação de bens capaz de reduzir o devedor à
interessado, poderá ele desistir da ação, agora fadada ao insolvência deixa de ser fraude à execução.
insucesso, independentemente de consentimento do réu. Caso
a desistência ocorra antes da contestação, o autor ficará isento A interrupção da prescrição
de custas e honorários de sucumbência. Caso ocorra depois,
eles serão devidos O despacho que ordena a citação, ainda que proferido por juízo
incompetente, interrompe a prescrição, nos termos do CPC, art.
240, § 1º.
IX- em caso de morte da parte, a ação for considerada
intransmissível por disposição legal; e Em princípio, a interrupção da prescrição ocorrerá sempre,
quando o juiz ordenar a citação do réu, ainda que o juízo seja
Existem ações de caráter personalíssimo, que não podem ser incompetente, ainda que o processo venha a ser extinto sem
transmitidas aos herdeiros ou sucessores da parte, em caso de resolução de mérito. Ressalva-se, no entanto, a hipótese de
falecimento. As ações de separação judicial e divórcio são extinção com fulcro no art. 485, II e III, isto é, por inércia ou
exemplos: com o falecimento de qualquer dos cônjuges, o abandono do autor. Nessa situação, a jurisprudência
processo será extinto, sem resolução de mérito, de ofício pelo prevalecente, inclusive do Superior Tribunal de Justiça, afasta a
juiz. Outro é a interdição, quando ocorre o falecimento do eficácia interruptiva do despacho que ordena a citação. Nesse
interditando. sentido: “A citação válida interrompe o prazo (Lei dos Recursos
Repetitivos) prescricional, ainda que promovida em processo
posteriormente extinto sem julgamento do mérito, salvo se o
fundamento legal da extinção for o previsto no art. 267, incisos Ambas podem ser reconhecidas de ofício, e causam o
II e III, do Código de Processo Civil (atual art. 485, II e III). indeferimento da inicial, se o juiz as detecta de início. Se não
Precedentes. 5. Recurso especial provido” (REsp 1.181.619/RS, reconhecidas desde logo, podem ser pronunciadas a qualquer
Rel. Min Castro Meira, julgado em 08/06/2010). tempo, salvo em recursos especial e extraordinário, que
pressupõem prequestionamento. Mas antes de pronunciá-las,
Embora o CPC atual tenha atribuído ao despacho que ordena a deve o juiz cumprir o determinado no art. 10 do CPC. Cumpre
citação, e não à citação válida, o condão de interromper a ao Direito Civil estabelecer a distinção entre prescrição e
prescrição, a solução dada pelo V. Acórdão prevalece: se o decadência, e quais os prazos de uma e outra.
processo é extinto sem resolução de mérito, por abandono ou
inércia do autor (art. 485, II e III), a eficácia interruptiva do III - homologar:
despacho que ordenou a citação não prevalece. Mas só nessas
hipóteses; nas demais, ainda que venha a ser extinto sem
exame do mérito, a interrupção persiste.
a) o reconhecimento da procedência do pedido
formulado na ação ou na reconvenção;
A possibilidade de retratação, caso haja apelação
Pressupõe que o direito discutido no processo seja disponível, e
Toda vez que o juiz extinguir o processo sem resolução de
que o réu tenha poderes para fazê-lo. O juiz acolherá o pedido,
mérito e houver apelação, ele pode, no prazo de cinco dias,
proferindo sentença definitiva, já que o reconhecimento
retratar-se. É o que dispõe o art. 485, § 3º, do CPC. Essa
versará não sobre matéria processual, mas sobre o direito
possibilidade independe do fundamento em que se embasa a
substancial discutido.
extinção, bastando que seja sem resolução de mérito. Se o juiz
mantiver a sentença, intimará a parte contrária a oferecer
contrarrazões e determinará a remessa oportuna dos autos ao b) a transação;
órgão ad quem. Se o juiz se retratar, ou ele determinará a
continuação do processo do ponto em que estava, quando foi A transação também pressupõe direitos e interesses
proferida a sentença meramente extintiva, se ainda não houver disponíveis. É negócio jurídico civil, bilateral, em que as partes,
nos autos elementos bastantes para que ele julgue o mérito; ou por concessões recíprocas, acordam sobre a questão discutida.
então, no lugar da sentença extintiva, proferirá sentença Vale desde que haja acordo de vontade entre elas, e pressupõe
definitiva, de mérito, se já encontrar nos autos os elementos o preenchimento dos requisitos gerais dos negócios jurídicos:
necessários para fazê-lo. Especificamente, no caso da extinção partes capazes, objeto lícito e forma prescrita ou não defesa
por indeferimento da inicial, o procedimento a ser observado é em lei. A força obrigatória da transação não depende da
o do art. 331 do CPC, em que há necessidade de citação do réu homologação judicial, mas da manifestação bilateral de
para oferecer contestação. vontades. A homologação servirá apenas para encerrar o
processo. Por isso, mesmo que o acordo não esteja
Quando há julgamento de mérito, é preciso distinguir. Se tiver homologado, aqueles que o firmaram não podem voltar atrás
havido sentença de improcedência liminar, nas hipóteses do unilateralmente. Pode haver um distrato, um novo acordo de
art. 332, a apelação permitirá ao juiz retratar-se. Se houver o vontades que altere ou extinga o anterior. Caso a transação
julgamento antecipado parcial de mérito, o que ocorrerá nas imponha obrigação a um dos contratantes, não cumprida
hipóteses do art. 356, o juiz decidirá um ou mais pedidos, em voluntariamente, dar-se-á início à fase de execução: a sentença
caráter definitivo, por decisão interlocutória, contra a qual homologatória não terá posto fim ao processo, mas tão
caberá agravo de instrumento, sempre dotado de juízo de somente à fase de cognição, sucedida pela de execução. A
retratação. transação pode ser celebrada em qualquer fase do processo,
mesmo depois da sentença, ainda que tenha transitado em
Mas, havendo sentença com resolução de mérito (excetuada a julgado, ou já na fase de execução. Não haverá ofensa à coisa
hipótese do art. 332), não haverá possibilidade de retratação. julgada material, porque a sentença regulava uma situação de
conflito. Desde que verse sobre direito disponível, as partes, de
comum acordo, podem regular a situação de outra maneira,
Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz: por meio da transação. Se a transação for parcial, o processo
sentença definitiva prosseguirá quanto ao restante. O objeto da transação pode
ultrapassar o objeto litigioso: o art. 515, II, do CPC, considera
Têm natureza condenatória, deixaram de pôr fim ao processo, título executivo judicial a sentença homologatória de
pois, não havendo cumprimento voluntário da obrigação, autocomposição judicial, sem nenhuma ressalva quanto ao seu
prossegue-se com a fase de cumprimento de sentença. objeto.

I - acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na


reconvenção; reconvenção.

É a sentença de mérito por excelência; o juiz, depois de A situação assemelha-se à do reconhecimento jurídico do
examinar as questões preliminares, relacionadas aos pedido, com a diferença de que a renúncia é do autor. Também
pressupostos processuais e às condições de ação, julgará o atinge o direito material, e pressupõe que ele seja disponível.
pedido.
Art. 317. Antes de proferir decisão sem resolução de
II - decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a mérito, o juiz deverá conceder à parte oportunidade
ocorrência de decadência ou prescrição; para, se possível, corrigir o vício.
PARTE ESPECIAL Cumprimento de sentença
LIVRO I CAPÍTULO II
DO PROCESSO DE CONHECIMENTO E DO CUMPRIMENTO
DE SENTENÇA FASE POSTULATÓRIA
TÍTULO I
DO PROCEDIMENTO COMUM DA PETIÇÃO INICIAL
Seção I
CAPÍTULO I Dos Requisitos da Petição Inicial
DISPOSIÇÕES GERAIS
É o ato que dá início ao processo, e define os contornos
subjetivo e objetivo da lide, dos quais o juiz não poderá
Art. 318.  Aplica-se a todas as causas o procedimento
desbordar. É por meio dela que será possível apurar os
comum, salvo disposição em contrário deste Código ou
elementos identificadores da ação: as partes, o pedido e a
de lei. causa de pedir.
Daí a sua importância para o processo e a necessidade de um
Parágrafo único.  O procedimento comum aplica-se exame particularmente acurado pelo juiz, antes de determinar
subsidiariamente aos demais procedimentos especiais e a citação do réu, uma vez que até então será possível eventual
ao processo de execução. correção ou emenda, o que, depois da resposta do réu,
dependerá de seu consentimento.

Requisitos intrínsecos
Processo de conhecimento Art. 319.  A petição inicial indicará:
Comum - segue sempre o mesmo padrão
Especiais - cada um à sua maneira I - o juízo a que é dirigida;
Regras de competência. Um eventual erro não ensejará o
Processo de execução indeferimento da inicial, mas tão somente a remessa da inicial ao
correto destinatário.
Título judicial - cumprimento de sentença (fase de um
mesmo processo) II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de
Título extrajudicial - ação de execução (novo processo) união estável, a profissão, o número de inscrição no
Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da
*medidas cautelares - de forma incidental ou Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a
antecedente residência do autor e do réu;
*Tutelas
É possível que o réu, no momento da propositura, não esteja
identificado ou seja incerto. Isso não impedirá o recebimento da
Procedimento comum
inicial caso o juiz verifique que não há meios para tal
identificação. A citação será, então, feita por edital, na forma
PI-----------------------cumprimento de sentença do CPC, art. 256, I.

Fase postulatória O estado civil e a existência de união estável, além de auxiliar a


PI identificação poderão ter relevância naquelas ações em que se
Posturas juiz exige outorga uxória.
Audiência
Resposta réu - a partir daqui só pode mudar PI com o III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;
consentimento do réu.
Esse é um dos requisitos de maior importância da petição
Fase saneadora inicial, sobretudo a descrição dos fatos, que, constituindo um
dos elementos da ação, vincula o julgamento (teoria da
substanciação). O juiz não pode se afastar dos fatos declinados
Revelia
na inicial, sob pena de a sentença ser extra petita. A causa de
Providências preliminares pedir e o pedido formulados darão os limites objetivos da lide,
Julgamento conforme o estado do processo dentro dos quais deverá ser dado o provimento jurisdicional.
Decisão saneadora Por isso, os fatos devem ser descritos com clareza e manter
correspondência com a pretensão inicial.
Fase instrutória
Além dos fatos, o autor deve indicar qual o direito aplicável ao
Provas caso posto à apreciação do juiz. Não é necessária a indicação
Audiência de Instrução e Julgamento do dispositivo legal, mas das regras gerais e abstratas das quais
se pretende extrair a consequência jurídica postulada. A
indicação do direito aplicável não vincula o juiz, que conhece o
Fase decisória direito (jura novit curia) e pode valer-se de regras diferentes
Sentença daquelas apontadas na petição inicial. Por isso, pode haver
alguma tolerância do juízo em relação a isso na inicial, mas não
Fase executiva em relação aos fatos, que devem ser descritos com toda a
precisão e clareza necessárias para que o juiz possa -TODAS as demandas devem indicar.
compreendê-los.
-Observar boa-fé processual.

- Juiz pode determinar a correção - de ofício


Causa de pedir. -Juiz pode reduzir- de ofício- se verificar montante excessivo.
(controle judicial do valor da causa)
Remota - descrição dos fatos - vincula julgamento - teoria da -Ver 292.
substanciação
Próxima - fundamentos jurídicos - não vincula o juiz - não é Repercutirá sobre:
necessário indicar dispositivo legal e sim regras gerais e Competência
abstratas das quais se pretende extrair a consequência jurídica O procedimento - JEC
postulada. Cálculo das custas e do preparo
Recursos em execução fiscal
Cumulação de fundamentos Possibilidade de inventario ser substituído por arrolamento
Quando houver duas ou mais causas de pedir. sumario - 664 caput
Se cada um dos fundamentos for, por si só, suficiente para
acolhimento do pedido, basta que um deles fique provado para Qual deve ser o valor da causa?
que o juiz profira sentença de procedência, mas para que julgue
improcedente é preciso que todos sejam afastados. Deve corresponder ao conteúdo econômico do que está sendo
postulado, e não daquilo que é efetivamente devido. Com
IV - o pedido com as suas especificações; (vincula o juiz.) frequência, o réu o impugna sob o argumento de que o valor
É a pretensão que o autor leva à apreciação do juiz. pretendido é excessivo e que o autor não faz jus a tal montante.
Mas o que cabe ao juiz avaliar, se houver impugnação na
Conclusão da PI (322 a 327) contestação, é o conteúdo econômico da pretensão formulada,
sem qualquer juízo de valor a respeito de ela ser ou não devida.
REGRA - certo e determinado (específico) Do contrário, o juiz teria de antecipar o exame do mérito,
Sentença deve ser liquida decidindo-o já nessa fase.

EXCEÇÃO- certo e determinável (genérico) Mas não se pode perder de vista a lealdade e a boa-fé
Sentença pode ser ilíquida processual. Às vezes, o autor postula, por exemplo, indenização
por danos morais, estimando o valor em montante excessivo,
Mediato- bem da vida almejado ao mesmo tempo em que pede justiça gratuita para eximir-se
Imediato- tipo de provimento jurisdicional (condenatório, do recolhimento das custas iniciais e do pagamento das verbas
constitutivo, declaratório) de sucumbência.

O julgador não poderá conceder nem um provimento O juiz poderá determinar a redução equitativa do valor da
jurisdicional, nem um bem da vida, distintos daqueles causa, se verificar que, fixada em montante excessivo, pode
postulados na inicial. prejudicar o exercício de alguma faculdade processual pelo réu,
A atividade judiciária é silogística: o juiz, ao proferir o que depende do recolhimento de custas calculadas com base no
julgamento, examinará a premissa maior (as regras gerais e seu valor. É o que foi decidido pelo STJ – 3ª Turma, REsp
abstratas do ordenamento jurídico, os fundamentos jurídicos) e 784.986, Rel. Min. Nancy Andrighi.
a premissa menor (os fatos), para então extrair delas as
consequências jurídicas (pedido). Por isso, é preciso que na O valor da causa não repercute sobre os limites objetivos da
petição inicial, o autor indique os fatos, o direito e o pedido, lide. Se o autor postula um montante e atribui valor à causa
que deve decorrer logicamente da aplicação do direito ao fato menor, ainda que isso passe despercebido e o valor seja
concreto levado ao seu conhecimento. mantido, o juiz na sentença não ficará limitado a este, mas ao
que foi pedido.
Causa de pedir e pedido = limites objetivos da lide
Critérios para a fixação do valor da causa - art. 292 do CPC.
O juiz, ao proferir julgamento, examinará a:
Controle judicial do valor da causa - O art. 293 do CPC autoriza
Premissa maior => regras gerais e abstratas do ordenamento o réu a impugnar o valor da causa, em preliminar de
jurídico = fundamentos jurídicos contestação. Além disso, o juiz, de ofício, poderá determinar a
correção, tanto que o art. 337, § 5º, estabelece que, dentre as
Premissa menor => os fatos matérias alegáveis em preliminar, o juiz só não pode conhecer
para extrair as consequências jurídicas = pedido de ofício a convenção de arbitragem e a incompetência
relativa. As demais, incluindo incorreção no valor da causa, ele
V - o valor da causa; deve conhecer de ofício. O juiz deve fazer esse controle, pois o
autor pode:
(conteúdo econômico da demanda.)
ter desrespeitado algum dos critérios fixados em lei;
-Demandas que não têm conteúdo econômico => fixação por
estimativa do autor.
ter atribuído valor à causa em montante incompatível com o
conteúdo econômico da demanda, que possa repercutir sobre a
-Réu pode impugnar em preliminar de contestação
competência ou procedimento a ser observado.
VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a o julgamento de mérito, determinará que o autor, no
verdade dos fatos alegados; prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou a complete,
indicando com precisão o que deve ser corrigido ou
Como na petição inicial o autor ainda não tem condições de completado.
saber o que será controvertido pelo réu, há certa tolerância
quanto a este requisito da inicial. Entende-se que a sua omissão Esse prazo não preclusivo- se o autor a emendar depois dos 15
não é razão para indeferi-la, nem impede que oportunamente d, o juiz receberá a emenda, salvo se tiver proferido a sentença
sejam requeridas provas pelo autor. de indeferimento.

VII - a opção do autor pela realização ou não de Mas tem-se admitido, mesmo depois da contestação, o
audiência de conciliação ou de mediação. aditamento da inicial, do qual não resulte alteração do pedido
ou causa de pedir, mas que sirva apenas para o esclarecimento
Não se trata, propriamente, de um requisito da inicial, mas da de alguma dúvida ou o afastamento de algum defeito, que
oportunidade que o autor tem de manifestar desinteresse na dificultava a sua compreensão.
audiência inicial de tentativa de conciliação, que se realiza no
procedimento comum, antes da contestação do réu. Essa Parágrafo único.  Se o autor não cumprir a diligência, o
audiência deve, obrigatoriamente, ser designada, salvo se o juiz indeferirá a petição inicial.
processo for daqueles que não admite autocomposição, ou se
ambas as partes manifestarem desinteresse na sua realização.
A inicial é a oportunidade que o autor tem para manifestá-lo. Não a pode indeferir desde logo, se existe a possibilidade de o
vício ou irregularidade serem sanados pelo autor, uma vez que
Mas ainda que ele o faça, o juiz deve designá-la, pois somente depois da citação do réu é defeso ao autor modificar o pedido
se o réu também o fizer, ela será cancelada. Ele deve fazê-lo por ou a causa de pedir sem o consentimento do réu.
petição, apresentada com 10 dias de antecedência, contados
da data marcada para a audiência. Se o autor silenciar a
respeito de sua opção, presume-se que ele concorda com a
Seção II
realização, já que ela só não será marcada se o desinteresse for Do Pedido
expressamente manifestado por ambas as partes (art. 334, §
2º). Art. 322.  O pedido deve ser certo.
É aquele que permite a identificação do bem da vida pretendido.
- Audiência obrigatoriamente designada
- Somente se o réu também manifestar desinteresse, ela será § 1º Compreendem-se no principal os juros legais, a
cancelada. correção monetária e as verbas de sucumbência,
inclusive os honorários advocatícios.
§ 1º Caso não disponha das informações previstas no
inciso II, poderá o autor, na petição inicial, requerer ao São pedidos implícitos: juros legais, correção monetária,
juiz diligências necessárias à sua obtenção. verbas sucumbenciais – inclusive os honorários
advocatícios – e as obrigações de trato sucessivo (art.
§ 2º A petição inicial não será indeferida se, a despeito 323).
da falta de informações a que se refere o inciso II, for
possível a citação do réu.
453 STJ. Os honorários sucumbenciais, quando omitidos
em decisão transitada em julgado, não podem ser
§ 3º A petição inicial não será indeferida pelo não
cobrados em execução ou em ação própria.
atendimento ao disposto no inciso II deste artigo se a
obtenção de tais informações tornar impossível ou
V. comentários do art. 85 § 18.  
excessivamente oneroso o acesso à justiça.
§ 2o A interpretação do pedido considerará o conjunto da
Art. 320.  A petição inicial será instruída com os
postulação e observará o princípio da boa-fé.
documentos indispensáveis à propositura da ação.
Art. 323.  Na ação que tiver por objeto cumprimento de
Os que não forem podem ser juntados a qualquer tempo.
Se o documento não estiver em poder do autor, lhe cabe obrigação em prestações sucessivas, essas serão
requerer ao juiz que o ordene o réu u terceiro a sua exibição. consideradas incluídas no pedido, independentemente de
(396 a 404). declaração expressa do autor, e serão incluídas na
condenação, enquanto durar a obrigação, se o devedor,
Com a inicial, o autor juntará ainda a procuração e o no curso do processo, deixar de pagá-las ou de consigná-
comprovante de recolhimento das custas judiciais, salvo las.
eventual requerimento de justiça gratuita.
Segundo as regras do CPC/2015, é possível a inclusão em
Deficiências da petição inicial e possibilidade de
ação de execução de cotas condominiais das parcelas
correção
vincendas no débito exequendo, até o cumprimento
Art. 321.  O juiz, ao verificar que a petição inicial não
integral da obrigação no curso do processo. Isso porque é
preenche os requisitos dos arts. 319 e 320 ou que
possível aplicar o art. 323 do CPC/2015 ao processo de
apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar
execução (art. 318, parágrafo único e art. 771, parágrafo Art. 326.  É lícito formular mais de um pedido em ordem
único). Art. 323. Na ação que tiver por objeto subsidiária, a fim de que o juiz conheça do posterior,
cumprimento de obrigação em prestações sucessivas, quando não acolher o anterior.
essas serão consideradas incluídas no pedido, Se acolher esse, acolha esse também.
independentemente de declaração expressa do autor, e (Cumulação imprópria = )
serão incluídas na condenação, enquanto durar a
obrigação, se o devedor, no curso do processo, deixar de Pedido alternativo
pagá-las ou de consigná-las. STJ. 3ª Turma. REsp Parágrafo único.  É lícito formular mais de um pedido,
1.756.791-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em alternativamente, para que o juiz acolha um deles.
06/08/2019 (Info 653). Se não acolher esse, acolha esse.

Art. 324.  O pedido deve ser determinado.


Art. 327.  É lícita a cumulação, em um único processo,
Aquele que indica a quantidade postulada - quantum. contra o mesmo réu, de vários pedidos, ainda que entre
§ 1º É lícito, porém, formular pedido genérico: eles não haja conexão. Economia processual.

I - nas ações universais, se o autor não puder individuar (Cumulação própria - simples)
os bens demandados;
(Cumulação objetiva = um autor - vários pedidos- um só réu)

Não tem como individuar os bens
Cumulação subjetiva = mais de um autor u mais de um réu -
Ex: coleção de obra de arte, herança, patrimônio.
litisconsórcio

II - quando não for possível determinar, desde logo, as


§ 1º São requisitos de admissibilidade da cumulação que:
consequências do ato ou do fato;
Ex: Ações de indenização
I - os pedidos sejam compatíveis entre si;
Acumulação imprópria Ø
III - quando a determinação do objeto ou do valor da
condenação depender de ato que deva ser praticado II - seja competente para conhecer deles o mesmo juízo;
pelo réu. ( para todas as espécies de cumulação.)
Ex: ação de exigir contas
III - seja adequado para todos os pedidos o tipo de
REGRA - certo e determinado (específico) procedimento.
EXCEÇÃO- certo e determinável (genérico) indica o bem da vida,
mas não indica a quantidade. Já que haverá único processo.
Se os procedimentos forem diferentes, o autor adotar o comum
§ 2º O disposto neste artigo aplica-se à reconvenção. para todos, poderá haver cumulação.

Regra = não se considera incluído aquilo que não tenha sido Não sendo possível a cumulação, o juiz verificará se é caso de
expressamente postulado - os pedidos são interpretados indeferir a PI, ou de reduzir os limites objetivos da lide,
restritivamente determinando prosseguimento apenas de um ou alguns dos
pedidos formulados.
Exceção => Pedidos implícitos
-Juros legais § 2º Quando, para cada pedido, corresponder tipo
-Correção monetária diverso de procedimento, será admitida a cumulação se
-Verbas de sucumbência o autor empregar o procedimento comum, sem prejuízo
-Prestações sucessivas
do emprego das técnicas processuais diferenciadas
-Correção monetária - atualização do valor nominal da moeda
previstas nos procedimentos especiais a que se sujeitam
(S 254 STF)
-Pedido de condenação do réu ao pagamento de custas, um ou mais pedidos cumulados, que não forem
despesas e honorários advocatícios (S.256 STF) incompatíveis com as disposições sobre o procedimento
comum.

Art. 325.  O pedido será alternativo (≠pedido subsidiário) § 3º O inciso I do § 1o não se aplica às cumulações de
quando, pela natureza da obrigação, o devedor puder pedidos de que trata o art. 326. (Pedido alternativo ou
cumprir a prestação de mais de um modo. subsidiário)

Parágrafo único.  Quando, pela lei ou pelo contrato, a


Espécies de cumulação
escolha couber ao devedor, o juiz lhe assegurará o direito
de cumprir a prestação de um ou de outro modo, ainda Cumulação própria => o autor pretende que o juiz acolha
que o autor não tenha formulado pedido alternativo. TODOS os pedidos. (simples ou sucessiva)
Cumulação imprópria =>o autor formula várias pretensões,
mas pretende que o juiz acolha apenas uma. (alternativa ou Pedido certo e pedido genérico
subsidiaria) O art. 322 e o art. 324 do CPC determinam que o pedido seja
---------------------------------------------------------------------- certo e determinado.
Cumulação simples - art. 327 Certo é aquele que permite a identificação do bem da vida
Autor formula vários pedidos, postulando que todos sejam pretendido (an). E determinado é aquele que indica a
acolhidos. quantidade postulada (quantum).
Não há relação de prejudicialidade entre uns e outros, sendo Excepcionalmente, porém, o pedido poderá ser genérico, isto é,
possível que o juiz acolha alguns e não os demais. certo, mas não determinado. O autor indica o bem da vida
pretendido, mas não a quantidade.
Cumulação sucessiva Permite-se a formulação de pedido genérico:
Autor formula dois ou mais pedidos em relação ao mesmo réu,
buscando êxito em todos. • Nas ações universais, que versam sobre uma universalidade
Há relação de prejudicialidade, o acolhimento de uns depende d de fato ou de direito. De acordo com o art. 90 do CC, “constitui
acolhimento de outros. universalidade de fato a pluralidade de bens singulares que,
Ex: ação de investigação de paternidade cumulada com pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária”. São
alimentos. exemplos, um rebanho ou uma coleção de obras de arte ou de
livros. E, segundo o art. 91, “constitui universalidade de direito
Cumulação alternativa- art. 325 o complexo de relações jurídicas, de uma pessoa, dotadas de
Autor formula mais de um pedido, com a pretensão de que só valor econômico”. São exemplos a herança e o patrimônio.
um deles seja acolhido, sem manifestar preferência. O Justifica-se a permissão de pedidos genéricos nesse caso,
acolhimento de um exclui o dos demais: é uma coisa OU outra. porque o autor pode não ter condições de individuar os bens
- Obrigações alternativas que integram a universalidade.
- Quando determinado litígio puder ser solucionado por mais de
um modo. • Quando não for possível determinar, desde logo, as
consequências do ato ou fato ilícito. Nas ações de indenização
Cumulação eventual ou subsidiaria por ato ou fato ilícito, frequentemente não é possível, no
Autor formula mais de um pedido, com a pretensão de que só momento da propositura da demanda, indicar com precisão
um deles seja atendido, mas manifesta sua preferência por um todas as consequências que a vítima terá sofrido. Por exemplo:
deles, podendo-se dizer que há o pedido principal e o às vezes, não se sabe se ela poderá se recuperar de uma lesão
subsidiário, que só deverá ser examinado se o primeiro não corporal ou se desta resultará incapacidade, nem se esta será
puder ser acolhido. permanente ou temporária. Admite-se, nessa circunstância,
Se não acolher esse, acolha esse. que o autor formule pedido genérico.
Se o principal for acolhido, o autor não poderá recorrer.

Tem-se invocado este inciso nas ações de indenização por dano


Art. 328. Na obrigação indivisível com pluralidade de moral, para permitir ao autor formular pedido genérico. Não
nos parece que isso deva ser admitido, porque se o autor não
credores, aquele que não participou do processo
indicar o quanto pretende receber, o juiz não terá parâmetros
receberá sua parte, deduzidas as despesas na proporção
para, em caso de procedência, fixar o montante da
de seu crédito. condenação. Por isso, deve o autor indicar, na inicial, o valor
que pretende a título de indenização (o que vem reforçado pelo
Art. 329. O autor poderá: disposto no art. 292, V, do CPC), embora, para fins de
sucumbência, o Superior Tribunal de Justiça determine que o
I - até a citação, aditar ou alterar o pedido ou a causa de valor postulado por ele seja considerado mera estimativa
pedir, independentemente de consentimento do réu; (Súmula 326 do STJ: “Na ação de indenização por dano moral, a
condenação em montante inferior ao postulado na inicial não
implica sucumbência recíproca”).
II - até o saneamento do processo, aditar ou alterar o
pedido e a causa de pedir, com consentimento do réu, • Quando a determinação do valor da condenação depender
assegurado o contraditório mediante a possibilidade de de ato que deva ser praticado pelo réu. É o que ocorre, por
manifestação deste no prazo mínimo de 15 (quinze) dias, exemplo, nas ações de exigir contas, em que, só depois que ele
facultado o requerimento de prova suplementar. as prestar, se poderá verificar se há saldo em favor do autor.

Pedido implícito
Os pedidos são, em regra, interpretados restritivamente; não se
Parágrafo único. Aplica-se o disposto neste artigo à
considera incluído aquilo que não tenha sido expressamente
reconvenção e à respectiva causa de pedir. postulado.

Mas há alguns pedidos que se reputam implícitos. O art. 322, §


Pedido 1º, menciona os juros legais, a correção monetária e as verbas
de sucumbência, inclusive os honorários advocatícios. Os juros
O pedido é um dos requisitos da petição inicial, mencionado no de mora incluem-se na liquidação, ainda que tenha sido omisso
art. 319 do CPC. É tal a sua importância que o CPC dedica uma o pedido e a condenação (Súmula 254 do STF). Também se
seção especial a ele, que inclui os arts. 322 a 329. Nos itens reputa implícito o pedido de incidência de correção monetária,
seguintes, serão examinadas algumas situações particulares que não é acréscimo, mas atualização do valor nominal da
relacionadas ao pedido. moeda. O pedido de condenação do réu ao pagamento das
custas, despesas e honorários advocatícios também (Súmula É aquela em que o autor formula dois ou mais pedidos em
256 do STF). Porém, se a decisão transitada em julgado for relação ao mesmo réu, buscando êxito em todos. No entanto, o
omissa a respeito dos honorários sucumbenciais, não será acolhimento de uns depende do acolhimento de outros, já que
possível executá-los (Súmula 453 do STJ). Por fim, considerar- as pretensões guardam entre si relação de prejudicialidade. É o
se-ão incluídas no pedido, independentemente de que ocorre, por exemplo, nas ações de investigação de
requerimento expresso, as prestações sucessivas a que se paternidade cumulada com alimentos, em que a segunda
refere o art. 323 do CPC, o que abrange as que vencerem depende da primeira. Na cumulação sucessiva, há conexão
enquanto durar a obrigação, se não forem pagas no curso do entre os pedidos, o que é dispensado na simples.
processo.
Cumulação alternativa
É aquela em que o autor formula mais de um pedido, mas pede
ao juiz o acolhimento de apenas um, sem manifestar
preferência por este ou aquele. O acolhimento de um dos
Cumulação de pedidos pedidos exclui o dos demais: é uma coisa ou outra, e não uma
coisa e outra, como na cumulação própria. Cumprirá ao juiz
O art. 327 do CPC autoriza a cumulação de pedidos, em um verificar, em caso de procedência, qual dos pedidos deve ser
único processo. É a chamada cumulação objetiva, que se acolhido. O art. 325 trata do tema: “O pedido será alternativo,
distingue da subjetiva, em que há mais de um autor ou de um quando, pela natureza da obrigação, o devedor puder cumprir a
réu (litisconsórcio). prestação de mais de um modo”. Essas são as obrigações
alternativas. Mas haverá ainda cumulação alternativa quando
Há controvérsia doutrinária a respeito do cúmulo objetivo, que determinado litígio puder ser solucionado por mais de um
para uns implica verdadeira cumulação de ações em um único modo. É possível, por exemplo, que, não tendo o fornecedor de
processo e para outros constitui apenas cumulação de vários serviços atuado a contento, o consumidor postule ou o
pedidos ou pretensões, em uma única ação e processo. Mas refazimento ou a indenização.
não há controvérsia quanto ao fato de que o processo é único, É preciso verificar se a lei não atribui ao réu o direito de optar
e que única será a sentença, na qual todas as pretensões entre o cumprimento por uma ou outra forma, caso em que o
haverão de ser examinadas. Interessa-nos, agora, o estudo da autor não poderá fazê-lo.
cumulação objetiva, já que o litisconsórcio foi tratado em
capítulo próprio. Cumulação eventual ou subsidiária
Assemelha-se à alternativa porque o autor formula mais de um
Diversas espécies de cumulação pedido, com a pretensão de que só um deles seja acolhido, mas
A doutrina costuma fazer a distinção entre a cumulação em que distingue-se dela porque o autor manifesta a sua preferência
o autor pretende do juiz que acolha todos os pedidos; e em por um, podendo-se dizer que há o pedido principal e o
que, conquanto o autor formule várias pretensões, pretende subsidiário, que só deverá ser examinado se o primeiro não
que acolha apenas uma. A primeira espécie é denominada puder ser acolhido. Se o juiz acolher o principal, o autor não
cumulação própria, que pode ser de dois tipos: simples ou poderá recorrer; mas se acolher o subsidiário, sim, pois terá
sucessiva; e a segunda é a imprópria, que pode ser alternativa sucumbindo, uma vez que a pretensão preferencial não foi
ou subsidiária (eventual). A rigor, na imprópria não há acolhida.
exatamente cumulação (daí a denominação imprópria), porque
o que se pede ao juiz é que acolha apenas um dos pedidos Cumulação de fundamentos
formulados. Além da cumulação de pedidos, admite-se a de fundamentos,
caso em que haverá duas ou mais causas de pedir. É possível,
Cumulação simples por exemplo, que o autor funde a sua pretensão a anular um
É aquela em que o autor formula vários pedidos, postulando contrato na incapacidade de um dos participantes e na
que todos sejam acolhidos pelo juiz. É dessa espécie que trata o existência de um vício de consentimento.
art. 327, caput, do CPC quando prevê a possibilidade de
cumulação de vários pedidos no mesmo processo. O que a Se cada um dos fundamentos for, por si só, suficiente para o
distingue da cumulação sucessiva é que os pedidos formulados acolhimento do pedido, basta que um deles fique provado para
não dependem uns dos outros, isto é, não há relação de que o juiz profira sentença de procedência. Mas para que
prejudicialidade entre uns e outros, sendo possível que o juiz julgue improcedente, é preciso que afaste todos os
acolha alguns e não os demais. fundamentos invocados. Ou seja, quando houver a cumulação
de fundamentos, basta ao autor que demonstre um deles para
O caput do art. 327 dispõe que não há necessidade de que os que o pedido seja acolhido; mas, para que seja rejeitado, é
pedidos sejam conexos. É possível que o credor cumule dois ou preciso que todos sejam afastados.
mais pedidos de cobrança contra o mesmo réu no mesmo Requisitos para a cumulação
processo, ainda que as dívidas sejam independentes entre si e
não guardem nenhuma relação umas com as outras, o que se Há requisitos que a lei impõe para alguns tipos de cumulação.
justifica pela economia processual. Conquanto desnecessária a São os mencionados no art. 327, §§ 1º e 2º, do CPC:
conexão, é preciso que os pedidos sejam compatíveis entre si,
que o juízo seja competente para conhecê-los todos e que o • Que os pedidos sejam compatíveis entre si: só é necessário
procedimento para todos seja o mesmo, ou, quando não, que para as cumulações próprias, simples e sucessivas, em que se
todos possam processar-se pelo comum (CPC, art. 327, §§ 1º e pretende que o juiz acolha todos os pedidos. Mas não na
2º). imprópria, em que o acolhimento de um exclui o dos demais.
Caso a cumulação seja própria e o autor formule pedidos
incompatíveis entre si, o juiz concederá prazo para que ele opte
Cumulação sucessiva
por um ou outro, sob pena de indeferimento da inicial.
• Que o mesmo juízo seja competente para todos os pedidos: § 2º Nas ações que tenham por objeto a revisão de obrigação
indispensável para todas as espécies de cumulação. Como o decorrente de empréstimo, de financiamento ou de alienação de bens,
autor pretende que o juiz acolha todas as pretensões, ou pelo o autor terá de, sob pena de inépcia, discriminar na petição inicial,
dentre as obrigações contratuais, aquelas que pretende controverter,
menos alguma delas, o juiz tem de ser competente para todas.
além de quantificar o valor incontroverso do débito.
Em caso de incompetência absoluta para alguma das
pretensões, ele indeferirá o pedido para o qual é incompetente, § 3º Na hipótese do § 2º, o valor incontroverso deverá continuar a ser
cabendo à parte postulá-la perante o juízo competente. Na pago no tempo e modo contratados.
hipótese de incompetência relativa, se houver a modificação,
por prorrogação, conexão, continência ou derrogação, o juiz
Art. 331.  Indeferida a petição inicial, o autor poderá
poderá examinar todos os pedidos.
apelar, facultado ao juiz, no prazo de 5 (cinco) dias,
• Que seja adequado para todos os pedidos o tipo de retratar-se.
procedimento: como haverá um único processo, é preciso que
o procedimento seja adequado para todos os pedidos. O § 2º O prazo da apelação é de 15 dias. O prazo de 5 dias é
do art. 327 autoriza a cumulação se, conquanto os para retratação do juiz.
procedimentos sejam diferentes, o autor adotar o comum para
todos eles. Isso não impedirá o emprego das técnicas
Apelação dotada de efeito regressivo = juiz tem a possibilidade
processuais diferenciadas previstas nos procedimentos
de reconsiderar a sua decisão e determinar a citação do réu.
especiais a que se sujeitam um ou mais pedidos cumulados,
Sempre que houver extinção sem resolução de mérito, a
que não forem incompatíveis com as disposições sobre o
apelação terá esse efeito, com a particularidade de que no caso
procedimento comum. Por exemplo: uma ação de resolução de
do indeferimento da inicial o réu ainda não foi citado, e
contrato, de procedimento comum, poderá ser cumulada com
precisará sê-lo, para oferecer contrarrazões e acompanhar o
uma ação possessória de força nova, de rito especial. E isso não
recurso.
impedirá o deferimento de eventual liminar, já que ela não é
incompatível com o procedimento comum.
Cabe ao juiz, de ofício, verificar os requisitos mencionados. Não § 1º Se não houver retratação, o juiz mandará citar o réu
sendo possível a cumulação, o juiz verificará se é caso de para responder ao recurso.
indeferir a petição inicial, ou de reduzir os limites objetivos da
lide, determinando o prosseguimento apenas de um ou alguns Despacho da citação= interrompe a prescrição
dos pedidos formulados.
PIindeferimento da inicial- apelação- citação do réu para
oferecer contra razoes

Seção III § 2º Sendo a sentença reformada pelo tribunal, o prazo


Do Indeferimento da Petição Inicial para a contestação começará a correr da intimação do
Primeira atuação do juiz no processo retorno dos autos, observado o disposto no art. 334.
=> admissibilidade da PI
PIindeferimento da inicial- apelação-juiz reforma a
Art. 330.  A petição inicial será indeferida quando: sentença citação do réu para contestar
*Há um vício insanável – indeferimento prima face da inicial- de
plano – sem oitiva do réu § 3º Não interposta a apelação, o réu será intimado do
*Ato judicial que indefere PI => sentença=>cabe apelação em trânsito em julgado da sentença.
15 dias.
PIindeferimento da inicial- intimação do réu
I - for inepta;
II - a parte for manifestamente ilegítima;
III - o autor carecer de interesse processual;
IV - não atendidas às prescrições dos arts. 106 e 321.

resultam todas na extinção do processo sem resolução do mérito


Art. 106. Quando postular em causa própria, incumbe ao
advogado:
I - declarar, na petição inicial ou na contestação, o endereço, seu
número de inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil e o nome da
sociedade de advogados da qual participa, para o recebimento de
intimações;
II - comunicar ao juízo qualquer mudança de endereço.
Art. 321. Quando o autor não emendar a inicial.

§ 1º Considera-se inepta a petição inicial quando:

I - lhe faltar pedido ou causa de pedir;


II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que
se permite o pedido genérico;
III - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão;
IV - contiver pedidos incompatíveis entre si.
*que contrariar decisão do STF em controle concentrado de
constitucionalidade.

§ 1º O juiz também poderá julgar liminarmente


improcedente o pedido se verificar, desde logo, a
ocorrência de decadência ou de prescrição.

§ 2º Não interposta a apelação, o réu será intimado do


trânsito em julgado da sentença, nos termos do art. 241.
Autor apela -->citação do réu

§ 3º Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se em 5


(cinco) dias.

§ 4º Se houver retratação, o juiz determinará o


prosseguimento do processo, com a citação do réu, e,
se não houver retratação, determinará a citação do réu
CAPÍTULO III para apresentar contrarrazões, no prazo de 15 (quinze)
DA IMPROCEDÊNCIA LIMINAR DO PEDIDO dias.

Juiz passa de imediato ao julgamento, sem a citação do réu, Ao proferir a sentença de improcedência de plano, juiz deverá
mas ele será intimado para saber sobre a decisão do processo fundamentá-la, indicando em qual dos incisos ela se funda e
contra ele. demonstrando que o caso sob julgamento se ajusta àquela
estabelecida na súmula ou no julgamento repetitivo. Se não o
Requisitos: fizer, a sentença será considerada não fundamentada, dando
- ->Que a causa dispense a fase instrutória. (prova oral) ensejo a interposição de embargos de declaração.

A questão de mérito deverá ser exclusivamente de direito. Se  IMPROCEDÊNCIA LIMINAR PARCIAL DO PEDIDO
houver alguma questão fática que possa tornar se Art. 356 permite julgamento antecipado parcial do mérito se
controvertida, o juiz não deverá valer-se do art.332 e deverá um dos pedidos ou parte deles mostrar-se incontroverso ou
mandar citar o réu. Se, após a resposta, não houver estiver em condições de julgamento imediato.
necessidade de instrução, ele então promoverá o julgamento
antecipado do mérito. Nesse caso, não haverá sentença de improcedência liminar,
mas decisão interlocutória de improcedência liminar, contra a
*prescrição e decadência  o processo pode versar sobre qual caberá agravo de instrumento.
questão de fato--mas a existência de questão de fato que
poderia tornar-se incontroversa não impedirá a improcedência Sentença total de improcedência  apelação
liminar do pedido, afinal, a pretensão ou direito já estarão
extintos pelo transcurso do prazo. Efeito regressivo- juiz pode se retratar, tornando sem efeito a
sentença e determinando a citação do réu.
--> Que esteja presente uma das hipóteses do 332 (único caso que o juiz poderá retratar-se de uma sentença de
mérito. Das sentenças de extinção sem resolução do mérito, o
juiz, havendo apelação, sempre poderá retratar-se.)
A improcedência liminar
Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o Não havendo retratação -> réu será citado para apresentar
juiz, independentemente da citação do réu, julgará contrarrazões
(deverá) liminarmente improcedente o pedido que
contrariar: (rol exemplificativo) Havendo retratação ->réu será citado para apresentar
contestação
I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou
do Superior Tribunal de Justiça; Com a subida do recurso o Tribunal poderá:

-Manter a sentença de total improcedência, condenando o


II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou autor ao pagamento de honorários advocatícios dos quais ele
pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de estaria dispensado se não tivesse recorrido, pois réu nem
recursos repetitivos; sequer teria comparecido aos autos;
-Anular a sentença quando verificado que não era hipótese de
III - entendimento firmado em incidente de resolução de aplicação do 332, determinando o retorno dos autos à primeira
demandas repetitivas (IRDR) ou de assunção de instância para que o réu tenha oportunidade de contestar.
competência (IAC);
Se o autor não apelar, a sentença transitara em julgado, sem
que o réu tenha sido, ao menos, citado. O juiz determinará a
IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre
sua intimação, para que da sentença ele possa tomar
direito local. conhecimento.
Decisão interlocutória de improcedência de um dos pedidos  § 6º Havendo litisconsórcio, o desinteresse na realização
agravo de instrumento da audiência deve ser manifestado por todos os
litisconsortes.
CAPÍTULO IV
DA CONVERSÃO DA AÇÃO INDIVIDUAL EM AÇÃO § 7º A audiência de conciliação ou de mediação pode
COLETIVA realizar-se por meio eletrônico, nos termos da lei.

Art. 333.  (VETADO). § 8º O não comparecimento injustificado do autor ou do


réu à audiência de conciliação é considerado ato
atentatório à dignidade da justiça e será sancionado com
multa de até 2% (dois por cento) da vantagem
econômica pretendida ou do valor da causa, revertida
em favor da União ou do Estado.

O comparecimento das partes é obrigatório.


A ausência delas implicará ato atentatório à dignidade da
justiça, incorrendo o ausente em multa de até 2% da vantagem
CAPÍTULO V econômica pretendida, que reverterá em favor da União ou do
DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO OU DE MEDIAÇÃO Estado.

Fase indispensável nos processos de procedimento comum. A parte poderá, se não puder ou não quiser comparecer,
Busca consensual dos conflitos - art. 3º,§§2º e 3º, cpc. constituir um representante por meio de procuração específica,
A eventual conciliação nessa fase ainda inicial do processo se com poderes para negociar e transigir, mas que não se
ajusta ao princípio econômico, já que o poupará de avançar a confundirá, em princípio, com o advogado.
fases mais adiantadas.
A decisão que aplica a multa do art. 334, §8º, do CPC, à parte
que deixa de comparecer à audiência de conciliação, sem
Art. 334. Se a petição inicial preencher os requisitos
apresentar justificativa adequada, não pode ser impugnada por
essenciais e não for o caso de improcedência liminar do agravo de instrumento, não se inserindo na hipótese prevista
pedido, o juiz designará audiência de conciliação ou de no art. 1.015, II, do CPC. Tal decisão poderá, no futuro, ser
mediação com antecedência mínima de 30 (trinta) dias, objeto de recurso de apelação, na forma do art. 1.009, §1º, do
devendo ser citado o réu com pelo menos 20 (vinte) dias CPC. STJ. 3ª Turma. REsp 1.762.957-MG, Rel. Min. Paulo de
de antecedência. Tarso Sanseverino, julgado em 10/03/2020 (Info 668).

Será realizada nos centros judiciários de solução consensual de § 9º As partes devem estar acompanhadas por seus
conflitos. advogados ou defensores públicos.

§ 1º O conciliador ou mediador, onde houver, atuará A ausência destes, não implica ato atentatório, nem impede
necessariamente na audiência de conciliação ou de que se tente a conciliação, que é ato jurídico material, para o
mediação, observando o disposto neste Código, bem qual a presença de advogado não é indispensável.
como as disposições da lei de organização judiciária.
§ 10.  A parte poderá constituir representante, por meio
§ 2º Poderá haver mais de uma sessão destinada à de procuração específica, com poderes para negociar e
conciliação e à mediação, não podendo exceder a 2 (dois) transigir.
meses da data de realização da primeira sessão, desde
Não se confundirá, em princípio, com o advogado.
que necessárias à composição das partes.
Parece-nos que, por procuração específica, a parte pode
§ 3º A intimação do autor para a audiência será feita na constituir como seu representante, com poderes para transigir,
pessoa de seu advogado. o próprio advogado. Nesse caso, o advogado figuraria como
representante constituído da parte para participar da
§ 4º A audiência não será realizada: audiência, hipótese em que se dispensaria o comparecimento
I - se ambas as partes manifestarem, expressamente, pessoal dela. De qualquer sorte, a ausência do autor não
poderá ter por consequência a extinção do processo, sem
desinteresse na composição consensual;
resolução de mérito, assim como a do réu não poderá implicar
II - quando não se admitir a autocomposição.
revelia.

§ 5º O autor deverá indicar, na petição inicial, seu § 11.  A autocomposição obtida será reduzida a termo e
desinteresse na autocomposição, homologada por sentença.
e o réu deverá fazê-lo, por petição, apresentada com 10
(dez) dias de antecedência, contados da data da § 12.  A pauta das audiências de conciliação ou de
audiência. mediação será organizada de modo a respeitar o
intervalo mínimo de 20 (vinte) minutos entre o início de
uma e o início da seguinte.

RESPOSTAS DO RÉU

1. Contestação
2. Reconvenção
3. Arguição

A segunda etapa da fase postulatória é a da apresentação da


resposta pelo réu.

Essa fase presta-se a que ambos os litigantes – autor e réu –


tenham oportunidade de manifestar-se, apresentar a sua
versão dos fatos e formular eventuais pretensões ao juízo.

De acordo com o art. 238 do CPC, o réu, executado ou


interessado é citado para integrar a relação processual. Ao
fazê-lo, poderá apresentar dois tipos de resposta: a
contestação e a reconvenção, que serão estudadas nos
próximos itens.

O réu pode apenas defender-se das alegações e das pretensões


contidas na petição inicial. A peça de defesa por excelência é a
contestação. Mas pode não se limitar a defender-se e contra-
atacar, por meio de uma ação incidente autônoma, em que
dirige pretensões contra o autor, apresentada na contestação,
denominada reconvenção. Ou, ainda, provocar a intervenção
de terceiros, por denunciação da lide ou chamamento ao
processo.
§ 1º No caso de litisconsórcio passivo, ocorrendo a
hipótese do art. 334, § 6o, o termo inicial previsto no inciso II
será, para cada um dos réus, a data de apresentação de
seu respectivo pedido de cancelamento da audiência.

§ 2o Quando ocorrer a hipótese do art. 334, § 4o, inciso II,


havendo litisconsórcio passivo e o autor desistir da ação
em relação a réu ainda não citado, o prazo para resposta
correrá da data de intimação da decisão que homologar
a desistência.

Isso para que o réu citado não seja surpreendido enquanto


aguarda a citação dos demais. Se for realizada audiência de
tentativa de conciliação, para a qual todos os réus terão de ser
citados, o prazo para todos começa a partir da audiência. Mas,
tendo havido manifestação de desinteresse pelo autor na inicial
e por todos os réus, em litisconsórcio passivo, a audiência não
se realizará (art. 334, § 6º), e o termo inicial do prazo para cada
um dos réus será a data da apresentação de seu respectivo
pedido de cancelamento da audiência (art. 335, § 1º).
CAPÍTULO VI
DA CONTESTAÇÃO Havendo litisconsórcio, a audiência só não se realizará se
houver manifestação de desinteresse por todos os
É, por excelência, a peça de defesa do réu, por meio da qual ele litisconsortes. Se apenas por alguns, a audiência será realizada,
pode se contrapor ao pedido inicial. Nela, concentrará todos os todos deverão comparecer, e o prazo de contestação para
argumentos de resistência à pretensão formulada pelo autor, todos os réus fluirá a partir dela. Somente se todos os
salvo aqueles que devem ser objeto de incidente próprio. litisconsortes, ativos e passivos, manifestarem desinteresse a
audiência não se realizará, e o prazo de contestação para cada
um dos réus correrá do protocolo da respectiva manifestação
Art. 335.  O réu poderá oferecer contestação, por de desinteresse.
petição, no prazo de 15 (quinze) dias, cujo termo inicial
será a data: O prazo de resposta será duplicado se o réu for a Fazenda
Pública ou o Ministério Público (arts. 183 e 180); se houver no
I - da audiência de conciliação ou de mediação, ou da polo passivo litisconsortes com advogados diferentes, de
escritórios distintos, desde que não se trate de processo
última sessão de conciliação, quando qualquer parte não
eletrônico (art. 229) ou se o réu for defendido por órgão
comparecer ou, comparecendo, não houver
público de assistência judiciária, como a Defensoria Pública ou
autocomposição; a Procuradoria do Estado (art. 5º, § 5º, da Lei n. 1.060/50 e art.
186 do CPC), será também dobrado.
II - do protocolo do pedido de cancelamento da
audiência de conciliação ou de mediação apresentado Dentro do prazo, a resposta deve ser protocolada em Cartório,
pelo réu, quando ocorrer a hipótese do art. 334, § 4o, não bastando que seja despachada pelo juiz: se o réu despacha
inciso I; no último dia do prazo e só protocola a contestação no dia
seguinte, haverá intempestividade.
III - prevista no art. 231, de acordo com o modo como foi
feita a citação, nos demais casos. Art. 336.  Incumbe ao réu alegar, na contestação, toda a
matéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito
Caso não seja designada audiência, porque o processo não com que impugna o pedido do autor e especificando as
admite autocomposição, o prazo correrá a partir da juntada aos provas que pretende produzir.
autos do aviso de recebimento, do mandado cumprido, ou do
fim do prazo do edital, isto é, na forma do art. 231 do CPC. No Art. 337.  Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito,
caso de não ser designada audiência de tentativa de alegar:
conciliação, havendo mais de um réu, o prazo para todos só
correrá a partir da juntada aos autos do último aviso de
recebimento ou mandado cumprido.
I - inexistência ou nulidade da citação; (preliminar dilatória –
d)

Por isso, enquanto todos os réus não tiverem ainda sido


citados, o prazo de nenhum deles começa a correr. Se um foi II - incompetência absoluta e relativa; (d)
citado antes, poderá aguardar a citação dos demais, para só
então apresentar a sua contestação. Isso explica a razão pela III - incorreção do valor da causa; (preliminar
qual, se um dos réus estiver citado e houver posterior peremptória – p)
desistência da ação em relação aos que ainda não estiverem IV - inépcia da petição inicial; (p)
citados, aquele deverá ser intimado, para que o prazo de
resposta flua.
V - perempção; (p)

VI - litispendência; (p) Parágrafo único. Realizada a substituição, o autor


reembolsará as despesas e pagará os honorários ao
VII - coisa julgada; (p) procurador do réu excluído, que serão fixados entre 3% e
5% (entre três e cinco por cento) do valor da causa ou,
VIII - conexão; (d) sendo este irrisório, nos termos do art. 85, § 8o.

IX - incapacidade da parte, defeito de representação ou Art. 85, § 8º Nas causas em que for inestimável ou
falta de autorização; (p) irrisório o proveito econômico ou, ainda, quando o valor
da causa for muito baixo, o juiz fixará o valor dos
Se o autor não cumprir a diligência é que, então, haverá honorários por apreciação equitativa, observando o
a extinção do processo. Assumindo a defesa processual disposto nos incisos do § 2º.
dilatória a figura de exceção peremptória.
§ 2º Os honorários serão fixados entre o mínimo de 10%
X - convenção de arbitragem; (p) (dez) e o máximo de 20% (vinte por cento) sobre o valor
da condenação, do proveito econômico obtido ou, não
XI - ausência de legitimidade ou de interesse processual; sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da
(p) causa, atendidos:
I - o grau de zelo do profissional;
XII - falta de caução ou de outra prestação que a lei exige II - o lugar de prestação do serviço;
como preliminar; (p) III - a natureza e a importância da causa;
IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo
exigido para o seu serviço.
Se não houver o suprimento, no prazo determinado, a
preliminar assumirá força de peremptória e o juiz Art. 339.  Quando alegar sua ilegitimidade, incumbe ao
decretará, então, a extinção do processo, sem réu indicar o sujeito passivo da relação jurídica discutida
julgamento do mérito. sempre que tiver conhecimento, sob pena de arcar com
as despesas processuais e de indenizar o autor pelos
XIII - indevida concessão do benefício de gratuidade de
prejuízos decorrentes da falta de indicação.
justiça. (p)
§ 1o O autor, ao aceitar a indicação, procederá, no prazo
As preliminares peremptórias conduzem à extinção do de 15 (quinze) dias, à alteração da petição inicial para a
feito; as dilatórias não. substituição do réu, observando-se, ainda, o parágrafo
único do art. 338.
§ 1o Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada quando
se reproduz ação anteriormente ajuizada. § 2o No prazo de 15 (quinze) dias, o autor pode optar por
alterar a petição inicial para incluir, como litisconsorte
§ 2o Uma ação é idêntica a outra quando possui as passivo, o sujeito indicado pelo réu.
mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo
pedido. Art. 340.  Havendo alegação de incompetência relativa
ou absoluta, a contestação poderá ser protocolada no
§ 3o Há litispendência quando se repete ação que está foro de domicílio do réu, fato que será imediatamente
em curso. comunicado ao juiz da causa, preferencialmente por
meio eletrônico.
§ 4o Há coisa julgada quando se repete ação que já foi
decidida por decisão transitada em julgado.
§ 1o A contestação será submetida a livre distribuição ou,
se o réu houver sido citado por meio de carta precatória,
§ 5o Excetuadas a convenção de arbitragem e a
juntada aos autos dessa carta, seguindo-se a sua
incompetência relativa, o juiz conhecerá de ofício das
imediata remessa para o juízo da causa.
matérias enumeradas neste artigo.
§ 2o Reconhecida a competência do foro indicado pelo
§ 6º A ausência de alegação da existência de convenção réu, o juízo para o qual for distribuída a contestação ou a
de arbitragem, na forma prevista neste Capítulo, implica carta precatória será considerado prevento.
aceitação da jurisdição estatal e renúncia ao juízo
arbitral. § 3o Alegada a incompetência nos termos do caput, será
suspensa a realização da audiência de conciliação ou de
Art. 338. Alegando o réu, na contestação, ser parte mediação, se tiver sido designada.
ilegítima ou não ser o responsável pelo prejuízo
invocado, o juiz facultará ao autor, em 15 (quinze) dias, a
alteração da petição inicial para substituição do réu.
§ 4o Definida a competência, o juízo competente
designará nova data para a audiência de conciliação ou A regra é de que na contestação o réu não possa formular
de mediação. pedidos contra o autor, exceto o de que as pretensões dele
sejam desacolhidas. Se quiser apresentar pedidos de outra
natureza, terá de valer-se da reconvenção. Mas há ações –
Art. 341.  Incumbe também ao réu manifestar-se
denominadas dúplices – em que o réu pode valer-se de
precisamente sobre as alegações de fato constantes da contestação não só para defender-se, mas também para
petição inicial, presumindo-se verdadeiras as não formular pretensões em face do autor, sem que haja a
impugnadas (ônus da impugnação específica.) necessidade da reconvenção.

Salvo se: Conteúdo da contestação

I - não for admissível, a seu respeito, a confissão; O art. 336 do CPC estabelece que “incumbe ao réu alegar, na
contestação, toda a matéria de defesa, expondo as razões de
fato e de direito, com que impugna o pedido do autor e
II - a petição inicial não estiver acompanhada de
especificando as provas que pretende produzir”.
instrumento que a lei considerar da substância do ato;
Esse dispositivo consagra o princípio da eventualidade, em
III - estiverem em contradição com a defesa, considerada relação ao direito de defesa: cumpre ao réu, na própria
em seu conjunto. contestação, apresentar todas as razões que possam levar ao
desacolhimento do pedido, ainda que não sejam compatíveis
Parágrafo único.  O ônus da impugnação especificada dos entre si. Pode, por exemplo, apresentar vários fundamentos de
defesa, em ordem sucessiva para, caso o juízo eventualmente
fatos não se aplica ao defensor público, ao advogado
não acolha os primeiros, possa aceitar os últimos.
dativo e ao curador especial.
Todas as razões de defesa devem, em suma, estar concentradas
Poderão apresentar contestação por negativa geral.
na contestação, uma vez que o réu não terá outra
oportunidade de alegá-las.
Art. 342.  Depois da contestação, só é lícito ao réu É preciso, porém, lembrar que as defesas podem ser
deduzir novas alegações quando: classificadas em duas categorias:

I - relativas a direito ou a fato superveniente; as de ordem pública, que poderiam ser conhecidas de ofício, e
que não precluem, se não alegadas na primeira oportunidade
(objeções);
II - competir ao juiz conhecer delas de ofício;
e as que não são de ordem pública, e que precluirão, se não
III - por expressa autorização legal, puderem ser alegadas (exceções).
formuladas em qualquer tempo e grau de jurisdição.
O réu deverá apresentar, em sua defesa, tanto umas quanto
outras. Mas com a ressalva de que uma omissão em relação às
Entre os quatro institutos fundamentais do processo civil exceções as tornará preclusas, o que não ocorre com as
figuram a ação e a exceção, o direito de formular pretensões objeções, que poderão ser alegadas mais tarde, pois poderiam
em juízo e o de defender-se e resistir às pretensões alheias. Se até mesmo ser conhecidas de ofício. A omissão do réu em
a petição inicial é a peça que veicula o direito de ação, a relação às objeções não implica preclusão.
contestação é a que se contrapõe àquela, ao apresentar a
resistência, a defesa do réu. Espécies de defesa que poderão ser apresentadas

Ao apresentá-la, ele formula a pretensão de ver o pedido inicial As defesas podem ser classificadas em três categorias:
desacolhido, no todo ou em parte, apresentando os
argumentos e fundamentos que servirão para convencer o juiz. processuais, cujo acolhimento implique extinção do processo
Daí que a pretensão contida na contestação é sempre sem resolução de mérito (por exemplo, a falta de condições da
declaratória negativa, de que o juiz declare que o autor não ação ou pressupostos processuais);
tem razão, desacolhendo o pedido.
processuais, que não impliquem extinção do processo, mas a
A contestação não amplia os limites objetivos da lide, aquilo sua dilação (como a incompetência do juízo ou o impedimento
que o juiz terá de decidir no dispositivo da sentença. Tampouco do juiz, que, se acolhidos, determinarão a remessa dos autos a
o que nela contém serve para identificar a ação, pois tanto o outro juízo ou juiz);
pedido quanto a causa de pedir são definidos e determinados
na petição inicial. Somente os fundamentos de fato e de direito defesas substanciais ou de mérito.
que embasam o pedido inicial constituem a causa de pedir, não
os fundamentos da defesa, o que é de grande relevância para a Antes de apreciar as defesas de mérito, o juiz precisa examinar
identificação das ações e terá importantes consequências em as processuais, por isso mesmo, chamadas preliminares.
relação aos fenômenos da litispendência e da coisa julgada.
Preliminares
Entretanto, a contestação amplia a cognição do juiz, uma vez
que, na sentença, ele terá de examinar não apenas os O art. 337 do CPC enumera as preliminares, questões que
fundamentos da pretensão inicial, mas os de defesa. devem ser apreciadas pelo juiz antes do passar ao exame do
mérito. São as defesas de cunho processual, que podem ser de os casos, ele decidirá imediatamente em seguida a questão da
duas espécies: competência, determinando a remessa dos autos ao juízo
competente, se acolher a alegação.
as de acolhimento que implique a extinção do processo;
(a inépcia da petição inicial, a perempção, a litispendência, a A incompetência relativa poderá ser alegada pelo Ministério
coisa julgada, a convenção de arbitragem e a carência da ação) Público nas causas em que atuar. Como a lei não faz ressalva,
entende-se que ele poderá fazê-lo mesmo quando atue como
fiscal da ordem jurídica, caso em que não apresentará
ou as de acolhimento que resulte apenas em sua dilação. propriamente contestação, mas se manifestará depois das
(a inexistência ou nulidade de citação (que não implicará a partes. Nesse caso, caberá a ele alegar a incompetência relativa
extinção do processo, mas a necessidade de fazer ou renovar a na primeira oportunidade que tiver para falar nos autos.
citação), a incompetência absoluta e a relativa, a conexão, a
incorreção do valor da causa, a incapacidade da parte, o defeito Acolhida a alegação de incompetência, as decisões proferidas
de representação ou a falta de autorização (que só causarão a pelos juízos incompetentes conservarão sua eficácia até que
extinção do processo se não regularizadas no prazo fixado pelo outra seja proferida pelo juízo competente, se for o caso.
juiz) e a indevida concessão do benefício da gratuidade da Caberá, assim, ao juízo competente decidir se ratifica a decisão
justiça. anterior ou se profere outra no lugar. Enquanto não for
proferida outra, a decisão anterior permanece eficaz (art. 64, §
O rol do art. 337 não é taxativo. Há outras defesas processuais 4º, do CPC).
que não foram mencionadas, como a falta do recolhimento de
custas e o descumprimento do art. 486, § 2º, do CPC. *A preliminar de ilegitimidade de parte e a substituição do réu

As preliminares, à exceção da incompetência relativa e do Os arts. 338 e 339 do CPC trazem importante regra, que
compromisso arbitral, devem ser conhecidas pelo juiz de ofício. flexibiliza, em parte, o princípio da estabilidade da demanda. O
Por isso, não precluem, ainda que não alegadas na contestação. art. 329 veda que, depois da citação do réu, haja alteração do
pedido ou da causa de pedir, a menos que haja o
Incompetência relativa, compromisso arbitral e impugnação consentimento do réu. E, depois do saneamento, nem mesmo
Á justiça gratuita deve ser suscitadas na própria contestação, com esse consentimento. Embora o dispositivo mencione
em preliminar. apenas o pedido e a causa de pedir, também não será possível,
ressalvadas as hipóteses em que a lei expressamente o admite
Alegada qualquer das preliminares do art. 337 em contestação, modificar as partes, que devem permanecer as mesmas.
o autor será ouvido em réplica, no prazo de 15 dias.
O art. 338, porém, permite a substituição do réu, sempre que
Alegação de incompetência absoluta ou relativa ele alegar ser parte ilegítima ou não ser o responsável pelo
dano.
Caso o réu alegue, como preliminar, a incompetência do juízo,
seja ela absoluta, seja relativa, ele poderá apresentar a A nomeação à autoria foi substituída por um mecanismo mais
contestação no foro de seu próprio domicílio, o que deverá ser amplo e eficiente de correção do polo passivo no CPC atual,
comunicado ao juiz da causa de imediato, se possível por meio previsto nos arts. 338 e 339. A sua amplitude é muito maior do
eletrônico. que na lei antiga, na qual a nomeação só cabia em casos
restritos. No atual, o mecanismo do art. 338 aplica-se sempre
Se houver mais de um juízo no foro de domicílio do réu, a que o réu alegar que é parte ilegítima ou que não é o
contestação será distribuída para um deles. responsável pelo prejuízo invocado. Nesse caso, o autor será
ouvido, podendo requerer, no prazo de 15 dias, o aditamento
A distribuição será por dependência para o juízo ao qual foi da inicial com a substituição do réu originário pelo indicado na
distribuída a precatória de citação do réu, se a citação for feita contestação, pagando ao advogado dele honorários
por precatória. O juízo para onde foi distribuída, livremente ou advocatícios entre 3% e 5% do valor da causa (art. 338 do CPC).
por dependência, a contestação do réu, tornar-se-á prevento, Para que isso se viabilize, manda a lei que o réu indique o nome
se for reconhecida a competência do foro de seu domicílio. do sujeito passivo da relação jurídica discutida, sempre que
tiver conhecimento, sob pena de arcar com as despesas
Se o réu alegar a incompetência, absoluta ou relativa do juízo processuais e prejuízos que causar ao autor pela falta de
onde corre o processo, a audiência de tentativa de conciliação indicação. Aceita a indicação, o autor procederá à alteração da
será suspensa até que a questão seja definida, após a qual será inicial para substituir o réu.
designada nova data.
Procedimento
A incompetência absoluta deve ser arguida como preliminar de
contestação, mas, como constitui matéria de ordem pública, O réu que, ao contestar a ação, arguir a preliminar de
eventual equívoco ou demora das partes em alegá-la não ilegitimidade de parte deverá, sempre que tiver conhecimento,
implicará preclusão. Nos termos do art. 64, § 1º, a indicar quem é o verdadeiro legitimado, isto é, o sujeito passivo
incompetência absoluta pode ser alegada a qualquer tempo ou da relação jurídica discutida. Cabe a ele indicar, nomear aquele
grau de jurisdição e deve ser declarada de ofício. Já a que é o verdadeiro responsável, o sujeito passivo da relação.
incompetência relativa tem de ser alegada como preliminar em
contestação, sob pena de preclusão. Essa pessoa pode ser e é, frequentemente, o empregador do
réu ou pessoa que lhe dirige ordens ou comandos. Como, sem
Alegadas em contestação, o juiz ouvirá o autor em réplica, no obrigatoriedade, o réu talvez preferisse não fazer a indicação, o
prazo de 15 dias. Se a incompetência absoluta for alegada em art. 339 do CPC estabelece que ele arque com as despesas
outra oportunidade, o juiz ouvirá a parte contrária. Em ambos processuais e indenize o autor pelos prejuízos decorrentes da
falta de indicação. A mesma solução há de ser dada se ele Por exemplo: em ação de indenização por acidente de trânsito,
indicar, de má-fé, pessoa diversa do sujeito passivo da relação haverá defesa direta se o réu negar que houve o acidente, ou
jurídica discutida. Não é lícito ao réu deixar de fazer a que ele ocorreu na forma descrita na petição inicial; haverá
indicação, a menos que não tenha conhecimento de quem é o defesa indireta se o réu reconhecer que houve o fato na forma
responsável; se não o fizer, responderá por perdas e danos narrada, mas alegar que já pagou, que houve prescrição da
decorrentes da extinção do processo sem resolução de mérito, pretensão indenizatória, ou que as partes já transigiram sobre a
já que o polo passivo não será corrigido. questão.

A necessidade de aditamento da inicial A alegação de prescrição e decadência constitui defesa


substancial indireta, cujo exame deve preceder ao das demais
A arguição de ilegitimidade de parte com a indicação do defesas substanciais, pois, se acolhida, implicará a extinção do
verdadeiro legitimado poderá implicar alteração do polo processo com resolução de mérito, sem necessidade de
passivo, com a substituição do réu originário por outro. No apreciação das demais alegações. Por isso, há quem as
entanto, como compete ao autor decidir em face de quem ele denomine “preliminares de mérito”.
quer demandar, seria impossível deferi-la, sem que ele
consentisse e promovesse o aditamento da inicial. Impugnação específica e genérica

O juiz, feita a indicação, ouvirá o autor que, se com ela O réu tem o ônus de impugnar especificamente os fatos
concordar, deverá aditar a inicial no prazo de 15 dias, narrados na petição inicial, sob pena de presumirem-se
substituindo o réu originário equivocadamente demandado verdadeiros. Cada fato constitutivo do direito do autor deve ser
pelo verdadeiro legitimado. O autor, ouvido sobre a impugnado pelo réu. É o que dispõe o art. 341 do CPC:
contestação, poderá tomar uma de três atitudes possíveis: “incumbe também ao réu manifestar-se precisamente sobre as
aditar a inicial, discordar da indicação ou apenas silenciar. alegações de fato constantes da petição inicial, presumindo-se
verdadeiras as não impugnadas (...)”.
No primeiro caso, o juiz, acolhendo o aditamento, determinará
a exclusão do réu originário, que será substituído pelo novo Todavia, há exceções à regra do ônus da impugnação
réu. Como ele teve de apresentar contestação, o juízo especificada. O parágrafo único do art. 341, parágrafo único,
condenará o autor a pagar honorários advocatícios de 3% a 5% estabelece que tal ônus não se aplica ao advogado dativo, ao
do valor da causa ou, se este for irrisório, em quantia fixada curador especial e ao defensor público. Estes podem contestar
equitativamente. por negativa geral, sem impugnar especificamente os fatos,
tornando-os ainda assim controvertidos, sem presunção de
Se o autor disser que não concorda, ou simplesmente silenciar, veracidade.
deixando de aditar a inicial, o processo prosseguirá contra o réu
originário, e o juiz, no momento oportuno, terá de apreciar a Por exemplo: se o curador especial contesta por negativa geral,
alegação de ilegitimidade de parte, extinguindo o processo sem por falta de elementos para a contestação especificada, o réu,
resolução de mérito, se a acolher. conquanto revel, não sofrerá o efeito da revelia consistente na
presunção de veracidade dos fatos alegados na petição inicial.
A decisão sobre aditar ou não a inicial é do autor, que nem
precisará fundamentá-la. Basta que, no prazo de 15 dias, não Indicação de provas e documentos
adite a inicial, para que a indicação fique sem efeito,
prosseguindo-se contra o réu originário. O art. 336 determina que compete ao réu não só alegar todas
as matérias de defesa, na contestação, mas ainda especificar as
Para que ocorra a substituição, não há necessidade de anuência provas que pretende produzir. Trata-se de ônus equivalente ao
ou concordância do novo réu, que substituirá o anterior. Se ele imposto ao autor na petição inicial.
entender que não tem a qualidade que lhe foi atribuída pelo
réu originário, deverá alegá-lo em contestação. Mas tem havido tolerância quanto ao cumprimento desse
requisito, sobretudo porque, se o réu alega fatos impeditivos,
O art. 339, § 2º, autoriza o autor a aditar a inicial, no prazo de extintivos ou modificativos do direito do autor, caberá a este
15 dias, não para substituir o réu originário pelo novo, mas oferecer réplica, e só então eles se tornarão controvertidos.
para, mantendo o primeiro, incluir o segundo, como Seria temerário exigir do réu que, já na contestação, pudesse
litisconsorte passivo. Essa solução faz sentido se o autor tiver precisar todas as provas necessárias para a demonstração
dúvida a respeito de quem é o sujeito passivo da relação daquilo que alegou. Por isso, entende-se que a falta de protesto
jurídica discutida ou se verificar que ela tem por titulares o réu por provas não implica a perda de oportunidade para requerê-
originário e o indicado. las posteriormente.

Defesa substancial ou de mérito A contestação, tal como a inicial, deve vir acompanhada dos
documentos essenciais que comprovem as alegações. Trata-se
Depois de arguir eventuais preliminares, o réu apresentará, na de exigência do art. 434 do CPC que, no entanto, tem sido
mesma peça, a sua defesa de fundo, de mérito, que pode ser de interpretado com largueza. O juiz não deixará de receber a
dois tipos: direta ou indireta. contestação, nem mandará desentranhá-la se já juntada aos
autos, apenas porque desacompanhada de documentos
A defesa direta é aquela que nega os fatos que o autor comprobatórios. Ela permanecerá nos autos e os documentos
descreve na inicial, ou os efeitos que deles pretende retirar; a poderão ser juntados posteriormente, desde que deles se dê
indireta é aquela em que o réu, embora não negando os fatos ciência à parte contrária (arts. 435 e 437, § 1º, do CPC). Se não
da inicial, apresenta outros que modifiquem, extingam ou juntados, o juiz apenas considerará não provados os fatos, que
impeçam os efeitos postulados pelo autor. por meio deles seriam demonstrados.
Defesas que podem ser apresentadas depois da contestação

O princípio da concentração da defesa exige do réu que alegue,


na contestação, tudo aquilo que sirva para resistir à pretensão
inicial. A contestação é o contraposto da petição inicial: nesta, o
autor deve formular todos os pedidos e apresentar os
respectivos fundamentos; naquela, o réu deve oferecer todas
as defesas que tiver.

Mas o art. 342 do CPC apresenta algumas alegações que o réu


pode apresentara posteriori. São as:

relativas a direito superveniente: essa hipótese relaciona-se


com a do art. 493, que determina ao juiz que leve em
consideração, ao prolatar a sentença, os fatos e o direito
superveniente.

Por isso, conquanto o inciso fale apenas em direito


superveniente, deve-se estender a possibilidade de alegação
posterior também aos fatos, uma vez que o art. 493 é expresso;

que competir ao juiz conhecer de ofício: as objeções


processuais, defesas que digam respeito a matérias de ordem
pública.

Em regra, as defesas processuais (entre as quais as


preliminares, mencionadas no art. 337, com exceção da
incompetência relativa e do compromisso arbitral). Não se
sujeitam à preclusão, se não alegadas na primeira
oportunidade. Mas há também defesas substanciais, que
podem ser conhecidas de ofício, como a prescrição e a
decadência;

por expressa autorização legal, puderem ser formuladas em


qualquer tempo ou juízo: essa hipótese coincide, ao menos em
parte, com a anterior, pois as matérias que o réu, por
autorização legal, pode apresentar depois são as de ordem
pública, não sujeitas à preclusão.

Características Prazo Conteúdo


Peça de defesa por No procedimento Deve conter as
excelência, deve comum, a defesas processuais
veicular toda a contestação deve (preliminares que,
defesa do réu. É a ser apresentada no em regra, poderiam
peça que se prazo de quinze ser conhecidas de
contrapõe à petição dias. Se o réu for ofício, exceto a
inicial, servindo para Ministério Público, incompetência
que o réu resista à Fazenda Pública, relativa e o
pretensão do autor. Defensoria Pública compromisso
Pelo princípio da ou litisconsortes arbitral). E também
eventualidade, com advogados as defesas
todas as defesas, diferentes, de substanciais ou de
ainda que não escritórios distintos, mérito, que se
compatíveis entre não sendo o classificam em
si, devem figurar na processo digital, o diretas ou indiretas.
contestação. prazo será em As diretas são
dobro. aquelas que negam
os fatos em que se
baseia o pedido do
autor; e as indiretas
são aquelas que,
conquanto não
negando os fatos,
apresentam outros
impeditivos,
extintivos ou
modificativos do
direito do autor.
Em regra, na contestação o réu não pode formular pretensões
em face do autor, salvo a de que os pedidos por este
formulados sejam julgados improcedentes. A exceção são as
ações dúplices, nas quais a lei o autoriza a fazê-lo.

Afora as ações dúplices, se o réu quiser formular pretensões em


face do autor, terá de valer-se da reconvenção.

A contestação não amplia os limites objetivos da lide: o juiz se


limitará a apreciar os pedidos formulados pelo autor,
acolhendo-os ou não. Na reconvenção, sim: o juiz terá de
decidir não apenas os pedidos do autor mas também os
apresentados pelo réu, na reconvenção.

Não cabe reconvenção, portanto, apenas para que o réu


postule a improcedência do pedido inicial, uma vez que isso
não exige ação autônoma, bastando a contestação. A
reconvenção pressupõe que o réu queira algo mais do autor,
que não se satisfaça com a mera improcedência, e queira
formular pretensões em face dele.

O que justifica a reconvenção é a economia e maior eficiência


do processo, pois as pretensões de ambos os litigantes serão
julgadas de uma só vez. Mas também – e sobretudo – a
possibilidade de se afastar o risco de decisões conflitantes.
Afinal, a pretensão formulada pelo réu tem de ser conexa com
a do autor ou com os fundamentos de defesa. Sem a
possibilidade de reconvir, o réu teria de valer-se de processo
autônomo, julgado por outro juiz. E se juízes diferentes julgam
CAPÍTULO VII pretensões conexas, há sempre o perigo de resultados
DA RECONVENÇÃO incompatíveis.

Natureza da reconvenção
Art. 343. Na contestação, é lícito ao réu propor
A reconvenção é uma nova ação, pois aciona o judiciário a
reconvenção para manifestar pretensão própria, conexa proferir uma resposta às pretensões formuladas pelo réu.
com a ação principal ou com o fundamento da defesa.
A peculiaridade reside em que não forma um novo processo.
§ 1º Proposta a reconvenção, o autor será intimado, na A ação principal e a reconvenção terão um processamento
pessoa de seu advogado, para apresentar resposta no conjunto e serão julgadas por uma só sentença.
prazo de 15 (quinze) dias.
Haverá duas ações em um único processo. O réu que tenha
§ 2º A desistência da ação ou a ocorrência de causa pretensões contra o autor não precisa valer-se da reconvenção,
podendo, se quiser, ajuizar nova demanda independente, que
extintiva que impeça o exame de seu mérito não obsta
formará um processo autônomo. E, às vezes, terá de fazê-lo,
ao prosseguimento do processo quanto à reconvenção. quando as suas pretensões não forem conexas com a ação
principal ou com os fundamentos de defesa (art. 343). Mas,
§ 3º A reconvenção pode ser proposta contra o autor e mesmo que o forem, o réu poderá optar por ajuizar ação
terceiro. própria, criando com isso um processo autônomo; com a
ressalva de que, verificando-se a conexidade entre as duas
§ 4º A reconvenção pode ser proposta pelo réu em ações, será determinada a reunião dos processos, na forma do
litisconsórcio com terceiro. art. 55, § 1º, do CPC.

Uma vez que a reconvenção não cria um novo processo, se o


§ 5º Se o autor for substituto processual, o reconvinte juiz indeferi-la de plano, não estará proferindo sentença, pois
deverá afirmar ser titular de direito em face do não porá fim ao processo ou à fase condenatória. O ato será
substituído, e a reconvenção deverá ser proposta em decisão interlocutória.
face do autor, também na qualidade de substituto
processual. A pretensão do réu reconvinte em face do autor reconvindo
pode ser de natureza condenatória, constitutiva ou
§ 6º O réu pode propor reconvenção declaratória. Não é necessário que seja da mesma natureza que
a formulada pelo autor. É possível reconvenção condenatória
independentemente de oferecer contestação.
em ação declaratória e vice-versa, por exemplo.
Não constituir um mecanismo de defesa, mas de contra-
Independência da reconvenção
ataque.
Conquanto ação e reconvenção processem-se em conjunto, porque se apresentar apenas uma sem a outra, haverá
para que possam ser julgadas juntamente, há relativa preclusão consumativa.
independência entre elas.
Se o réu não contestar, mas reconvir, não será revel, porque
O art. 343, § 2º, estabelece que: “A desistência da ação, ou a terá comparecido ao processo, e se manifestado. Portanto,
ocorrência de causa extintiva que impeça o exame de seu deverá ser intimado de todos os atos processuais
mérito não obsta ao prosseguimento do processo quanto à subsequentes.
reconvenção”, o que se justifica por ser uma nova ação. O réu
dificilmente faria uso da reconvenção se o prosseguimento ou o Mas serão presumidos os fatos narrados na petição inicial?
desfecho desta ficasse condicionado ao da ação original.
Depende. Se, ao reconvir, ele apresentou fundamentos
Afora as hipóteses de extinção sem resolução de mérito, a ação incompatíveis com os do pedido inicial, estes não se
e a reconvenção serão ambas julgadas por uma só sentença. presumirão verdadeiros. Contudo, naquilo em que não houver
Mas há ainda a possibilidade de o juiz acolher a prescrição ou a tal incompatibilidade, haverá a presunção.
decadência da pretensão formulada na ação original,
extinguindo-a com resolução de mérito, e determinar o Se o prazo da contestação é ampliado, como nas hipóteses em
prosseguimento da reconvenção, ou vice-versa. que ela é apresentada pelo Ministério Público, Fazenda Pública,
Defensoria Pública ou litisconsortes com advogados diferentes,
Processos e procedimentos em que cabe a reconvenção de escritórios distintos, não sendo o processo eletrônico, isso
repercute também no prazo de reconvenção, já que esta é
A reconvenção é própria do processo de conhecimento e não apresentada com aquela.
cabe em processos de execução.
Peça única
Dentre os de conhecimento, só nos de jurisdição contenciosa;
nos de jurisdição voluntária, não. O art. 343 não deixa dúvida de que contestação e reconvenção,
quando o réu quiser valer-se das duas, serão apresentadas em
Os procedimentos especiais podem ser de dois tipos: peça única.

os que, com a apresentação de resposta do réu, passam a ser Parece-nos que, com o novo CPC, embora a peça haja de ser
comuns; única, a apresentação de contestação e reconvenção
simultaneamente, mas em peças separadas, haverá de ser
e os que permanecem especiais, mesmo depois da resposta, considerada mera irregularidade, que não impedirá o
isto é, que têm peculiaridades ao longo de todo o curso. conhecimento e processamento desta.
Só cabe reconvenção nas do primeiro tipo, como, por exemplo,
nas monitórias, em que, oferecida a resposta, segue-se o
procedimento comum.
Nesse sentido, a Súmula 292 do STJ: “A reconvenção é cabível Requisitos da reconvenção
na ação monitória, após a conversão do procedimento em
ordinário”. A reconvenção – nova ação que é – exige o preenchimento das
condições comuns a todas elas. E os pressupostos processuais:
Não cabe reconvenção em embargos de devedor, nem nos os mesmos requisitos que seriam exigidos se a reconvenção
processos de liquidação, mas sim em ação rescisória, desde que assumisse a forma de ação e de processo autônomos deverão
a pretensão do réu seja desconstituir a mesma sentença ou ser observados por quem a apresenta. Mas há requisitos
acórdão, embora por fundamentos diversos. específicos, necessários para a sua admissibilidade.

Por fim, não cabe reconvenção nas ações que corram no Conexidade
Juizado Especial Cível, uma vez que ela não se coaduna com a
presteza do rito. Mas o art. 31 da Lei n. 9.099/95 admite que o Estabelece o art. 343, caput, que “na contestação, é lícito ao
réu formule, em sua contestação, pedido contraposto ao do réu propor reconvenção para manifestar pretensão própria,
autor. conexa com a ação principal ou com o fundamento da defesa”.
A reconvenção está ligada à economia processual e ao
Prazo afastamento do risco de decisões conflitantes: isso pressupõe a
conexidade exigida pelo art. 343, pois não se justificaria o
O art. 343 é expresso: “Na contestação, é lícito ao réu propor processamento, a instrução e o julgamento conjuntos se ela
reconvenção (...)”. não existisse.

Não basta que a reconvenção seja apresentada no prazo de A conexão vem tratada no art. 55 e ss. do CPC e pressupõe que
contestação. É preciso que seja oferecida na contestação. duas ou mais ações tenham o mesmo pedido ou a mesma
Portanto, se o réu contestar sem reconvir, não poderá mais causa de pedir.
fazê-lo, porque terá havido preclusão consumativa. E vice-
versa. O art. 343 admite que a conexão se dê entre a reconvenção e a
ação principal, ou entre aquela e os fundamentos da defesa.
Mas isso não significa que o réu precise contestar para reconvir
(art. 343, § 6º). É possível a reconvenção sem que o réu Caberá reconvenção se o pedido ou a causa de pedir
conteste, caso em que deverá ser apresentada no prazo que o apresentados pelo réu reconvinte estiverem relacionados com
réu teria para contestar. O que a lei manda é que, se o réu os da ação principal. Por exemplo: em ação declaratória de
desejar apresentar as duas coisas, ele o faça simultaneamente, inexigibilidade de título de crédito, o réu pode reconvir pedindo
a condenação do autor ao pagamento da dívida. Há conexão, isto é, quando o autor, substituto processual na lide originária,
porque o objeto das duas ações está relacionado à mesma também puder ser substituto processual na reconvenção.
dívida. Ou, então, um dos cônjuges pode pedir a separação
judicial por culpa do outro, e este reconvir, postulando a Reconvenção e os limites subjetivos da demanda
separação por culpa do primeiro. Cabe reconvenção porque o
pedido nela formulado é também o de separação, como o da O CPC atual permite expressamente que isso ocorra, no art.
ação principal. 343, §§ 3º e 4º.

Mas a reconvenção também será admitida se houver conexão É preciso que, na reconvenção, o polo ativo seja ocupado por
com os fundamentos da defesa, isto é, se o seu pedido ou um dos réus e o polo passivo, por um dos autores. Mas não é
causa de pedir estiverem relacionados com os fundamentos da necessário que, nem no polo ativo, nem no passivo, figurem
contestação, com as razões de fato e de direito expostas pelo apenas uns e outros. A economia processual e o risco de
réu, para justificar que o pedido inicial seja desacolhido. decisões conflitantes justificam a possibilidade de ampliação
subjetiva, com a inclusão de pessoas que não figuravam
Por exemplo: se o réu, em contestação, alegar que o valor já originariamente. Nem se alegue que isso poderia implicar
tinha sido pago, e que a nova cobrança era indevida, poderá retardamento do processo originário, pois, não sendo possível
reconvir, pedindo a condenação do autor a pagar em dobro o a reconvenção, o réu irá propor ação autônoma que, dada a
que cobrou, na forma do art. 940 do CC. Tanto a defesa quanto conexidade, acabará sendo reunida à primeira, do que resultará
o pedido de condenação estarão fundados na cobrança igual demora.
indevida daquilo que foi pago.
As possibilidades, portanto, são as seguintes:
Competência
■ que, havendo vários réus, apenas um deles ajuíze reconvenção, em
Para que caiba reconvenção, é preciso que o mesmo juízo face de um ou de mais de um dos autores;
tenha competência para julgar o pedido principal e o
reconvencional. Não será admitida se o juízo for incompetente ■ que havendo um só réu e vários autores, a reconvenção seja dirigida
para o julgamento da reconvenção, desde que a incompetência por aquele, em face de apenas um ou alguns destes;
seja absoluta. A relativa não autoriza o indeferimento da
■ que o réu, ou os réus, associem-se a um terceiro que não figurava no
reconvenção, que pressupõe a conexidade, causa de processo para formular o pedido reconvencional;
modificação de competência. Por força da conexidade, o juiz
poderá julgar a ação principal e a reconvencional. ■ que o réu formule a reconvenção em face do autor e de outras
pessoas que não figurem no processo. O que não se admite é que a
reconvenção seja formulada somente por quem não é réu, ou somente
em face de quem não é autor.

Compatibilidade de procedimentos Procedimento da reconvenção

Como a ação e a reconvenção terão um só processo e serão Ao apresentar a reconvenção, na contestação, o reconvinte
julgadas conjuntamente, é preciso que tenham procedimentos deve cumprir o disposto no art. 319 do CPC, indicando as
compatíveis. Não cabe reconvenção em procedimento especial, partes, o pedido com suas especificações, os fatos e
a menos que este siga pelo comum, com a resposta. Assim, só fundamentos jurídicos que o embasam, o valor da causa e o
caberá reconvenção se ela também seguir o procedimento pedido de intimação do autor, para que, querendo, conteste a
comum ou procedimento que possa converter-se nele. reconvenção. O juiz fará um exame de admissibilidade. Se a
reconvenção for recebida, mandará processar a respectiva
A reconvenção em caso de legitimidade extraordinária anotação pelo distribuidor (art. 286, parágrafo único).

Há casos em que o autor propõe a ação na condição de Como a reconvenção sempre correrá pelo procedimento
legitimado extraordinário, em defesa não de direito próprio, comum, o juiz mandará intimar o autor a, querendo, oferecer
mas de direito alheio. Ele será o substituto processual e o resposta no prazo de quinze dias. A intimação é feita na pessoa
titular do direito será o substituído. Para que o réu possa do advogado do autor, por meio de publicação no Diário Oficial:
reconvir, ele precisa formular pretensão conexa com o sua natureza é de verdadeira citação, uma vez que a
fundamento da ação principal ou com os fundamentos de reconvenção tem natureza de ação e serve para veicular uma
defesa. Mas a pretensão formulada na inicial, embora nova pretensão, do réu em face do autor. Por isso, ela produz
apresentada pelo substituto, diz respeito ao substituído. Para efeitos de citação, como constituir o devedor em mora, induzir
que haja conexão, é preciso que, na reconvenção, a pretensão litispendência e fazer litigiosa a coisa. E o despacho que a
apresentada pelo réu também seja relativa ao substituído. No ordena interrompe a prescrição.
entanto, determina o art. 343, § 5º, que a reconvenção seja
formulada contra o autor, também na qualidade de substituto Quando, porém, no polo passivo da reconvenção, for incluído
processual. Para isso, é preciso que o autor também possa alguém que até então não figurava, haverá necessidade de
figurar como substituto na defesa dos direitos do substituído promover-lhe citação, pois ele não terá advogado constituído.
frente à pretensão apresentada pelo reconvinte. Em suma:
havendo substituição processual na lide originária, caberá O prazo de contestação à reconvenção deverá observar o
reconvenção se o autor reconvindo também puder figurar disposto nos arts. 180, 183 e 229 do CPC. Assim, se a Fazenda
como substituto processual na defesa dos direitos do Pública ou o Ministério Público figurarem no polo ativo da ação
substituído frente à pretensão apresentada pelo reconvinte, principal, terão prazo em dobro para contestar a reconvenção.
E, se houver litisconsortes com advogados diferentes, de
escritórios distintos, os prazos também serão em dobro, salvo Tal presunção é relativa
se o processo for eletrônico. Só pode dizer respeito aos fatos, nunca ao direito.

O reconvindo, além de contestar a reconvenção, poderá A falta de contestação não levará sempre e automaticamente a
oferecer nova reconvenção. Tem-se admitido a possibilidade de procedência de pedido do autor.
reconvenções sucessivas. Por exemplo: A ajuíza ação de É preciso que os fatos sejam verossímeis, possam merecer a
cobrança em face de B. O réu contesta, alegando compensação credibilidade do juiz e não estejam em contradição com a prova
entre aquela dívida e uma outra, proveniente de contrato constante nos autos.
celebrado entre eles, e reconvém, cobrando diferenças em seu
favor, decorrentes da compensação. O autor pode oferecer, Hipóteses de exclusão legal da presunção de veracidade: 341 e
então, uma segunda reconvenção, postulando a anulação do 345
contrato, gerador do débito em que se funda a primeira
reconvenção. Também é possível que, ao contestar a Art. 341.  Incumbe também ao réu manifestar-se
reconvenção, o autor formule pedido de denunciação da lide precisamente sobre as alegações de fato constantes da
ou chamamento ao processo.
petição inicial, presumindo-se verdadeiras as não
impugnadas.
A falta de contestação à reconvenção pode ou não gerar os
efeitos da revelia. É preciso distinguir: se o que foi alegado na Salvo se:
reconvenção é incompatível com os fundamentos de fato e de
direito da petição inicial, não haverá presunção de veracidade. I - não for admissível, a seu respeito, a confissão;
Mas se o pedido reconvencional for conexo, por exemplo, com
os fundamentos da defesa, e estes não forem rebatidos pelo II - a petição inicial não estiver acompanhada de
autor, nem em réplica, nem em contestação à reconvenção, instrumento que a lei considerar da substância do ato;
haverá a presunção.
I-II  fatos que não admitem confissão, ou que só podem ser
A instrução e o julgamento da ação originária e da reconvenção provados por instrumento que a lei considere da substância do
serão feitas em conjunto. ato.

Reconvenção e ações de natureza dúplice


III - estiverem em contradição com a defesa, considerada
Algumas ações, por força de lei, têm natureza dúplice, pois permitem em seu conjunto.
que o réu formule pretensões novas em face do autor, sem precisar
reconvir. São exemplos as possessórias, as que correm no Juizado Parágrafo único.  O ônus da impugnação especificada dos
Especial Cível, as de exigir contas e a renovatória.
fatos não se aplica ao defensor público, ao advogado
Nas ações dúplices, os pedidos formulados na contestação não dativo e ao curador especial.
implicam nova ação. Haverá uma só e um só processo; porém, tal como
ocorre na reconvenção, os pedidos contrapostos passam a gozar de Poderão apresentar contestação por negativa geral.
autonomia, em relação aos principais: havendo desistência ou extinção, Suficiente para afastar a presunção de veracidade.
sem resolução de mérito, das pretensões iniciais, o processo
prosseguirá em relação aos pedidos formulados na contestação.
CAPÍTULO VIII Em uma ação de indenização, se ocorrer a revelia, deve-
se presumir a veracidade quanto aos danos narrados na
DA REVELIA petição inicial. No entanto, esta presunção de veracidade
não alcança a definição do quantum indenizatório
Consequências da omissão do réu em oferecer resposta. indicado pelo autor. STJ. 4ª Turma. REsp 1520659-RJ, Rel.
Min. Raul Araújo, julgado em 1º/10/2015 (Info 574).
Art. 344. Se o réu não contestar a ação, será considerado
revel e presumir-se-ão verdadeiras as alegações de fato Incidem os efeitos materiais da revelia contra o Poder
formuladas pelo autor. Público na hipótese em que, devidamente citado, deixa
de contestar o pedido do autor, sempre que estiver em
 Presunção de veracidade dos fatos litígio uma obrigação de direito privado firmada pela
Descrição dos fatos - elemento principal da causa de pedir. Administração Pública, e não um contrato genuinamente
Cumpre ao réu contrapor-se a eles. Não basta que o faça de
administrativo. STJ. 4ª Turma. REsp 1084745-MG, Rel.
maneira genérica. Tem que impugnar especificamente os fatos
narrados na PI. Os que não forem impugnados presumir-se-ão
Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 6/11/2012 (Info
verdadeiros. 508).
Art. 345. A revelia não produz o efeito mencionado no
Há possibilidade de o réu não ser revel, por ter apresentado art. 344 se:
contestação,
mas sem impugnar especificamente alguns dos fatos, caso em I - havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a
que somente estes serão reputados verdadeiros e dispensarão a
ação;
produção de provas a seu respeito
ou
não se contrapor aos fatos narrados na PI de forma direta, Há fatos que têm cunho genérico e dizem respeito a todos os
negando-os, mas de forma indireta, apresentando fatos réus. Se apenas um deles contestar, contrariando-os, a
modificativos, extintivos ou impeditivos do direito do auto.
presunção de veracidade será afastada em relação a todos, Não será revel o réu que, citado, deixa de oferecer contestação,
porque o fato terá se tornado controvertido. mas apresenta reconvenção, cujos fundamentos não sejam
compatíveis com os da pretensão inicial.
Mas é possível que haja um fato específico, que diga respeito
tão somente a um dos réus e se só este contestar, os demais na Só réu pode ser revel, jamais o autor.
serão beneficiados.
**CONTUMÁCIA (gênero)
Litisconsórcio simples - o julgamento pode ser diferente para os
vários réus e a contestação de um não aproveitará os
Inércia de qualquer das partes, que deixa de praticar um ato
demais.*mas só se presumirão verdadeiros os fatos que não
forem controvertidos. processual que era ônus seu.
Mas se houver contestação que alegue fato comum, que
também diga respeito ao revel, a presunção será afastada. Efeitos da revelia

Litisconsórcio unitário - basta que um conteste para que todos  Presunção de veracidade dos fatos: 341 e 344
sejam beneficiados. (presunção afastada) Desnecessidade de sua intimação para os demais atos do
processo: 346
II - o litígio versar sobre direitos indisponíveis; Os prazos para o revel correm independentemente de
intimação. Mas isso só acontecerá se o réu não tiver constituído
III - a petição inicial não estiver acompanhada de advogado e se posteriormente constituir, passará a ser
instrumento que a lei considere indispensável à prova do intimado por meio do advogado, dos demais atos do processo.
ato; Mas iniciada a fase de cumprimento de sentença e o devedor
não tiver constituído advogado, deverá ser intimado por carta
Juiz não pode considerar verdadeiros fatos atos jurídicos que só com AR(513, §2º,II) .
podem ser provados por documentos.
Art. 406. Quando a lei exigir instrumento público como da **há casos em que a própria lei exime o revel das
substância do ato, nenhuma outra prova, por mais especial que consequências.
seja, pode suprir-lhe a falta.
Desde que citado, o réu, executado ou interessado passou a
IV - as alegações de fato formuladas pelo autor forem
integrar a relação processual (art. 238 do CPC).
inverossímeis ou estiverem em contradição com prova
constante dos autos. O réu tem o ônus de se defender. Não está obrigado a fazê-lo,
pois pode optar por permanecer em silêncio. O juiz não o
Art. 346. Os prazos contra o revel que não tenha patrono forçará a apresentar contestação, se não o desejar. Mas a falta
nos autos fluirão da data de publicação do ato decisório dela poderá trazer consequências gravosas, contrárias aos seus
no órgão oficial. interesses. Por isso, quando citado, ele é advertido das
consequências que advirão da sua omissão (art. 250, II, do CPC).
Parágrafo único.  O revel poderá intervir no processo em
qualquer fase, recebendo-o no estado em que se Ao apresentar a petição inicial, o autor dará a sua versão dos
encontrar. fatos, que embasam a pretensão. O juiz não os conhece e dará
oportunidade ao réu para apresentar a versão dele. Em sua
Súmula 231 STF- O revel, em processo cível, pode produzir resposta, poderá negar os fatos alegados pelo autor (defesa
provas desde que compareça em tempo oportuno. direta) ou admiti-los, apresentando fatos modificativos,
impeditivos ou extintivos do direito do autor. Nesse último
caso, este terá chance de se manifestar novamente, a respeito
REVELIA (espécie)
dos fatos alegados (réplica).
Consequências da omissão do réu em oferecer resposta, que
Há necessidade de que o juiz ouça ambas as partes, dando-lhes
quando citado será advertido.
igual atenção. Se os fatos se tornam controvertidos e há
Em sua resposta, poderá negar os fatos alegados pelo autor necessidade de provas, ele determinará a instrução.
(defesa direta) ou admiti-los, apresentando fatos modificativos,
Haverá revelia se o réu, citado, não apresentar contestação. O
impeditivos ou extintivos do direito do autor.
revel é aquele que permaneceu inerte, ou então aquele que
Haverá revelia se réu, citado, não apresentar contestação. O ofereceu contestação, mas fora de prazo. Ou, ainda, aquele que
revel é aquele que permaneceu inerte, ou ofereceu apresenta contestação, mas sem impugnar os fatos narrados na
contestação fora do prazo. Ou ainda, aquele que apresenta petição inicial pelo autor. Em contrapartida, não será revel o
contestação mas sem impugnar os fatos narrados na petição réu que, citado, deixa de oferecer contestação, mas apresenta
inicial pelo autor. reconvenção, cujos fundamentos não sejam compatíveis com
os da pretensão inicial. Também será revel o réu que
Será revel réu que comparecer aos autos, constituindo comparecer aos autos, constituindo advogado, se este não
advogado, se este na apresentar contestação. apresentar contestação.
Revelia e contumácia narrados na inicial, que, salvo as exceções legais, presumir-se-
ão verdadeiros. Há possibilidade de o réu não ser revel, por ter
A revelia é a omissão do réu, que não se contrapõe ao pedido apresentado contestação, mas sem impugnar especificamente
formulado na inicial. alguns dos fatos, caso em que somente estes serão reputados
verdadeiros e dispensarão a produção de provas a seu respeito;
Já a contumácia é a inércia de qualquer das partes, que deixa
ou não se contrapor aos fatos narrados na petição inicial de
de praticar um ato processual que era ônus seu.
forma direta, negando-os, mas de forma indireta, apresentando
fatos modificativos, extintivos ou impeditivos do direito do
Só o réu pode ser revel; jamais o autor. Mas contumaz pode ser
autor.
qualquer das partes.

Sendo a presunção de veracidade dos fatos consequência assaz


A revelia é uma espécie do gênero contumácia, específica para
gravosa, o juiz deve aplicá-la com cuidado. Tal presunção não é
a hipótese de o réu não apresentar defesa.
absoluta, mas relativa, e sofre atenuações, que devem ser
Efeitos da revelia observadas.

A revelia é a condição do réu que não apresentou contestação. Ela só pode dizer respeito aos fatos, nunca ao direito: fará o
Dela poder-lhe-ão advir duas consequências de grande juiz, em princípio, concluir que eles ocorreram na forma como o
importância: a presunção de veracidade dos fatos narrados na autor os narrou, mas não o obrigará a extrair as consequências
petição inicial e a desnecessidade de sua intimação para os jurídicas pretendidas por ele.
demais atos do processo.
Disso decorre que a falta de contestação não levará sempre e
Por isso, contestar no prazo e impugnar especificamente os automaticamente à procedência do pedido do autor. Há casos,
fatos que fundamentam a pretensão inicial é um ônus do réu. O por exemplo, em que a questão de mérito é exclusivamente de
seu descumprimento poderá levá-lo a suportar consequências direito, e a falta de contestação não repercutirá diretamente no
processuais gravosas. resultado.

Mas não se pode confundir a revelia, isto é, o estado Além disso, é preciso que os fatos sejam verossímeis, possam
processual daquele que não apresentou contestação, com os merecer a credibilidade do juiz e não estejam em contradição
efeitos dela decorrentes, porque há casos em que a própria lei com a prova constante dos autos. Ele não poderá, ao formar
exime o revel das consequências. sua convicção, dar por verdadeiros os que contrariam o senso
comum, ou que são inverossímeis.
Os dispositivos legais que tratam das consequências da revelia
são os arts. 341 e 344, relacionados à presunção de veracidade, Em síntese, só dará por verdadeiros os fatos que não
e o art. 346, relativo à desnecessidade de intimação para os contrariarem a sua convicção, como expressamente dispõe o
demais atos do processo, e à fluência dos prazos, para ele, a art. 20 da Lei n. 9.099/95, que pode ser aplicado aos processos
partir da publicação do ato decisório no órgão oficial. em geral.

Presunção de veracidade dos fatos Além disso, conquanto o réu não tenha apresentado
contestação, pode ter, de alguma outra maneira, tornado
Na petição inicial, o autor exporá os fatos em que se controvertidos os fatos. É possível, por exemplo, que tenha
fundamenta o pedido. A descrição dos fatos é indispensável, reconvindo, com fundamentos incompatíveis com os da petição
pois constituirá o elemento principal da causa de pedir e servirá inicial. Se isso ocorrer, não haverá a presunção de veracidade
para identificar a ação. dos fatos que tenham sido contrariados.

Cumpre ao réu contrapor-se a eles, manifestando-se Se, em caso de revelia, o juiz deixar de considerar verdadeiros
precisamente. Não basta que o faça de maneira genérica. O um ou alguns dos fatos, deverá expor as razões de sua
ônus do réu é de que impugne especificamente, precisamente, convicção de forma fundamentada.
os fatos narrados na petição inicial. Os que não forem
impugnados presumir-se-ão verdadeiros. *Hipóteses de exclusão legal da presunção de veracidade

Ora, se o réu é revel, não apresentou contestação válida, o juiz, Além de relativa a presunção, há hipóteses – nos arts. 341 e
em princípio, há de presumir verdadeiros todos os fatos 345 do CPC – em que a lei a afasta expressamente. Cada uma
narrados na petição inicial, e, se estes forem suficientes para o delas será estudada nos itens subsequentes.
acolhimento do pedido, estará autorizado a julgar de imediato,
1-Pluralidade de réus, quando um deles contesta a ação
conforme art. 355, II, do CPC. O art. 344 estabelece que, “se o
réu não contestar a ação, será considerado revel e presumir-se-
Essa causa de exclusão está prevista no art. 345, I, do CPC. A
ão verdadeiras as alegações de fato formuladas pelo autor”.
redação do dispositivo poderia levar à falsa impressão de que,
em qualquer espécie de litisconsórcio, a contestação
Necessária a seguinte distinção: o réu revel é aquele que não
apresentada por um dos réus poderia ser aproveitada pelos
contestou de forma válida, não impugnando nenhum dos fatos
demais. Mas não é assim. Há dois regimes de litisconsórcio: o
da independência entre os litisconsortes, em que os atos Parece-nos que, em relação à separação judicial, é preciso
praticados por um deles não beneficiam os demais; e o da distinguir. Há aspectos da separação que são disponíveis, como
vinculação, em que, ainda que realizado por apenas um, o ato os relativos às causas da dissolução da sociedade conjugal; e há
processual beneficiará a todos os demais. aspectos indisponíveis, como os que dizem respeito à guarda e
educação dos filhos. Só haverá revelia em relação àquilo que
Em princípio, no litisconsórcio simples, em que o julgamento disser respeito aos aspectos disponíveis. É o que ficou decidido
pode ser diferente para os vários réus, o regime é o da nos acórdãos publicados em RSTJ 124/273 e RT 672/199.
independência, e a contestação de um não aproveitará aos
demais; já no unitário, o regime é o da vinculação, e basta que Quanto à Fazenda Pública, prevalece o entendimento de que
um conteste para que todos sejam beneficiados. Mas, no não se aplicam os efeitos da revelia, mas com ressalvas. Como
litisconsórcio simples, é necessário fazer uma distinção, ficou decidido no REsp 635.996/SP, publicado no DJU de 17 de
lembrando que só se presumirão verdadeiros os fatos que não dezembro de 2007, Rel. Min. Castro Meira: “A não aplicação
forem controvertidos. dos efeitos da revelia à Fazenda Pública não pode servir como
um escudo para que os entes públicos deixem de impugnar os
Há fatos que têm cunho genérico e dizem respeito a todos os argumentos da parte contrária, não produzam as provas
réus. Se apenas um deles contestar, contrariando-os, a necessárias na fase de instrução e, apesar disso, busquem
presunção de veracidade será afastada em relação a todos, reverter as decisões em sede recursal.
porque o fato terá se tornado controvertido. Mas é possível
que haja um fato específico, que diga respeito tão somente a 3. A petição inicial desacompanhada de instrumento público
um dos réus. E se só este contestar, os demais não serão que a lei considere indispensável à prova do ato
beneficiados.
A hipótese vem mencionada no art. 345, III, e no art. 341, II, do
Por exemplo: uma ação de reparação de danos por acidente de CPC. O juiz não poderá presumir verdadeiros atos jurídicos que
trânsito, ajuizada em face do suposto proprietário do veículo e só podem ser provados por documentos, como, entre outros,
da pessoa que o dirigia no momento do acidente. Se só o os contratos de venda de bens imóveis, que dependem de
suposto proprietário contestar a ação, alegando a inexistência escritura pública, da própria substância do negócio. Por isso, o
de dano ou de culpa de quem dirigia o seu veículo, o juiz não art. 406 do CPC estabelece que “quando a lei exigir instrumento
poderá presumir a existência do dano ou da culpa em relação público, como da substância do ato, nenhuma outra prova, por
ao corréu, que ficou revel, porque conquanto ele não tenha mais especial que seja, pode suprir-lhe a falta”.
contestado, os fatos foram controvertidos por quem contestou.
Mas, se ele apenas impugnar a sua condição de proprietário, Sem o instrumento público, a existência do negócio que o exige
sem impugnar os demais fatos, estes se presumirão não poderá ser demonstrada, porque ele não terá se
verdadeiros em relação àquele que não contestou. aperfeiçoado.

Portanto, não haverá presunção de veracidade quando: a) 4. Alegação de fato inverossímil ou em contradição com a
houver contestação de um litisconsorte unitário; b) houver prova constante dos autos
contestação de um litisconsorte simples, que alegue fato
É a hipótese do art. 345, IV.
comum, que também diga respeito ao revel.
Hipóteses em que não há presunção de veracidade ainda que
2-Litígio que versa sobre interesse indisponível
não haja impugnação especificada dos fatos narrados na
A hipótese vem tratada no art. 345, II, do CPC: se da revelia inicial
pudesse resultar a presunção de veracidade dos fatos, estaria
Nos itens anteriores, foram examinadas as hipóteses em que,
aberta a via para que o réu pudesse dispor de direitos, ainda
mesmo não tendo o réu apresentado contestação, não se
que indisponíveis, deixando de apresentar contestação. Afinal,
presumiam verdadeiros os fatos narrados na inicial. São as
por meio da sua omissão, poderia alcançar resultado
situações tratadas no art. 345 do CPC.
equivalente ao que obteria com o reconhecimento jurídico do
pedido.
O art. 341 e seu parágrafo único versam sobre a necessidade de
que a contestação impugne de forma precisa, específica, os
Não há vedação a que, em processos que versem sobre litígios
fatos narrados na inicial e sobre a presunção de veracidade
dessa natureza, o réu seja revel. A restrição é à presunção de
daqueles que não forem contrariados. Os ônus impostos nos
veracidade dos fatos, decorrente da revelia.
arts. 341 e 344 são semelhantes: se o réu não contestar,
São indisponíveis, em regra, os direitos extrapatrimoniais ou presumir-se-ão verdadeiros todos os fatos narrados na inicial,
públicos, sobre os quais não se admite confissão. E são já que nada terá sido contrariado (salvo as exceções do art.
disponíveis os direitos patrimoniais e privados, sobre os quais 345). Se o réu contestar, mas impugnar especificamente
se pode transigir. somente alguns fatos, os demais se presumirão verdadeiros,
ressalvadas as exceções do art. 341 e incisos e seu parágrafo
Há controvérsia sobre a aplicação da presunção nas ações de único.
separação judicial e naquelas em que a ré é a Fazenda Pública.
O primeiro e o segundo incisos do art. 341 tratam de fatos que demonstrou desinteresse pelo processo. No entanto, concluída
não admitem confissão, ou que só podem ser provados por a fase de conhecimento e iniciada a de cumprimento de
instrumento que a lei considere da substância do ato. Trata-se sentença, o devedor que não tiver advogado constituído nos
das mesmas situações já examinadas nos itens anteriores. autos deverá ser intimado por carta com aviso de recebimento,
nos termos do art. 513, § 2º, II, do CPC.
O terceiro inciso alude aos fatos que estiverem em contradição
com a defesa, considerada em seu conjunto. Às vezes, o réu O revel poderá a qualquer tempo ingressar no processo e
deixa de impugnar especificamente um fato, mas a resposta participar dos atos processuais que se realizem daí em diante,
apresentada, seja em contestação, seja em reconvenção, o passando a ser intimado desde que constitua advogado. A
contraria. A rigor, esse inciso seria dispensável, já que o fato dispensa de intimação decorrente da revelia não é definitiva,
que está em confronto com a defesa como um todo é podendo o réu, a qualquer tempo, participar.
controvertido e não incontroverso.
Essa é a razão da Súmula 231 do Supremo Tribunal Federal: “O
Por fim, o parágrafo único alude a determinados entes que revel, em processo cível, pode produzir provas, desde que
estão dispensados do ônus de impugnação específica dos fatos, compareça em tempo oportuno”.
o que será examinado no item seguinte.
Revelia em processo de execução e em tutela cautelar
Entes que não têm o ônus da impugnação especificada antecedente

O art. 341, parágrafo único, do CPC estabelece que “o ônus da No processo de execução não se pode falar em revelia porque o
impugnação especificada dos fatos não se aplica ao defensor réu não é citado para apresentar contestação, controvertendo
público, ao advogado dativo e ao curador especial”. Esses entes os fatos narrados na inicial, mas para pagar, entregar alguma
poderão apresentar contestação por negativa geral, o que será coisa, fazer ou deixar de fazer algo. O juiz, na execução, não
suficiente para afastar a presunção de veracidade dos fatos proferirá sentença de mérito, mas, verificando que há título
narrados na inicial. executivo, determinará as providências executivas postuladas,
contra as quais o devedor poderá opor-se, por meio da ação
A razão para o benefício é a dificuldade que eles poderiam autônoma de embargos.
enfrentar, se obrigados à impugnação específica. O curador
especial, nomeado em favor do réu revel citado fictamente, por Quando houver requerimento de tutela provisória cautelar
exemplo, dificilmente terá condições de conhecer os fatos, já antecedente, o réu será citado para no prazo de cinco dias
que, em regra, não tem contato com o réu. Na mesma situação contestar o pedido. Se não o fizer, será revel, e disso advirão as
podem estar o defensor dativo e o defensor público. mesmas consequências que no processo de conhecimento. É o
que diz o art. 307 do CPC: “Não sendo contestado o pedido, os
Desnecessidade de intimação do revel fatos alegados pelo autor presumir-se-ão aceitos pelo réu como
ocorridos, caso em que o juiz decidirá dentro de 5 (cinco) dias”.
Da revelia decorrem dois efeitos principais: a presunção de
veracidade, examinada nos itens anteriores, e a desnecessidade
de intimação do revel.

Prevê o art. 346 do CPC que “Os prazos contra o revel que não
tenha patrono nos autos fluirão da data de publicação do ato
decisório no órgão oficial”. O parágrafo único acrescenta que
“O revel poderá intervir no processo em qualquer fase,
recebendo-o no estado em que se encontrar”.

Se o revel não tem advogado, com a publicação no órgão oficial


só será intimado o advogado da parte contrária. Mesmo assim,
o prazo para o revel começa a correr. Portanto, para ele, os
prazos correm independentemente de intimação. Para isso, não
basta a revelia do réu, sendo imprescindível que ele não tenha
patrono nos autos. Pode ocorrer que ele tenha constituído
advogado que não tenha apresentado contestação, ou o tenha
feito fora do prazo. Haverá revelia, mas o réu continuará sendo
intimado, por meio do seu advogado, dos demais atos do
processo.

Pela mesma razão, se o réu constituir advogado


posteriormente, a partir de então passará a ser intimado.

Mas, sendo revel e não tendo advogado constituído, os prazos


correrão para ele independentemente de intimação, pois
Seção II
Do Fato Impeditivo, Modificativo ou Extintivo do Direito
do Autor

Art. 350.  Se o réu alegar fato impeditivo, modificativo ou


extintivo do direito do autor, este será ouvido no prazo
de 15 (quinze) dias, permitindo-lhe o juiz a produção de
prova.

Seção III
Das Alegações do Réu

Art. 351.  Se o réu alegar qualquer das matérias


enumeradas no art. 337, o juiz determinará a oitiva do
autor no prazo de 15 (quinze) dias, permitindo-lhe a
produção de prova.

Art. 337.  Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito,


alegar:

I - inexistência ou nulidade da citação; (preliminar


dilatória – d)

II - incompetência absoluta e relativa; (d)

III - incorreção do valor da causa; (preliminar


peremptória – p)
IV - inépcia da petição inicial; (p)

V - perempção; (p)

VI - litispendência; (p)

VII - coisa julgada; (p)

VIII - conexão; (d)

CAPÍTULO IX IX - incapacidade da parte, defeito de representação ou


DAS PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES E DO SANEAMENTO falta de autorização; (p)

FASE SANEADORA/ORDINATÓRIA X - convenção de arbitragem; (p)

XI - ausência de legitimidade ou de interesse processual;


Art. 347.  Findo o prazo para a contestação, o juiz (p)
tomará, conforme o caso, as providências preliminares XII – falta de caução ou de outra prestação que a lei exige
constantes das seções deste Capítulo. como preliminar; (p)

Seção I Art. 352.  Verificando a existência de irregularidades ou


Da Não Incidência dos Efeitos da Revelia de vícios sanáveis, o juiz determinará sua correção em
prazo nunca superior a 30 (trinta) dias.
Art. 348.  Se o réu não contestar a ação, o juiz,
verificando a inocorrência do efeito da revelia previsto Art. 353.  Cumpridas as providências preliminares ou não
no art. 344, ordenará que o autor especifique as provas havendo necessidade delas, o juiz proferirá julgamento
que pretenda produzir, se ainda não as tiver indicado. conforme o estado do processo, observando o que
dispõe o Capítulo X.
Art. 349.  Ao réu revel será lícita a produção de provas,
contrapostas às alegações do autor, desde que se faça
representar nos autos a tempo de praticar os atos
processuais indispensáveis a essa produção.
Parágrafo único.  A decisão a que se refere o caput pode
dizer respeito a apenas parcela do processo, caso em que
será impugnável por agravo de instrumento.

Seção II
Do Julgamento Antecipado do Mérito

Art. 355.  O juiz julgará antecipadamente o pedido,


proferindo sentença com resolução de mérito, quando:

I - não houver necessidade de produção de outras


provas;
II - o réu for revel, ocorrer o efeito previsto no art. 344 e
não houver requerimento de prova, na forma do art.
349.

CAPÍTULO X
DO JULGAMENTO CONFORME O ESTADO DO PROCESSO
Juiz tentará decidir
Seção III
Seção I Do Julgamento Antecipado Parcial do Mérito
Da Extinção do Processo 487 , I

Art. 354.  Ocorrendo qualquer das hipóteses previstas Art. 356.  O juiz decidirá parcialmente o mérito quando
nos arts. 485 e 487, incisos II e III, o juiz proferirá um ou mais dos pedidos formulados ou parcela deles:
sentença.
I - mostrar-se incontroverso;

II - estiver em condições de imediato julgamento, nos


termos do art. 355.

§ 1o A decisão que julgar parcialmente o mérito poderá


reconhecer a existência de obrigação líquida ou ilíquida.

§ 2o A parte poderá liquidar ou executar, desde logo, a


obrigação reconhecida na decisão que julgar
parcialmente o mérito, independentemente de caução,
ainda que haja recurso contra essa interposto.
Atenção aos arts. 520, IV e 521. Regra estática.
Exceção- teoria da carga dinâmica
§ 3o Na hipótese do § 2o, se houver trânsito em julgado IV - delimitar as questões de direito relevantes para a
da decisão, a execução será definitiva. decisão do mérito;

§ 4o A liquidação e o cumprimento da decisão que julgar V - designar, se necessário, audiência de instrução e
parcialmente o mérito poderão ser processados em julgamento.
autos suplementares, a requerimento da parte ou a
critério do juiz. § 1o Realizado o saneamento, as partes têm o direito de
pedir esclarecimentos ou solicitar ajustes, no prazo
§ 5o A decisão proferida com base neste artigo é comum de 5 (cinco) dias, findo o qual a decisão se torna
impugnável por agravo de instrumento. estável.
Não cabe recurso em tese.
Ver 1015, ix

§ 2o As partes podem apresentar ao juiz, para


homologação, delimitação consensual das questões de
fato e de direito a que se referem os incisos II e IV, a
qual, se homologada, vincula as partes e o juiz.
Negócio jurídico processual.

§ 3o Se a causa apresentar complexidade em matéria de


fato ou de direito, deverá o juiz designar audiência para
que o saneamento seja feito em cooperação com as
partes, oportunidade em que o juiz, se for o caso,
convidará as partes a integrar ou esclarecer suas
alegações.
Saneamento compartilhado

§ 4o Caso tenha sido determinada a produção de prova


testemunhal, o juiz fixará prazo comum não superior a 15
(quinze) dias para que as partes apresentem rol de
testemunhas.

§ 5o Na hipótese do § 3o, as partes devem levar, para a


audiência prevista, o respectivo rol de testemunhas.

§ 6o O número de testemunhas arroladas não pode ser


superior a 10 (dez), sendo 3 (três), no máximo, para a
Seção IV prova de cada fato.
Do Saneamento e da Organização do Processo
Juiz vai declarar saneado o processo § 7o O juiz poderá limitar o número de testemunhas
levando em conta a complexidade da causa e dos fatos
individualmente considerados.
Art. 357.  Não ocorrendo nenhuma das hipóteses deste
Capítulo, deverá o juiz, em decisão de saneamento e de § 8o Caso tenha sido determinada a produção de prova
organização do processo: pericial, o juiz deve observar o disposto no art. 465 e, se
possível, estabelecer, desde logo, calendário para sua
Preparar o processo para continuar com os debates. realização.

I - resolver as questões processuais pendentes, se § 9o As pautas deverão ser preparadas com intervalo
houver; mínimo de 1 (uma) hora entre as audiências.

II - delimitar as questões de fato sobre as quais recairá a


atividade probatória, especificando os meios de prova
admitidos;

III - definir a distribuição do ônus da prova, observado


o art. 373;
cabendo ao autor prová-los. Se o réu revel comparecer a
tempo aos autos, fazendo-se representar por advogado,
poderá também produzir provas, contrapondo-se às
alegações do autor. Como não contestou, não poderá
produzir provas de eventuais fatos impeditivos,
extintivos ou modificativos do direito do autor, porque,
sendo revel, não os terá alegado. Entretanto, desde que
compareça em tempo hábil, poderá produzir provas
contrárias aos fatos alegados pelo autor, isto é, aos fatos
constitutivos do direito deste (art. 349).

Além das provas requeridas pelo autor, o juiz pode


determinar outras, que entenda proveitosas (art. 370 do
CPC).

2. ESPECIFICAÇÃO DE PROVAS

O Código de Processo Civil só alude à especificação das


provas no art. 348, quando o réu não contesta, mas a
revelia não produz o efeito de fazer presumir verdadeiros
os fatos narrados na inicial.

Mesmo quando o réu contesta, têm sido comuns, na


prática, os casos em que o juiz, antes de proferir a
decisão de saneamento ou organização do processo,
determina às partes que especifiquem provas.
Anteriormente, as partes ainda não sabiam quais os fatos
controvertidos: o autor, porque ainda não havia
contestação; e o réu, porque ainda não tinha sido dada
ao autor a possibilidade de réplica. Por isso, os protestos
de provas na inicial e na contestação são
frequentemente genéricos. As partes costumam
manifestar interesse em todas as provas autorizadas em
direito.

Mas, uma vez que a lei não impõe a especificação de


provas, exceto na hipótese do art. 348, o juiz poderá,
salvo nesse caso, dispensá-la, determinando, ele mesmo,
após leitura atenta dos autos, as provas necessárias para
formar a sua convicção. Se não a dispensar, as partes
deverão informar as provas que pretendem produzir,
1. A REVELIA E O JULGAMENTO ANTECIPADO DO
esclarecendo a necessidade de cada uma. A especificação
MÉRITO
não vincula nem as partes, nem o juiz: ainda que uma das
partes tenha requerido o julgamento antecipado, caso o
A revelia pode:
juiz venha marcar audiência de instrução e julgamento,
poderá requerer, no prazo legal, prova oral.
- Não gerar a presunção de veracidade dos fatos
narrados na petição inicial. - -> especificar provas que
O juiz poderá indeferir as provas desnecessárias, bem
pretenda produzir na audiência, se ainda não as tiver
como determinar aquelas que, embora não requeridas,
indicado -345
possam contribuir para a sua convicção.
- Gerar a presunção dos fatos - -> não havendo
controvérsia sobre os fatos - proferir desde logo a
3. RÉPLICA
sentença em julgamento antecipado de mérito – 355, II.
Quando o réu apresentar contestação, o juiz verificará a
Tendo transcorrido in albis o prazo de resposta, o juiz
necessidade de dar ao autor nova oportunidade de se
deverá verificá-lo.
manifestar, o que ocorre quando ele alega preliminares
do art. 337, ou apresenta fatos impeditivos, extintivos ou
Se não são aplicáveis os efeitos da revelia, todos os fatos
narrados na inicial reputar-se-ão controvertidos,
modificativos do direito do autor. São as hipóteses Contudo, concluída a fase postulatória, a intervenção
previstas nos arts. 350 e 351 do CPC. saneadora é especialmente importante, porque o
processo chega a um ponto decisivo em que ou o juiz já
O que justifica a réplica é a exigência do contraditório, estará apto para julgar, ou verificará a necessidade de
pois, nas hipóteses mencionadas, o réu traz ao processo provas e as determinará – em qualquer dos casos, exige-
questões novas, sobre as quais o autor não teve ainda se que o processo esteja regular.
oportunidade de falar:
É importante, ainda, porque a decisão saneadora
estabilizará definitivamente a demanda. O art. 329, II,
-no caso das preliminares, questões processuais que veda, em qualquer circunstância, a alteração do pedido
poderão levar à extinção do processo sem resolução do ou da causa de pedir após o saneamento do processo.
mérito;
Se houver vício ou irregularidade insanável, o juiz
-no das defesas indiretas, fatos novos, contra os quais o extinguirá o processo sem resolução de mérito.
autor poderá se contrapor.
Se sanável, determinará as providências necessárias.
Essa oportunidade o autor deverá exercer no prazo de Seria impossível enumerar aqui todas as possibilidades.
quinze dias, a contar da data em que intimado da
contestação. Há vícios que se sanam pela intervenção judicial tão
somente; há outros que dependem da atuação de uma
Nem sempre o juiz dará ao autor a possibilidade de das partes. Por exemplo, constatando o juízo que é
réplica: se o réu tiver se limitado, na contestação, a negar absolutamente incompetente, bastará que remeta os
os fatos narrados na inicial, ela será desnecessária. autos ao juízo competente; verificando que falta a
procuração do advogado de uma das partes, concederá
O conteúdo da réplica deverá ficar restrito às prazo para regularização.
preliminares e aos fatos extintivos, impeditivos ou
modificativos do direito do autor alegados na Pode ocorrer que a solução do vício exija que o processo
contestação. retroaja à fase anterior. Por exemplo, se o juiz constatar
que há vício de citação de um dos réus, ou que falta um
Não há previsão legal de tréplica. Depois da réplica, o juiz litisconsorte necessário, que precisa ser citado.
não dará nova oportunidade de manifestação ao réu,
porque o autor não pode nela inovar, formulando novos
pedidos ou causas de pedir. Mas, excepcionalmente, 5|6. JULGAMENTO CONFORME O ESTADO DO
poderá mandar ouvir o réu, ainda uma vez, se, na réplica, PROCESSO
o autor juntar documentos novos ou suscitar questões
processuais que ainda não tinham sido arguidas. Sanadas eventuais irregularidades, o juiz, depois de ler as
manifestações das partes, terá de verificar se o processo
Os dois artigos que tratam da réplica – o 350 e o 351 – ou ao menos um ou alguns dos pedidos estão ou não em
autorizam o autor à produção de prova: se ela tornar condições de serem julgados desde logo.
controvertidas quaisquer das matérias alegadas nos dois
dispositivos e a controvérsia não puder ser dirimida por Há casos em que:
prova documental, o juiz abrirá a fase de instrução,
autorizando todos os tipos de prova necessários. - Concluída a fase postulatória e saneados eventuais
vícios, todos os elementos necessários para o
julgamento, seja de todos os pedidos, seja de alguns
deles, estarão nos autos; -->julgamento antecipado do
4. REGULARIZAÇÃO mérito/parcial de mérito.

O art. 352 do CPC determina que “verificando a - E há outros em que há necessidade de produção de
existência de irregularidades ou de vícios sanáveis, o juiz provas.
determinará sua correção em prazo nunca superior a Fase postulatória concluída
trinta dias”. Sanados os vícios
Necessidade de provas --> abrir fase de instrução
Ao longo de todo o processo, o juiz exerce função
fiscalizadora e saneadora. O dispositivo poderia trazer a Quando ele julga todos os pedidos logo após a conclusão
impressão falsa de que só após a contestação do réu o da fase postulatória, sem abrir a fase instrutória, diz-se
juiz poderia determinar o saneamento de eventuais que há o julgamento antecipado do mérito. Quando,
vícios, mas, sempre que eles forem constatados, deverá nessa fase, julga não todos, mas um ou alguns dos
fazê-lo. pedidos, ou parcela deles, haverá julgamento antecipado
parcial de mérito.
provas, sem proferir decisão saneadora, necessária
Há quatro possibilidades: apenas para a abertura da fase de instrução.

de que o juiz extinga o processo, nas hipóteses dos arts. A expressão “julgamento antecipado do mérito” fica
485 e 487, II e III,a, b e c; restrita à hipótese em que o juiz examine o pedido do
autor, proferindo sentença de procedência ou de
de que promova o julgamento antecipado do mérito; improcedência (art. 487, I, do CPC).

de que promova o julgamento antecipado parcial do Há duas situações em que caberá o julgamento
mérito; antecipado. Nelas, como não há necessidade de
instrução, passa-se diretamente da fase postulatória e
de que, verificando a necessidade de provas, determine a ordinatória para a decisória, sem que, entre elas, haja a
abertura da fase de instrução, depois de proferir a fase instrutória. As hipóteses são:
decisão de saneamento e organização do processo. Cada
uma será examinada em item separado.
quando o réu não contestar e a revelia fizer presumir
verdadeiros os fatos narrados na inicial (art. 355, II, do
5|6.1. EXTINÇÃO DO PROCESSO CPC);

Vem mencionada no art. 354 do CPC: “Ocorrendo quando não houver necessidade de produção de outras
qualquer das hipóteses previstas nos arts. 485 e 487, provas (art. 355, I).
incisos II e III, o juiz proferirá sentença”.
No primeiro caso, as provas são desnecessárias em razão
Os dispositivos mencionados abrangem a extinção sem da presunção de veracidade decorrente da revelia. O juiz
resolução de mérito (art. 485 – aprecia o pedido), estará habilitado a julgar, uma vez que, ante a falta de
contestação, os fatos resultaram incontroversos.
e a resolução de mérito, quando o juiz não aprecia o
pedido das partes- 487,II, (no caso das chamadas “falsas Na segunda hipótese, ou a controvérsia recai apenas
sentenças de mérito”). São as hipóteses de renúncia do sobre questão de direito e sobre as consequências
direito, transação, reconhecimento jurídico do pedido ou jurídicas que se quer extrair dela, caso em que, quando
reconhecimento de prescrição ou decadência. muito, se poderá exigir a prova documental da vigência
de lei estrangeira ou de legislação estadual, municipal ou
O disposto no art. 354 poderia trazer a falsa impressão consuetudinária (art. 376 do CPC), ou sobre fatos, mas
de que, somente na fase ordinatória, o juiz poderia que não precisarão ser comprovados (por exemplo,
sentenciar o processo, com fulcro nas causas porque são notórios ou presumidos) ou que poderão sê-
mencionadas. Mas não é assim: ele o fará sempre que lo por documentos.
essas causas se apresentarem. Se com a apresentação da
inicial verificar que falta uma das condições da ação, Há, em nosso ordenamento, uma hipótese em que o
determinará o seu indeferimento, com fulcro no art. 485, julgamento de mérito será ainda mais antecipado do que
I, ou, se na fase de instrução houver transação ou nas do art. 355 do CPC. Trata-se da improcedência
reconhecimento do pedido, os homologará e extinguirá o liminar, prevista nas hipóteses do art. 332, em que o juiz
processo, com resolução de mérito. julgará o pedido totalmente improcedente, sem nem
mesmo mandar citar o réu. Tal situação não se confunde
Portanto, a aplicação do art. 354 não está restrita a essa com as do art. 355, que pressupõem que o réu já tenha
fase do processo, mas se estende a qualquer uma em sido citado.
que as causas de extinção se apresentem.
Proferido o julgamento antecipado do art. 355, a parte
PI --> falta de condições da ação --> 485,I fase de inconformada poderá apelar, suscitando no recurso,
instrução -->transação, reconhecimento, pedido... entre outras coisas, eventual cerceamento de defesa, por
não lhe ter sido dada a possibilidade de produção de
5|6.2. JULGAMENTO ANTECIPADO DO MÉRITO provas.

Concluída a fase postulatória, cumprirá ao juiz verificar 6.3. JULGAMENTO ANTECIPADO PARCIAL DO MÉRITO
se já há nos autos elementos suficientes para o
julgamento integral do mérito, para o julgamento parcial, Concluída a fase postulatória, pode acontecer que não
ou se há necessidade de produção de provas em seja possível promover o julgamento imediato de todos
audiência. os pedidos, mas que alguns deles estejam em condições
de julgamento.
No primeiro caso, promoverá o julgamento antecipado
do mérito, que pressupõe a desnecessidade de outras
O CPC autoriza o juiz a proferir o julgamento de mérito - Em razão da possibilidade de um dos pedidos ou parte
parcial, de um ou alguns dos pedidos, ou parte deles, dele ser julgado antes da sentença, por decisão
sem pôr fim ao processo ou à fase de conhecimento, que interlocutória de mérito, o art. 502 denomina coisa
devem prosseguir porque os demais pedidos ou parte julgada material a autoridade que torna imutável e
deles precisam ser instruídos. indiscutível a decisão de mérito (decisão aqui em sentido
amplo, abrangendo sentenças e decisões interlocutórias)
Estabelece o art. 356 que o juiz decidirá parcialmente o não mais sujeitas a recurso
mérito quando um ou mais dos pedidos formulados ou
parcela deles mostrar-se incontroverso ou estiver em - O art. 503 estabelece que a decisão que julga total ou
condições de imediato julgamento, nos termos do art. parcialmente o mérito tem força de lei nos limites da
355. Imagine-se, por exemplo, que o autor formule duas questão principal expressamente decidida.
pretensões na petição inicial. O réu, em contestação,
impugna apenas os fatos em que se funda uma delas, É também por essa razão que o CPC prevê o cabimento
tornando necessária a produção de provas, sem de ação rescisória contra decisão de mérito (expressão
impugnar a outra. O juiz decidirá parcialmente o mérito, que abrange as sentenças e decisões interlocutórias de
julgando a pretensão incontroversa, por decisão mérito). O prazo para exercer o direito à rescisão
interlocutória, e determinará o prosseguimento do continua sendo de dois anos, mas a contar do trânsito
processo para a produção de provas em relação à outra em julgado da última decisão proferida no processo.
pretensão. Portanto, se houver mais de uma decisão de mérito, os
dois anos não contarão do trânsito em julgado de cada
O processo só terá uma sentença, já que ela é o ato que uma delas, mas da última (art. 975).
lhe põe fim ou encerra a fase de conhecimento. Todavia,
o mérito poderá ser apreciado não apenas na sentença, 7. SANEAMENTO E ORGANIZAÇÃO DO PROCESSO
mas em decisões de mérito, proferidas em caráter
interlocutório. Não sendo caso de julgamento antecipado, total ou
parcial do mérito, e tomadas as providências
Serão decisões interlocutórias de mérito as que, no curso preliminares, o juiz proferirá decisão de saneamento e
do processo e antes da sentença, julgarem parcialmente organização do processo.
as pretensões formuladas.
Como já houve a audiência de conciliação ou mediação,
A decisão pode dizer respeito a algumas dessas em regra não será designada nova audiência para
pretensões, quando houver cumulação, ou a parcela de conciliação e saneamento do processo.
uma delas.
O saneamento e a organização do processo devem ser
Esse julgamento antecipado parcial de mérito é feito por feitos por decisão interlocutória, na qual o juiz resolverá
decisão interlocutória e não sentença, e o recurso cabível as questões processuais pendentes, se houver;
será o de agravo de instrumento (art. 1.015, II). Mas é
feito em caráter definitivo e em cognição exauriente. delimitará as questões de fato sobre as quais recairá a
atividade probatória, especificando os meios de prova
Julgamento antecipado parcial de mérito --> decisão admitidos;
interlocutória --> agravo de instrumento
definirá a distribuição do ônus da prova, delimitará as
Proferido o julgamento parcial, a parte poderá: questões de direito relevantes para a decisão de mérito e
designará, se necessário, audiência de instrução e
- Liquidar ou executar desde logo a obrigação julgamento.
reconhecida.
Mas se a causa apresentar complexidade em matéria de
- Se houver agravo, e enquanto houver recurso fato ou de direito, o juiz deverá designar audiência para o
pendente, a execução será provisória; se não, será saneamento do processo, em cooperação com as partes.
definitiva. Trata-se de mais uma aplicação do princípio da
cooperação. A finalidade dela é permitir que o juiz, se for
- O art. 515, I, inclui entre os títulos judiciais a decisão o caso, convide as partes a integrar ou esclarecer as suas
proferida no processo civil que reconhecer a exigibilidade alegações, trazendo-lhe maiores elementos para que
do cumprimento de obrigação, seja essa decisão possa promover o saneamento e a organização do
interlocutória, seja sentença. processo, decidindo sobre as questões controvertidas e
sobre as provas necessárias.
- Interposto o agravo, haverá sempre a possibilidade de
retratação da decisão de mérito. Proferida a decisão saneadora, as partes têm o direito de
pedir esclarecimentos ou solicitar ajustes, no prazo
comum de cinco dias, findo o qual a decisão se torna Necessária quando houver prova oral
estável.
Se não houver necessidade de ouvir o perito, colher
depoimentos pessoais ou ouvir testemunhas, a audiência será
Em princípio, contra ela não cabe agravo de
dispensada.
instrumento, salvo se decidir algumas das questões
constantes do rol estabelecido no art. 1.015 do CPC (por É nessa audiência, portanto, que será colhida toda a prova oral,
exemplo, se o juiz promover a redistribuição do ônus da não havendo outra oportunidade, ressalvadas as hipóteses do
prova – art. 1.015, XI –, ou excluir um litisconsorte – art. art. 453 do CPC.
1.015, VII).
A audiência é considerada um ato processual complexo, em
Por isso, nos termos do art. 1.009, § 1º, ela não fica acobertada razão dos numerosos atos que são praticados durante o seu
pela preclusão, e as questões por ela resolvidas poderão ser desenrolar.
suscitadas como preliminar de apelação (salvo se o juiz, no
saneamento, decidir algum dos temas elencados no art. 1.015, Art. 358.  No dia e na hora designados, o juiz declarará
quando então o prejudicado deverá agravar, sob pena de aberta a audiência de instrução e julgamento e mandará
preclusão). apregoar as partes e os respectivos advogados, bem
como outras pessoas que dela devam participar.
Dentro em cinco dias da intimação da decisão saneadora, as
partes podem pedir ao juiz esclarecimentos ou solicitar ajustes,
Art. 359.  Instalada a audiência, o juiz tentará conciliar as
que ele estará autorizado a fazer.
partes, independentemente do emprego anterior de
Depois do prazo, a decisão se torna estável, o que significa que,
embora não preclusa, não poderá ser alterada pelo juiz, só outros métodos de solução consensual de conflitos,
podendo ser reexaminada pelo órgão ad quem, se suscitada como a mediação e a arbitragem.
como preliminar de apelação ou nas contrarrazões.
Art. 360.  O juiz exerce o poder de polícia, incumbindo-
Ocorre, na fase de saneamento e organização do processo, lhe:
mais um exemplo do poder de influência das partes no
procedimento. I - manter a ordem e o decoro na audiência;
Estabelece o art. 357, § 2º, que “As partes podem apresentar II - ordenar que se retirem da sala de audiência os que se
ao juiz, para homologação, delimitação consensual das
comportarem inconvenientemente;
questões de fato e de direito a que se referem os incisos II e IV
(isto é, os fatos sobre os quais recairá atividade probatória ou
as questões de direito relevantes para a decisão de mérito); III - requisitar, quando necessário, força policial;

se homologada, a delimitação vincula as partes e o juiz”. IV - tratar com urbanidade as partes, os advogados, os
membros do Ministério Público e da Defensoria Pública e
Amplia se o poder de disposição das partes, mas sempre com a qualquer pessoa que participe do processo;
fiscalização e o controle judicial. Trata-se de mais uma
aplicação do princípio da cooperação dos sujeitos do processo V - registrar em ata, com exatidão, todos os
para que ele tenha um desenvolvimento mais eficiente.
requerimentos apresentados em audiência.
Ao promover o saneamento, o juiz deliberará sobre as provas
necessárias para a instrução do processo. Art. 361. As provas orais serão produzidas em audiência,
ouvindo-se nesta ordem, preferencialmente: (pode haver
Se autorizar a prova testemunhal, já designará data para a alteração.
audiência de instrução e julgamento, concedendo às partes o
prazo não superior a 15 dias para arrolar testemunhas (se for I - o perito e os assistentes técnicos, que responderão
designada a audiência para saneamento e organização do aos quesitos de esclarecimentos requeridos no prazo e
processo, na hipótese do art. 357, § 3º, o rol de testemunhas já na forma do art. 477, caso não respondidos
deve ser levado pelas partes à audiência), no máximo 10, sendo anteriormente por escrito;
três, no máximo, para a prova de cada fato.
As partes, caso ainda tenham alguma dúvida a respeito das
O juiz poderá, ainda, limitar o número de testemunhas, levando
conclusões do laudo pericial, podem pedir ao juiz que, na
em conta a complexidade da causa e os fatos a serem
audiência de instrução e julgamento, ouça o perito e os
demonstrados.
assistentes técnicos. O procedimento é o previsto no art. 477,
§§ 3º e 4º, do CPC.O perito só é obrigado a responder aos
Se determinar perícia, deverá observar o disposto no art. 465 e,
quesitos que lhe tenham sido previamente apresentados, com
se possível, fixar calendário para a sua realização.
antecedência de, pelo menos, dez dias da audiência.

CAPÍTULO XI II - o autor e, em seguida, o réu, que prestarão


FASE INSTRUTÓRIA depoimentos pessoais;
Última etapa do processo de conhecimento

DA AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO


Não tendo sido requerido o depoimento pessoal, e tendo o § 1º Havendo litisconsorte ou terceiro interveniente, o
advogado poderes para transigi, nem é necessária a presença prazo, que formará com o da prorrogação um só todo,
da parte. dividir-se-á entre os do mesmo grupo, se não
convencionarem de modo diverso.
III - as testemunhas arroladas pelo autor e pelo réu, que
serão inquiridas. § 2º Quando a causa apresentar questões complexas de
fato ou de direito, o debate oral poderá ser substituído
Parágrafo único.  Enquanto depuserem o perito, os por razões finais escritas, que serão apresentadas pelo
assistentes técnicos, as partes e as testemunhas, não autor e pelo réu, bem como pelo Ministério Público, se
poderão os advogados e o Ministério Público intervir ou for o caso de sua intervenção, em prazos sucessivos de
apartear, sem licença do juiz. 15 (quinze) dias, assegurada vista dos autos.

Art. 362.  A audiência poderá ser adiada: rool não taxativo Art. 365.  A audiência é una e contínua, podendo ser
excepcional e justificadamente cindida na ausência de
I - por convenção das partes; só poderá se dar 1 vez perito ou de testemunha, desde que haja concordância
das partes.
II - se não puder comparecer, por motivo justificado,
qualquer pessoa que dela deva necessariamente Parágrafo único.  Diante da impossibilidade de realização
participar; da instrução, do debate e do julgamento no mesmo dia,
o juiz marcará seu prosseguimento para a data mais
Não havendo razão fundada para ausência, o juiz determinará próxima possível, em pauta preferencial.
a condução coercitiva e que o ausente arque com as despesas
decorrentes do adiamento. (perito e testemunhas)
Se a parte tiver sido intimada e não comparecer – pena de Art. 366.  Encerrado o debate ou oferecidas as razões
confesso. Mas o advogado pode suprir sua ausência tendo finais, o juiz proferirá sentença em audiência ou no prazo
poderes para tal. de 30 (trinta) dias.

III - por atraso injustificado de seu início em tempo Art. 367.  O servidor lavrará, sob ditado do juiz, termo
superior a 30 (trinta) minutos do horário marcado. que conterá, em resumo, o ocorrido na audiência, bem
como, por extenso, os despachos, as decisões e a
§ 1o O impedimento deverá ser comprovado até a sentença, se proferida no ato.
abertura da audiência, e, não o sendo, o juiz procederá à
instrução. § 1o Quando o termo não for registrado em meio
eletrônico, o juiz rubricar-lhe-á as folhas, que serão
Há casos em que não será possível alertar o juiz antes do início, encadernadas em volume próprio.
assim, a justificativa poderá ser posterior e a instrução, se tiver
sido realizada, terá de ser renovada. Se tiver sido proferido § 2o Subscreverão (assinar) o termo o juiz, os advogados,
sentença, o advogado ausente terá que apelar, pedindo o membro do Ministério Público e o escrivão ou chefe de
nulidade da audiência e d sentença.
secretaria, dispensadas as partes, exceto quando houver
ato de disposição para cuja prática os advogados não
§ 2o O juiz poderá dispensar a produção das provas tenham poderes.
requeridas pela parte cujo advogado ou defensor público
não tenha comparecido à audiência, aplicando-se a § 3o O escrivão ou chefe de secretaria trasladará para os
mesma regra ao Ministério Público. autos cópia autêntica do termo de audiência.
Faculdade do juiz – se preferir, poderá colhê-las.

§ 4o Tratando-se de autos eletrônicos, observar-se-á o


§ 3o Quem der causa ao adiamento responderá pelas
disposto neste Código, em legislação específica e nas
despesas acrescidas.
normas internas dos tribunais.
Art. 363.  Havendo antecipação ou adiamento da
§ 5o A audiência poderá ser integralmente gravada em
audiência, o juiz, de ofício ou a requerimento da parte,
imagem e em áudio, em meio digital ou analógico, desde
determinará a intimação dos advogados ou da sociedade
que assegure o rápido acesso das partes e dos órgãos
de advogados para ciência da nova designação.
julgadores, observada a legislação específica.

Art. 364.  Finda a instrução, o juiz dará a palavra ao § 6o A gravação a que se refere o § 5 o também pode ser
advogado do autor e do réu, bem como ao membro do realizada diretamente por qualquer das partes,
Ministério Público, se for o caso de sua intervenção, independentemente de autorização judicial.
sucessivamente, pelo prazo de 20 (vinte) minutos para
cada um, prorrogável por 10 (dez) minutos, a critério do Art. 368.  A audiência será pública, ressalvadas as
juiz. exceções legais. (segredo de justiça)
Procedimento: que não haja cisão da prova. Não sendo possível ouvir
todas na mesma ocasião, o juiz marcará data próxima
O juiz, verificando a necessidade de prova oral, designará para concluí-la.
data para a audiência, determinando que sejam Se faltar perito ou testemunha, havendo concordância
intimados os advogados e as testemunhas. das partes, o juiz ouvirá os presentes e marcará data para
os faltantes, se não houver concordância, ele não ouvirá
As partes não são pessoalmente intimadas, a menos que nem mesmos os presentes e designará nova data.
os adversários tenham requerido o seu depoimento
pessoal, na forma do art. 385, § 1º.
4- Alegações finais
Não tendo sido requerido o depoimento pessoal, e tendo
o advogado poderes para transigir, nem é necessária a 20 minutos para cada – podendo ser prorrogado por
presença da parte. mais 10.

A audiência é pública e deverá ser realizada de portas 1° o advogado do autor


abertas (art. 358 do CPC), ficando ressalvadas as 2°o advogado do réu
hipóteses legais, dentre as quais as de segredo de justiça, MP – fiscal
nas quais ela só poderá ser acompanhada pelas partes,
pelos seus procuradores e pelo Ministério Público, Havendo litisconsórcio, o prazo inicial e de prorrogação
quando este intervém. será um só para todos e deverá ser dividido entre eles,
salvo se ficar convencionado de modo diverso.
1- Apregoamento das partes Se a causa apresentar questões complexa de fato ou de
direito, os debates poderão ser substituídos por
2- Mais uma tentativa de Conciliação (ressalvada a memoriais, que serão apresentados pelo autor, pelo réu
hipótese de o processo versar sobre interesses e pelo MP (fiscal), em prazos sucessivos de 15 dias.
indisponíveis). Mesmo que os advogados estejam Assegurada vistas aos autos.
ausentes, a conciliação deve ser tentada, porque,
como negócio jurídico civil, pode ser celebrada 5- Sentença
sem a participação deles., bastando que as partes
sejam capazes. Da mesma forma, se as partes Apresentadas as alegações finais orais, o juiz poderá,
estiverem ausentes, mas comparecerem na própria audiência proferir a sentença. Se, porém, não
advogados com poderes de transigir, a tiver em condições de fazê-lo de imediato, poderá
conciliação será tentada. determinar que os autos venham conclusos para
julgamento, devendo sentenciar n0o prazo de 30 dias.
Caso a sentença seja proferida na audiência, as partes
3- Provas orais sairão intimadas, passando a correr o prazo de apelação;
do contrário, serão intimadas pela impressa.
1- ouvida dos peritos e assistentes – se as
partes tiverem dúvidas a respeito do laudo * É comum que o juiz profira, antes da sentença,
pericial, podem pedir ao juiz que na decisões interlocutórias, a respeito de questões que
audiência de instrução e julgamento, ouça o surgem no seu curso. Por exemplo, contraditas das
perito e os assistentes, sendo o perito testemunhas, requerimentos das partes, pedidos de
obrigado a responder somente aos quesitos adiamento, e outros. Se tais decisões forem daquelas
que lhe tenham sido previamente que comportam agravo de instrumento (art. 1.015),
apresentados, com antecedência, de pelo contra elas a parte prejudicada deverá interpor o
menos 10 dias da audiência. recurso, sob pena de preclusão. Se não, a questão só
poderá ser reexaminada pelo Tribunal, se suscitada como
2- colhida de depoimentos pessoais requerido preliminar nas razões ou nas contrarrazões de apelação.
1° o autor
2° o réu

3- ouvida de testemunhas arroladas (ver 453)

1° as do autor
2° as do réu

As partes podem desistir da ouvida de uma ou de todas


as testemunhas, não havendo necessidade de
consentimento do adversário. Se possível, o juiz deverá
ouvir todas as testemunhas em uma única ocasião para
Meios utilizados para formar o convencimento do juiz a
respeito de fatos controvertidos que tenha relevância
para o processo.

Seção I
Disposições Gerais

Com a apresentação da contestação o réu pode tornar


controvertidos os fatos e o direito apresentados na inicial, a
controvérsia pode ser de direito ou de fato.

Se de direito – não há necessidade de provas (exceto no caso


do art. 376).

Se a controvérsia for de fatos, o juiz dará as partes a


oportunidade de comprová-los.

Provas - aquilo que deve ser provado no processo.


Fonte- elementos externos aptos a provar
Meio- elementos internos do processo aptos a provar
Provas típicas- previstas em lei
Provas não típicas - não previstas em lei

Natureza Jurídica Das Provas

É tradicional e antiga a controvérsia a respeito da natureza


jurídica das normas sobre provas. A lei substancial trata, em
alguns dispositivos, da forma dos negócios jurídicos, que
podem servir tanto como solenidade indispensável à sua
constituição (forma ad solemnitatem) quanto para provar-lhes
a celebração (forma ad probationem).

Parece-nos que a lei substancial não trata propriamente da


questão das provas, mas das formas dos negócios jurídicos. Nos
casos em que a lei diz que o contrato, para ter-se por celebrado
precisa respeitar determinada forma, somente a comprovação
de que esta foi obedecida servirá para demonstrar-lhe a
existência. É isso o que diz o art. 406 do CPC, ao estabelecer
que quando a lei exigir o instrumento público como da essência
do negócio, não se admitirá nenhuma outra prova para suprir-
lhe a falta. Mas o problema da prova é aqui reflexo, ou indireto:
não se admite outra prova porque sem a obediência àquela
forma o negócio não se terá celebrado. Nesse sentido, a lição
de Hermenegildo de Souza Rego, para quem as formas ad
solemnitatem refogem ao tema da prova e estão associadas ao
da própria formação do negócio jurídico.

A disciplina das provas hoje é, acertadamente, feita pelo Código


de Processo Civil, que as considera como formas de
convencimento do juiz, a respeito de fatos controvertidos. Daí
resulta a conclusão de que deva prevalecer o caráter processual
das normas jurídicas que tratam das provas.

Classificação das provas

1 Quanto ao objeto

-Diretas: aquelas que se ligam diretamente aos fatos que se


pretende demostrar (recibo de pagamento ou o instrumento ao
contrato)

-Indiretas: aquelas que não se prestam a demostrar


CAPÍTULO XII
diretamente o fato a ser provado, mas algum outro fato a ele
DAS PROVAS ligado e que, por meio de induções ou raciocínios, poderá levar
a conclusão desejada. (testemunhas)
2 Quanto ao sujeito Não se acolheu entre nós o princípio da prova legal, segundo o
qual cada uma tem um valor previamente fixado por lei,
-Prova pessoal: aquela prestada por uma pessoa a respeito de cabendo ao juiz decidir de acordo com isso, sem sopesá-la. A
um fato (ouvida de testemunha, depoimento das partes) adoção desse princípio implicaria restrição completa ao do livre
convencimento, uma vez que o juiz não teria possibilidade de
-Prova real: é a obtida pelo exame de determinada coisa avaliar as provas colhidas, previamente ponderadas pelo
(inspeção judicial, perícia). legislador. Não poderia, por exemplo, julgar com base em prova
testemunhal, desconsiderando as conclusões da pericial, se a
3 Quanto a forma lei dissesse que esta deve sobrepor-se àquela; ao passo que no
sistema da persuasão racional, ele as avaliará livremente.
-Oral: colhida verbalmente
-Escrita: a que vem redigida (documentos, perícias) Existem resquícios, em nosso ordenamento, do sistema de
prova legal: o art. 406, por exemplo, dá valor absoluto ao
Objeto da prova instrumento público, como prova do ato cuja celebração o
exige. Mas mais do que prova, o instrumento público é
Fatos controvertidos relevantes para o julgamento do processo. necessário para a própria formação e constituição do negócio
jurídico, cuja existência se pretende demonstrar.
Para que o juiz profira o julgamento, é preciso que forme sua
convicção a respeito dos fatos e do direito controvertidos. Para O sistema da persuasão racional – acolhido entre nós – é
que se convença do direito, não é preciso que as partes intermediário entre o da prova legal, já mencionado, e o da
apresentem provas, porque ele o conhece (jura novit curia), convicção íntima, pelo qual o juiz teria liberdade absoluta para
salvo as hipóteses do art. 376, em que pode exigi-las quanto à avaliar as provas, sem necessidade de nem mesmo
vigência de direito estadual, municipal, estrangeiro ou fundamentar a sua decisão: o que valeria é a sua impressão
consuetudinário, o que será feito por meio de certidões ou pessoal, sendo desnecessário que indique quais as provas que a
pareceres de juristas estrangeiros ou locais. sustentam. O juiz poderia julgar apenas com base na ciência
privada ou na opinião que tem dos fatos. O Tribunal do Júri é o
PROVAS ILICITAS único exemplo, em nosso sistema, da adoção do princípio da
PROVAS ILEGIMITAS - viola o direito processual convicção íntima.

Enunciado 301 FPPC - Aplicam-se ao processo civil, por O sistema da persuasão racional exige que o juiz indique as
analogia, as exceções previstas nos §§1º e 2º do art. 157 do razões pelas quais formou o seu convencimento, expondo
Código de Processo Penal, afastando a ilicitude da prova. fundamentos e provas que o sustentam. Conquanto haja o livre
convencimento, é preciso que seja motivado e racional,
Prova de fato negativo amparado nos elementos dos autos e que deles resulte como
consequência lógica.
Afirma-se no direito que os fatos negativos não podem ser Provas Ilícitas
provados, mas apenas os afirmativos. Só seria possível
demostrar a existência de um fato, e não a sua não existência, A Constituição Federal, no art. 5º, LVI, veda a utilização de
razão pela qual os fatos negativos não precisam ser provados provas obtidas por meios ilícitos, sem fazer nenhuma ressalva.
(negativo non sunt probanda). O art. 369 do CPC, por sua vez, estabelece que “As partes têm o
direito de empregar todos os meios legais, bem como os
Mas há fatos negativos que podem ser provados: Ex. que não moralmente legítimos ainda que não especificados neste
tenho imóveis em determinada circunscrição. Código, para provar a verdade dos fatos, em que se funda o
pedido ou a defesa e influir eficazmente na convicção do juiz”.
Não se pode exigir dos fatos negativos quando eles forem A contrário sensu, são vedadas a provas ilegais ou moralmente
imprecisos: não é possível provar que uma pessoa não tenha ilegítimas. A ilicitude da prova pode decorrer de duas causas:
nenhum outro imóvel, mas é possível a prova de que não tenha da obtenção por meios indevidos (exs.: emprego de violência
imóvel em determinada circunscrição. ou grave ameaça, tortura, entre outras); e do meio empregado
para a demonstração do fato (exs.: as interceptações
Hierarquia Das Provas telefônicas, a violação de sigilo bancário, sem autorização
judicial, a violação de sigilo de correspondência).
Entre os princípios fundamentais do processo civil referentes às
provas, destaca-se o da persuasão racional, ou livre A proibição da prova ilícita suscita importantes questões: se é
convencimento fundamentado, consagrado no art. 371 do CPC. ou não absoluta, se admite mitigações, decorrentes do
(Esse dispositivo menciona que o juiz apreciará a prova princípio da proporcionalidade; se atinge tão somente a própria
constante dos autos. O artigo equivalente do CPC/73 dizia que prova, ou se também macula as dela derivadas (teoria dos
o juiz apreciará livremente a prova. Não nos parece que a frutos da árvore contaminada).
supressão do advérbio “livremente” justifique a alteração do
nome do princípio, uma vez que, desde que com fundamento Embora haja enormes controvérsias doutrinárias a respeito,
na prova colhida, o juiz formará livremente o seu existe posição firmada do Supremo Tribunal Federal de que a
convencimento, fundamentando a sua decisão.) O juiz as prova obtida por meios ilícitos e as provas dela derivadas não
aprecia livremente, devendo apresentar os motivos que o podem ser admitidas no processo, salvo por razões de legítima
levaram à decisão. Como regra, a lei processual não estabelece defesa. Houve a adoção da teoria dos frutos da árvore
hierarquia entre as provas: em princípio, nenhuma tem valor contaminada: a ilicitude de uma prova impedirá que não só ela,
superior à outra, cabendo ao juiz sopesá-las ao formar o seu mas também as provas dela derivadas, sejam utilizadas. Por
convencimento. exemplo, se forem apreendidos ilicitamente livros de
contabilidade de uma empresa, uma perícia que venha a ser ■ A prova testemunhal.
realizada neles também não poderá ser empregada. ■ A prova documental.
■ A prova pericial.
A teoria da proporcionalidade, desenvolvida, sobretudo, pelo ■ A inspeção judicial.
direito alemão, autoriza a utilização da prova ilícita, quando os
bens jurídicos que se pretende proteger são mais elevados do Esse rol não pode ser considerado taxativo, diante do caráter
que aqueles que se pretende preservar com a vedação. Assim, genérico do art. 369. Além dos meios acima elencados,
se a prova foi colhida com violação ao direito de intimidade, qualquer outro será admitido, desde que não viole a lei ou a
mas serve para preservar, por exemplo, a vida ou a saúde da moral.
coletividade, seria autorizada.
Art. 369. As partes têm o direito de empregar todos os meios
Embora não acolhido, entre nós, o princípio da legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não
proporcionalidade, tem-se admitido a utilização da prova ilícita, especificados neste Código, para provar a verdade dos fatos em
quando obtida para legítima defesa, própria ou de terceiro: a que se funda o pedido ou a defesa e influir eficazmente na
interceptação telefônica de uma ligação feita por sequestrador, convicção do juiz.
por exemplo.
Mas são vedadas as provas ilegais e moralmente ilegítimas.
A gravação e a interceptação telefônica Ilicitude da prova: obtenção por meios indevidos - violência,
tortura... / meio empregado para demonstração do fato –
A gravação telefônica é feita por um dos participantes da interceptação telefônica, violação de sigilo bancário..
conversa, ao passo que a interceptação é feita por um terceiro,
que não a protagonizava. A gravação pode ser validamente A proibição de prova ilícita é absoluta? Admite mitigação?
utilizada como prova, mesmo sem o consentimento do outro Macula as dela derivada?
participante. Se um dos protagonistas grava uma conversa que
tem com outro ao telefone, a gravação pode ser por ele STF – As provas obtidas por meios ilícitos e as provas dela
utilizada como prova, ainda que o outro não consinta. Não há derivadas não podem ser admitidas no processo, salvo por
violação ao direito de intimidade porque foi feita por um dos razoes de legitima defesa.
participantes. Adoção da teoria da arvore envenenada.

Diferente é a interceptação, em que há afronta ao direito de A teoria da proporcionalidade, que admite a utilização da prova
intimidade: a conversa está sendo gravada sem o ilícita, quando os bens jurídicos que se retende proteger são
conhecimento e o consentimento dos envolvidos. Não pode ser mais elevados do que aqueles que se pretende preservar com a
usada como prova, salvo nos casos especiais previstos em lei. vedação (prova obtida com violação ao direito de intimidade,
mas serve para preservar a vida ou saúde da coletividade),
No Brasil, a interceptação só poderá ser usada como prova embora não acolhida no Brasil, tem-se admitido a utilização da
quando autorizada pelo juiz para instrução em processo-crime. prova ilícita, quando obtida para legitima defesa, própria ou de
É o que estabelece o art. 5º, XII, da CF, regulamentado pela Lei terceiros (interceptação telefônica feita por sequestrador).
n. 9.296/96, que trata da interceptação telefônica por ordem
Interceptação telefônica
judicial para instrução processual penal. (A E. 3ª Turma do

Superior Tribunal de Justiça admitiu, em caráter excepcional, a
Gravação telefônica
utilização de interceptação telefônica em processo civil,
envolvendo direito de família, quando não havia alternativa, e
No Brasil, a interceptação telefônica só poderá ser usada
em situação em que havia grave risco a um menor – ver, a
como prova quando autorizada pelo juiz para instrução em
respeito, o HC 203.405 do STJ.)
processo-crime (art.5°, XII, CF.

Meios de provas A 3ª turma do STJ admitiu, em caráter excepcional, a


utilização de interceptação telefônica em processo civil,
São os mecanismos que podem ser usados no processo para envolvendo direito de família, quando não havia alternativa, e
investigação e demonstração dos fatos. São os tipos genéricos em situação em que havia grave risco a um menor (HC 203.405
de provas que se admitem no processo. Não se confundem com STJ).
as fontes de prova que são os elementos específicos, concretos,
que servem para a comprovação de um fato em determinado Art. 370. Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da
processo. parte, determinar as provas necessárias ao julgamento
do mérito.
Um exemplo ajudará a clarificar a diferença: a prova
testemunhal é um meio de prova; determinada testemunha,
Parágrafo único.  O juiz indeferirá, em decisão
que tenha presenciado um fato relevante para o processo é
uma fonte de prova. Deve haver uma correlação direta entre fundamentada, as diligências inúteis ou meramente
uma fonte e um meio de prova. Uma informação só poderá ser protelatórias.
obtida de uma fonte se isso se enquadrar entre os meios de
prova. Se as partes não requereram ou produziram provas suficientes,
e o juiz verifica que há outras que, realizadas poderão
São meios de prova: esclarecer os fatos, permitindo-lhe julgar com mais confiança,
■ A confissão. deve determiná-las, ainda que o processo verse sobre interesse
■ A ata notarial. disponível.
■ O depoimento pessoal das partes.
- A disponibilidade do direito não afasta a exigência, valida poderão esclarecer os fatos, permitindo-lhe julgar com mais
para todos os processos e de interesse público, de que o juiz confiança, deve determiná-las, ainda que o processo verse
realize sempre o melhor julgamento possível. sobre interesse disponível. A disponibilidade do direito não
afasta a exigência, válida para todos os processos e de interesse
- O princípio dispositivo é mitigado no que concerne à público, de que o juiz realize sempre o melhor julgamento
produção de provas: sendo possível, o juiz deve buscar a possível.
verdade real, determinado de ofício a provas necessárias à
formação do seu convencimento. Há casos em que, ainda que todas as provas tenham se
esgotado, os fatos não se aclararam. A lei apresenta regras de
julgamento, que devem ser aplicadas para que o juiz, apesar
disso, possa sentenciar, obrigação da qual ele não se exime: são
Art. 371. O juiz apreciará a prova constante dos autos, as regras do ônus da prova, aplicáveis apenas se os fatos não
independentemente do sujeito que a tiver promovido, e foram elucidados, e não há outras provas. Se houver outra que
indicará na decisão as razões da formação de seu possa trazer luz sobre o ocorrido, o juiz deve determiná-la,
convencimento. ainda que não tenha sido requerida por nenhum dos litigantes.

Sistema do livre convencimento motivado ou persuasão Ao fazê-lo, o juiz não perderá a imparcialidade. Antes, mostrar-
racional. se-á devotado ao seu ofício, e diligente na busca da verdade
Exige que o juiz fundamente sua sentença de forma qualificada, real. O princípio dispositivo é mitigado no que concerne à
analítica ou legitima, de conformidade com o contraditório produção de provas: sendo possível, o juiz deve buscar a
substancial. verdade real, determinando de ofício as provas necessárias à
formação do seu convencimento.

FPPC 515 - Aplica-se o disposto no art. 489, §1°, também em ÔNUS DA PROVA
relação às questões fáticas da demanda
O juiz não se exime de sentenciar, alegando que os fatos não
FPPC 516 - Para que se considere fundamentada a decisão foram esclarecidos. Não há possibilidade do non liquet, em que
sobre os fatos, o juiz deverá analisar todas as provas capazes, ele se recusa a julgar, aduzindo que não conseguiu formar a sua
em tese, de infirmar a conclusão adotada. convicção.

Art. 372. O juiz poderá admitir a utilização de prova Há casos em que, esgotadas as provas possíveis, os fatos não
produzida em outro processo, atribuindo-lhe o valor que ficaram suficientemente esclarecidos. A situação não é
considerar adequado, observado o contraditório. (Prova incomum: há fatos controvertidos, a respeito dos quais cada
emprestada.) litigante tem uma versão e dos quais não há provas, pois
ninguém os presenciou ou documentou. Porém, o juiz precisa
Enunciado 30 JPC-  É admissível a prova emprestada, ainda que decidir.
não haja identidade de partes, nos  termos do art.  372 do CPC.
A lei processual formula uma série de regras aplicáveis somente
na hipótese de, no momento do julgamento, os fatos não
terem ficado suficientemente esclarecidos. São as regras do
O Juiz e a Produção Da Prova ônus da prova, cuja função é indicar qual dos litigantes sofrerá
as consequências negativas advindas da falta de comprovação.
A prova é destinada a convencer o juiz, a respeito dos fatos
controvertidos. Ele é o destinatário da prova. Por isso, sua Se o juiz, concluída a instrução, formou o seu convencimento
participação na fase instrutória não deve ficar relegada a um sobre os fatos, não terá necessidade de socorrer-se delas.
segundo plano, de mero espectador das provas requeridas e Bastará extrair as consequências jurídicas pertinentes ao caso.
produzidas pelas partes: cumpre-lhe decidir quais as Não aclarados os fatos, o juiz, para poder sentenciar, verificará
necessárias ou úteis para esclarecer os fatos obscuros. Mas ele a quem cabia o ônus de prová-los: será esse o litigante que
nem sempre terá condições de saber que provas são viáveis. sofrerá as consequências negativas da falta ou insuficiência de
Por exemplo: se há testemunhas do fato, se existe algum provas.
documento que possa comprová-lo. Por isso, a produção de
provas deverá resultar de atuação conjunta das partes e do juiz. A aplicação das regras do ônus da prova deve ficar reservada à
Cumpre àquelas, na petição inicial, contestação, fase hipótese de terem sido esgotadas as possibilidades de
ordinatória e fase instrutória requerer as provas por meio das aclaramento dos fatos. Se ainda houver prova que o auxilie,
quais pretendam convencer o juiz. E a este decidir quais são deverá o juiz mandar produzi-la, de ofício, na forma do art. 370
efetivamente necessárias e quais podem ser dispensadas, do CPC.
podendo determinar prova que não tenha sido requerida, ou
indeferir prova postulada, cuja realização não lhe pareça Regras dirigidas principalmente ao juiz
necessária.
REGRA- teoria estática
O art. 370 do Código de Processo Civil atribui ao juiz poderes EXCEÇÃO- teoria da carga dinâmica- inversão
para, de ofício, determinar as provas necessárias. Ele deve
valer-se desse poder para esclarecer os fatos relevantes para o A aplicação das regras do ônus da prova deve ficar reservada à
julgamento da causa. É dever do juiz proferir a melhor sentença hipótese de terem sido esgotados as possibilidades de
possível, e, para isso, é indispensável que os fatos sejam aclaramento dos fatos. Se ainda houver prova que o auxilie,
aclarados. Se as partes não requereram ou produziram provas deverá o juiz mandar produzi-la, de ofício, na forma do 373.
suficientes, e o juiz verifica que há outras que, realizadas,
A prova como ônus ■ cumpre ao autor a prova dos fatos constitutivos do seu
direito;
As partes não são obrigadas a produzir provas a respeito do
que alegarem. Elas terão o ônus de fazê-lo. O ônus distingue-se ■ cumpre ao réu a prova da existência de fato impeditivo,
da obrigação, porque esta é a atividade que uma pessoa faz em modificativo ou extintivo do direito do autor. Essas duas regras
benefício da outra. O devedor, por exemplo, tem a obrigação podem ser condensadas em uma única, assim resumida: O ônus
de pagar ao credor. O ônus é a atividade que a pessoa da prova, em regra, cabe a quem alega determinado fato. Isso
desempenha em favor de si mesma, e não da parte contrária. O vale não apenas para as partes, mas para todos aqueles que
litigante tem o ônus de contestar, o que lhe trará o benefício de intervenham no processo.
tornar controvertidos os fatos; sem isso, sofrerá a
consequência desfavorável decorrente da sua omissão. A distribuição diversa do ônus da prova
Quem tem o ônus da prova é aquele que sofrerá as No item anterior, foram indicadas as regras do ônus da prova.
consequências negativas que advirão da ausência daquela Mas, pode haver a inversão, que consiste na modificação da
prova no processo. regra natural de distribuição dos ônus da prova.

A prova é uma espécie de ônus reflexo, decorrente de um ônus A inversão do ônus da prova pode ser:
primário, que é o de alegar. Cada uma das partes tem o ônus de - Convencional
apresentar a sua versão dos fatos: o autor o fará na petição - Legal
inicial, e o réu, na contestação. Aqueles que se tornaram - Judicial
controvertidos precisarão ser comprovados, em regra, por
quem os alegou: ao menos em geral, ao autor cumprirá provar Essa classificação leva em conta a causa da inversão, se a
os fatos constitutivos de seu direito; e ao réu os fatos vontade dos litigantes, determinação legal ou judicial.
extintivos, impeditivos ou modificativos do direito do autor
(CPC, art. 373). Ela terá relevância tanto para as partes quanto para o juiz e
repercutirá no aspecto subjetivo e objetivo do ônus da prova.
Ônus da prova – aspecto subjetivo e objetivo
Do ponto de vista objetivo, se o juiz verificar, na sentença, que
As regras do ônus da prova podem ser examinadas em dois determinado fato não ficou comprovado, carreará as
aspectos: subjetivo e objetivo. consequências negativas não para o litigante a quem elas
seriam normalmente atribuídas, mas ao seu adversário. Do
Do ponto de vista objetivo, elas são regras de julgamento, ponto de vista subjetivo, o autor não terá mais de provar os
dirigidas ao juiz da causa, que devem orientá-lo ao proferir fatos constitutivos de seu direito, cumprindo ao réu fazer prova
sentença, na hipótese de os fatos não terem ficado contrária; e o réu não terá mais o ônus de provar os fatos
suficientemente esclarecidos. Não devem ser utilizadas em extintivos, modificativos ou impeditivos do direito do autor,
qualquer circunstância, mas apenas na de terem sido esgotadas cabendo ao autor a prova contrária.
as possibilidades de elucidação dos fatos controvertidos. Ao
aplicá-las, o juiz imporá àquele que tinha o ônus de provar as Cada uma das hipóteses de inversão será examinada em itens
consequências negativas da insuficiência ou falta de provas. separados.

Como decorrência do aspecto objetivo, deflui o subjetivo. A lei, Inversão convencional


ao estabelecer quem sofrerá as consequências negativas
decorrentes da falta de provas, norteará os litigantes a respeito Podem as partes, por convenção, alterar as regras naturais de
daquilo que compete a cada um deles demonstrar. Quando o distribuição do ônus da prova? O art. 373, § 3º, do CPC o
art. 373 estabelece que cumpre ao autor a prova dos fatos autoriza, ao estabelecer que a distribuição diversa do ônus da
constitutivos de seu direito, diz, ao mesmo tempo, ao juiz e ao prova também pode ocorrer, salvo quando: “I – recair sobre
autor, quem sofrerá as consequências negativas da falta de direito indisponível da parte; II – tornar excessivamente difícil a
prova desses fatos. uma parte o exercício do direito”.

O juiz as aplicará ao proferir o julgamento; e o autor se Se o dispositivo impede a inversão nos casos a que alude, por
orientará, no curso do processo, sobretudo na fase instrutória, exclusão a autoriza nos demais casos. Se o processo versa sobre
com a consciência de que cabe a ele essa prova. interesse disponível, no qual as partes podem renunciar aos
seus direitos, reconhecer juridicamente o pedido do adversário
Os aspectos objetivo e subjetivo do ônus da prova são ou transigir, não há óbice a que convencionem a modificação
indissociáveis: ao indicar como o juiz deverá se orientar no do ônus.
julgamento, em caso de falta de provas, a lei também indica
como cada uma das partes deve comportar-se a respeito da A primeira condição é que o processo verse sobre interesse
instrução. Os ônus da prova, conquanto regras de julgamento, disponível, porque inverter o ônus da prova consiste em uma
interessam diretamente às partes, que sofrerão as forma de disposição.
consequências negativas ou positivas da sua distribuição.
Além disso, é indispensável que não torne a uma das partes
Distribuição do ônus da prova excessivamente difícil o exercício do direito. Do contrário, a
fase instrutória tornar-se-ia praticamente inútil, dada a
O art. 373 do CPC dispõe que: dificuldade de o interessado provar os fatos a respeito dos
quais recai o ônus que lhe foi atribuído. A parte pode até
mesmo renunciar ou reconhecer o pedido; mas não pode
promover a inversão de forma a dificultar em demasia a prova
de um fato, o que obrigaria o juiz a abrir a fase instrutória, decorre direta e automaticamente da lei. Ela apenas atribui ao
embora já saiba de antemão que o fato não pode ser provado, juiz o poder de determiná-la, nos casos concretos, desde que
ou só o pode com muita dificuldade. Isso implicaria transtornos verificadas determinadas circunstâncias. Distingue-se da
que não se coadunam com a natureza pública do processo. presunção legal, em que a lei preestabelece os requisitos, não
dando ao juiz nenhuma margem de avaliação; na judicial, a lei
O Código de Defesa do Consumidor veda expressamente a condiciona a inversão a que, a critério do juiz, estejam
inversão do ônus da prova em detrimento do consumidor (art. presentes determinadas circunstâncias; b) em razão das
51, VI). peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou à
excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos do
Nos casos em que for permitida, a convenção sobre o ônus da caput do art. 373 ou à maior facilidade de obtenção de prova,
prova pode ser celebrada antes ou durante o processo. caso em que o juiz redistribuirá o ônus por decisão
fundamentada. Nessa segunda hipótese, o legislador acolheu a
Inversão legal regra da dinâmica do ônus da prova, que poderá ser alterado
se, com a aplicação da regra geral, o juiz verificar que a prova
A lei brasileira estabelece numerosos casos de presunção. Ao ficou excessivamente difícil para quem normalmente teria o
fazê-lo, torna dispensável a prova do fato alegado, que se ônus, ou excessivamente fácil para a parte contrária. Trata-se
presume verdadeiro, podendo ou não admitir prova contrária, da aplicação da regra de que o ônus deve ser atribuído a quem
conforme o grau de intensidade da presunção. Há aquelas que manifestamente tenha mais facilidade de obter ou produzir a
admitem prova contrária – são as presunções relativas; e as que prova. Se pela regra geral do caput o juiz verificar que o ônus
não a admitem – presunções absolutas. será atribuído a quem terá muita dificuldade de dele se
desincumbir, ou perceber que a parte contrária terá maior
Foi visto anteriormente que as presunções podem decorrer de facilidade de obtenção da prova, ele redistribuirá
lei ou da observação do que normalmente acontece. No dinamicamente o ônus. Ao fazê-lo, porém, ele deverá
primeiro caso, serão legais; no segundo, simples ou hominis. fundamentar a sua decisão para que haja o controle dos
fundamentos em que ela se embasou. O juiz, então, deverá
Havendo presunção legal ou simples, a parte fica dispensada de indicar o motivo por que a prova seria impossível ou
provar o fato cuja existência ou veracidade é presumida. excessivamente difícil para a parte que, em princípio, tinha o
ônus, ou mais fácil para quem não o tinha, de forma a propiciar
Também a presunção simples encontra amparo legal, uma vez a alteração. Não haverá discricionariedade do juiz, que deverá
que o art. 375 do CPC estabelece: “O juiz aplicará as regras de observar estritamente os requisitos do art. 373 e seus
experiência comum subministradas pela observação do que parágrafos.
ordinariamente acontece e ainda as regras de experiência
técnica, ressalvado, quanto a estas, o exame pericial”. O exemplo mais importante de inversão judicial autorizada por
lei é o do art. 6º, VIII, do Código do Consumidor, que assegura,
Alguns exemplos ajudarão a esclarecer de que forma as entre os direitos básicos do consumidor: “a facilitação da
presunções invertem o ônus da prova. defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da
prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz,
O art. 37, § 6º, da Constituição Federal estabelece a presunção for verossímil a alegação ou quando for hipossuficiente,
de culpa das pessoas jurídicas de direito público e de direito segundo as regras ordinárias da experiência”.
privado prestadoras de serviço público pelos danos que, no
exercício de suas atividades, causarem a terceiros. São duas as hipóteses que autorizam a inversão. Basta que uma
delas esteja presente para que o juiz a autorize:
Em regra, a vítima de danos que ajuíza ação postulando o
ressarcimento tem o ônus de provar a culpa do réu, fato ■ Quando for verossímil a alegação: o Código do Consumidor
constitutivo do seu direito (art. 373 do CPC). Mas se o réu for busca a facilitação da defesa dos direitos do consumidor. Para
uma das pessoas jurídicas mencionadas no dispositivo tanto, estabelece que o juiz pode considerar provado um fato
constitucional, a culpa será presumida, o autor ficará não em um juízo de certeza, mas de verossimilhança ou de
dispensado de prová-la, incumbindo àquela a prova contrária, probabilidade. Cumprirá ao juiz, no caso concreto, examinar se
de que o acidente deu-se por caso fortuito, força maior, culpa isso é suficiente para formar-lhe o convencimento,
da vítima ou de terceiro. Há uma presunção legal que redunda dispensando, então, a prova do fato plausível.
em inversão do ônus da prova.
■ Quando o consumidor for hipossuficiente: há dois tipos de
Outro exemplo: a vítima de um acidente ajuíza ação de hipossuficiência e ambas podem levar à inversão. A econômica,
ressarcimento contra o causador, aduzindo que houve colisão quando o consumidor tiver dificuldade de comprovar o alegado
traseira. Ora, as regras de experiência comum indicam que a por força de dificuldades materiais, que o impedem, por
colisão traseira é, quase sempre, provocada porque o veículo exemplo, de se defender adequadamente ou de conseguir as
que está atrás não manteve a distância mínima ou não atentou provas necessárias; e a técnica, quando a comprovação de fatos
para o fluxo dos veículos à frente. Ainda que a lei nada relacionados à coisa fornecida ou ao serviço prestado demande
mencione, as regras de experiência (presunção simples ou conhecimento técnico de que o consumidor não dispõe, mas
hominis) fazem concluir que a culpa é daquele que colidiu na que pode ser facilmente obtido pelo fornecedor, que conhece
traseira, cumprindo a este demonstrar o contrário (por os aspectos técnicos do produto ou serviço que colocou no
exemplo, que houve uma marcha à ré do carro da frente). mercado.

Inversão judicial O problema do momento em que o juiz deverá promover a


inversão do ônus
Pode ocorrer em duas hipóteses: a) quando houver lei que a
autorize. Não se confunde com a inversão legal, pois não
Nos casos de inversão convencional e legal, a dificuldade não se
coloca. Os litigantes saberão desde logo que há a inversão, seja Conquanto ainda haja grande controvérsia doutrinária e
porque transigiram a respeito, seja porque existe lei jurisprudencial a respeito, tem prevalecido o entendimento de
estabelecendo a presunção em favor de um deles. que a inversão do ônus da prova não se confunde com a da
responsabilidade pela antecipação dessas despesas.
Mas a inversão judicial pode trazer alguns problemas, porque
depende de uma decisão judicial, que pode ou não a deferir. Já foi decidido que, pelo Superior Tribunal de Justiça no REsp
1.073.688, Rel. Min. Teori A. Zavascki, publicado em DJU de 20
Como visto, o ônus da prova tem um aspecto subjetivo, uma de maio de 2009, que: a inversão do ônus não gera a
vez que orienta as partes, serve de norte para que elas saibam responsabilidade pela antecipação de despesas. Mas pode fazer
quem sofrerá as consequências negativas, caso os fatos não com que a prova, que seria requerida por um dos litigantes,
sejam elucidados. passe a sê-lo pelo adversário a quem o ônus foi carreado, com
o que cumprirá a este antecipá-las.
Ora, se o juiz só fizesse a inversão do ônus na sentença, o
litigante prejudicado por ela seria surpreendido. Ele poderia ter Art. 373. O ônus da prova incumbe:
deixado de produzir provas na fase de instrução, sabendo que o
ônus era do adversário. Com a inversão na sentença, ele terá
I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;
sido prejudicado, sem ter tido a oportunidade de requerer e
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo,
produzir as provas que, se tivesse sabido de antemão, teria
postulado. modificativo ou extintivo do direito do autor.

Por isso, embora o ônus da prova seja, antes de qualquer coisa, § 1º Nos casos previstos em lei ou diante de
regra de julgamento, caberá ao juiz na decisão de saneamento peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade
e organização do processo definir a sua distribuição, observado ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos
o art. 373, cabendo agravo de instrumento não apenas contra a termos do caput ou à maior facilidade de obtenção da
decisão que redistribuir, mas também contra a que não acolher prova do fato contrário, poderá o juiz atribuir o ônus da
o pedido de redistribuição do ônus da prova, formulado com prova de modo diverso, desde que o faça por decisão
fulcro no art. 373, § 1º, do CPC (art. 1.015, XI). Com isso, evita-
fundamentada, caso em que deverá dar à parte a
se ofensa ao princípio do contraditório e eventual cerceamento
de defesa daquele que ficaria prejudicado com a alteração do oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi
ônus, já que a questão será apreciada em momento processual atribuído.
tal que permita àquele a quem o ônus for carreado socorrer-se
das provas necessárias. O CPC/2015 prevê que:

As consequências da falta de provas do fato só serão aplicadas Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as
na sentença, mas o juiz, ao redistribuir o ônus, fará com que as decisões interlocutórias que versarem sobre: XI -
partes, de antemão, saibam a quem elas serão carreadas, para
redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, §
que possam diligenciar no sentido de obtê-las.
1º;
A inversão do ônus da prova e a responsabilidade com as Esse inciso XI abrange também as decisões
despesas interlocutórias que determinem a inversão da prova com
base no art. 6º, VIII, do CDC? SIM.
As regras do ônus da prova, fixadas no art. 373 do CPC são
dirigidas, principalmente, ao juiz; sua função é possibilitar o O art. 373, §1º, do CPC/2015, contempla duas regras
julgamento, ainda que os fatos não tenham ficado jurídicas distintas, ambas criadas para excepcionar a
suficientemente esclarecidos, orientando, ainda que regra geral do caput do art. 373, sendo que a primeira diz
reflexamente, o comportamento das partes.
respeito à atribuição do ônus da prova, pelo juiz, em
Os arts. 82 e 95 do CPC tratam da responsabilidade pelas hipóteses previstas em lei, de que é exemplo a inversão
despesas que a produção das provas pode causar. A regra é de do ônus da prova prevista no art. 6º, VIII, do CDC, e a
que o vencido as suporte, mas há as que precisam ser segunda diz respeito à teoria da distribuição dinâmica do
antecipadas, quando não se sabe quem serão os vencedores e ônus da prova, incidente a partir de peculiaridades da
vencidos. Manda a lei que seja quem requereu a prova; se tiver causa que se relacionem com a impossibilidade ou com a
sido o Ministério Público fiscal da ordem jurídica ou houver, de excessiva dificuldade de se desvencilhar do ônus
ofício, sido determinada pelo juiz, cumprirá ao autor antecipá- estaticamente distribuído ou, ainda, com a maior
las (art. 82), salvo quando se tratar de prova pericial, caso em facilidade de obtenção da prova do fato contrário.
que, se determinada de ofício ou a requerimento de ambas as
Em outras palavras, a hipótese do art. 6º, VIII, do CDC
partes os valores a serem antecipados, deverão ser rateados
(art. 95). Quando o Ministério Público é autor, como nas ações está sim tratada no § 1º do art. 373 do CPC uma vez que
civis públicas, por exemplo, tem-se entendido que cumpre a esse dispositivo dispõe também a inversão do ônus da
ele, na forma da Súmula 232 do STJ. prova nos casos previstos em lei. Para o STJ, a hipótese
do inciso XI do art. 1.015 do CPC deve ser lida em sentido
Têm sido frequentes, na prática, os casos em que um dos amplo de sorte que:
litigantes não postula, propriamente, a inversão do ônus da É cabível agravo de instrumento contra decisão
prova, mas da responsabilidade pela antecipação das despesas interlocutória que defere ou indefere a distribuição
com a sua produção, alegando ou que uma coisa se confunde dinâmica do ônus da prova ou quaisquer outras
com a outra, ou que uma coisa decorre da outra.
atribuições do ônus da prova distinta da regra geral, - Legais: podem ser relativas ou No entanto, somados a outros
absolutas, conforme admitam circunstâncias ou indício,
desde que se operem ope judicis e mediante autorização ou não prova em contrário. podem fazê-lo.
legal. STJ. 3ª Turma. REsp 1.729.110-CE, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 02/04/2019 (Info 645). -As que decorrem da
observação do que
normalmente acontece:
§ 2º A decisão prevista no § 1º deste artigo não pode chamadas presunções
gerar situação em que a desincumbência do encargo pela simples/hominis, como a de
parte seja impossível ou excessivamente difícil. culpa daquele que, dirigindo u
veículo, colide com a traseira do
carro da frente.
§ 3º A distribuição diversa do ônus da prova também
pode ocorrer por convenção das partes, salvo quando: As presunções, que pertencem ao tema da dispensa de provas,
I - recair sobre direito indisponível da parte; não se confundem com os indícios, que são começos de prova.
II - tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício São sinais indicativos da existência ou veracidade de um fato,
do direito. mas que, por si sós, seriam insuficientes para prová-lo. No
entanto, somados a outras circunstâncias ou a outros indícios,
podem fazê-lo.
§ 4º A convenção de que trata o § 3º pode ser celebrada
antes ou durante o processo.
Art. 375. O juiz aplicará as regras de experiência comum
subministradas pela observação do que ordinariamente
Fatos que não precisam ser comprovados
Dispensam prova aqueles que não terão nenhuma repercussão acontece e, ainda, as regras de experiência técnica,
no desfecho do processo e os irrelevantes. Mas mesmo os ressalvado, quanto a estas, o exame pericial. ≠ intuição
relevantes, alguns não precisam ser comprovados.
Aplicação subsidiária na falta de normas jurídicas particulares
que tratem do assunto.
Art. 374. Não dependem de prova os fatos:
I - notórios; *Presunção simples/hominis
II - afirmados por uma parte e confessados pela parte Generalizações- observação- situações iguais ou semelhantes
contrária;
III - admitidos no processo como incontroversos; Constituem o corpo de conhecimento que resulta da
IV - em cujo favor milita presunção legal de existência ou experiência e do senso comum. Incluem, além disso,
de veracidade. conhecimentos específicos que são acessíveis às pessoas em
geral, como os relativos a fatos históricos, ou, por exemplo, a
São aqueles do conhecimento cálculos aritméticos, que dispensem conhecimento
geral da comunidade em que o especializado.
Fatos notórios processo tramita. Ex. no RJ há
grande fluxo de turistas Enunciado 517 FPPC- A decisão judicial que empregar regras de
estrangeiros. experiência comum, sem indicar os motivos pelos quais a
O que foi confessado pela parte conclusão adotada decorre daquilo que ordinariamente
contrária, seja expressamente, acontece, considera-se não fundamentada.
seja por falta de impugnação
Afirmados por uma parte e específica, não se tornou
confessados pela parte contrária controvertido e apenas sobre o Art. 376. A parte que alegar direito municipal, estadual,
que há controvérsia exige-se estrangeiro ou consuetudinário provar-lhe-á o teor e a
prova. Pressupõe-se que o fato
vigência, se assim o juiz determinar.
admita confissão.
Pressupõe também a
Admitidos no processo como incontrovérsia, que dispensa a Art. 377. A carta precatória, a carta rogatória e o auxílio
incontroversos instrução. Aqui há consenso entre direto suspenderão o julgamento da causa no caso
os litigantes a respeito de
determinado fato.
previsto no art. 313, inciso V, alínea “b”, quando, tendo
Presunção absoluta (juris et de sido requeridos antes da decisão de saneamento, a prova
Em cujo favor milita presunção jure) – nenhuma prova se admitirá neles solicitada for imprescindível.
legal de existência ou de que seja contrária ao fato alegado.
veracidade Presunção relativa (juris tantum) –
aquele que alegou o fato não
Parágrafo único. A carta precatória e a carta rogatória
precisará comprová-lo, mas o seu não devolvidas no prazo ou concedidas sem efeito
adversário poderá fazer prova suspensivo poderão ser juntadas aos autos a qualquer
contrária. Ex. revelia momento.

Presunção e indícios Art. 378. Ninguém se exime do dever de colaborar com o


Poder Judiciário para o descobrimento da verdade.
Presunções Indícios
São presunções da existência ou São começo de prova. São Art. 379. Preservado o direito de não produzir prova
veracidade de um fato, indicativos da existência ou
estabelecidas por lei, ou como veracidade de determinado fato contra si própria, incumbe à parte:
decorrência da observação do que, por si sós, não são
que ocorre normalmente. suficientes para demonstrá-lo.
I - comparecer em juízo, respondendo ao que lhe for
interrogado;
II - colaborar com o juízo na realização de inspeção
judicial que for considerada necessária;
III - praticar o ato que lhe for determinado.

Art. 380. Incumbe ao terceiro, em relação a qualquer Seção II


causa: Da Produção Antecipada da Prova

I - informar ao juiz os fatos e as circunstâncias de que


tenha conhecimento; É uma ação autônoma, que pode ter natureza preparatória ou
incidental e que visa antecipar a produção de determinada
II - exibir coisa ou documento que esteja em seu poder. prova, realizando-a em momento anterior àquele em que
normalmente seria produzida. Trata-se do exercício do direito
E
autônomo à prova, de natureza satisfativa, exercido em
Parágrafo único. Poderá o juiz, em caso de
procedimento de jurisdição voluntária. Não tem, como no CPC
descumprimento, determinar, além da imposição de de 1973, natureza de ação cautelar, ajuizada sempre em razão
multa, outras medidas indutivas, coercitivas, de risco de a prova perecer. O risco é uma das justificativas da
mandamentais ou sub-rogatórias. antecipação da prova, mas não a única. A antecipação pode ser
deferida para viabilizar a autocomposição ou outro meio
Enunciado 678 FPPC- É lícita a imposição de multa por ato adequado de solução do conflito, ou para permitir ao
atentatório à dignidade da justiça, em caso de descumprimento interessado que tenha prévio conhecimento dos fatos, que
injustificado por terceiro da ordem de informar ao juiz os fatos possa justificar ou evitar o ajuizamento da ação. Poderá ser
e as circunstâncias de que tenha conhecimento ou de exibir aforada no curso de processo já ajuizado, em fase anterior
coisa ou documento que esteja em seu poder. àquela na qual normalmente a prova seria produzida, ou antes
do ajuizamento do processo, quando terá a natureza de
procedimento preparatório.

Em regra, as provas são produzidas depois de concluída a fase


PROCEDIMENTO
postulatória e a ordinatória. Isto é, depois que o réu foi citado
ofereceu contestação, que o juiz determinou as providências
Requerimento (autor - PI | réu - contestação)
preliminares, verificou que não é caso de julgamento
Juiz admitir (decisão de saneamento)
antecipado e saneou o processo, abrindo-se a fase de
Produzir (fase instrutória)
instrução.
Há três razões para que a prova seja antecipada:

■ o temor de que se perca. É a causa mais comum de


antecipação. Teme-se, por exemplo, que uma testemunha não
possa ser ouvida no momento oportuno, seja porque vai se
mudar para local distante, seja porque está muito doente ou
muito idosa. Teme o autor que pretende reformar o imóvel em
que habita que, no momento oportuno, a prova pericial fique
prejudicada, diante da alteração do local. Pode ser realizada
uma vistoria ad perpetuam rei memoriam, que retratará a
situação do imóvel antes da reforma;

■ prova suscetível de viabilizar a autocomposição ou outro


meio de solução de conflito. Já foi mencionado que o CPC
estimula a autocomposição e outras formas alternativas de
solução do conflito, a ponto de tratar delas entre as suas
normas fundamentais (art. 3º, § 3º). Pode ocorrer que,
somente com a colheita de determinada prova, as partes
possam tentar conciliar-se, uma vez que só por meio dela
poderão ter mais conhecimento do que de fato ocorreu, ou das
consequências de determinado fato. Assim, a prova pode servir
para definir de forma mais evidente e precisa os contornos do
conflito de interesse, viabilizando a autocomposição. Ela
também fornecerá maiores elementos ao conciliador e ao
mediador para tentarem sugerir uma solução consensual, ou
para conduzir as partes a que a encontrem;

■ o prévio conhecimento dos fatos que possa justificar ou


evitar o ajuizamento de ação. Há casos em que a antecipação
servirá para colheita de elementos necessários ao ajuizamento
da demanda. Sem ela, o autor terá dificuldade para ajuizar a
ação. Por exemplo: ele pretende postular indenização porque
houve um vazamento, que trouxe graves danos para o seu prova pericial. Requererá, então, a antecipação, em face do
apartamento. Porém, não sabe ainda qual foi a causa, nem autor da ação.
onde se originou, se na coluna central do prédio, caso em que a
responsabilidade será do condomínio, ou se no encanamento Petição em que se requer a antecipação
do imóvel superior, caso em que a ação deverá ser dirigida
contra o seu titular. A antecipação da prova servirá para que A petição inicial em que o interessado requerer a antecipação
colha elementos necessários para uma eventual ação, da prova deve indicar a justificativa para que ela seja deferida.
fornecendo informações ao interessado para que decida se
deve ou não ajuizá-la. Deve haver certa liberalidade do juízo na avaliação da
justificativa, já que a antecipação da prova não traz prejuízos ou
Só na primeira dessas situações a produção antecipada de coerção para a parte contrária. Isso não significa que ele pode
provas dependerá do perigo da demora. Nas demais não servirá deferir a medida, sem razão para tanto; no entanto, deve ser
para afastar um risco, mas para fornecer uma informação, um tolerante no exame dos requisitos.
esclarecimento. Ela servirá para colher elementos para a
eventual propositura da ação, independentemente de urgência. Além da justificativa, o requerente mencionará com precisão os
fatos sobre que há de recair a prova. Sem isso, o juiz não teria,
Tipos de provas que podem ser antecipadas por exemplo, como questionar a testemunha ou a parte,
porque não saberá quais os fatos relevantes para a causa, e o
Não há nenhuma restrição à antecipação das provas. Ela pode perito não saberia que aspectos técnicos investigar.
ter por objeto qualquer meio de prova, seja oral ou pericial.
Ressalva-se, porém, a prova documental, já que, se o Competência
interessado quiser que determinado documento seja
apresentado, deverá valer-se da ação de exibição de O art. 381, § 3º, afasta a controvérsia que havia na vigência do
documento (ver item 14.4.2, infra). CPC anterior a respeito da aptidão da ação de produção
antecipada de provas para prevenir o juízo. O dispositivo acolhe
O depoimento pessoal da parte, a respeito de algum fato que a lição da Súmula 263 do extinto Tribunal Federal de Recursos:
possa ser relevante para o desfecho do processo, também pode “A produção antecipada de provas, por si só, não previne a
ser antecipado. É certo que se a ação ainda não foi aforada, competência para a ação principal”. De fato, ele dispõe que “A
nem há contestação, não será possível saber quais os fatos produção antecipada da prova não previne a competência do
controvertidos a ensejar confissão. Mas sempre será possível juízo para a ação que venha a ser proposta”. Como a medida
saber quais fatos são relevantes para a causa, e uma das partes não exige ação principal, nem mesmo a indicação da lide e seus
pode ter interesse em colher o depoimento da outra, quando fundamentos, não haveria razão para que seu ajuizamento
houver perigo de que, oportunamente, essa prova não possa prevenisse a competência.
ser colhida, ou quando isso possa esclarecer os fatos
relacionados ao conflito. A regra geral de competência da antecipação de prova é dada
pelo art. 381, § 2º, do CPC: “A produção antecipada de prova é
Não há óbice a que seja antecipada a inspeção judicial, quando da competência do juízo do foro onde esta deve ser produzida
houver necessidade de que o juiz verifique, com os próprios ou do foro de domicílio do réu”.
olhos, a situação atual de determinado bem. O arrolamento de
bens, quando tiver por finalidade apenas a documentação e O art. 381, § 4º, estabelece a competência subsidiária da Justiça
não a prática de atos de apreensão, também pode ser deferido Estadual para colheita antecipada de provas em processos dos
como antecipação de prova. quais participem a União, suas entidades autárquicas ou
empresa pública federal, se na localidade não houver vara
Procedimento federal. Mas isso não significa que a mesma autorização se
estenda para a ação principal, para a qual a Justiça Estadual só
A produção antecipada de provas é ação autônoma e pode ter terá competência subsidiária nos casos expressamente
caráter preparatório, quando ainda não ajuizada a ação; ou previstos na Constituição Federal.
caráter incidental, se já há ação, que ainda não alcançou a fase
de instrução. Só não haverá interesse se o processo principal já Sequência do procedimento
estiver nessa fase. Ao se mencionar que ela pode ter caráter
preparatório, não se quer dizer com isso que, deferida e Ao receber a petição inicial, o juiz, se a entender justificada,
acolhida a antecipação e realizada a prova, haverá necessidade determinará a antecipação da prova e a citação dos
de ajuizamento de uma ação principal. Entre as finalidades da interessados para acompanhá-la. A citação deve se aperfeiçoar
antecipação está justamente a de viabilizar a autocomposição, antes que a produção da prova tenha início.
ou evitar, por meio de um melhor esclarecimento dos fatos, o
ajuizamento da ação. A expressão “procedimento Serão citados todos aqueles que, de qualquer forma, possam
preparatório” deve ser entendida aqui em sentido amplo: ela ter interesse, seja porque venham a participar de futura ação
pode servir para preparar uma eventual autocomposição, ou como partes ou intervenientes, seja porque figurem já no
preparar a decisão dos interessados a respeito da propositura processo principal, seja porque a prova possa ser útil para uma
ou não de eventual ação. autocomposição da qual eles participem. Sem a citação para
participação, a prova não pode ser usada contra eles por causa
Quando incidental, ela pode ser requerida tanto pelo autor do princípio do contraditório. Se uma das partes pretende
quanto pelo réu da ação. O autor da ação principal pode ser valer-se da denunciação da lide no processo principal, convém
requerido da antecipação de provas e vice-versa. Por exemplo: que a informe na antecipação preventiva, para que o futuro
em ação de indenização proposta por A contra B, o réu tem denunciado seja incluído e possa participar da prova, que só
necessidade de antecipar a ouvida de uma testemunha, ou uma assim poderá ser eficaz em relação a ele.
A citação dos interessados será determinada a requerimento certidões que quiserem (art. 383 do CPC). Não há prazo para a
do réu ou de ofício pelo juiz. A razão do dispositivo é permitir propositura de eventual ação principal: a prova continuará
ao juiz determinar a inclusão de eventuais interessados na eficaz mesmo depois de transcorrido o prazo de um mês.
prova que possam não ter sido mencionados pelo requerente.
A citação só se fará necessária quando a antecipação de prova Art. 381. A produção antecipada da prova será admitida
tiver caráter contencioso, pois em determinadas circunstâncias nos casos em que:
pode não o ter. Por exemplo: quando não há nenhum conflito
de interesses, mas se tem interesse em obter a comprovação Ação probatória autônoma, mas pode ser incidental.
de determinado fato. É possível, por exemplo, que duas Risco de perecimento das provas
pessoas, querendo compor-se, mas sem elementos a respeito
da extensão de determinados danos sobre os quais a I - haja fundado receio de que venha a tornar-se
composição possa versar, ingressem juntas em juízo e
impossível ou muito difícil a verificação de certos fatos na
conjuntamente peçam a antecipação da prova, com a
finalidade de que a composição se viabilize. Nesse caso, não pendência da ação;
haverá citação.
II - a prova a ser produzida seja suscetível de viabilizar a
Deferidas a antecipação de prova e a citação do interessado autocomposição ou outro meio adequado de solução de
nos casos em que forem necessárias, se a prova for oral, o conflito;
citando será intimado da data da audiência, para que possa
comparecer; e se for pericial, terá oportunidade de formular III - o prévio conhecimento dos fatos possa justificar ou
quesitos e indicar assistente técnico que acompanhe a evitar o ajuizamento de ação.
produção da prova. Se a prova consistir em inspeção judicial,
será intimado para acompanhá-la.
§ 1º O arrolamento de bens observará o disposto nesta
O art. 382, § 4º , do CPC não permite defesa no procedimento Seção quando tiver por finalidade apenas a realização de
de antecipação da prova. Diante dos termos peremptórios da documentação e não a prática de atos de apreensão.
lei, tem-se a impressão de que não se poderia nem mesmo
impugnar a justificativa apresentada para antecipação. Parece- § 2º A produção antecipada da prova é da competência
nos, no entanto, que isso se poderá fazer, já que não há aí do juízo do foro onde esta deva ser produzida ou do foro
propriamente uma defesa, mas a indicação de que faltam os de domicílio do réu.
requisitos autorizadores do deferimento da medida. É comum
que o requerido queira já se defender de uma futura e eventual
§ 3º A produção antecipada da prova não previne a
ação principal, aduzindo, por exemplo, que não é culpado pelos
danos, ou que o contrato celebrado com o autor não tem a competência do juízo para a ação que venha a ser
extensão que este lhe quer dar. Não é esse o momento proposta.
apropriado para fazê-lo, já que, na ação de antecipação, o juiz
não se pronunciará sobre os fatos e sobre as consequências § 4º O juízo estadual tem competência para produção
deles decorrentes, mas tão somente sobre a necessidade de antecipada de prova requerida em face da União, de
antecipação da prova e sobre a regularidade de sua realização. entidade autárquica ou de empresa pública federal se, na
localidade, não houver vara federal.
Apesar da vedação de defesa, o réu poderá arguir a
incompetência do juízo, ou o impedimento e a suspeição do
§ 5º Aplica-se o disposto nesta Seção àquele que
juiz, já que isso repercutirá sobre a própria validade das provas
colhidas.
pretender justificar a existência de algum fato ou relação
jurídica para simples documento e sem caráter
Diante da limitação do direito de defesa, caso o requerente contencioso, que exporá, em petição circunstanciada, a
desista da ação de antecipação, a homologação independerá do sua intenção.
consentimento do réu.
É admissível o ajuizamento da ação de exibição de documentos,
A audiência, a prova pericial e a inspeção judicial far-se-ão na de forma autônoma, na vigência do CPC/2015. Admite-se o
forma prevista no CPC, sem nenhuma peculiaridade. Além da ajuizamento de ação autônoma para a exibição de documento,
prova deferida originariamente, outras provas, desde que com base nos arts. 381 e 396 e seguintes do CPC, ou até mesmo
relacionadas ao mesmo fato, também poderão ser produzidas pelo procedimento comum, previsto nos arts. 318 e seguintes
no mesmo procedimento, em caráter antecipado, desde que do CPC. STJ. 3ª Turma. REsp 1.803.251-SC, Rel. Min. Marco
isso não acarrete excessiva demora na conclusão do Aurélio Bellizze, julgado em 22/10/2019 (Info 660). STJ. 4ª
procedimento (art. 382, § 3º, do CPC). Turma. REsp 1.774.987-SP, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti,
julgado em 08/11/2018 (Info 637).
Ao final, verificando o juiz que a prova foi colhida
regularmente, apenas a homologará, não cabendo recurso de
Art. 382. Na petição, o requerente apresentará as razões
seu pronunciamento. Caberá recurso de apelação apenas nos
casos em que ele indeferir totalmente a antecipação de prova que justificam a necessidade de antecipação da prova e
requerida. Se ele a indeferir parcialmente, não caberá agravo mencionará com precisão os fatos sobre os quais a prova
de instrumento, já que a hipótese não se insere naquelas há de recair.
mencionadas no art. 1.015.
§ 1º O juiz determinará, de ofício ou a requerimento da
Após a homologação, os autos permanecerão em cartório parte, a citação de interessados na produção da prova ou
durante um mês, sendo lícito aos interessados solicitar as
no fato a ser provado, salvo se inexistente caráter
contencioso.

§ 2º O juiz não se pronunciará sobre a ocorrência ou a


inocorrência do fato, nem sobre as respectivas
consequências jurídicas.

§ 3º Os interessados poderão requerer a produção de


qualquer prova no mesmo procedimento, desde que
relacionada ao mesmo fato, salvo se a sua produção
conjunta acarretar excessiva demora. Seção III
Da Ata Notarial
§ 4º Neste procedimento, não se admitirá defesa ou
recurso, salvo contra decisão que indeferir totalmente a A ata notarial é um documento lavrado por tabelião público,
produção da prova pleiteada pelo requerente originário. que goza de fé pública e que atesta a existência ou o modo de
existir de algum fato. Não é atestação de declaração de
vontade, como são as escrituras públicas, mas de um fato cuja
Art. 383. Os autos permanecerão em cartório durante 1
existência ou forma de existir é apreensível pelos sentidos
(um) mês para extração de cópias e certidões pelos
(visão, audição, tato etc.). Ela não é produzida em juízo, mas
interessados. extrajudicialmente, com a atuação de um tabelião. No entanto,
como ele goza de fé pública, presume-se a veracidade daquilo
Parágrafo único. Findo o prazo, os autos serão entregues que ele, por meio dos sentidos, constatou a respeito da
ao promovente da medida. existência e do modo de existir dos fatos.

Enunciados FPPC Art. 384. A existência e o modo de existir de algum fato


podem ser atestados ou documentados, a requerimento
633 - Admite-se a produção antecipada de prova proposta
do interessado, mediante ata lavrada por tabelião.
pelos legitimados ao ajuizamento das ações coletivas, inclusive
para facilitar a autocomposição ou permitir a decisão sobre o
ajuizamento ou não da demanda Parágrafo único.  Dados representados por imagem ou
som gravados em arquivos eletrônicos poderão constar
634 - Se, na pendência do processo, ocorrer a hipótese do art. da ata notarial.
381, I ou II, poderá ser antecipado o momento procedimental
de produção da prova, seguindo-se o regramento próprio do Enunciado. 636 FPPC- As conversas registradas por aplicativos
meio de prova requerido e não o procedimento dos arts. 381 a de mensagens instantâneas e redes sociais podem ser
383. admitidas no processo como prova, independentemente de ata
notarial.
Enunciados JPC

32 - A vedação à apresentação de defesa prevista no art.  382, §


4º, do  CPC, não impede a alegação pelo réu de matérias
defensivas conhecíveis de ofício.

50 - A eficácia da produção antecipada de provas não está


condicionada a prazo para a propositura de outra ação.

118 - É cabível a fixação de honorários advocatícios na ação de


produção antecipada de provas na hipótese de resistência da
parte requerida na produção da prova.

119 - É admissível o ajuizamento de ação de exibição de


documentos, de forma autônoma, inclusive pelo procedimento
comum do CPC (art. 318 e seguintes).
Enquanto o autor estiver depondo, o réu deverá aguardar fora
do recinto. Mas caso o réu não vá prestar depoimento, o autor
que já depôs, não precisa ser retirado da sala, assim como
desnecessário sua saída enquanto o réu depõe.

§ 3º O depoimento pessoal da parte que residir em


comarca, seção ou subseção judiciária diversa daquela
onde tramita o processo poderá ser colhido por meio de
videoconferência ou outro recurso tecnológico de
Seção IV
transmissão de sons e imagens em tempo real, o que
Do Depoimento Pessoal
poderá ocorrer, inclusive, durante a realização da
É um meio de prova, pelo qual o juiz a requerimento de uma audiência de instrução e julgamento.
das partes, colhe as declarações do adversário dela, com a
finalidade de obter informações a respeito de fatos relevantes Art. 386. Quando a parte, sem motivo justificado, deixar
para o processo. de responder ao que lhe for perguntado ou empregar
evasivas, o juiz, apreciando as demais circunstâncias e os
Só quem pode prestá-lo são as partes, os autores e os réus, elementos de prova, declarará, na sentença, se houve
jamais um terceiro. E só quem pode requerê-lo é a parte
recusa de depor.
contraria. Ninguém pode requerer o próprio depoimento
pessoal, mas somente o do adversário.
O juiz pode, a qualquer momento, ouvir, de ofício, às partes, Art. 387. A parte responderá pessoalmente sobre os
porém, não será depoimento pessoal, e sim interrogatório. fatos articulados, não podendo servir-se de escritos
anteriormente preparados, permitindo-lhe o juiz,
Finalidade = fazer com que a parte preste informações a todavia, a consulta a notas breves, desde que objetivem
respeito de fatos que possam contrariar seus interesses, é completar esclarecimentos.
obter a confissão a respeito de fatos relevantes para a causa.
Art. 388. A parte não é obrigada a depor sobre fatos:
Mas o juiz, ao examinar as declarações prestadas no
depoimento pessoal, deve considerá-las em conjunto. Não
I - criminosos ou torpes que lhe forem imputados;
pode levar em conta apenas aquilo que a parte confessou, mas
as informações todas que foram prestadas, dando-lhes o valor
que possam merecer. II - a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar
sigilo;
Art. 385. Cabe à parte requerer o depoimento pessoal da
outra parte, a fim de que esta seja interrogada na III - acerca dos quais não possa responder sem desonra
audiência de instrução e julgamento, sem prejuízo do própria, de seu cônjuge, de seu companheiro ou de
poder do juiz de ordená-lo de ofício. parente em grau sucessível;

*o que pode ser determinado de ofício é o interrogatório, o IV - que coloquem em perigo a vida do depoente ou das
depoimento pessoa sempre terá que ser requerido pelo pessoas referidas no inciso III.
adversário.
Tem se admitido que o MP como fiscal, pode requerê-lo. Parágrafo único. Esta disposição não se aplica às ações
Se for pessoa jurídica, o depoimento será prestado por seus
de estado e de família.
representantes legais.
Controvérsia – prevalecendo que é possível o depoimento
pessoal ser prestado por procurador, desde que tenha poderes Procedimento:
especiais para confessar, finalidade precípua do depoimento.
Também se admite que deponham em nome da pessoa Requerimento de depoimento pessoal, na inicial,
jurídica prepostos por ela indicados, desde que tenham poderes contestação ou no momento de especificação de provas
para confessar e conhecimento dos fatos.
Se a parte for absolutamente incapaz, o depoimento será Intimação da parte
prestado por seu representante legal; se relativamente incapaz,
por ele mesmo. Depoimento colhido diretamente pelo juiz em audiência de
instrução e julgamento (En. 33 I JDPCF admite inquirição direta)
salvo art.453 que também se aplica ao depoimento pessoal.
§ 1º Se a parte, pessoalmente intimada para prestar
depoimento pessoal e advertida da pena de confesso, Se forem requeridos depoimentos de ambas as partes,
não comparecer ou, comparecendo, se recusar a depor, primeiro ouve-se os autores e depois os réus.
o juiz aplicar-lhe-á a pena.
Depois do juiz fazer suas perguntas, o advogado da parte
Presunção de veracidade decorrente de confissão é relativa. contraria pode fazer e o MP também. Não há oportunidade de
Ver 388. reperguntas do advogado do próprio depoente.

§ 2º É vedado a quem ainda não depôs assistir ao Interrogatório das partes


interrogatório da outra parte.
É um meio de prova, de caráter complementar, no qual o juiz
ouve as partes, para delas obter esclarecimentos a respeito dos
fatos que permanecem confusos ou obscuros. Está previsto no
art. 139, VIII.

Depoimento Pessoal Interrogatório


É sempre requerido pela parte É determinado pelo juiz, de ofício,
contrária. ou a requerimento das partes. Seção V
É prestado na audiência de Pode ser determinado pelo juiz a Da Confissão
instrução e julgamento, para a qualquer tempo.
qual a parte é intimada sob pena
de confissão. Art. 389. Há confissão, judicial ou extrajudicial, quando a
Tem por finalidade principal obter, Tem finalidade complementar, parte admite a verdade de fato contrário ao seu
do adversário a confissão a sendo determinado pelo juiz para interesse e favorável ao do adversário.
respeito de fatos contrários aos obter, das par6es, informações a
seus interesses. respeito de fatos que
permanecem confusos. Por isso, é Judicial – feita por qualquer meio, no curso do processo
mais comum que se realize ao (escrita, oral, depoimento pessoal).
final da instrução, quando ainda
restarem dúvidas ao juiz. Extrajudicial – feita fora do processo, e precisará ser
comprovada, seja por documentos, seja por testemunhas.
Procedimento (escrita, ou verbal, caso em que só terá eficácia quando a lei
não exija prova literal). Pode ser:
O juiz designará a data para o interrogatório da parte e a
intimará para a audiência. Não haverá pena de confesso, *Expressa – manifestada pela parte, por escrito ou
prevista exclusivamente para a recusa em prestar depoimento verbalmente.
pessoal. *Ficta- é sempre consequência de omissão da parte, que ou não
No entanto, como o interrogatório serve para que o juiz possa apresentou contestação, ou não compareceu a audiência para
obter esclarecimentos de fatos ainda obscuros, a ausência da a qual foi intimada para prestar depoimento pessoa, ou
parte poderá prejudicá-la, já que o juiz possivelmente não compareceu, mas se recusou a prestá-lo.
considerará provado o fato, tudo de acordo com o princípio do
livre convencimento motivado. Art. 390. A confissão judicial pode ser espontânea ou
Os advogados de ambas as partes e o Ministério Público, nos provocada.
casos em que intervenha, serão intimados para participar e
poderão formular perguntas.
§ 1º A confissão espontânea pode ser feita pela própria
parte ou por representante com poder especial.
(apresentada fora do depoimento pessoal)

§ 2º A confissão provocada constará do termo de


depoimento pessoal. (quando a parte responde às perguntas no
depoimento pessoal)

Art. 391. A confissão judicial faz prova contra o


confitente, não prejudicando, todavia, os litisconsortes.

Parágrafo único. Nas ações que versarem sobre bens


imóveis ou direitos reais sobre imóveis alheios, a
confissão de um cônjuge ou companheiro não valerá sem
a do outro, salvo se o regime de casamento for o de
separação absoluta de bens.

Art. 392. Não vale como confissão a admissão, em juízo,


de fatos relativos a direitos indisponíveis.

§ 1º A confissão será ineficaz se feita por quem não for


capaz de dispor do direito a que se referem os fatos
confessados.

§ 2º A confissão feita por um representante somente é


eficaz nos limites em que este pode vincular o
representado.

Art. 393. A confissão é irrevogável, mas pode ser anulada


se decorreu de erro de fato ou de coação.
Não é uma declaração de vontade, mas de ciência de um fato, e
- Ação própria. 214 CC – pode caber também em caso de dolo. (Vicio a lei a considera negócio jurídico, permitindo que seja anulada,
de consentimento) na forma do 393.

Parágrafo único. A legitimidade para a ação prevista Objeto


no caput é exclusiva do confitente e pode ser transferida
a seus herdeiros se ele falecer após a propositura. Só fatos, jamais as consequências jurídicas que deles possam
advir, e que serão extraídas pelo juiz, que lhe cumpre dar o
Art. 394. A confissão extrajudicial, quando feita valor que a confissão possa merecer, em conformidade com as
oralmente, só terá eficácia nos casos em que a lei não demais provas. Não se pode negar que a confissão costuma ter
forte influência na convicção do juiz, já que prestada por
exija prova literal.
alguém cujos interesses são por ela contrariados.

Art. 395. A confissão é, em regra, indivisível, não A confissão não se confunde com a renúncia ao direito ou com
podendo a parte que a quiser invocar como prova aceitá- o reconhecimento jurídico do pedido, já que estes não
la no tópico que a beneficiar e rejeitá-la no que lhe for envolvem apenas os fatos controvertidos, mas o direito
desfavorável, porém cindir-se-á quando o confitente a discutido.
ela aduzir fatos novos, capazes de constituir fundamento
de defesa de direito material ou de reconvenção. A renúncia e o reconhecimento implicam a extinção do
processo com resolução d mérito, ao passo que a confissão é só
mais um elemento, para que o juiz forme sua convicção.
A indivisibilidade implica que, se a parte confessar fatos
contrários aos seus interesses e, ao mesmo tempo, se
pronunciar sobre fatos que lhe são favoráveis, o juiz não possa
considerar isoladamente apenas os primeiros, mas o conjunto
das declarações.

Poderá haver cisão se a parte aduzir fatos novos que


constituam fundamento de defesa – réu em sua contestação,
confessar que contraiu a dívida, mas aduzir que houve
compensação, a existência do débito será incontroversa, mas a
compensação deverá ser provada.

Eficácia da confissão

Art. 374. Não dependem de prova os fatos:


II - afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária;

O juiz não está obrigado a dar valor absoluto a confissão,


devendo cotejá-la com os demais elementos de convicção. A
presunção de veracidade dos fatos dela decorrente é relativa,
não absoluta.

Restrições a eficácia da confissão

- Não se admite confissão em juízo de fatos relativos a direitos


indisponíveis (392).
- A confissão não supre a exigência da apresentação de
instrumento público, para comprovar a existência de negócio
jurídico que o exija (406).
- Quando houver litisconsórcio (simples ou unitário), confissão
de um não poderá prejudicar os demais.
- Nas ações que versarem sobre bens imóveis, a confissão de
um dos cônjuges/ companheiros não valerá sem a do outro,
salvo regime de separação absoluta (391, PU)

Controvérsia – natureza da confissão

É ou não meio de prova?


Não pode ser considerada meio de prova porque não constitui
mecanismo para que as partes obtenham informações a
respeito de fatos relevantes para o processo, ela é declaração
unilateral da parte, e pode, eventualmente, tornar dispensáveis
as provas de determinado fato.
Seção VI
Da Exibição de Documento ou Coisa

Há duas maneiras de conseguir a vinda de documentos aos


autos: a requisição judicial e a exibição de documento

Exibição de documentos

Mecanismo pelo qual é possível que um dos litigantes exija do


outro, ou de terceiro, a apresentação de documentos que
estejam em poder deles. Tem por fim obrigar aquele que
detém o documento a apresentá-lo.

Só existirá o procedimento de exibição de documento se for


requerido por uma das partes – o juiz, pode de ofício,
determinar a apresentação de documentos em juízo, mas não
se estará diante do procedimento de exibição.

Art. 396. O juiz pode ordenar que a parte exiba


documento ou coisa que se encontre em seu poder.

Exibição requerida em face da parte

Art. 397. O pedido formulado pela parte conterá: (autor


ou réu)

I - a descrição, tão completa quanto possível, do


documento ou da coisa, ou das categorias de
documentos ou de coisas buscados;
II - a finalidade da prova, com indicação dos fatos que se
relacionam com o documento ou com a coisa, ou com
suas categorias;
III - as circunstâncias em que se funda o requerente para
afirmar que o documento ou a coisa existe, ainda que a
referência seja a categoria de documentos ou de coisas,
e se acha em poder da parte contrária.

I - a individuação, tão completa quanto possível, do


documento ou da coisa;
Para que o adversário possa defender-se ou entregá-lo
II - a finalidade da prova, indicando os fatos que se
relacionam com o documento ou com a coisa;
III - as circunstâncias em que se funda o requerente para
afirmar que o documento ou a coisa existe e se acha em
poder da parte contrária.

Para o acolhimento do incidente é indispensável que fique


demostrada a posse do documento pelo adversário.
Não cumpridas as exigências mencionadas, o juiz indeferirá de
plano o incidente. Do contrário, mandará intimar o requerido.
CPC, pela expressa possibilidade de fixação de multa de
Art. 398. O requerido dará sua resposta nos 5 (cinco) dias natureza coercitiva na ação de exibição de documento.
subsequentes à sua intimação.
Exibição requerida em face de terceiro
Parágrafo único. Se o requerido afirmar que não possui o
documento ou a coisa, o juiz permitirá que o requerente Não constituirá um mero incidente, pois o terceiro não é parte
do processo originário, terá natureza de uma nova ação
prove, por qualquer meio, que a declaração não
incidente, logo, deverão ser observados os requisitos da
corresponde à verdade. (ônus do requerido)
petição inicial. O terceiro é réu na ação, logo, não basta ser só
intimado a responder, deve ser citado, para oferecer resposta
O requerido poderá tomar várias atitudes: no prazo de 15 dias.

1. Apresentar o documento – incidente será encerrado Na defesa, pode apresentar as mesmas alegações que o
2.Oferecer resposta, podendo se valer de duas defesas: adversário pode oferecer.
* A de que não tem o documento exigido;
*A de que não está obrigado a apresentá-lo, podendo escusar-
Art. 401. Quando o documento ou a coisa estiver em
se -404.
3.Silenciar, deixando transcorrer in albis o prazo de 5 dias, caso poder de terceiro, o juiz ordenará sua citação para
em que o juiz presumirá a posse do requerido e a inexistência responder no prazo de 15 (quinze) dias.
de causas de recusa. (presunção relativa)

A decisão será dada por decisão interlocutória (já que a ação Art. 402. Se o terceiro negar a obrigação de exibir ou a
tem natureza de mero incidente), cabendo agravo de posse do documento ou da coisa, o juiz designará
instrumento – 1.015, VI. audiência especial, tomando-lhe o depoimento, bem
como o das partes e, se necessário, o de testemunhas, e
Recusa de exibição não admitida em seguida proferirá decisão. (Da qual cabe agravo de
instrumento).
Art. 399. O juiz não admitirá a recusa se:
Art. 403.  Se o terceiro, sem justo motivo, se recusar a
I - o requerido tiver obrigação legal de exibir; efetuar a exibição, o juiz ordenar-lhe-á que proceda ao
II - o requerido tiver aludido ao documento ou à coisa, no respectivo depósito em cartório ou em outro lugar
processo, com o intuito de constituir prova; designado, no prazo de 5 (cinco) dias, impondo ao
III - o documento, por seu conteúdo, for comum às requerente que o ressarça pelas despesas que tiver.
partes.
Parágrafo único. Se o terceiro descumprir a ordem, o juiz
Art. 400. Ao decidir o pedido, o juiz admitirá como expedirá mandado de apreensão, requisitando, se
verdadeiros os fatos que, por meio do documento ou da necessário, força policial, sem prejuízo da
coisa, a parte pretendia provar se: responsabilidade por crime de desobediência,
pagamento de multa e outras medidas indutivas,
I - o requerido não efetuar a exibição nem fizer nenhuma coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias
declaração no prazo do art. 398; para assegurar a efetivação da decisão.
II - a recusa for havida por ilegítima.
Escusa de exibir documento ou coisa
O adversário não tem, em regra, o dever de apresentar o
documento que tenha consigo, mas tão somente o ônus de
Art. 404. A parte e o terceiro se escusam de exibir, em
fazê-lo - se o juiz determinar, mas se não o fizer, sofrerá as
consequências negativas da sua omissão (ônus): os fatos que se juízo, o documento ou a coisa se:
pretendia comprovar por meio dos documentos sonegados
serão presumidos como verdadeiras (presunção relativa). I - concernente a negócios da própria vida da família;

Mas se o documento estiver em mãos de terceiro, este terá II - sua apresentação puder violar dever de honra;
sempre a obrigação de cumprir a determinação judicial de
apresentá-los, e não somente o ônus. O descumprimento III - sua publicidade redundar em desonra à parte ou ao
implicará desobediência – 403, pu. terceiro, bem como a seus parentes consanguíneos ou
afins até o terceiro grau, ou lhes representar perigo de
ação penal;
Parágrafo único. Sendo necessário, o juiz pode adotar
medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub- IV - sua exibição acarretar a divulgação de fatos a cujo
rogatórias para que o documento seja exibido. respeito, por estado ou profissão, devam guardar
segredo;
Enunciado 54 FPPC - Fica superado o enunciado 372 da súmula
do STJ (“Na ação de exibição de documentos, não cabe a
aplicação de multa cominatória”) após a entrada em vigor do
V - subsistirem outros motivos graves que, segundo o outra natureza, pena de busca e
prudente arbítrio do juiz, justifiquem a recusa da nos termos do art. apreensão e
exibição; 400, parágrafo outras medidas
único, do CPC. coercitivas, sem
prejuízo de
VI - houver disposição legal que justifique a recusa da
responsabilidade
exibição. criminal.

Parágrafo único. Se os motivos de que tratam os incisos I


a VI do caput disserem respeito a apenas uma parcela do
documento, a parte ou o terceiro exibirá a outra em
cartório, para dela ser extraída cópia reprográfica, de
tudo sendo lavrado auto circunstanciado. Seção VII
Da Prova Documental
O incidente de exibição de documentos ou coisa – 396 a 404 –
Subseção I
pressupõe que já tenha sido instaurado o processo. Mas é
possível que a exibição seja requerida em ação autônoma (ação Da Força Probante dos Documentos
de exibição) antes do início do processo, em que o réu será
citado para que querendo, apresente o documento ou ofereça Art. 405. O documento público faz prova não só da sua
contestação. O pedido de exibição pode está fundado nas formação, mas também dos fatos que o escrivão, o chefe
mesmas hipóteses em que seria possível requerer a produção de secretaria, o tabelião ou o servidor declarar que
antecipada de provas – 381, I a III – mas não se tratará de ocorreram em sua presença.
verdadeira antecipação de provas, já que o réu será citado não
apenas para acompanhar a produção de determinada prova, Isto é, da sua própria regularidade na sua formação, mas não
mas para exibir o documento, podendo ele contestar sua da veracidade de seu conteúdo. Um boletim de ocorrência,
obrigação de fazê-lo. documento público, faz prova de que o particular compareceu a
Delegacia ou Posto policial e prestou declarações ali contidas,
mas não que os fatos ocorreram na forma por ele declarada.
REQUISIÇÃO EXIBIÇÃO CONTRA A EXIBIÇÃO CONTRA
PARTE TERCEIRO STJ, RT 726/206 - Boletim de Ocorrência "não gera presunção
É a A exibição é É sempre iuris tantum da veracidade dos fatos narrados, uma vez que
determinação, sempre requerida suscitada pela apenas consigna as declarações unilaterais narradas pelo
feita pelo juiz, às por uma das parte, e será interessado, sem atestar que tais informações sejam
repartições partes. O dirigida contra verdadeiras".
públicas, para suscitante deverá terceiro se for
que apresentem precisar o este que tiver em
Art. 406. Quando a lei exigir instrumento público como
em juízo documento, o fato seu poder o
da substância do ato, nenhuma outra prova, por mais
documentos que se pretende documento. Tem
relevantes para o provar por seu natureza de ação especial que seja, pode suprir-lhe a falta.
processo. Vem intermédio e as autônoma
tratada no art. razões pelas quais incidente, uma Quando a lei o exige, o documento deixa de ser apenas um
438 do CPC. se supõe que ele vez que o terceiro mecanismo de prova e se torna a essência do próprio negócio
Admite-se que o esteja com o não integra o jurídico, que não pode ser provado por outras maneiras. Mas
juiz ainda possa suscitado. O juiz o processo não pode ser considerada de maior valor do que os outros.
requisitar ouvirá em cinco originário. Por
documentos de dias. Ele poderá isso, ele será Afora essas situações, em que o documento é da essência do
entidades apresentar o citado para negócio, a prova documental é apenas um meio de prova, que,
particulares, documento, contestar em conquanto muito prestigiado, não pode ser considerado, a
como, por oferecer escusa quinze dias (art. priori, como de maior valor do que os outros.
exemplo, nos casos 401). O terceiro Não se acolheu no Brasil o princípio da prova legal, em que o
prontuários autorizados por poderá negar a legislador prefixa o valor de cada prova, retirando do juiz o
médicos de lei, ou demonstrar obrigação de poder de apreciá-las consoante a sua livre convicção. Aqui foi
internações que não o tem apresentar o adotado o princípio do livre convencimento motivado, e aprova
hospitalares. consigo. Se documento ou a documental deve ser examinada em conjunto com as demais,
acolhido o sua posse, caso podendo o juiz preteri-la, caso se convença, por outros meios,
incidente (por em que, se que o documento não retrata a realidade.
decisão necessário, o juiz
interlocutória), o designará Classificação dos documentos
juiz considerará audiência e
provados os fatos julgará, por São várias as formas pelas quais os documentos podem ser
que com ele se decisão classificados. É possível usar como critérios de distinção
pretendia interlocutória, autoria, conteúdo e forma.
demonstrar e, podendo
excepcionalmente, condenar o réu a 1. Quanto à autoria
imporá medidas apresentar os
coercitivas ou de documentos, sob
Os documentos podem ser autógrafos ou heterógrafos. Os IV - da sua apresentação em repartição pública ou em
primeiros são produzidos pelo próprio autor da declaração de juízo;
vontade nele contida. Contém, portanto, uma declaração de
próprio punho, daquele que emite a sua vontade; já os
V - do ato ou do fato que estabeleça, de modo certo, a
segundos são aqueles redigidos por outrem, que não o autor da
anterioridade da formação do documento.
declaração de vontade.

Um contrato particular é geralmente autógrafo, porque Art. 410. Considera-se autor do documento particular:
redigido e assinado pelos próprios contratantes; já uma I - aquele que o fez e o assinou;
escritura pública é um documento heterógrafo, porque redigida II - aquele por conta de quem ele foi feito, estando
por um tabelião, que dela faz constar a vontade dos assinado;
declarantes. III - aquele que, mandando compô-lo, não o firmou
porque, conforme a experiência comum, não se costuma
Ainda quanto à autoria, os documentos podem ser públicos ou
assinar, como livros empresariais e assentos domésticos.
privados, conforme expedidos por funcionários públicos em
geral (art. 405 do CPC) ou por particulares.
Art. 411. Considera-se autêntico o documento quando:

2. Quanto ao conteúdo I - o tabelião reconhecer a firma do signatário;


Os documentos podem ser narrativos ou dispositivos. Os
II - a autoria estiver identificada por qualquer outro meio
primeiros são aqueles que contêm declarações referentes a um
fato, do qual o subscritor tem conhecimento. Os segundos
legal de certificação, inclusive eletrônico, nos termos da
contêm uma declaração de vontade e se prestam a constituir, lei;
extinguir ou modificar as relações jurídicas. Os contratos são
exemplos de documentos dispositivos. III - não houver impugnação da parte contra quem foi
produzido o documento.
3. Quanto à forma
Art. 412. O documento particular de cuja autenticidade
Os documentos podem ser solenes, quando exigirem forma não se duvida prova que o seu autor fez a declaração que
especial para sua validade, como as escrituras públicas nos
lhe é atribuída.
contratos de compra e venda de imóveis, ou não solenes,
quando não exigem forma especial.
Parágrafo único. O documento particular admitido
expressa ou tacitamente é indivisível, sendo vedado à
Art. 407. O documento feito por oficial público
parte que pretende utilizar-se dele aceitar os fatos que
incompetente ou sem a observância das formalidades
lhe são favoráveis e recusar os que são contrários ao seu
legais, sendo subscrito pelas partes, tem a mesma
interesse, salvo se provar que estes não ocorreram.
eficácia probatória do documento particular.
Art. 413. O telegrama, o radiograma ou qualquer outro
Art. 408. As declarações constantes do documento meio de transmissão tem a mesma força probatória do
particular escrito e assinado ou somente assinado documento particular se o original constante da estação
presumem-se verdadeiras em relação ao signatário. expedidora tiver sido assinado pelo remetente.
(Presunção relativa)

Parágrafo único. A firma do remetente poderá ser


Parágrafo único. Quando, todavia, contiver declaração de
reconhecida pelo tabelião, declarando-se essa
ciência de determinado fato, o documento particular
circunstância no original depositado na estação
prova a ciência, mas não o fato em si, incumbindo o ônus
expedidora.
de prová-lo ao interessado em sua veracidade.
Art. 414. O telegrama ou o radiograma presume-se
Art. 409. A data do documento particular, quando a seu conforme com o original, provando as datas de sua
respeito surgir dúvida ou impugnação entre os litigantes, expedição e de seu recebimento pelo destinatário.
provar-se-á por todos os meios de direito.
Art. 415. As cartas e os registros domésticos provam
Parágrafo único. Em relação a terceiros, considerar-se-á contra quem os escreveu quando:
datado o documento particular: I - enunciam o recebimento de um crédito;
II - contêm anotação que visa a suprir a falta de título em
I - no dia em que foi registrado; favor de quem é apontado como credor;
III - expressam conhecimento de fatos para os quais não
II - desde a morte de algum dos signatários; se exija determinada prova.

III - a partir da impossibilidade física que sobreveio a


Art. 416. A nota escrita pelo credor em qualquer parte de
qualquer dos signatários;
documento representativo de obrigação, ainda que não
assinada, faz prova em benefício do devedor.
Parágrafo único. Aplica-se essa regra tanto para o Constitui sempre uma fonte de prova passiva – a informação
documento que o credor conservar em seu poder quanto pode ser obtida da coisa em si, sem ser extraída pelo juiz,
diferente da prova testemunhal, pericial, que há necessidade da
para aquele que se achar em poder do devedor ou de
participação do juiz e das partes.
terceiro.
Art. 423. As reproduções dos documentos particulares,
Art. 417. Os livros empresariais provam contra seu autor,
fotográficas ou obtidas por outros processos de
sendo lícito ao empresário, todavia, demonstrar, por
repetição, valem como certidões sempre que o escrivão
todos os meios permitidos em direito, que os
ou o chefe de secretaria certificar sua conformidade com
lançamentos não correspondem à verdade dos fatos.
o original.
Art. 418. Os livros empresariais que preencham os
Eficácia das reproduções
requisitos exigidos por lei provam a favor de seu autor no
litígio entre empresários.
Art. 424. A cópia de documento particular tem o mesmo
valor probante que o original, cabendo ao escrivão,
Art. 419. A escrituração contábil é indivisível, e, se dos intimadas as partes, proceder à conferência e certificar a
fatos que resultam dos lançamentos, uns são favoráveis conformidade entre a cópia e o original.
ao interesse de seu autor e outros lhe são contrários,
ambos serão considerados em conjunto, como unidade.   "É sem importância a não autenticação de cópia de
documento, quando não impugnado o seu conteúdo"
Art. 420. O juiz pode ordenar, a requerimento da parte, (RSTJ  87/310)
a exibição integral dos livros empresariais e dos
documentos do arquivo: Se o documento particular está autenticado, tem a mesma
força probante que o original; se não está, o seu valor
I - na liquidação de sociedade; dependerá de eventual impugnação do adversário.
II - na sucessão por morte de sócio;
III - quando e como determinar a lei. Art. 425. Fazem a mesma prova que os originais:

Art. 421. O juiz pode, de ofício, ordenar à parte a I - as certidões textuais de qualquer peça dos autos, do
exibição parcial dos livros e dos documentos, extraindo- protocolo das audiências ou de outro livro a cargo do
se deles a suma que interessar ao litígio, bem como escrivão ou do chefe de secretaria, se extraídas por ele
reproduções autenticadas. ou sob sua vigilância e por ele subscritas;

Art. 422. Qualquer reprodução mecânica, como a II - os traslados e as certidões extraídas por oficial público
fotográfica, a cinematográfica, a fonográfica ou de outra de instrumentos ou documentos lançados em suas notas;
espécie, tem aptidão para fazer prova dos fatos ou das
coisas representadas, se a sua conformidade com o III - as reproduções dos documentos públicos, desde que
documento original não for impugnada por aquele contra autenticadas por oficial público ou conferidas em
quem foi produzida. cartório com os respectivos originais;

§ 1º As fotografias digitais e as extraídas da rede mundial IV - as cópias reprográficas de peças do próprio processo
de computadores fazem prova das imagens que judicial declaradas autênticas pelo advogado, sob sua
reproduzem, devendo, se impugnadas, ser apresentada a responsabilidade pessoal, se não lhes for impugnada a
respectiva autenticação eletrônica ou, não sendo autenticidade;
possível, realizada perícia.
V - os extratos digitais de bancos de dados públicos e
§ 2º Se se tratar de fotografia publicada em jornal ou privados, desde que atestado pelo seu emitente, sob as
revista, será exigido um exemplar original do periódico, penas da lei, que as informações conferem com o que
caso impugnada a veracidade pela outra parte. consta na origem;

§ 3º Aplica-se o disposto neste artigo à forma impressa VI - as reproduções digitalizadas de qualquer documento
de mensagem eletrônica. público ou particular, quando juntadas aos autos pelos
órgãos da justiça e seus auxiliares, pelo Ministério
“documento” sugere prova escrita, conjunto de palavras e Público e seus auxiliares, pela Defensoria Pública e seus
expressões que usam o papel como suporte, mas não se auxiliares, pelas procuradorias, pelas repartições públicas
restringe a isso, e abrange outras formas de representação em geral e por advogados, ressalvada a alegação
material, como a mecânica, a fotográfica, a cinematográfica, a
motivada e fundamentada de adulteração.
fonográfica e outras. Documento eletrônico disciplinado pela lei
11.419/2006. Ponto comum – todos usam suporte material,
que não precisa ser necessariamente pape – fotos, gravações, § 1º Os originais dos documentos digitalizados
cds, dvds, filmagens. mencionados no inciso VI deverão ser preservados pelo
seu detentor até o final do prazo para propositura de
ação rescisória.

§ 2o Tratando-se de cópia digital de título executivo


extrajudicial ou de documento relevante à instrução do
processo, o juiz poderá determinar seu depósito em
cartório ou secretaria.

Art. 426. O juiz apreciará fundamentadamente a fé que


deva merecer o documento, quando em ponto
substancial e sem ressalva contiver entrelinha, emenda,
borrão ou cancelamento.

Art. 427. Cessa a fé do documento público ou particular Subseção II


sendo-lhe declarada judicialmente a falsidade. Da Arguição de Falsidade

Parágrafo único. A falsidade consiste em: Uma vez arguida a falsidade do documento, ela será resolvida
I - formar documento não verdadeiro; como questão incidente, portanto sem força de coisa julgada
II - alterar documento verdadeiro. material. Mas a lei prevê a possibilidade de o interessado
requerer que a falsidade seja decidida como questão principal,
caso em que a sua finalidade será obter a declaração judicial,
Art. 428. Cessa a fé do documento particular quando:
com força de coisa julgada, da falsidade de documento juntado
aos autos. No primeiro caso, a questão da falsidade será
I - for impugnada sua autenticidade e enquanto não se examinada na fundamentação da sentença; no segundo, no seu
comprovar sua veracidade; dispositivo.

II - assinado em branco, for impugnado seu conteúdo, Objeto


por preenchimento abusivo. - Documentos públicos e os particulares, juntados aos autos. A
falsidade pode consistir em formar documento não verdadeiro,
Parágrafo único. Dar-se-á abuso quando aquele que ou em alterar documento verdadeiro.
recebeu documento assinado com texto não escrito no
todo ou em parte formá-lo ou completá-lo por si ou por Natureza jurídica
- Suscitada como questão incidental: a falsidade será decidida
meio de outrem, violando o pacto feito com o signatário.
como tal, e arguição constituirá um mero incidente processual,
sem natureza de ação autônoma, sendo a questão apreciada
Art. 429. Incumbe o ônus da prova quando: apenas incidentalmente, na fundamentação da sentença, no
seu dispositivo, sem força de coisa julgada.
I - se tratar de falsidade de documento ou de
preenchimento abusivo, à parte que a arguir; - Suscitada como questão principal: terá natureza de verdadeira
ação incidente, de cunho declaratório. (ação declaratória
II - se tratar de impugnação da autenticidade, à parte que incidental). Seu objetivo é obter do juízo uma declaração
definitiva sobre a falsidade ou autenticidade do documento. O
produziu o documento.
juiz declarará, no mesmo processo, no dispositivo da sentença
e com força de coisa julgada (impede que a questão seja
rediscutida em qualquer outro processo). Haverá uma nova
ação, mas de natureza incidente, que não implica a formação
de um novo processo.

- Ação autônoma de declaração de falsidade: Haverá uma nova


ação e um novo processo.
Art. 19. O interesse do autor pode limitar-se à declaração:
II - da autenticidade ou da falsidade de documento

Tipo de falsidade que pode ser objeto do incidente

- Falsidade material: suporte material do documento


- Falsidade ideológica: seu conteúdo.

Tem predominado o entendimento de somente a falsidade


material pode ser discutida, já que só ela pode ser apurada por
perícia, tendo como parâmetro o art.432.
A falsidade do conteúdo do documento não pode ser
constatada, em regra, por prova técnica, mas por outros meios,
o que afasta a possibilidade do incidente.
Há, no entanto, acórdãos do STJ que tem admitido o incidente dispensado o exame pericial, e o juiz julgando extinto o
de falsidade ideológica, mas não de maneira generalizada, só incidente.
permitindo quando o conteúdo do documento é meramente
narrativo, e não constitutivo de situações jurídicas, não se Se ele for impugnado, o juiz ordenará a realização de prova
prestando ao reconhecimento de vicio de vontade ou vicio pericial.
social, isto é, defeitos relativos a declaração de vontade, que
podem gerar a nulidade ou anulabilidade do negócio jurídico, Art. 432. Depois de ouvida a outra parte no prazo de 15
na forma da lei civil, mas não a declaração de falsidade. As (quinze) dias, será realizado o exame pericial.
decisões que admitem o incidente de falsidade ideológica o
restringem apenas a eventual narrativa contida no documento, Parágrafo único.  Não se procederá ao exame pericial se
não a declaração de vontade constitutiva de ato jurídico. Essas a parte que produziu o documento concordar em retirá-
decisões baseiam-se na permissão dada pelo art. 431, parte
lo.
final, de que outras provas, além da pericial, sejam produzidas.

Procedimento Parece que o incidente pode admitir outros tipos de provas


(tanto que a parte final do art. 431 determina que o suscitante
informe as provas que pretende produzir), e que, em
Art. 430. A falsidade deve ser suscitada
determinados casos, pode até ser dispensada a perícia, quando
se verificar que, por outro meio mais eficiente, a falsidade pode
- Na Contestação, (documento juntado com a PI) ser comprovada.
- Na réplica (documento juntado na contestação)
-Ou no prazo de 15 (quinze) dias (se juntado A arguição de falsidade em caráter principal que, a nosso ver,
posteriormente) contado a partir da intimação da juntada constitui o único resquício, no CPC atual, da antiga ação
do documento aos autos. declaratória incidental, será examinada no dispositivo da
sentença. Além das pretensões formuladas na inicial e na
Prazo preclusivo – se ultrapassado, a parte interessada não reconvenção, o dispositivo conterá ainda a decisão do juiz
mais poderá aforá-lo. sobre eventual falsidade do documento. Sobre ela incidirá a
Mas nada impede que o juiz, desconfiando da autenticidade do autoridade da coisa julgada material, o que impedirá que a
documento, deixe de utilizá-lo na formação do seu questão seja rediscutida em qualquer outro processo.
convencimento, apresentando justificativa para sua conclusão,
mas sem declarar a falsidade com força de coisa julgada. Art. 433. A declaração sobre a falsidade do documento,
Nada obsta, ainda, que o interessado se valha da ação quando suscitada como questão principal, constará da
autônoma de declaração de falsidade. parte dispositiva da sentença e sobre ela incidirá também
a autoridade da coisa julgada.
Parágrafo único.  Uma vez arguida, a falsidade será
resolvida como questão incidental, salvo se a parte
requerer que o juiz a decida como questão principal, nos
termos do inciso II do art. 19.
Subseção III
Incidente - Portanto, sem força de coisa julgada – a questão Da Produção da Prova Documental
será examinada na fundamentação da sentença.
Art. 434. Incumbe à parte instruir a petição inicial ou a
Mas a lei prevê a possibilidade de o interessado requerer que a
contestação com os documentos destinados a provar
falsidade seja decidida como questão principal, caso em que a
sua finalidade será obter a declaração judicial, com força de suas alegações.
coisa julgada, da falsidade de documentos juntados aos autos –
a questão será examinada no seu dispositivo. Parágrafo único. Quando o documento consistir em
reprodução cinematográfica ou fonográfica, a parte
Art. 431. A parte arguirá a falsidade expondo os motivos deverá trazê-lo nos termos do caput, mas sua exposição
em que funda a sua pretensão e os meios com que será realizada em audiência, intimando-se previamente
provará o alegado. as partes.

O incidente correrá nos mesmos autos do processo da ação Art. 435. É lícito às partes, em qualquer tempo, juntar
originária e será suscitado por Petição dirigida ao juiz da causa, aos autos documentos novos, quando destinados a fazer
nessa petição o interessado deverá informar se pretende que a prova de fatos ocorridos depois dos articulados ou para
questão seja apreciada como questão principal, se não o fizer, contrapô-los aos que foram produzidos nos autos.
ela será examinada apenas incidentalmente.
STJ tem decidido que os documentos que devem ser juntados
O juiz poderá indeferir de plano a arguição, se verificar que não
com a inicial são apenas os indispensáveis para a propositura
foram preenchidos os requisitos de admissibilidade, ou que o
da demanda (certidão imobiliária nas ações reivindicatórias de
tipo de falsidade não permite a declaração incidental.
bens imóveis). Outros documentos podem ser juntados a
qualquer tempo, mesmo em faze recursal, cabendo ao juiz
Se não indeferir, intimará o suscitado para manifestar se no
apenas dar ciência ao adversário, permitindo-lhes que se
prazo de 15 dias. Podendo o suscitado concordar e retirar os
manifeste no prazo de 15 dias.
documentos dos autos, reconhecendo-lhes a falsidade, sendo
Parágrafo único. Admite-se também a juntada posterior
de documentos formados após a petição inicial ou a § 1o Recebidos os autos, o juiz mandará extrair, no prazo
contestação, bem como dos que se tornaram máximo e improrrogável de 1 (um) mês, certidões ou
conhecidos, acessíveis ou disponíveis após esses atos, reproduções fotográficas das peças que indicar e das que
cabendo à parte que os produzir comprovar o motivo forem indicadas pelas partes, e, em seguida, devolverá os
que a impediu de juntá-los anteriormente e incumbindo autos à repartição de origem.
ao juiz, em qualquer caso, avaliar a conduta da parte de
acordo com o art. 5o. § 2o As repartições públicas poderão fornecer todos os
documentos em meio eletrônico, conforme disposto em
Art. 436. A parte, intimada a falar sobre documento lei, certificando, pelo mesmo meio, que se trata de
constante dos autos, poderá: extrato fiel do que consta em seu banco de dados ou no
documento digitalizado.
I - impugnar a admissibilidade da prova documental;

II - impugnar sua autenticidade;


Seção VIII
III - suscitar sua falsidade, com ou sem deflagração do Dos Documentos Eletrônicos
incidente de arguição de falsidade;
Art. 439. A utilização de documentos eletrônicos no
IV - manifestar-se sobre seu conteúdo. processo convencional dependerá de sua conversão à
forma impressa e da verificação de sua autenticidade, na
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, a forma da lei.
impugnação deverá basear-se em argumentação
específica, não se admitindo alegação genérica de 636 FPPC (arts.439, 440, 369 e 584) As conversas registradas
falsidade. por aplicativos de mensagens instantâneas e redes sociais
podem ser admitidas no processo como prova,
independentemente de ata notarial.
Art. 437. O réu manifestar-se-á na contestação sobre os
documentos anexados à inicial, e o autor manifestar-se-á
na réplica sobre os documentos anexados à contestação. Art. 440. O juiz apreciará o valor probante do documento
eletrônico não convertido, assegurado às partes o acesso
§ 1o Sempre que uma das partes requerer a juntada de ao seu teor.
documento aos autos, o juiz ouvirá, a seu respeito, a
outra parte, que disporá do prazo de 15 (quinze) dias Art. 441. Serão admitidos documentos eletrônicos
para adotar qualquer das posturas indicadas no art. 436. produzidos e conservados com a observância da
legislação específica.
§ 2o Poderá o juiz, a requerimento da parte, dilatar o
prazo para manifestação sobre a prova documental
produzida, levando em consideração a quantidade e a
complexidade da documentação.

Exibição de documento – Requisição judicial


De ofício ou a requerimento das partes

Será cabível quando o documento estiver em poder de


repartições públicas, sempre que este for relevante para
apuração dos fatos e não puder ser obtido sem intervenção
judicial.
Mas nada impede que as requisições sejam dirigidas as
entidades particulares, que terão que cumpri-las. 9 prontuários
médicos, órgãos de proteção ao crédito)

Art. 438. O juiz requisitará às repartições públicas, em


qualquer tempo ou grau de jurisdição:

I - as certidões necessárias à prova das alegações das


partes;

II - os procedimentos administrativos nas causas em que


forem interessados a União, os Estados, o Distrito
Federal, os Municípios ou entidades da administração
indireta.
Seção IX
Da Prova Testemunhal
Subseção I
Da Admissibilidade e do Valor da Prova Testemunhal

Consiste na inquirição, em audiência, de pessoas estranhas ao


processo, a respeito dos fatos relevantes para o julgamento.
Críticos sugerem que a ela seja dado um valor menor que às
outras sob o fundamento de que a memoria humana é falha e
que as circunstâncias de ordem emocional ou psicológica
podem influenciar a visão ou as lembranças das testemunhas.
Mas ela continua sendo fundamental, e,
á exceção de eventuais ressalvas legais (406,443,444), não há
razão para considerá-la de menor valor.

Testemunha é a pessoa que comparece a juízo, para prestar


informações a respeito dos fatos relevantes para o julgamento.
Somente pessoas físicas podem ser testemunhas, nunca as
jurídicas. É preciso que sejam alheias ao processo. As partes
podem ser ouvidas em depoimento pessoal ou interrogatório,
nunca como testemunhas.
Elas serão ouvidas diretamente em audiência presidida pelo juiz
da causa, salvo nas hipóteses do art. 453 do CPC, e terão o
dever de colaborar com o juízo, prestando informações
verdadeiras.

Art. 442. A prova testemunhal é sempre admissível, não


dispondo a lei de modo diverso.

Admissibilidade genérica = a lei autoriza a estabelecer


restrições.

Não se pode ouvir testemunhas a respeito de questões jurídicas


ou técnicas, nem sobre fatos que não sejam controvertidos. Ela
só será admitida para a comprovação de fatos controvertidos,
que tenham relevância para o julgamento.

Art. 443. O juiz indeferirá a inquirição de testemunhas


sobre fatos: (restrições)

I - já provados por documento ou confissão da parte;

II - que só por documento ou por exame pericial


puderem ser provados.

Art. 444. Nos casos em que a lei exigir prova escrita da


obrigação, é admissível a prova testemunhal quando
houver começo de prova por escrito, emanado da parte
contra a qual se pretende produzir a prova.
II - o que, acometido por enfermidade ou retardamento
Começo de prova escrita = documento escrito, não podendo mental, ao tempo em que ocorreram os fatos, não podia
ser substituído por fotografias ou gravações, e deve ter sido discerni-los, ou, ao tempo em que deve depor, não está
produzido pelo adversário e trazer indícios da existência do habilitado a transmitir as percepções;
contrato. Se for um documento que, por si só, basta para
comprová-lo, nem será necessária a prova testemunhal. Mas se
CC- 228 § 2  o  A pessoa com deficiência poderá testemunhar em
trouxer apenas indícios, poderá ser complementada por ela.
igualdade de condições com as demais pessoas, sendo-lhe
444/445 estende-se ao pagamento e à remissão de dívida.
assegurados todos os recursos de tecnologia assistiva.
Art. 227. CC
É preciso que ele tenha condições de prestar informações a
Parágrafo único. Qualquer que seja o valor do negócio jurídico,
respeito dos fatos que interessam ao processo. Se, em razão da
a prova testemunhal é admissível como subsidiária ou
deficiência, ou falta de discernimento, ele não as tiver,
complementar da prova por escrito.
incapacidade persistirá.
Quanto a comprovação da existência e conteúdo dedos
negócios jurídicos;
III - o que tiver menos de 16 (dezesseis) anos;
Há os que, para sua celebração, não exigem forma escrita e
podem ser celebrados sem a observância de forma específica
A capacidade para ser testemunha se inicia aos 16 anos, à data
(contratos não solenes).
do depoimento em juízo, não dos fatos a respeito dos quais se
Há os que exigem forma escrita (fiança, seguro...).
deve testemunhar.

IV - o cego e o surdo, quando a ciência do fato depender


Art. 445. Também se admite a prova testemunhal dos sentidos que lhes faltam.
quando o credor não pode ou não podia, moral ou
materialmente, obter a prova escrita da obrigação, em § 2º São impedidos: As causas de impedimento são objetivas e
casos como o de parentesco, de depósito necessário ou estão associadas à participação no processo, em qualquer qualidade,
de hospedagem em hotel ou em razão das práticas ou à relação direta com algum dos participantes.
comerciais do local onde contraída a obrigação.
I - o cônjuge, o companheiro, o ascendente e o
Art. 446. É lícito à parte provar com testemunhas: descendente em qualquer grau e o colateral, até o
I - nos contratos simulados, a divergência entre a terceiro grau, de alguma das partes, por consanguinidade
vontade real e a vontade declarada; ou afinidade, salvo se o exigir o interesse público ou,
tratando-se de causa relativa ao estado da pessoa, não
II - nos contratos em geral, os vícios de consentimento. se puder obter de outro modo a prova que o juiz repute
necessária ao julgamento do mérito;
- Se o contrato pode ser celebrado por escritura pública, que é
da substância do negócio, nenhuma outra prova pode ser II - o que é parte na causa;
admitida (406);
III - o que intervém em nome de uma parte, como o
- Se o contrato pode ser celebrado por qualquer forma, tutor, o representante legal da pessoa jurídica, o juiz, o
inclusive verbal, a prova testemunhal pode ser usada sem advogado e outros que assistam ou tenham assistido as
restrições, independentemente do valor do negócio jurídico;
partes.
- se o contrato exige forma escrita, a prova testemunhal pode
ser utilizada, desde que haja começo de prova por escrito (444) O juiz que tenha conhecimento direto dos fatos da causa, antes
ou quando o credor não podia, moral ou materialmente, obter de impedido de testemunhar, está impedido de julgar, devendo
a prova escrita da obrigação nas hipótese do 446. transferir a condução do processo para o seu substituto
automático, caso em que poderá ser ouvido como testemunha.
Ver 452
Restrições à ouvida de testemunhas
§ 3º São suspeitos:
Em princípio, qualquer pessoa pode ser ouvida como
testemunha, não se exigindo nenhuma qualificação especial.
Há, no entanto, três circunstâncias que obstam a sua ouvida: a I - o inimigo da parte ou o seu amigo íntimo;
incapacidade, o impedimento e a suspeição. II - o que tiver interesse no litígio.

Art. 447. Podem depor como testemunhas todas as Hipóteses subjetivas – juiz deve examinar o caso concreto. Por
pessoas, exceto as incapazes, impedidas ou suspeitas. si só não são suficientes para tornar a testemunha suspeita,
sendo indispensável que se constate, no caso concreto, a
existência de uma circunstância que possa afastar a sua
§ 1º São incapazes:
isenção.

I - o interdito por enfermidade ou deficiência mental;


§ 4º Sendo necessário, pode o juiz admitir o depoimento
das testemunhas menores, impedidas ou suspeitas.
§ 5º Os depoimentos referidos no § 4º serão prestados Número de testemunhas - 357 –
independentemente de compromisso, e o juiz lhes
atribuirá o valor que possam merecer. § 6o  O número de testemunhas arroladas não pode ser superior
a 10 (dez), sendo 3 (três), no máximo, para a prova de cada
Há casos em que o juiz pode, apesar das causas de fato.
impedimento ou suspeição, ouvir um a testemunha, seja *o juiz pode determinar de ofício, ou a requerimento da parte,
porque ela presenciou diretamente os fatos, seja porque não há a inquirição de outras, que tenha sido referidas no depoimento
outra que deles tenha conhecimento. Ele avaliara essa prova no das partes ou das testemunhas.
caso concreto, cotejando os demais elementos de convicção e
verificando, no contato com a testemunha, a verossimilhança § 7o  O juiz poderá limitar o número de testemunhas levando em
de suas alegações. conta a complexidade da causa e dos fatos individualmente
considerados
Art. 448. A testemunha não é obrigada a depor sobre
fatos: Art. 450. O rol de testemunhas conterá, sempre que
possível, o nome, a profissão, o estado civil, a idade, o
I - que lhe acarretem grave dano, bem como ao seu número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas, o
cônjuge ou companheiro e aos seus parentes número de registro de identidade e o endereço completo
consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral, até o da residência e do local de trabalho.
terceiro grau;
Tem-se entendido que a falta de um ou mais elementos da
II - a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar qualificação constitui mera irregularidade, não constituindo
óbice para que seja ouvida, salvo se ficar comprovado prejuízo.
sigilo.
Substituição das testemunhas
Art. 449. Salvo disposição especial em contrário, as
testemunhas devem ser ouvidas na sede do juízo.
Art. 451. Depois de apresentado o rol de que tratam
os §§ 4o e 5o do art. 357, a parte só pode substituir a
Parágrafo único. Quando a parte ou a testemunha, por
testemunha:
enfermidade ou por outro motivo relevante, estiver
impossibilitada de comparecer, mas não de prestar
I - que falecer;
depoimento, o juiz designará, conforme as
circunstâncias, dia, hora e lugar para inquiri-la.
II - que, por enfermidade, não estiver em condições de
depor;
III - que, tendo mudado de residência ou de local de
Subseção II trabalho, não for encontrada.
Da Produção da Prova Testemunhal
A jurisprudência tem ampliado a possibilidade, permitindo que
A prova testemunhal deve ser requerida pelo autor na inicial, e qualquer testemunha seja substituída, desde que dentro do prazo para
pelo réu na contestação. Mas eventual omissão não torna arrolá-la.
preclusa a possibilidade de requerê-la oportunamente.
Após a resposta do réu, ou o juiz julgara antecipadamente o
mérito, ou saneará o processo, abrindo a fase instrutoria e Art. 452. Quando for arrolado como testemunha, o juiz
determinado as provas necessárias. Se houver deferimento de da causa:
prova oral, designará audiência de instrução e julgamento e
fixará o prazo comum de 15 dias para as partes arrolarem suas I - declarar-se-á impedido, se tiver conhecimento de fatos
testemunhas. Pode ser menor, mas não maior que 15 dias. que possam influir na decisão, caso em que será vedado
(prazo preclusivo) à parte que o incluiu no rol desistir de seu depoimento;
Os prazos estabelecidos são preclusivos e devem ser
II - se nada souber, mandará excluir o seu nome.
observados ainda que a testemunha compareça
independentemente de intimação, pois é preciso que a parte
contrária conheça o seu nome e qualificação para, querendo,
oferecer contradita. Art. 453. As testemunhas depõem, na audiência de
instrução e julgamento, perante o juiz da causa, exceto:
*art.357
I - as que prestam depoimento antecipadamente;
§ 3o  Se a causa apresentar complexidade em matéria de fato ou II - as que são inquiridas por carta.
de direito, deverá o juiz designar audiência para que o
saneamento seja feito em cooperação com as partes, § 1º A oitiva de testemunha que residir em comarca,
oportunidade em que o juiz, se for o caso, convidará as partes a seção ou subseção judiciária diversa daquela onde
integrar ou esclarecer suas alegações. tramita o processo poderá ser realizada por meio de
videoconferência ou outro recurso tecnológico de
§ 5o  Na hipótese do § 3o, as partes devem levar, para a transmissão e recepção de sons e imagens em tempo
audiência prevista, o respectivo rol de testemunhas.
real, o que poderá ocorrer, inclusive, durante a audiência § 2º Passado 1 (um) mês sem manifestação da
de instrução e julgamento. autoridade, o juiz designará dia, hora e local para o
depoimento, preferencialmente na sede do juízo.
§ 2º Os juízos deverão manter equipamento para a
transmissão e recepção de sons e imagens a que se § 3º O juiz também designará dia, hora e local para o
refere o § 1o. depoimento, quando a autoridade não comparecer,
injustificadamente, à sessão agendada para a colheita de
*Art. 449. Salvo disposição especial em contrário, as testemunhas seu testemunho no dia, hora e local por ela mesma
devem ser ouvidas na sede do juízo.
indicados.
Parágrafo único. Quando a parte ou a testemunha, por enfermidade ou
por outro motivo relevante, estiver impossibilitada de comparecer, mas
não de prestar depoimento, o juiz designará, conforme as *Juízes de direito e promotores de justiça tem a mesma
circunstâncias, dia, hora e lugar para inquiri-la. prerrogativa de indicar dia, hora e local para sua ouvida,
conformes as respectivas leis orgânicas.
Art. 454. São inquiridos em sua residência ou onde
exercem sua função: Intimação das testemunhas
Art. 455. Cabe ao advogado da parte informar ou intimar
I - o presidente e o vice-presidente da República; a testemunha por ele arrolada do dia, da hora e do local
da audiência designada, dispensando-se a intimação do
II - os ministros de Estado; juízo.

III - os ministros do Supremo Tribunal Federal, os § 1º A intimação deverá ser realizada por carta com aviso
conselheiros do Conselho Nacional de Justiça e os de recebimento, cumprindo ao advogado juntar aos
ministros do Superior Tribunal de Justiça, do Superior autos, com antecedência de pelo menos 3 (três) dias da
Tribunal Militar, do Tribunal Superior Eleitoral, do data da audiência, cópia da correspondência de
Tribunal Superior do Trabalho e do Tribunal de Contas da intimação e do comprovante de recebimento.
União;
§ 2º A parte pode comprometer-se a levar a testemunha
IV - o procurador-geral da República e os conselheiros do à audiência, independentemente da intimação de que
Conselho Nacional do Ministério Público; trata o § 1o, presumindo-se, caso a testemunha não
compareça, que a parte desistiu de sua inquirição.
V - o advogado-geral da União, o procurador-geral do
Estado, o procurador-geral do Município, o defensor § 3º A inércia na realização da intimação a que se refere
público-geral federal e o defensor público-geral do o § 1º importa desistência da inquirição da testemunha.
Estado;
§ 4º A intimação será feita pela via judicial quando:
VI - os senadores e os deputados federais;
I - for frustrada a intimação prevista no § 1º deste artigo;
VII - os governadores dos Estados e do Distrito Federal; II - sua necessidade for devidamente demonstrada pela
VIII - o prefeito; parte ao juiz;

IX - os deputados estaduais e distritais; III - figurar no rol de testemunhas servidor público ou


militar, hipótese em que o juiz o requisitará ao chefe da
X - os desembargadores dos Tribunais de Justiça, dos repartição ou ao comando do corpo em que servir;
Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais do
Trabalho e dos Tribunais Regionais Eleitorais e os IV - a testemunha houver sido arrolada pelo Ministério
conselheiros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Público ou pela Defensoria Pública;
Distrito Federal;
V - a testemunha for uma daquelas previstas no art. 454.
XI - o procurador-geral de justiça;
§ 5º A testemunha que, intimada na forma do § 1º ou do
XII - o embaixador de país que, por lei ou tratado, § 4º, deixar de comparecer sem motivo justificado será
concede idêntica prerrogativa a agente diplomático do conduzida e responderá pelas despesas do adiamento.
Brasil.
Condução coercitiva
§ 1º O juiz solicitará à autoridade que indique dia, hora e Art. 456. O juiz inquirirá as testemunhas separada e
local a fim de ser inquirida, remetendo-lhe cópia da sucessivamente, primeiro as do autor e depois as do réu,
petição inicial ou da defesa oferecida pela parte que a e providenciará para que uma não ouça o depoimento
arrolou como testemunha. das outras.
Parágrafo único. O juiz poderá alterar a ordem - Comparecer na data para a qual foi intimada. Salvo nas
estabelecida no caput se as partes concordarem. hipóteses do art. 453/454

- Prestar depoimento, não podendo recusar-se a falar. O art.


448 enumera as hipóteses em que a testemunha pode escusar-
se.

- Dizer a verdade
Art. 457. Antes de depor, a testemunha será qualificada,
declarará ou confirmará seus dados e informará se tem Art. 458. Ao início da inquirição, a testemunha prestará o
relações de parentesco com a parte ou interesse no compromisso de dizer a verdade do que souber e lhe for
objeto do processo. perguntado.

Contradita Se a testemunha for menor de 18 anos o juiz não a advertirá


§ 1º É lícito à parte contraditar a testemunha, arguindo- pelo crime de falso testemunho – 342 CP – mas de ato
lhe a incapacidade, o impedimento ou a suspeição, bem infracional que poderá sujeitá-la às medidas do ECA.
como, caso a testemunha negue os fatos que lhe são
imputados, provar a contradita com documentos ou com Parágrafo único. O juiz advertirá à testemunha que
testemunhas, até 3 (três), apresentadas no ato e incorre em sanção penal quem faz afirmação falsa, cala
inquiridas em separado. ou oculta a verdade.

*448 – hipóteses de escusa – quando não é obrigada a depor.

§ 2º Sendo provados ou confessados os fatos a que se A testemunha deve prestar suas declarações, oralmente ou por
refere o § 1o, o juiz dispensará a testemunha ou lhe escrito.
tomará o depoimento como informante. Não pode emitir opiniões pessoais sobre a causa, ou sobre a
matéria jurídica discutida. Mas nada impede que o juiz a
§ 3º A testemunha pode requerer ao juiz que a escuse de questione a respeito das suas impressões dos fatos (se aparte
depor, alegando os motivos previstos neste Código, parecia embriagada ou se aparentava nervosismo).
decidindo o juiz de plano após ouvidas as partes.
Inquirição
Quem pode suscitar a contradita é aparte contrária a que Art. 459. As perguntas serão formuladas pelas partes
arrolou a testemunha. A contradita deverá sempre ser diretamente à testemunha, começando pela que a
fundamentada, sob pena de ser indeferida de plano. arrolou, não admitindo o juiz aquelas que puderem
induzir a resposta, não tiverem relação com as questões
A lei não exige que a parte que arrolou a testemunha seja de fato objeto da atividade probatória ou importarem
ouvida na contradita, mas o princípio constitucional do repetição de outra já respondida.
contraditório recomenda que isso ocorra, sobretudo quando há
necessidade de instrução do incidente.
§ 1º O juiz poderá inquirir a testemunha tanto antes
Sobre os fatos alegados, o juiz indagará a própria testemunha. quanto depois da inquirição feita pelas partes.
Se esta os negar, o juiz dará ao suscitante a possibilidade de
comprovar o alegado, com documentos ou testemunhas, até § 2º As testemunhas devem ser tratadas com
três, apresentadas no ato e inquiridas em separado. urbanidade, não se lhes fazendo perguntas ou
considerações impertinentes, capciosas ou vexatórias.
Por essa razão é sempre indispensável que a testemunha, ainda
que seja trazida independentemente de intimação, seja
arrolada com antecedência e devidamente qualificada. Afinal, a § 3º As perguntas que o juiz indeferir serão transcritas no
parte contrária tem o direito de conhecer-lhe o nome e termo, se a parte o requerer.
qualificação de antemão, para poder contraditá-la e trazer
eventuais testemunhas (até três) ou documentos que Art. 456. O juiz inquirirá as testemunhas separada e sucessivamente,
comprovem as causas de incapacidade, impedimento ou primeiro as do autor e depois as do réu, e providenciará para que uma
suspeição. não ouça o depoimento das outras.
Parágrafo único. O juiz poderá alterar a ordem estabelecida no
caput se as partes concordarem.
O juiz só admitirá a contradita se a testemunha ainda não foi
advertida nem começou a depor. Depois disso, será
intempestiva. Art. 460. O depoimento poderá ser documentado por
meio de gravação.
Ouvida a testemunha sobre o alegado e colhidas as eventuais
provas, o juiz decidirá. Se a testemunha confirmar os fatos ou a § 1º Quando digitado ou registrado por taquigrafia,
contradita ficar demonstrada, o juiz dispensará o depoimento, estenotipia ou outro método idôneo de documentação,
ou então o colherá na forma do 447, §5°. o depoimento será assinado pelo juiz, pelo depoente e
pelos procuradores.
Deveres das testemunhas
§ 2º Se houver recurso em processo em autos não comparecer à audiência, perda de salário nem desconto
eletrônicos, o depoimento somente será digitado quando no tempo de serviço.
for impossível o envio de sua documentação eletrônica.

§ 3º Tratando-se de autos eletrônicos, observar-se-á o


disposto neste Código e na legislação específica sobre a
prática eletrônica de atos processuais. 209

Se a testemunha residir em comarca, seção ou subseção


judiciária, diferente daquela em que corre o processo, a ouvida
será feita por precatória. Mas o art. 453, § 1º, permite que seja
feita por videoconferência ou outro recurso tecnológico de
transmissão e recepção de sons e imagens em tempo real, o
que pode ocorrer, inclusive, durante a audiência de instrução e
julgamento.

Acareação

Aqueles que prestaram os depoimentos divergentes serão


colocados frente a frente e indagados a respeito da divergência
ocorrida; o juiz pode advertir novamente as testemunhas das
penas do falso testemunho. Em seguida, indagará se os
depoentes mantêm as suas declarações, ou se têm retificação a
fazer. De tudo, será lavrado termo.

Art. 461. O juiz pode ordenar, de ofício ou a


requerimento da parte:

I - a inquirição de testemunhas referidas nas declarações Seção X


da parte ou das testemunhas; Da Prova Pericial

II - a acareação de 2 (duas) ou mais testemunhas ou de É o meio adequado para a comprovação de fatos cuja apuração
alguma delas com a parte, quando, sobre fato depende de conhecimentos técnicos, que exigem o auxílio de
determinado que possa influir na decisão da causa, profissionais especializados.
divergirem as suas declarações.
No curso do processo, podem surgir fatos controvertidos, cujo
esclarecimento exija conhecimentos especializados. Por
§ 1º Os acareados serão reperguntados para que exemplo, de medicina, de engenharia, de contabilidade, entre
expliquem os pontos de divergência, reduzindo-se a outros. Quando isso ocorrer, tornar-se-á necessária a
termo o ato de acareação. nomeação do perito, profissional que detém o conhecimento
técnico necessário. O juiz, ainda que o detenha, não pode
§ 2º A acareação pode ser realizada por videoconferência utilizá-lo para apuração dos fatos. Afinal, é necessário que as
ou por outro recurso tecnológico de transmissão de sons partes tenham oportunidade de participar da produção da
e imagens em tempo real. prova, formulando ao perito suas questões e as dúvidas
pertinentes ao caso.
O juiz pode advertir novamente as testemunhas das penas do
falso testemunho. Indagará se os depoentes mantêm as suas Espécies de perícias
declarações, ou se têm retificação a fazer.
Art. 464. A prova pericial consiste em
Direitos da testemunha
Art. 462. A testemunha pode requerer ao juiz o Exame: análise ou observação de pessoas ou coisas, para delas
extrair informações desejadas. (verificar incapacidade)
pagamento da despesa que efetuou para
Vistoria: análise de bens imóveis.
comparecimento à audiência, devendo a parte pagá-la Avaliação: atribuição de valor a determinado bem.
logo que arbitrada ou depositá-la em cartório dentro de
3 (três) dias. Recusa de se submeter a exame ou inspeção: não há como
coagir alguém a submeter-se a exame físico ou médico. Mas se
Art. 463. O depoimento prestado em juízo é considerado a submissão ao exame não pode ser considerada uma
serviço público. obrigação, deve ao menos ser considerada um ônus, pois quem
se recusar sofre as consequências negativas da sua omissão.
(CC – arts. 231 e 232) Da recusa pode-se extrair uma presunção
Parágrafo único. A testemunha, quando sujeita ao
(relativa) de veracidade do fato que se queria demostrar, por
regime da legislação trabalhista, não sofre, por intermédio da perícia.
Admissibilidade da prova pericial Perícia simplificada
Só será determinada perícia quando houver um fato § 2º De ofício ou a requerimento das partes, o juiz
controvertido, cuja apuração depende de conhecimento poderá, em substituição à perícia, determinar a produção
técnico ou científico (156). de prova técnica simplificada, quando o ponto
controvertido for de menor complexidade.
§ 1º O juiz indeferirá a perícia quando:
§ 3º A prova técnica simplificada consistirá apenas na
I - a prova do fato não depender de conhecimento inquirição de especialista, pelo juiz, sobre ponto
especial de técnico; controvertido da causa que demande especial
conhecimento científico ou técnico.
Há certos conhecimentos que são gerais e que fazem parte do
repertório das pessoas comuns, como os básicos de
matemática ou de biologia. Quando apenas esse tipo de Durante a inquirição as partes participarão, podendo formular
conhecimento for exigido, a perícia não será cabível. Mas, se indagações e solicitar esclarecimentos.
houver necessidade de noções que fogem ao comum das
pessoas, o juiz nomeará o perito, ainda que ele próprio detenha § 4º Durante a arguição, o especialista, que deverá ter
tais conhecimentos. formação acadêmica específica na área objeto de seu
depoimento, poderá valer-se de qualquer recurso
II - for desnecessária em vista de outras provas tecnológico de transmissão de sons e imagens com o fim
produzidas; de esclarecer os pontos controvertidos da causa.

A perícia é frequentemente de realização demorada e onerosa. Perito - é um dos auxiliares da justiça, que assistirão o juiz, quando a
Se os fatos puderem ser provados por outros meios, o juiz prova depender de conhecimento técnico ou científico.
deverá preferi-los;
O papel do juiz na prova pericial
III - a verificação for impraticável.
O juiz nomeia o perito de sua confiança, que detém os
Há casos em que a perícia não se viabiliza, ou porque a pessoa conhecimentos especializados para a produção da prova. Além
ou coisa a ser examinada está inacessível, ou porque os disso, preside e fiscaliza a atuação dele, podendo solicitar
conhecimentos técnicos que seriam necessários não estão à esclarecimentos e formular indagações a respeito dos pontos
disposição da ciência da época. controvertidos. Ao determinar a prova, deve ainda delimitar a
respeito do que ela versará, isto é, qual a questão técnica
**A primeira hipótese suscita a interessante questão controvertida, sobre a qual o perito prestará esclarecimentos.
relacionada às consequências da recusa, por uma das partes, de Deve ainda fixar o prazo para a apresentação do laudo,
submeter-se a exame ou inspeção. O tema é relevante, porque fazendo-o cumprir. Cumpre-lhe ainda fiscalizar a atuação das
não há como coagir alguém a, contra a sua vontade, submeter- partes, indeferindo quesitos impertinentes, e vedando que elas,
se a exame físico ou médico, como ficou decidido pelo Supremo de alguma forma, possam atrapalhar a atuação do perito. Por
Tribunal Federal (STF – Pleno, HC 71.373/RS, Rel. Min. Marco fim, cabe-lhe verificar se ele prestou a contento os
Aurélio).Mas, se a submissão ao exame não pode ser esclarecimentos, podendo substituí-lo a qualquer tempo, e
considerada uma obrigação, deve ao menos ser considerada determinar a realização de outra perícia, quando necessário.
um ônus, pois quem se recusar sofre as consequências
negativas da sua omissão. Os arts. 231 e 232 do Código Civil Art. 465. O juiz nomeará perito especializado no objeto
tratam do tema. O primeiro estabelece que “aquele que se da perícia e fixará de imediato o prazo para a entrega do
nega a submeter-se a exame médico necessário não poderá laudo. (requisitos pra nomeação no art.156)
aproveitar-se de sua recusa” e o segundo dispõe que “a recusa
à perícia médica ordenada pelo juiz poderá suprir a prova que ■ que se trate de profissional legalmente habilitado ou órgão
se pretendia obter como exame”. técnico ou científico;
Ambos mostram que da recusa pode-se extrair uma presunção ■ que esteja devidamente inscrito em cadastro mantido pelo
de veracidade do fato que se queria demonstrar, por tribunal ao qual o juiz está vinculado. Caso não haja nenhum
intermédio da perícia. Mas apenas relativa, podendo ser profissional ou órgão cadastrado, a nomeação é de livre
afastada pelo exame do contexto e das circunstâncias em que a escolha do juiz, mas deverá recair sobre profissional ou órgão
recusa se deu, e em consonância com as demais provas técnico ou científico comprovadamente detentor do
colhidas. conhecimento necessário à realização da perícia;
Os dois dispositivos do Código Civil ganharam reforço com a Lei ■ que estejam ausentes as causas de impedimento ou
n. 12.004, de 29 de julho de 2009, que acrescentou o art. 2º-A à suspensão, que são as mesmas aplicáveis aos juízes (arts. 144 e
Lei n. 8.560/92, assim dispondo: “Na ação de investigação de 145).
paternidade, todos os meios legais, bem como os moralmente
legítimos, serão hábeis para provar a verdade dos fatos. Permite-se, ainda, que as partes capazes, de comum acordo, e
Parágrafo único. A recusa do réu em se submeter ao exame de desde que o processo permita a autocomposição, escolham o
código genético – DNA gerará a presunção da paternidade, a perito, indicando-o mediante requerimento.
ser apreciada em conjunto com o contexto probatório”. Esse
dispositivo nada mais fez do que cristalizar o que a
jurisprudência há muito vinha estabelecendo.
§ 1º Incumbe às partes, dentro de 15 (quinze) dias Art. 466. O perito cumprirá escrupulosamente o encargo
contados da intimação do despacho de nomeação do que lhe foi cometido, independentemente de termo de
perito: compromisso.

I - Arguir o impedimento ou a suspeição do perito, se for Deveres do perito – arts.157


o caso; Ver art.148 O perito deve limitar-se a esclarecer as questões técnicas que
interessem a causa, e que lhe sejam submetidas, não podendo
II - Indicar assistente técnico; enveredar por questões jurídicas, nem emitir opinião sobre o
Sua função é assisti-las na prova pericial, acompanhando a julgamento. O seu papel é apenas o de fornecer subsídios
produção e apresentando um parecer, a respeito das questões técnicos para que o juiz possa melhor decidir.
técnicas que são objeto da prova. Não é da confiança do juízo,
mas das partes, sendo por elas contratados, por isso não estão
sujeitos às causas de impedimento e suspeição. Tem os mesmos § 1º Os assistentes técnicos são de confiança da parte e
poderes que o perito (473, §3°). Além disso, o perito deve não estão sujeitos a impedimento ou suspeição.
assegurar a eles o acesso e o acompanhamento das diligências
e dos exames que realizar, com prévia comunicação,
comprovada nos autos, com antecedência mínima de cinco § 2º O perito deve assegurar aos assistentes das partes o
dias. acesso e o acompanhamento das diligências e dos
exames que realizar, com prévia comunicação,
III - apresentar quesitos. comprovada nos autos, com antecedência mínima de 5
(cinco) dias.
§ 2º Ciente da nomeação, o perito apresentará em 5
(cinco) dias: Art. 467. O perito pode escusar-se ou ser recusado por
impedimento ou suspeição. Ver art.148
I - Proposta de honorários;
Parágrafo único.  O juiz, ao aceitar a escusa ou ao julgar
II - Currículo, com comprovação de especialização; procedente a impugnação, nomeará novo perito.

III - contatos profissionais, em especial o endereço Art. 468. O perito pode ser substituído quando:
eletrônico, para onde serão dirigidas as intimações
pessoais. I - faltar-lhe conhecimento técnico ou científico;

§ 3º As partes serão intimadas da proposta de honorários II - sem motivo legítimo, deixar de cumprir o encargo no
para, querendo, manifestar-se no prazo comum de 5 prazo que lhe foi assinado.
(cinco) dias, após o que o juiz arbitrará o valor,
intimando-se as partes para os fins do art. 95. § 1o No caso previsto no inciso II, o juiz comunicará a
ocorrência à corporação profissional respectiva,
§ 4º O juiz poderá autorizar o pagamento de até 50% podendo, ainda, impor multa ao perito, fixada tendo em
(cinquenta por cento) dos honorários arbitrados a favor vista o valor da causa e o possível prejuízo decorrente do
do perito no início dos trabalhos, devendo o atraso no processo.
remanescente ser pago apenas ao final, depois de
entregue o laudo e prestados todos os esclarecimentos § 2º O perito substituído restituirá, no prazo de 15
necessários. (quinze) dias, os valores recebidos pelo trabalho não
realizado, sob pena de ficar impedido de atuar como
perito judicial pelo prazo de 5 (cinco) anos.
§ 5º Quando a perícia for inconclusiva ou deficiente, o
juiz poderá reduzir a remuneração inicialmente arbitrada § 3º Não ocorrendo a restituição voluntária de que trata
para o trabalho. o § 2o, a parte que tiver realizado o adiantamento dos
honorários poderá promover execução contra o perito,
§ 6º Quando tiver de realizar-se por carta, poder-se-á na forma dos arts. 513 e seguintes deste Código, com
proceder à nomeação de perito e à indicação de fundamento na decisão que determinar a devolução do
assistentes técnicos no juízo ao qual se requisitar a numerário.
perícia.
Art. 469.  As partes poderão apresentar quesitos
Se a coisa ou pessoa a ser examinada estiver em outra suplementares durante a diligência, que poderão ser
comarca, a prova pericial será realizada por carta precatória, respondidos pelo perito previamente ou na audiência de
podendo o juiz deprecante solicitar ao deprecado que nomeie o instrução e julgamento.
perito incumbido da tarefa.
Parágrafo único.  O escrivão dará à parte contrária
ciência da juntada dos quesitos aos autos.
Art. 470.  Incumbe ao juiz: bem como instruir o laudo com planilhas, mapas,
plantas, desenhos, fotografias ou outros elementos
I - indeferir quesitos impertinentes; necessários ao esclarecimento do objeto da perícia.

II - formular os quesitos que entender necessários ao Como o perito, por si só, não tem poderes de requisição, se for
esclarecimento da causa. necessário algum documento, solicitara que o juiz o requisite .

Art. 471.  As partes podem, de comum acordo, escolher o Art. 474.  As partes terão ciência da data e do local
perito, indicando-o mediante requerimento, desde que: designados pelo juiz ou indicados pelo perito para ter
início a produção da prova.
I - sejam plenamente capazes;

II - a causa possa ser resolvida por autocomposição. Nomeação de mais de um perito


§ 1º As partes, ao escolher o perito, já devem indicar os
respectivos assistentes técnicos para acompanhar a Art. 475.  Tratando-se de perícia complexa que abranja
realização da perícia, que se realizará em data e local mais de uma área de conhecimento especializado, o juiz
previamente anunciados. poderá nomear mais de um perito, e a parte, indicar mais
de um assistente técnico.
§ 2º O perito e os assistentes técnicos devem entregar,
respectivamente, laudo e pareceres em prazo fixado pelo Art. 476.  Se o perito, por motivo justificado, não puder
juiz. apresentar o laudo dentro do prazo, o juiz poderá
conceder-lhe, por uma vez, prorrogação pela metade do
§ 3º A perícia consensual substitui, para todos os efeitos, prazo originalmente fixado.
a que seria realizada por perito nomeado pelo juiz.
A lei não fixa prazo para apresentação do laudo, deixando a
tarefa para o juiz.
Art. 472. O juiz poderá dispensar prova pericial quando
as partes, na inicial e na contestação, apresentarem, Art. 477.  O perito protocolará o laudo em juízo, no prazo
sobre as questões de fato, pareceres técnicos ou fixado pelo juiz, pelo menos 20 (vinte) dias antes da
documentos elucidativos que considerar suficientes. audiência de instrução e julgamento.

Art. 473.  O laudo pericial deverá conter: Ou seja, a perícia é sempre realizada antes da audiência, pois
as partes poderão formular requerimento de ouvida do perito
I - a exposição do objeto da perícia; na audiência.

II - a análise técnica ou científica realizada pelo perito; § 1o As partes serão intimadas para, querendo,
manifestar-se sobre o laudo do perito do juízo no prazo
III - a indicação do método utilizado, esclarecendo-o e comum de 15 (quinze) dias, podendo o assistente técnico
demonstrando ser predominantemente aceito pelos de cada uma das partes, em igual prazo, apresentar seu
especialistas da área do conhecimento da qual se respectivo parecer.
originou;
Os assistentes não são intimados, cabendo as partes comunicar-lhes o
início do prazo.
IV - resposta conclusiva a todos os quesitos apresentados
pelo juiz, pelas partes e pelo órgão do Ministério Público.
§ 2º O perito do juízo tem o dever de, no prazo de 15
(quinze) dias, esclarecer ponto:
§ 1o No laudo, o perito deve apresentar sua
fundamentação em linguagem simples e com coerência
I - sobre o qual exista divergência ou dúvida de qualquer
lógica, indicando como alcançou suas conclusões.
das partes, do juiz ou do órgão do Ministério Público;
§ 2o É vedado ao perito ultrapassar os limites de sua
II - divergente apresentado no parecer do assistente
designação, bem como emitir opiniões pessoais que
técnico da parte.
excedam o exame técnico ou científico do objeto da
perícia.
§ 3o Se ainda houver necessidade de esclarecimentos, a
Poderes do perito parte requererá ao juiz que mande intimar o perito ou o
assistente técnico a comparecer à audiência de instrução
§ 3o Para o desempenho de sua função, o perito e os e julgamento, formulando, desde logo, as perguntas, sob
assistentes técnicos podem valer-se de todos os meios forma de quesitos.
necessários, ouvindo testemunhas, obtendo
As partes não podem formular, na audiência, questionamentos
informações, solicitando documentos que estejam em
que não tenham sido previamente apresentados.
poder da parte, de terceiros ou em repartições públicas,
§ 4o O perito ou o assistente técnico será intimado por Em regra, a determinação da perícia é feita na decisão
saneadora, quando o juiz já nomeia o perito e toma as
meio eletrônico, com pelo menos 10 (dez) dias de
providencias do art. 465, fixando, se possível, calendário para a
antecedência da audiência.
realização da prova.

Como a prova versa sobre questões técnicos, o peito e o ->requerimento das partes, MP
assistente podem ter necessidade de se preparar. -> de ofício pelo juiz
-> juiz nomeará o perito
Art. 478.  Quando o exame tiver por objeto a
autenticidade ou a falsidade de documento ou for de -> 15 dias para as partes/MP formular quesitos e indicar
natureza médico-legal, o perito será escolhido, de assistentes técnicos.
preferência, entre os técnicos dos estabelecimentos
oficiais especializados, a cujos diretores o juiz autorizará Juiz pode indeferir os quesitos que não tenham relevância ou
a remessa dos autos, bem como do material sujeito a que extrapolem os limites técnicos especializados. Esse prazo
não tem sido considerado preclusivo, podendo as partes,
exame.
enquanto ainda não iniciada a prova pericial, formular quesitos,
complementar os já formulados ou substituir os técnicos
§ 1o Nas hipóteses de gratuidade de justiça, os órgãos e assistentes.
as repartições oficiais deverão cumprir a determinação Há inúmeras decisões do Superior Tribunal de Justiça
judicial com preferência, no prazo estabelecido. considerando que, enquanto ainda não iniciada a prova pericial,
as partes podem ainda formular quesitos, complementar os já
§ 2o A prorrogação do prazo referido no § 1 o pode ser formulados, indicar ou substituir os assistentes técnicos.
requerida motivadamente.
Quem arca com as despesas da perícia?
§ 3o Quando o exame tiver por objeto a autenticidade da
letra e da firma, o perito poderá requisitar, para efeito de A regra é que o vencido as suporte, inclusive os honorários do
comparação, documentos existentes em repartições perito e do assistente técnico da parte contrária (82, §2º).
públicas e, na falta destes, poderá requerer ao juiz que a
pessoa a quem se atribuir a autoria do documento lance Se os honorários do perito tiverem que ser antecipados – art.95
em folha de papel, por cópia ou sob ditado, dizeres –
diferentes, para fins de comparação. “Cada parte adiantará a remuneração do assistente técnico que
houver indicado sendo a do perito adiantada pela parte que
houver requerido a perícia ou rateada quando a perícia for
Art. 479.  O juiz apreciará a prova pericial de acordo com
determinada de ofício ou a requerimento de ambas as partes”.
o disposto no art. 371, indicando na sentença os motivos
que o levaram a considerar ou a deixar de considerar as Aquele que antecipou poderá reaver do vencido o que
conclusões do laudo, levando em conta o método despendeu, se ao final sair vencedor.
utilizado pelo perito.
O valor dos honorários será fixado pelo juiz, após a
O juiz não fica adstrito ao laudo, podendo julgar de acordo com apresentação de proposta do perito, no prazo de 5 dias.
outros elementos de convicção – princípio do livre Sobre a estimativa serão ouvidas as partes; em seguida, o juiz
convencimento motivado. fixará o valor que lhe parecer adequado.

Segunda perícia O juiz poderá determinar a antecipação de até 50% dos


honorários fixados, devendo o remanescente ser pago no final,
Art. 480.  O juiz determinará, de ofício ou a depois da entrega do laudo e prestados os esclarecimentos
necessários.
requerimento da parte, a realização de nova perícia
quando a matéria não estiver suficientemente Se a parte que solicitou a prova não os recolher, o juiz
esclarecida. considerará prejudicada a perícia.

§ 1º A segunda perícia tem por objeto os mesmos fatos Não há razão para que julgue extinto o processo: a falta do
sobre os quais recaiu a primeira e destina-se a corrigir recolhimento repercute apenas sobre a perícia, não sobre o
eventual omissão ou inexatidão dos resultados a que processo todo.
esta conduziu.
Se não foram recolhidos os honorários fixados por decisão
judicial, será expedida certidão em favor do perito, que valerá
§ 2º A segunda perícia rege-se pelas disposições
como título executivo judicial (CPC, art. 515, V).
estabelecidas para a primeira.
Quando a parte que requer a perícia é beneficiária de justiça
§ 3º A segunda perícia não substitui a primeira, cabendo gratuita – perícia poderá ser realizada por integrantes de
ao juiz apreciar o valor de uma e de outra. órgãos públicos que prestem assistência judiciária gratuita.

Procedimento: Deveres do perito


De acordo com o art. 157, “o perito tem o dever de cumprir o
ofício, no prazo que lhe designar o juiz, empregando toda a sua
diligência, podendo, todavia, escusar-se do encargo alegando
motivo legítimo”.

A escusa deverá ser apresentada em quinze dias, a contar da


data em que tem ciência de sua nomeação, salvo impedimento
superveniente.

Se o perito deixar transcorrer in albis o prazo, reputar-se-á


renunciado o direito de alegar a escusa. Ele pode escusar-se
nos casos de impedimento ou suspeição, que são os mesmos
que se aplicam ao juiz. Ou por outra razão fundamentada,
como por exemplo, se não detiver os conhecimentos técnicos
exigíveis para o bom desempenho da função.

Havendo impedimento ou suspeição, se ele não se escusar,


qualquer interessado poderá suscitá-lo (art. 148, III), caso em
que se observará o procedimento do art. 148, §§ 1º e 2º: o
incidente será processado em apenso, sem suspensão do
processo, ouvindo-se o perito no prazo de quinze dias. Se
necessário, o juiz autorizará provas e em seguida decidirá.

O art. 158 apresenta as sanções aplicáveis ao perito que, por


dolo ou culpa, prestar informações inverídicas. Além das
sanções penais cabíveis, ele ficará inabilitado por dois a cinco
anos de atuar em outras causas, sem prejuízo de outras
sanções previstas em lei, devendo o juiz comunicar o fato ao
respectivo órgão de classe, para a adoção das medidas cabíveis.

Seção XI
Da Inspeção Judicial

Consiste no exame feito direta e pessoalmente pelo juiz,


em pessoas ou coisas, com a finalidade de aclarar fatos
que interessam à causa.

Difere dos outros meios de prova, porque o juiz não


obtém a informação desejada de forma indireta, por
meio de outras pessoas ou do perito, mas diretamente
pelo exame imediato da coisa, sem intermediários.

Art. 481.  O juiz, de ofício ou a requerimento da parte,


pode, em qualquer fase do processo, inspecionar pessoas
ou coisas, a fim de se esclarecer sobre fato que interesse
à decisão da causa.

Art. 482.  Ao realizar a inspeção, o juiz poderá ser


assistido por um ou mais peritos.
Isso não altera a natureza da prova, nem a faz confundir-se
com a pericial: nesta, é o perito quem examina as pessoas ou
coisas, e por seu intermédio as informações são prestadas ao
juiz; na inspeção, o exame é feito diretamente por este, sem
intermediários. Os peritos que o acompanham servirão apenas
para assisti-lo, auxiliá-lo com eventuais informações técnicas, a
respeito da coisa ou da pessoa, que estará sendo examinada
ictu oculi, pelo próprio magistrado.

O juiz designará a data e o local onde a inspeção será realizada


para que as partes possam acompanhá-la, prestando
esclarecimentos e fazendo observações que reputem
necessárias.

A coisa ou pessoa poderá ser apresentada em juízo, para que o


juiz a examine
Ou

Art. 483.  O juiz irá ao local onde se encontre a pessoa ou


a coisa quando:

I - julgar necessário para a melhor verificação ou


interpretação dos fatos que deva observar;

II - a coisa não puder ser apresentada em juízo sem


consideráveis despesas ou graves dificuldades;

III - determinar a reconstituição dos fatos.

Parágrafo único.  As partes têm sempre direito a assistir à


inspeção, prestando esclarecimentos e fazendo
observações que considerem de interesse para a causa.

Art. 484.  Concluída a diligência, o juiz mandará lavrar


auto circunstanciado, mencionando nele tudo quanto for
útil ao julgamento da causa.

Parágrafo único.  O autor poderá ser instruído com


desenho, gráfico ou fotografia.
A inspeção judicial pode ser feita em qualquer fase do
processo, de ofício ou a requerimento das partes, e terá
por objeto o exame de pessoas ou de coisas, com o
intuito de esclarecer o juiz a respeito de um fato que
tenha relevância para o julgamento.

O mais comum é que o juiz faça a inspeção quando,


produzidas as provas, persista em seu espírito alguma
dúvida, que possa ser esclarecida pelo exame direito da
coisa ou da pessoa.

Daí se dizer, com frequência, que a inspeção tem


natureza complementar, servindo para auxiliar na
convicção do juiz, quando as outras provas não tiverem
sido suficientemente esclarecedoras.

Mas não é necessário que ela seja determinada apenas


no final, depois das outras provas, podendo o juiz marcá-
la a qualquer tempo, sobretudo quando isso possa
dispensar outros meios mais onerosos.

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