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Os tribunais – um dos órgãos de soberania!

Introdução
Os órgãos de soberania da República Portuguesa são o Presidente da República, a Assembleia da República, o
Governo e os Tribunais.

O mandato do Presidente da República tem a duração de cinco anos e termina com a posse do novo
Presidente eleito.

O mandato da Assembleia da República (legislatura), se não se verificarem nenhumas das vicissitudes


constitucionalmente previstas que podem interrompê-lo, tem a duração de quatro anos, iniciando-se a 15 de
setembro.

O Governo, em condições normais, está ligado à duração de cada legislatura, uma vez que é formado em
resultado da composição da Assembleia da República saída de uma eleição — o que corresponde a quatro
anos, como referido.

Ao contrário do que se passa com os restantes órgãos de soberania, nos tribunais há que distinguir entre os
titulares das várias espécies de tribunais, que são os juízes: juízes dos tribunais judiciais, juízes dos tribunais
administrativos e fiscais, juízes do Tribunal de Contas e juízes do Tribunal Constitucional.

Os juízes dos tribunais judiciais, cujo regime de designação é também aplicável aos juízes dos tribunais
administrativos e fiscais, são recrutados por concurso público entre juristas e nomeados após formação
profissional específica, com carácter vitalício e com a garantia de inamovibilidade, pelos respetivos conselhos
(Conselho Superior da Magistratura e Conselho Superior dos Tribunais Administrativos e Fiscais). A sua
colocação, transferência e promoção também competem a estes conselhos, segundo regras estabelecidas
nas respetivas leis orgânicas e estatutárias.

Constituem exceção os juízes do Tribunal Constitucional e o Presidente do Tribunal de Contas, os únicos cujo
modo de designação é especificamente regulado pela própria Constituição. O Tribunal Constitucional é
composto por 13 juízes, 10 dos quais são designados pela Assembleia da República e três cooptados por
estes últimos, sendo o seu mandato de nove anos.

Quanto ao Tribunal de Contas, o seu Presidente é nomeado pelo Presidente da República, sob proposta do
Governo, e tem o mandato de quatro anos; o seu Vice-Presidente, eleito no plenário geral do Tribunal, tem o
mandato de três anos, e os restantes juízes são recrutados mediante concurso curricular realizado perante
um júri constituído pelo Presidente do Tribunal de Contas (que preside), pelo Vice Presidente, pelo juiz mais
antigo e por dois professores universitários.

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Os tribunais em Portugal
Os tribunais são órgãos de soberania que administram a Justiça em nome do povo.

Estão organizados segundo áreas de atuação (jurisdições):

o Constitucional
o Comum (Judicial)
o Administrativo e Fiscal
o Controlo Financeiro do Estado

Os Tribunais superiores em Portugal são os seguintes:

Supremo Tribunal de Justiça

É o órgão superior da hierarquia dos tribunais judiciais, sem prejuízo da competência própria do Tribunal
Constitucional.

Tribunal Constitucional

O Tribunal Constitucional têm múltiplas competências, destacando-se


a fiscalização da conformidade das normas das leis e dos decretos-leis
com a Constituição.

Supremo Tribunal Administrativo

É o órgão superior da hierarquia dos tribunais administrativos e fiscais.

Compete-lhe o julgamento de litígios emergentes das relações jurídicas administrativas e fiscais. A sua sede
situa-se em Lisboa e tem jurisdição sobre todo o Território Nacional

O Supremo Tribunal Administrativo funciona por secções e em plenário. Compreende


duas secções, a de Contencioso Administrativo (1.ª Secção) e a de Contencioso
Tributário (2.ª Secção), que funcionam em formação de três juízes ou em pleno.

Cada secção do Supremo Tribunal Administrativo é composta pelo presidente do


tribunal, pelos respetivos vice-presidentes e pelos restantes juízes para ela nomeado.

A Secção de Contencioso Administrativo encontra-se, atualmente, dividida em três


subsecções.

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Tribunal de Contas

O Tribunal de Contas é a instituição suprema de fiscalização e


controlo de dinheiros e valores públicos.

Cabe ao Tribunal de Contas pronunciar-se sobre a legalidade, a


economicidade, a eficiência e a eficácia da gestão, bem como sobre
a fiabilidade dos sistemas de controlo interno.

Trata de fazer de proceder à avaliação técnica e económica sobre o


modo como os dinheiros públicos, provenientes das receitas
cobradas aos contribuintes, é utilizado e aplicado.

Além da função de controlo financeiro, o Tribunal de Contas possui em exclusividade a competência


jurisdicional para julgar infrações financeiras que envolvam dinheiros ou valores públicos.

Existem tribunais judiciais de primeira instância e de segunda instância. O órgão superior da hierarquia dos
tribunais judiciais é o Supremo Tribunal de Justiça.

Organização do Sistema Judiciário


Tribunais judiciais de primeira instância

Habitualmente, é aos tribunais de primeira instância que os Cidadãos devem dirigir o seu primeiro pedido de
resolução de um conflito. Ou seja, é neles que se deve iniciar um processo em tribunal. O tribunal
responsável pela primeira instância é, geralmente, o tribunal da comarca. Chama-se comarca à área
geográfica sob a jurisdição de um tribunal.

Também podem ser de primeira instância os tribunais de competência territorial alargada, que abrangem
mais do que uma comarca.

Existem 23 tribunais de comarca. Cada um destes tribunais tem competência numa determinada zona do
território português (uma comarca).

Os tribunais de comarca desdobram-se em juízos que podem ser de competência:

o genérica
o especializada
o de proximidade

São juízos de competência especializada:

o Central cível o Instrução criminal


o Local cível o Família e menores
o Central criminal o Trabalho
o Local criminal o Comércio
o Local de pequena criminalidade o Execução

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Existem ainda tribunais de competência especializada e competência territorial alargada:

o o tribunal da propriedade intelectual


o o tribunal da concorrência, regulação e supervisão
o o tribunal marítimo
o o tribunal de execução de penas
o o tribunal central de instrução criminal

Estes tribunais de competência especializada têm competência territorial alargada (jurisdição mais vasta que
a comarca onde estão sediados) e apenas julgam processos de determinadas matérias (independentemente
da forma de processo aplicável).

Tribunais judiciais de segunda instância

Os tribunais judiciais de segunda instância também são conhecidos como tribunais da Relação e funcionam,
nomeadamente, como tribunais de recurso. Ou seja, em regra, o Cidadão dirige-se a um tribunal de segunda
instância quando não concorda com uma decisão de um tribunal de primeira instância.

Chama-se recurso à impugnação da decisão de um tribunal. O recurso deve ser interposto para o tribunal a
que está hierarquicamente subordinado aquele de que se recorre.

Os tribunais da Relação contam com secções de matéria cível, matéria penal e social (laboral), e,
dependendo do volume ou da complexidade do serviço, podem ser criadas secções em matéria família e
menores, matéria de comércio, de propriedade intelectual e de concorrência, regulação e supervisão.

Supremo Tribunal de Justiça

O Supremo Tribunal de Justiça é o órgão superior da hierarquia dos tribunais judiciais, sem prejuízo da
competência própria do Tribunal Constitucional.

Em regra, recorre-se ao Supremo Tribunal de Justiça para recorrer de uma decisão de um tribunal da Relação.
É o último tribunal onde se pode apresentar um recurso da decisão de um tribunal judicial.

O Supremo Tribunal de Justiça tem competência em todo o território nacional e conta com secções de
matéria cível, matéria penal e matéria social.

Ministério Público

O Ministério Público está presente em todos os tribunais. O Ministério Público representa o Estado, defende
os interesses que a lei determinar, participa na execução da política criminal definida pelos órgãos de
soberania, exerce a ação penal orientada pelo princípio da legalidade e defende a legalidade democrática,
nos termos da Constituição, do respetivo estatuto e da lei.

O Ministério Público goza de estatuto próprio e de autonomia em relação aos demais órgãos do poder
central, regional e local, nos termos da lei.

A autonomia do Ministério Público caracteriza-se pela sua vinculação a critérios de legalidade e objetividade
e pela exclusiva sujeição dos magistrados do Ministério Público às diretivas, ordens e instruções previstas na
lei.

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A Procuradoria-Geral da República é o órgão superior do Ministério Público e é presidida pelo Procurador-
Geral da República.

A todos é assegurado o acesso ao Direito e aos tribunais

Quem não tiver condições para suportar os custos de um processo, tem direito a proteção jurídica. A
proteção jurídica pode ser pedida por cidadãos nacionais e da União Europeia, bem como por estrangeiros e
apátridas com título de residência válido num Estado membro da União Europeia.

Tribunais administrativos e fiscais

São competentes para julgar conflitos que resultem das relações administrativas e fiscais. Ou seja, das
relações entre os particulares (cidadãos e empresas) e a Administração Pública.

Os tribunais administrativos e fiscais são independentes e autónomos da Administração Pública e obedecem


apenas à lei.

Existem os seguintes tribunais administrativos e fiscais:

o o Supremo Tribunal Administrativo


o os tribunais centrais administrativos
o os tribunais administrativos de círculo
o os tribunais tributários

O Supremo Tribunal Administrativo é o órgão superior da hierarquia dos tribunais administrativos e fiscais.
Em regra, é o Supremo Tribunal Administrativo que decide dos recursos apresentados noutros tribunais
administrativos e fiscais.

Conclusão
Na Carta das Nações Unidas os povos do mundo afirmam a sua determinação em estabelecer as condições
necessárias à manutenção da justiça para realizar a cooperação internacional, promovendo e estimulando o
respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais sem qualquer discriminação.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos consagra nomeadamente os princípios da igualdade perante a
lei e da presunção da inocência, e o direito a um julgamento justo e público por um tribunal competente,
independente e imparcial estabelecido por lei.

A organização e a administração da justiça em cada país devem ser inspiradas por esses princípios, e devem
ser desenvolvidos esforços para os tornar inteiramente realidade.

Os tribunais são órgãos de soberania com competência para administrar a justiça em nome do povo. A sua
função é garantir a defesa dos direitos e dos interesses dos cidadãos, protegidos por lei, reprimir a violação
da legalidade democrática e dirimir os conflitos de interesses públicos e privados.

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Bibliografia:

https://tribunais.org.pt/Os-Tribunais/

https://diariodarepublica.pt/dr/lexionario/termo/orgaos-soberania

https://www.acm.gov.pt/ru/-/como-funcionam-e-quais-as-competencias-dos-tribunais-em-portugal-

https://gddc.ministeriopublico.pt/sites/default/files/princbasicos-magistratura.pdf

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