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EFA: Cursos de educação e formação de adultos 2023/24

CLC2: Fundamentos de Cultura, Língua e Comunicação


Unidade de Competência 7 Turma S1A
RA2

1. O Relativismo Cultural é uma corrente de pensamento antropológico fundada por Franz Boas no
início do século XX, após a publicação do seu livro “The mind of primitive man”, onde estabelece que
não há hierarquias entre as populações humanas e que as diferenças entre uma sociedade e outra
não são dadas pelo que se convencionou chamar de raça, mas pela variedade das manifestações
culturais.

Consequências e limites
O Relativismo Cultural traz à reflexão na qual a humanidade não deve, necessariamente, atingir o
mesmo patamar tecnológico de outro povo para ser “melhor” ou “pior” igualmente, se afasta da
noção positivista que uma sociedade está em permanente mudança e nega o processo moral.

2. 1º - Bíblia
2º - casamento infantil
3º - vaca

3. O Relativismo Cultural pode ser usado como desculpa para justificar práticas imorais, como a
escravidão, o racismo e o sexismo, sob o pretexto de que essas práticas são aceites em outras
culturas.

4. É uma perspetiva que defende que os valores, crenças e práticas culturais devem ser compreendidas
e analisadas.

5. Acredito que podemos e devemos ser tolerantes com os intolerantes mas não a todo o custo ou em
todas as situações. Deverão existir limites à tolerância relativa aos intolerantes, pois, caso contrário,
poderemos chegar a situações de violação de direitos fundamentais ao ser humano. Karl Popper
apresenta esta noção no seu “Paradoxo da Tolerância” que cito abaixo como justificação do meu
ponto de vista:~

“Menos bem conhecido é o paradoxo da tolerância: tolerância ilimitada levará ao desaparecimento


da tolerância. Se estendemos tolerância ilimitada até àqueles que são intolerantes, se não estamos
preparados para defender a sociedade tolerante contra o ataque dos intolerantes, então os
tolerantes serão destruídos, juntamente com a tolerância. Nesta formulação não pretendo dizer que
devamos sempre suprimir a verbalização de filosofias intolerantes; conquanto que possamos
contradizê-las através de discurso racional e combatê-las na opinião pública, censurá-las seria
extremamente insensato. Mas devemos reservar o direito de suprimi-las, mesmo através de força;
porque poderá facilmente acontecer que os intolerantes se recusem a ter uma discussão racional, ou
pior, renunciarem a racionalidade, proibindo os seus seguidores de ouvir argumentos racionais,
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porque são traiçoeiros, e responder a argumentos com punhos e pistolas. Devemos pois reservar o
direito, em nome da tolerância, de não tolerar os intolerantes. Devemos afirmar que qualquer
movimento que prega a intolerância está fora da lei, e considerar criminoso o incitamento à
intolerância e perseguição, da mesma forma que é criminoso o incitamento ao homicídio, ao rapto
ou ao reavivar da escravatura.”

6. O limite da tolerância tem por um lado a manutenção da individualidade e por outro a inclusão do indivíduo na
sociedade. Se isto não ocorrer, alguns perdem a individualidade e outros são exclusos e preferem isolar-se do
convívio social.

7. O etnocentrismo é a atitude pela qual um indivíduo ou um grupo social, que se considera o sistema
de referência, julga outros indivíduos ou grupos à luz dos seus próprios valores. Pressupõe que o
indivíduo, ou grupo de referência, se considere superior àqueles que ele julga, e também que o
indivíduo, ou grupo etnocêntrico, tenha um conhecimento muito limitado dos outros, mesmo que
viva na sua proximidade.
O termo etnocentrismo foi utilizado pela primeira vez por W. G. Sumner (1906), e corresponde à
atitude pela qual os hábitos ou comportamentos próprios são acriticamente encarados como sendo
indiscutivelmente superiores aos hábitos ou comportamentos de outrém. É a atitude pela qual um
indivíduo ou um grupo toma como referência os valores partilhados no seu próprio grupo, quando
avalia os mais variados assuntos. É uma atitude que encara o próprio grupo como se fosse o centro
da realidade. O termo é também utilizado para criticar os cientistas sociais que apresentam visões
acusadas de estreitas e preconceituosas acerca dos grupos ou sociedades estudados.

8. O etnocentrismo afirma a superioridade de uma cultura em relação a outra. O conceito deriva do


grego ethno- etnia e centrismo- centro. No etnocentrismo está presente a atitude que rejeita o
estranho, sobrevaloriza as normas e valores vigentes na cultura dominante e avalia as outras culturas
a partir dos seus próprios critérios e escalas valorativas. O etnocentrista considera que existe uma
cultura superior que deve permanecer como o centro das atenções. Neste sentido, qualquer cultura
tem que aceitar que existe uma cultura superior dominante (o que geralmente não é bem aceite,
visto que não é fácil admitir que existe uma ideologia superior a outra), ou sofrer as consequências e
ser destruída. Obviamente, o etnocentrismo tem consequências desastrosas que afetam em todos os
níveis os direitos humanos, como a xenofobia, a homofobia, o racismo, a discriminação, a
segregação, o desrespeito, a “morte à diferença”, o chauvinismo, entre outros. Com o etnocentrismo,
não existe diversidade cultural, apenas existem os valores estabelecidos por uma cultura oficial
dominante que deve ser preservada ao contrário das outras culturas que pelo facto de serem
diferentes são inferiores, logo devem ser destruídas. Podemos concluir que o etnocentrismo afirma
um único modelo absoluto marcado pelo monoculturalismo que domina e aniquila, conduzindo à
destruição de modos de vida diferentes, bem como à perda irreparável de saberes acumulados.

9. O colonialismo europeu: Entre os séculos XVI e XIX, as grandes potências imperiais europeias se
propuseram a dividir militar e economicamente o mundo inteiro, impondo aos cidadãos de outras
culturas um estado colonial, ou seja, colônias fundadoras. Nesta última, impôs-se a linguagem
“civilizada” europeia, os cidadãos foram classificados de acordo com a cor da pele ou características
físicas, privilegiando a brancura, e o desenvolvimento humano da comunidade colonial foi
subordinado ao da metrópole europeia.

O fascismo europeu. O notório caso dos governos nacionalistas e fascistas da Europa que surgiram
no século 20 é claramente um caso de eurocentrismo extremo, violento e radical, uma vez que esses
governos aderiram ideologicamente ao darwinismo social, ou seja, à crença de que alguns povos são
naturalmente puro e “superior”, enquanto outros eram mestiços e “degenerados”. Segundo sua visão

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de mundo, estes últimos eram dignos de escravidão e extermínio. Obviamente, estamos nos
referindo à Alemanha de Adolf Hitler e à Itália de Benito Mussolini, entre outros regimes
semelhantes da época.

10. A aceitação de que cada cultura, com os seus costumes, hábitos e tradições próprias, tem direito à
existência é algo que devemos ter como um principio fundamental a todos os povos. Contudo, o
direito à sua própria cultura não pode justificar toda e qualquer ação sob os cidadão ou povos
vizinhos sob o pretexto de se defender a própria cultura. Veja-se, por exemplo, o atual (e histórico)
conflito entre Israel e os palestinianos. Ainda que há luz do relativismo cultural se estabeleça que
ambas as culturas têm direito à sua existência, esse facto não pode justificar o massacre de judeus,
conforme levado a cabo há dias pelos radicais do Hamas, defendendo que o seu povo tem direito ao
território e à sua própria identidade cultural, como também não pode justificar os ataques feitos por
Israel na faixa de gaza, matando milhares de inocentes, sob o pretexto de defender Israel e a cultura
e identidade judaicas.

Trabalho realizado por Leonel Nunes, aluno nº 6 da turma S1A

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