Você está na página 1de 7

Escola Palmira Gabriel

Diretora:
Aluno:
Turma: 101 Noites
Terma: Etnocentrismo e Relatismo Cultural

Enquanto o etnocentrismo tem uma vertente de confronto, o relativismo aborda as


diferenças de uma forma apaziguadora. É importante destacar que o relativismo
cultural é uma ideologia que defende que os valores, princípios morais, o certo e o
errado, o bem e o mal, são convenções sociais intrínsecas a cada cultura.

Etnocentrismo

O etnocentrismo é o fenômeno embasado na crença de que uma cultura (etno)


é o centro do universo (centrismo) e, por isso, pode dominar as outras culturas.

O pensamento etnocêntrico dos europeus, que conquistaram territórios na


África, na América e na Oceania, ficou conhecido como eurocentrismo. O
eurocentrismo é o fenômeno dominador baseado na crença de que a Europa é
o centro do universo.

Franz Boas, pioneiro da Antropologia estadunidense, foi um dos primeiros a


questionar o etnocentrismo, mostrando seu caráter preconceituoso, hierárquico
e violento.

No final do século XIX, Boas irá criticar a visão europeia de progresso,


evidenciando que por trás dela havia uma ideia de civilização que estabelecia
uma hierarquia. Civilizados eram os europeus (e norte-americanos), enquanto as
demais populações eram consideradas “selvagens”, “primitivas” ou “atrasadas”.
Ao falar de “culturas”, no plural, o antropólogo alemão rechaça a ideia de que
existe “uma cultura” melhor ou mais importante; existem sim várias culturas
igualmente valiosas, que merecem respeito e consideração.

Quando pensamos em culturas no plural torna-se possível desconstruir as


hierarquias que embasam o pensamento colonial e racista. Quando pensamos
em culturas no plural permitimos que cada cultura brilhe com sua luz própria,
permitimos que elas possam existir e resistir em seus próprios termos, ou seja,
seguindo suas próprias crenças, hábitos e tradições.

Relativismo cultural

Deste interesse de Boas pela singularidade e potência de cada cultura, surge o


conceito de relativismo cultural: uma tomada de posição perante a diferença
cultural, segundo a qual cada cultura deve ser avaliada apenas em seus próprios
termos, ou seja, não existem culturas melhores ou piores, superiores ou
inferiores e nenhuma serve de modelo para as outras.

Ao contrário do etnocentrismo que julga as outras culturas a partir do modelo


de sua própria cultura, o relativismo cultural é uma forma de encarar a
diversidade sem impor valores e normas alheios.

O relativismo foi uma revolução política no enfrentamento ao racismo e a


outros tipos de preconceito, porém gerou dúvidas e controvérsias ao longo do
século XX: acreditar e defender que cada cultura só pode ser pensada a partir
de seus próprios termos significa que devemos aceitar tudo o que cada cultura
produz? Devemos aceitar e respeitar as mutilações genitais impostas às
mulheres de alguns países islâmicos, por exemplo?

Este é um debate complexo que nos leva a alguns impasses como indivíduos e
como sociedade e que não possui respostas e soluções prontas, mas pode nos
apontar alguns caminhos. Podemos concluir que sim, concordamos com o
relativismo, porém acreditamos ser justo criticar determinado costume se ele
oprime ou violenta pessoas daquela sociedade.

Se as mulheres que sofrem mutilação genital estão descontentes com essa


prática cultural, é justo e necessário que órgãos internacionais, como a ONU,
intervenham para que essa prática se extingua. Porém, se as mulheres que
sofrem a mesma mutilação em uma outra sociedade não se sentem
desrespeitadas, talvez não tenhamos o direito de criticar esse costume.

O tema é polêmico, mas, de qualquer maneira, são inegáveis os avanços


trazidos pelo pensamento do relativismo cultural, já que nos permitem
questionar nossos julgamentos e preconceitos, colaborando para uma
valorização da diversidade cultural.

Relativismo cultural: a resposta ao etnocentrismo

O problema da lógica etnocêntrica é que ela parte do lugar errado. É


como se eu pegasse toda a minha bagagem cultural e o meu sistema de
crenças e valores para avaliar os hábitos e a cultura de gente que não
compartilha esses sistemas comigo. Para julgar costumes que
cresceram com base em crenças e valores que não são os meus. E a
pergunta que a gente deve sempre fazer é: por que o que eu acredito é
mais correto ou elevado que a crença do outro?

Relativismo cultural é justamente o método utilizado pelos


antropólogos para entender os sistemas de costumes de outros povos
de uma forma, digamos, mais isenta. Mas nós, meros viajantes e
observadores do mundo, podemos enriquecer muito nossas
interpretações dos outros povos se entendermos o que esses dois
conceitos querem dizer.

A grosso modo, o relativismo social consiste em buscar conhecer e


entender o sistema de valores e crenças de uma sociedade para julgar
os costumes dentro de seu próprio contexto. Uma coisa que a gente
pode ter certeza nessa vida é que as coisas não são assim porque elas
sempre foram assim. Todos os aspectos de uma cultura têm um
motivo de existir. Relativizar significa ir atrás desses motivos,
conhecer a história, os aspectos geográficos, as dificuldades, as
situações sociais que podem ter levado à instituição daquele costume.

E de que isso me serve? Entender ajuda a gerar empatia. Saber os


motivos por trás de algo traz aquele aspecto cultural, que em um
primeiro olhar pode parecer chocante, para mais perto da gente.
Entender ajuda a fugir de conclusões fáceis e equivocadas.

Como ele ocorre?


O etnocentrismo ocorre por que nossa compreensão do que seria a existência,
dificultando nossa capacidade de perceber a diferença como algo "normal".

Evidentemente, esse tipo de fenômeno está relacionado aos choques culturais,


mas podem ser vistos cotidianamente em nossa própria cultura.

De fato, o etnocentrismo afeta todas as pessoas, em todas as culturas do


globo, em maior ou menor grau.

Isso porque é muito "normal" julgarmos "etnocêntricamente" assuntos


relacionados à política, à sexualidade, ao feminismo, à questão racial, às
drogas, etc.

Este fenômeno possui dimensões intelectuais (racionais) e afetivas


(psicológicas) que estão na gênese de quase todas as atitudes e
comportamentos preconceituosos, radicais e xenófobos.
Na melhor das hipóteses, o etnocêntrico irá considerar sua cultura como
natural em relação às outras, tidas por ele como "anormais" e "absurdas".

Assim, o pensamento etnocêntrico torna-se um perigo quando inculca ideias de


superioridade racial e cultural. Isso porque ele coloca um grupo étnico no
centro de tudo, limitando ou impedindo qualquer outra possibilidade de
existência.

O que sabemos do "outro" não passa de uma representação determinada pelas


ideologias que imperam em determinados períodos.

A partir disso, o etnocentrismo é matéria de reforço para figurações negativas


do "outro" enquanto forma de manutenção do status quo.

Curiosidade
Etnocentrismo é um substantivo masculino de raiz grega, formado pelo prefixo
"ethnos" que significa nação, tribo, raça ou povo, mais o sufixo "centrismo", que
sugere centro.

Exemplos do Etnocentrismo na História


Foi assim, por exemplo, durante os Descobrimentos, quando a cristandade
declarou sua missão sagrada de levar a fé pela ação dos missionários e
conquistadores.

Exemplos do Etnocentrismo na História


Foi assim, por exemplo, durante os Descobrimentos, quando a cristandade
declarou sua missão sagrada de levar a fé pela ação dos missionários e
conquistadores.
Imagem mostra o etnocentrismo religioso

Posteriormente, o Iluminismo irá afirmar o triunfo da razão e será a medida de


todo progresso que justificou o colonialismo ocidental.

Junto à isso, desenvolve-se uma outra definição mais específica do


etnocentrismo, a saber, o "Eurocentrismo", pelo qual o europeu foi considerado
o modelo de "homem civilizado".

Nos anos seguintes, até o início do século XIX, evidências pseudocientíficas


irão embasar vários dados que permitirão o estabelecimento de uma linha
evolutiva da cultura em estágios: selvagens, bárbaros e civilizados.

De modo similar, o racismo científico irá constituir uma ideologia de


superioridade da raça branca. Nesse momento, ser branco e europeu era
considerado o máximo da evolução cultural e social no planeta.

Veja também: Racismo

Etnocentrismo e Relativismo Cultural


O Relativismo Cultural é uma linha de pensamento da Antropologia que busca
relativizar as culturas, instituindo uma teoria geral da relatividade cultural.

Esse conceito está apoiado numa metodologia capaz de analisar os vários


sistemas culturais, sem o determinismo da visão etnocêntrica.

O significado de um ato para o Relativismo Cultural, não é tomado de forma


absoluta, mas considerado em seu próprio contexto.
A partir dessa perspectiva, compreendemos que o "outro" também possui seus
valores, os quais devem ser considerados segundo o sistema cultural em que
estão inseridos.

O que é Relativismo cultural:

Relativismo cultural é uma perspectiva da antropologia que vê


diferentes culturas de forma livre de etnocentrismo, o que quer
dizer sem julgar o outro a partir de sua própria visão e
experiência.
A perspectiva do relativismo cultural é uma construção da
Antropologia, idealizada por nomes como Franz Boas, e também
utilizado na Sociologia.

Como conceito científico, o relativismo cultural pressupõe que o


investigador tenha uma visão neutra diante do conjunto de
hábitos, crenças e comportamentos que a princípio lhe parecem
estranhos, que resultam em choque cultural.

Relativizar é deixar o julgamento de lado, assim como se


afastar da sua própria cultura a fim de entender melhor o outro.

Um exemplo de aplicação do relativismo cultural em pesquisas


antropológicas pode ser visto no estudo de sociedades
tradicionais isoladas de influências ocidentais. Digamos que em
uma tribo da Oceania, as relações de parentesco sejam pela
linha matriarcal, e o irmão da mãe, ou seja o tio, faça o papel
que o pai executa nas sociedades ocidentais.
De forma etnocêntrica, o antropólogo poderia interpretar estes
laços como disformes e criticar em seu trabalho as possíveis
consequências sociais e familiares desta ação.

Mas ao relativizar durante seu trabalho de campo, o


pesquisador percebe que estas relações são apenas diferentes,
pois possuem outros sistemas e processos anteriores que
precisam ser levados em consideração.

A fim de fazer uma investigação científica, é indispensável que


o pesquisador livre-se de preconceitos e julgamentos, por isso a
prática do relativismo cultural na Antropologia. Porém o
exercício de relativização também pode ser utilizado pela
sociedade como um todo, no dia-a-dia, para entender melhor a
posição e comportamentos dos outros, e estabelecer melhores
relações sociais, mais compreensivas.

O conceito de relativismo cultural passa também pela


compreensão da ideia de alteridade, que é o pressuposto da
existência do outro e da diferença em sociedade.

Você também pode gostar