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O Conceito de Evolução aplicado à Antropologia e a

Constituição Cultural do Homem


Nesta unidade, vamos tratar do tema “O conceito de evolução aplicado à antropologia e a
constituição cultural do Homem”. Veremos como os primeiros antropólogos desenvolveram
seus primeiros referenciais teóricos fortemente influenciados pelo evolucionismo
darwinista e como, a partir do spencerianismo, esses ideários penetraram as nascentes
Ciências Humanas. Conheceremos, também, como a crítica boasiana e as teses do
relativismo cultural desmontaram esses primeiros referenciais.
Sendo assim, este é um conteúdo fundamental, não só porque nos serve de base
informativa para compreender as origens da Antropologia e seus primeiros pressupostos
teóricos, mas também porque nos servirá de fundamento para compreender a questão da
diversidade entre os povos a partir do prisma do relativismo cultural.

Atenção

Para um bom aproveitamento do curso, leia o material teórico atentamente antes de realizar
as atividades. É importante também respeitar os prazos estabelecidos no cronograma.

***

Contextualização

A sociedade vem desde muitas décadas, dividindo-se em culturas diferentes. Essas


nem sempre são aceitas por todos. As pessoas costumam admirar e reconhecer as
riquezas da diversidade do planeta, como os aromas, os sons e os sabores. Mas,
infelizmente, quando se trata de diversidade cultural e individual, ainda se tem muito
preconceito.
É grande o número de pessoas que sofrem diariamente com preconceito quanto à
cor, à condição física, à etnia, à sexualidade, à classe social, entre outros. Tal problema só
vem se agravando nos mais diversos países, as pessoas perguntam se será mesmo que
todos os homens são considerados iguais, que medidas devem ser tomadas para mudar a
realidade de exclusão e como tornar um país igualitário.” (Alanna Avad – “Jornal de Hoje”).
Como vemos, em notícias recentes, a diversidade entre os povos é objeto mais de
discórdia e intolerância do que de paz e tolerância. Homossexuais estão sendo perseguidos
e mortos; nordestinos, agredidos em São Paulo; afrodescendentes, vítimas de um
racismo histórico; mulheres, agredidas dentro de seus próprios lares etc.
Diante desses fatos, reflita sobre estas questões: como as diferenças foram
entendidas pela Antropologia? Esse entendimento pode agravar ou melhorar esses
quadros?
Nesta unidade vamos conhecer o contexto de passagem do evolucionismo para o
relativismo cultural, mudando a própria natureza da Antropologia em relação a essas
horrendas ocorrências.
Em busca das respostas às questões aqui elaboradas, embrenhe-se pelo conteúdo
teórico, apresentação narrada e demais materiais dessa unidade, a fim de entendermos
mais sobre a dimensão cultural da condição humana.
Material Teórico
Em ciência, nada é definitivo. Aquilo que se pensa verdade, hoje, pode ser
desconstruído por uma nova teoria científica que imponha outra forma de perceber a
realidade, alterando, consubstancialmente, a própria ideia de verdade, e que, de igual forma,
é passível de desconstrução. Não que a ciência não produza saberes exatos sobre os seus
objetos de investigação; a questão é que nenhum desses conhecimentos é absoluto e
inamovível.
O conceito de evolução, que já foi tomado como verdade absoluta até extremos
inimagináveis, também se insere nessa categoria. É largamente aplicado à Antropologia e é
produto do impacto da publicação das teses de Charles Darwin, em especial a da perpetuação
dos mais aptos, amplamente difundida no séc. XIX e que teve imensa influência nas Ciências
Sociais durante todo o séc. XIX e início do XX.
A concepção darwinista de evolução nunca apregoou que o Homem fosse
descendente dos macacos (como é dito no senso comum), mas que os primatas mamíferos
(chipanzé, gorila, orangotango e o Homem) possuem o mesmo descendente comum. Sendo
assim, segundo essa concepção, o Homem é também um primata, mas, dentre os
mencionados, o único que sofreu o processo de humanização.
Modernas técnicas para determinação da antiguidade de materiais orgânicos foram
obtidas por meio de restos esqueletais localizados em sítios arqueológicos e submetidos às
técnicas de datação de fósseis por C (carbono quatorze), cujo grau de confiabilidade oscila
entre um período de 5700 anos, e o processo de datação com Argônio-Potássio, com precisão
de até milhões de anos.
A Antropologia possui uma dimensão teórica e uma dimensão prática. A teórica
refere-se ao estudo puro de todo o conhecimento passível à compreensão da humanidade.
No campo prático, é necessário, por parte do antropólogo, o conhecimento das posições
teóricas que fundamentam e orientam sua atuação na compreensão de problemas.
Ocorre que, desde o século XIX, quando a Antropologia foi sistematizada como
ciência, até hoje, diferentes nortes teóricos deram a essa ciência formas distintas de ver o
Homem e de fazer a própria Antropologia.
O séc. XIX, com a difusão da teoria darwinista de perpetuação dos mais aptos na
evolução das espécies, emprestou da Biologia à Antropologia, do darwinismo biológico para o
darwinismo social, a falsa convicção de que o Homem estaria dividido em raças, o que
permitiria dizer que, qualificando-as, seria possível falar em raças superiores e inferiores e,
pior, dotar a medicina de meios seletivos para ou aniquilar aqueles entendidos como inferiores
ou inviabilizar sua reprodução.
A Antropologia rácica está no contexto também do chamado darwinismo social, que
emprestou para regimes de terror, como o nazismo, no final da primeira metade do séc. XX,
argumentos pseudocientíficos para os assassinatos em massa empreendidos entre 1933 a
1945.
Estudiosos da questão identificam que não há fronteiras rácicas entre os homens, senão
geográficas e culturais, e que valores, comportamentos e morais são socialmente construídos,
não dados hereditariamente. Sob esse ponto de vista, há, portanto, uma só raça entre os
homens: a raça humana.
Mas o ponto de inflexão dessa Antropologia rácica, que nascia no contexto de
validação científica da própria Antropologia, foi a publicação da obra de Franz Boas e a
difusão de sua nova teoria - a do relativismo - em dois de seus textos fundamentais: “A Mente
do Homem Primitivo”, publicado em 1938, e " Raça, Linguagem e Cultura”, de 1940.
Boas, criticando duramente a percepção da Antropologia rácica de que diferenças
culturais seriam determinadas biologicamente e que seria possível escalonar culturas entre
mais evoluídas e menos evoluídas, entre melhores e piores, entre belo e feio, demonstrou
que essas diferenças constituem sistemas culturais construídos socialmente, sem obedecer
a critérios como hereditariedade. Como prova tem-se o fato de que irmãos gêmeos,
separados quando bebês e criados em culturas completamente distintas, incorporam os
valores, morais, hábitos e costumes próprios dos grupos nos quais estão inseridos e jamais
adotam um sistema cultural diverso por haver alguma programação biológica para isso.
Mais do que isso, de Franz-Boas a Antropologia incorporou a ideia de relativismo
cultural.
A relatividade cultural ensina que o Homem e sua cultura devem ser estudados sob o
aspecto de sua própria cultura, ou seja, os padrões de bem e de mal, moral e imoral, belo e
feio, certo e errado, justo e injusto não devem ser estudados sob o ponto de vista da cultura
do antropólogo ou de qualquer outra cultura dominante, mas sim sob o prisma daquela
cultura que está sendo estudada, por mais estranha que pareça aos olhos do analista.
Desses pressupostos resultam outros três:
O primeiro alude ao direito de autonomia tribal. Os grupos humanos têm o direito de
manter sua cultura preservada e desenvolvê-la sem influência nenhuma externa, mesmo
tratando-se de sociedades tribais, rurais, isoladas ou ágrafas.
O segundo pressuposto guarda os valores culturais. Os valores de determinados grupos
não devem ser julgados e modificados por outra sociedade dominante sob a pena de agredir
desmedidamente a cultura dominada. Devem-se analisar os valores de determinada cultura
sob o ponto de vista dos integrantes dessa cultura e não sob um ponto de vista externo ao seu
universo referencial.
Por fim, desponta o problema do etnocentrismo. Segundo a Antropologia, não
existem grupos ou culturas inferiores ou superiores a outras, mesmo que algumas
detenham mais recursos tecnológicos e outras sejam consideradas primitivas; apenas são
diferentes. Seria um erro adotar uma postura etnocêntrica e julgar uma cultura como
superior ou inferior a outra.
A cultura define-se, segundo a Antropologia Cultural, como o ato voluntário humano
que é consciente de sua finalidade, ou seja, trata-se da ação humana consciente de que
produz resultados.
Isso, por si só, nos permite empreender uma série de reflexões. Podemos começar
percebendo que o pensar humano se distingue do pensar de outros seres em natureza
exatamente por seu grau de consciência, isto é, o Homem é consciente de que suas ações
têm resultados. Isso quer dizer que o Homem tem plena capacidade de consciência que lhe
permite saber que aquilo que ele faz lhe traz consequências, e, assim, pode valorar suas
ações de forma a agir no sentido de provocá-las (se boas) ou evitá-las (se ruins).
Antes de mais nada, percebamos que, em seu pensar, o Homem pode se antecipar a
um determinado problema e imediatamente pensar na solução mais adequada para ele. Ao
fazer isso, ele dá uma espécie de “salto para o futuro” em apenas um pensamento: é capaz de projetar
possibilidades de futuro em seu tempo presente, e mais, de mudar o seu próprio futuro,
uma vez que, orientando suas ações no presente, pode evitar um futuro indesejado.
O pensar humano, portanto, possibilita ao Homem projetar a si mesmo nos futuros
possíveis, orientando as ações humanas em direção ao futuro mais desejado e evitando o
menos desejado.
Mais do que isso, se idêntica situação se repetir no futuro, o indivíduo não precisa
realizar a mesma reflexão com o mesmo grau de profundidade, uma vez que dessa situação
ele retirou aquilo que chamamos de experiência. Além disso, pode partilhá-la com os outros,
ensinando sobre a experiência vivida e transmitindo o conhecimento gerado por esse tipo de
situação àqueles que fazem parte do seu convívio social.
Sendo o resultado da ação humana benéfico, esse valor positivo é deslocado, pelo
indivíduo, do resultado para a própria ação, dando-lhe, então, um significado de acordo com
a qualidade do resultado, ou seja, tendo sido bom o resultado, aquela foi uma boa ação. O
próprio pensar recebe, portanto, os valores e significados da ação e de seu resultado,
compondo os sentidos do pensar. Nesse caso, o indivíduo teve bons pensamentos que o
levaram a uma boa ação, cujo resultado foi positivo.
Esses valores, significados e sentidos, por sua vez, passam a compor a identidade do
indivíduo, ou seja, no caso citado, um homem esperto. No campo da valoração, identidades
podem ser determinadas das formas mais diversas: o homem bom, mau, mentiroso,
verdadeiro, justo, injusto etc. Identidades sociais são, portanto, determinadas por repertórios
de valores, significados e sentidos.
Mas, quem determina o que é bom ou ruim para os resultados de uma ação?
Percebam que valores e morais (tudo aquilo que determina o certo e o errado, o bom e
o ruim, até mesmo o justo e o injusto), sejam quais forem, são relativos no tempo e no
espaço, o que significa que o que é bom e ruim para mim, ou moral e imoral, pode ter sido
entendido de uma forma completamente diferente por meus antepassados, o que prova
que valores e morais mudam de acordo com o tempo.
Percebam também que o que é certo e errado para mim, também pode não o ser para
indivíduos que vivam em outra parte do mundo, em outra cultura. Em várias sociedades
ocidentais, por exemplo, é natural ingerir carne bovina, inclusive de vaca, no entanto, na
Índia, esse animal é considerado sagrado e sua carne não é usada como alimento. Isso prova
que valores e morais também estão em transformação no espaço.
Enfim, morais e valores estão em movimento no tempo e no espaço.
Mas o que isso tem a ver com cultura? Tudo! Porque morais, valores, sentidos,
significados e identidades compõem aquilo que é chamado de sistema cultural. Como todos
os itens acima são relativos no tempo e no espaço, não se pode dizer que haja uma só cultura,
mas complexos de distintos sistemas culturais.
Se todos esses itens são relativos, portanto todas as culturas também são relativas, ou
seja, não há culturas superiores ou inferiores, mas sim culturas diferentes.
Mais do que isso, se esse pensar é inerente ao ser humano e a consciência, um
potencial de todos os indivíduos (o que ativa todas as relações que identificamos e
qualificamos acima), não existe indivíduo sem cultura, todos possuem uma cultura: a sua
cultura.
Ocorre que a cultura não se localiza, como sistema, apenas no âmbito do indivíduo: ela
assume uma dimensão coletiva. Isso, porque os valores e morais que mencionamos aqui
também são partilhados entre indivíduos, no âmbito de suas sociedades ou segmentos sociais.
Portanto, a cultura constitui-se numa dimensão sempre coletiva, dado que todos os demais
itens também são partilhados: valores, morais, sentidos, significados e identidades sociais. Por
isso, não só não existem indivíduos sem cultura, como também não existem sociedades sem
cultura. Da mesma forma não existem sociedades mais ou menos avançadas que outras em
termos culturais, mas sim sociedades distintas.
Temos que pensar, também, que esses valores podem ser gerados pelo indivíduo ou
pelo grupo e é possível que nem sempre eles coincidam. Por exemplo, cometo uma ação
que, segundo a moral e os valores do grupo, é errada, atenta contra a moral do grupo,
portanto sou alguém imoral para esse grupo. Porém, para mim, a ação que empreendi
pode ser plenamente aceitável, segundo os meus valores, o que me permite perceber- me
como alguém pleno de moral. Pelo fato de haver uma moral dominante e uma moral do
indivíduo, é possível que existam duas ou até mais identidades sociais para o mesmo
indivíduo, ou seja, para o grupo sou alguém imoral, para mim mesmo sou um indivíduo
moral. É possível, ainda, que eu pertença a outro grupo cujo sistema cultural desobedeça à
cultura dominante, fenômeno nominado como contracultura.
As identidades são, então, não somente auto atribuídas, mas também construídas
socialmente e externamente ao indivíduo, podendo, nesses casos, haver conflitos de
identidade para o mesmo indivíduo.
Sendo assim, todos têm cultura – dado que basta ser humano para ser portador de
sistemas culturais - e não existem sociedades menos ou mais evoluídas, em termos culturais,
que outras.
Após essa breve análise, podemos, então, compreender que a condição existencial
humana é cultural, porque o Homem atribui sentidos às suas ações, constrói símbolos, cumula
experiência e transmite-as por meio da linguagem (oralidade, iconografia e escrita). A
atribuição de significados às ações coloca as experiências em movimento, podendo ser
partilhadas e compor um repertório cultural coletivo.
Já a condição existencial animal está condicionada ao mundo dos fenômenos;
obedece a uma programação biológica, instintiva, na qual a experiência se esgota nela
mesma.
A transmissão da experiência humana se dá por meio de uma linguagem em
construção e de sistemas culturais em movimento de perene transformação. A linguagem
permite ao Homem cumular a experiência, e sua inteligência abstrata lhe permite elaborar
símbolos.
Já os animais obedecem a reflexos condicionados; há aprendizado, mas por meio
de uma inteligência concreta, que lhes permite tão somente programar índices.
A linguagem, como instrumento maior de cumulação e difusão de experiências e
trocas culturais, inerentes ao humano, permite-nos identificar também sintomas de
desumanização, no enfraquecimento da possibilidade de expressão, que revela
graus decrescentes de consciência sobre os resultados das ações humanas,
conformando identidades sociais vazias de sentidos, de significados e de repertórios
morais.
Trata-se de um sintoma de desumanização, produzido pela sociedade de
consumo de massa, aquele que o psicólogo alemão Erich Fromm identificou, no livro Ter
ou ser, como os valores do consumo determinando as identidades sociais. O
capitalismo ocidental teria falhado em criar valores morais, aprofundando processos de
desumanização que levam a constituições culturais mais de aparência do que de
essência, na vigência dos valores acríticos das sociedades de consumo de massa e do
espetáculo, em que se é aquilo que se tem.
Para a Antropologia, em sua área específica de estudos culturais – a
Antropologia Cultural -, a cultura define-se como um processo de aprendizagem.
Trata-se de um comportamento apreendido, o que se defronta com seu contrário: a
personalidade, que se pensa como algo já dado. Trata-se de um conjunto de coisas
(materiais, de existência concreta) e de ideias (imateriais, espirituais, de existência
abstrata).
Segundo o que vimos até aqui, conseguimos entender que coisas, mais
corretamente nominadas como artefatos, referem-se aos materiais fabricados pelo
Homem para atender às suas necessidades de sobrevivência, uma vez que já sabemos
que o Homem é portador de necessidades biológicas. Mas, e as ideias? A que tipo de
necessidades elas se referem?
Ora, o Homem não é portador apenas de necessidades biológicas, as assim
chamadas necessidades do corpo ou da matéria. O Homem é feito, também, de outra
substância, de essência imaterial e abstrata, que não se pode tocar fisicamente, medir
ou pesar: a alma ou, como queiram, o intelecto; exatamente aquilo que preenche o
corpo material, dando-nos caráter, personalidade, sentimentos e emoções. Trata-se
daquilo que nos torna únicos! Essa nossa dimensão imaterial também possui
necessidades, assim como a dimensão material, mas de outra natureza: amar, ser amado,
ter amigos, ser solidário, ser feliz, conhecer etc.
Se a dimensão da existência humana gravita entre material e imaterial, a
cultura, produto da ação humana, também se constitui nessa dupla dimensão.
Temos, então, a cultura material: concreta, do universo das coisas, e a
imaterial: espiritual, do universo das ideias. Essas assumem invariavelmente uma forma
híbrida, porque os objetos criados pelo Homem não se constituem apenas por sua
dimensão físico-química, mas também pelos sentidos e significados imateriais que lhes
são atribuídos.
Para entendermos melhor essa distinção, pensemos em dois ambientes essenciais
nos quais se desenvolve a vida em sociedade:
AMBIENTE LÓCUS CARACTERÍSTICAS
Primário Natureza Necessidades biológicas, físico-orgânicas (excreção, sede,
natural alimentação, reprodução, segurança)
Necessidades socioculturais ou psicossociais (religião, educação,
Secundário Sociedade política, economia, relacionamento individual ligado aos
artificial sentimentos).

Esse quadro demonstra que a cultura é composta por elementos materiais


concretos, voltados, basicamente, ao atendimento de um conjunto de necessidades de
curto prazo; mas também existe aquele conjunto de necessidades, sobretudo, de
ordem psicossocial, relacionadas às necessidades orientadoras do comportamento,
apreendidas desde os primeiros anos de existência e que acompanham o indivíduo ao
longo de sua vida.
A cultura real revela efetivamente as condições concretas e imediatas de existência,
comportando aspectos positivos e negativos e, essencialmente, resultantes dos modos como os
homens produzem e se relacionam em sociedade. A cultura ideal representa um parâmetro
que orienta as condutas no sentido de atingir condições satisfatórias de vida, entretanto seus
elementos, só em casos excepcionais, são atingidos.
Depois de refletir, ao longo da leitura dessas páginas, sobre a cultura, podemos
concluir que:
A cultura é universal na experiência do Homem, entretanto cada manifestação local ou
regional da cultura é única.
A cultura é estável e, não obstante, é também dinâmica, evidenciando contínua e
constante mudança.
A cultura inclui e determina amplamente o curso de nossas vidas e, no entanto, raramente
interfere no pensamento consciente.
Material Complementar

Caro aluno,

Para o caso de você desejar se aprofundar em algumas questões trabalhadas no


conteúdo, disponibilizamos, aqui, uma relação de materiais complementares que
podem ser extremamente elucidativos.

Vídeo:
“Exposição sobre Charles Darwin”
YouTube: http://www.youtube.com/watch?v=_ujLk5LC4lw&feature=relmfu
“Charles Darwin e a árvore da vida”
YouTube: http://www.youtube.com/watch?v=87wNrPAhons&feature=fvsr
“Relativismo cultural”
YouTube: http://www.youtube.com/watch?v=aFCHxeQWhrg
“Franz-Boas: The Shackless Of Tradition”
YouTube: http://www.youtube.com/watch?v=GOvFDioPrMM

Referências

CARNEIRO DA CUNHA, Manuela. Negros, estrangeiros: os escravos libertos e sua volta à África,
São Paulo, Brasiliense, 1985.
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estudo das representações coletivas”. Em Ensaios de Sociologia, São Paulo, Perspectiva, 1981, pp.
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MAUSS, Marcel. “Ensaio sobre a Dádiva”. Em Sociologia e Antropologia, Rio de Janeiro, Cosac &
Naify, 2004.
GEERTZ, Clifford. A Interpretação das Culturas. Rio de Janeiro, Zahar, 1978. SAHLINS,
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LÉVI-STRAUSS, Claude. O Pensamento Selvagem. São Paulo, Companhia Ed. Nacional, 1976.
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MATTA, Roberto da. “Carnavais, malandros e heróis". Em Carnavais, malandros e heróis: para uma
sociologia do dilema brasileiro. 4 ed. Zahar, 1983. 272 p.
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RIBEIRO, Darcy. "Os Índios e a civilização". Em Os Índios e a civilização: A integração das populações
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OLIVEIRA, Roberto Cardoso de. "O índio e o mundo dos brancos". Em O índio e o mundo dos
brancos. 3 ed. Universidade de Brasília, 1981. 131 p. v.
VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. “Perspectivismo e Multinaturalismo na América Indígena”. Em A
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