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O que é Antropologia?
Antropologia é o estudo do homem como ser biológico, social e cultural.
RESUMO
A Antropologia, como o estudo do homem por inteiro, nasce de uma indagação diante
da diferença cultural. É a experiência da alteridade e sua elaboração, com todos os
seus desdobramentos que possibilitam, a partir dessa indagação inicial, o surgimento
da Antropologia como disciplina científica, tal qual nós a conhecemos hoje. Essa
experiência está diretamente ligada a um deslocamento de perspectiva eurocentrista
provocado pela descoberta de novos continentes e de novos modos de vida,
alargando as possibilidades de compreensão do homem, objetivo primeiro da
Antropologia.
O conceito de Etnocentrismo - é uma visão do mundo onde [sic] o nosso próprio
grupo é tomado como centro de tudo e todos os outros são pensados e sentidos
através dos nossos valores, nossos modelos, nossas definições do que é a existência.
é um verdadeiro julgamento a distância. É uma crítica feita de longe, que termina por
desqualificar aquilo que é diferente e exaltar tudo o que é próximo e, portanto,
cotidiano. A perspectiva etnocêntrica é um julgamento de valor.
RESUMO
Aula 2
RESUMO
CONCLUSÃO
As últimas décadas do século XX foram marcadas por um processo de
autoconscientização dos povos em relação às suas culturas como formas de ação
política, no que diz respeito à reivindicação de direitos. Se durante centenas de anos,
as pessoas viviam culturalmente sem saber disso, na virada do último século, tornou-
se importante para várias minorias étnicas conhecer e enfatizar os aspectos distintivos
de sua cultura. Assim, garantir seu lugar ao sol num contexto marcado pelo processo
de globalização. Não se tratava, pois, de uma questão de autenticidade ou de
inautenticidade desses povos, mas sim da manifestação plena dos aspectos criativos
e transformativos que caracterizam efetivamente a vida social. Desse modo, podemos
dizer que o conceito de Cultura continua tão ou mais vivo e importante do que nunca,
pois hoje é algo que interessa não apenas aos antropólogos, mas também a todas as
pessoas.
RESUMO
De uma perspectiva preocupada com os aspectos de coerência e ordem, frisando a
cultura como algo estável, fechado e coeso, passamos a uma abordagem simbólica da
cultura, onde as representações de significado eram vistas como compartilhadas e
definidoras dos modos possíveis de ação das pessoas. No final do século XX, foram
apresentadas perspectivas mais heterogêneas para o conceito de Cultura, em que a
ênfase era direcionada aos aspectos antagônicos da vida social e às diferentes
maneiras pelas quais as pessoas manifestam suas individualidades e interesses. Tal
formulação permite que o conceito de Cultura possa ser usado para pensar questões
como as transformações sociais, do mesmo modo que não trata cada personalidade
como o resultado de seu ambiente cultural.
Aula 5
Os Pais Fundadores: Boas e Malinowski
Aula 7
As correntes do pensamento antropológico (1)
Evolucionismo - Doutrina segundo a qual toda a cultura de uma sociedade é
resultado constante de um processo evolutivo. Compreender essa teoria significa
entender como pensava grande parte dos intelectuais do século XIX. O Evolucionismo
preocupou-se em descobrir leis gerais que ordenavam as transformações sociais.
Descobrir estas leis era, entre outras coisas, descrever o movimento da sociedade
humana; era entender o seu devir.
Lewis Henry Morgan - dividia a linha evolutiva em três categorias básicas, sendo
estas: a selvageria, a barbárie e a civilização. A evolução social era, deste ponto de
vista, natural e necessária. Nesta escala de progresso, os povos não ocidentais ou
autóctones da África e das Américas estariam mais próximos da selvageria.
Difusionismo - Conceito originário da Física e da Química que designa todos os
processos ordenados que produzam semelhanças culturais em várias sociedades. A
expansão da cultura, neste sentido, acontece através daquilo que os difusionistas
nomeiam de empréstimo cultural, no que diz respeito ao seu repertório material e
imaterial. Desenvolveu-se basicamente na região da Áustria, da Alemanha, da
Inglaterra e dos Estados Unidos. Esta corrente formula a teoria de que, identificando
os empréstimos culturais (ou seja, as transformações culturais ocorridas por meio dos
contatos entre diferentes povos, quando costumes, objetos, crenças e outras
componentes sociais são assimilados do estrangeiro por um determinado povo) ao
longo da história de contato entre os povos, é possível descobrir as leis gerais que
regem o movimento das sociedades primitivas. A reconstituição do passado que faz o
Difusionismo assemelhar-se ao Evolucionismo, tal como era desenvolvido no período.
O G. E. Smith e W. J. Perry - Consideravam, neste sentido, a existência de vários
centros de distribuição (e não apenas o Egito, como verificamos entre os fundadores
ingleses). Assim, toda a cultura existente na sociedade humana seria derivada destes
centros de evolução.
E F. Graebner e padre W. Smith - seus modelos perseguiam também a ideia de se
descobrir leis gerais sobre o movimento da humanidade.
Culturalismo - No final do século XIX, foi a primeira corrente de pensamento da
Antropologia a romper com a ideia de que todos os grupos humanos evoluem
conjuntamente de um estágio atrasado e rudimentar até alcançar uma existência
coletiva complexa e sofisticada, comparável aos padrões da sociedade industrial do
século XIX. foi a primeira na Antropologia moderna que tratou de maneira mais
sistemática as distinções culturais entre os mais diversos povos. A cultura era,
portanto, tomada como uma unidade específica.
Franz Boas - foi responsável por redefinir os estudos antropológicos nos Estados
Unidos.
O sociólogo brasileiro Gilberto Freyre estudou na Universidade de Colúmbia, onde
teve contato com as pesquisas e os debates em torno do Culturalismo. Suas grandes
obras Casa-grande & senzala (1933) e. Sobrados e mocambos (1936) revelam a
influência de Boas na abordagem de Freyre sobre a formação cultural brasileira.
CONCLUSÃO
Nesta aula, vimos os principais conceitos de três das mais importantes correntes
teóricas da Antropologia, a saber, o Evolucionismo, o Difusionismo e o
Culturalismo. Discutimos como os evolucionistas entenderam o movimento
progressivo da sociedade humana, de sua origem primitiva até o alcance da
civilização. Em seguida, apresentamos os difusionistas e sua preocupação no
mapeamento da distribuição da cultura ao longo da evolução da sociedade humana. E,
por fim, refletimos sobre o modelo proposto pelos culturalistas e seus conceitos que
propunham que cada povo tem cultura e história próprias e, por isso, deve ser
analisado dentro de contextos específicos.
RESUMO
A consolidação da Antropologia como ciência foi marcada por correntes de
pensamento que influenciaram as principais temáticas da disciplina, bem como as
metodologias que deveriam ser empregadas em suas abordagens. Evolucionismo,
Difusionismo e Culturalismo foram importantes linhas de pensamento que
caracterizaram o primeiro século da Antropologia, constituindo, assim, os pilares da
disciplina. Estas correntes de pensamento marcaram a passagem de um século para
outro, ou seja, do XIX ao XX. Entretanto, o Evolucionismo e o Difusionismo podem ser
considerados exemplos de como se estruturava o pensamento científico daquele
período: a descoberta de leis universais, a elaboração de grandes séries comparativas
de dados, a generalização das explicações e, como não poderia deixar de ser, a busca
pela “verdade” e pela “objetividade científica”. Entender o Evolucionismo e o
Difusionismo é, sobretudo, compreender como ingleses, franceses, americanos e
alemães, entre outros ilustrados, pensavam as relações humanas. É refletir sobre
como sociedades produzem ideias – umas em relação às outras. Não é exagerado
afirmar que o Culturalismo opera uma mudança mais radical de paradigma explicativo.
Seus conceitos, como quaisquer outros – inclusive contemporâneos – apresentam os
limites impostos pelo período histórico, mas, apesar disso, ao propor uma abordagem
mais localizada, ao incentivar a observação empírica e, o mais importante, ao apontar
os limites das comparações de dados etnográficos, a escola de Franz Boas abriu
possibilidade para uma nova Antropologia que ecoou para além da América do Norte.
Com o espraiamento do Culturalismo, não assistimos apenas ao surgimento de uma
nova corrente de pensamento. É certo também que testemunhamos uma
transformação entre a Antropologia do século XIX e a Antropologia que seria feita no
século XX.
Aula 8
As correntes do pensamento antropológico
INTRODUÇÃO
Vimos na aula anterior importantes correntes do pensamento antropológico. Agora,
serão apresentadas mais três, a saber, o Funcionalismo e suas variantes, a
Antropologia Simbólica e o Estruturalismo. Um ponto fundamental que deve ser
marcado inicialmente é que, diferentemente das correntes discutidas na aula passada,
estas três foram produzidas no século XX, quando o campo científico da Antropologia
já se encontrava em um estágio mais maduro no que diz respeito à sua formalização
como disciplina acadêmica nas universidades mais importantes do mundo. Além disto,
é válido ressaltar que o século XX também foi importante para a consolidação da
Antropologia no quadro geral das Ciências Sociais. Dessa forma, veremos os
pressupostos básicos de cada uma dessas três correntes; quais as suas contribuições
para a análise antropológica e, por fim, como definem seus objetos de estudo.
Etnografia - Descrição dos acontecimentos, histórias, narrativas, hábitos e costumes
de um determinado povo. Representa uma das principais técnicas utilizadas pelos
antropólogos.
Antropologia Simbólica - foi o modo pelo qual se convencionou chamar uma nova
abordagem antropológica, elaborada durante os anos da década de 1960. Era o
momento da aparição de uma nova geração de pesquisadores, cuja formação ocorreu
sob forte influência do Funcionalismo (Radcliffe-Brown e Malinowski), do Culturalismo
Americano (Ruth Benedict e Margareth Mead) e da Antropologia Evolucionista
Americana, também conhecida como Neoevolucionismo.
Neoevolucionismo - Foi um novo uso das teorias de Darwin, que surgiu na década
de 1930 e foi adotado na Antropologia e na Sociologia durante os anos de 1960. Ao
contrário do Evolucionismo, agora não mais se usa a ideia de determinismo, mas sim
de probabilidade, havendo, assim, uma ênfase nos dados empíricos.
Na visão de Geertz, então, podemos pensar que se a cultura são os óculos pelos
quais vemos o mundo, os símbolos representam suas lentes.
Diferente de Geertz, Turner preocupava-se em estudar os símbolos não como
veículos da cultura, mas como operadores do processo social, ou seja, como coisas
que, quando agrupadas em alguns contextos, sobretudo nos rituais, podem efetuar
transformações sociais.
Outra grande contribuição de Turner foi a elaboração do conceito de dramas sociais.
Dramas sociais são caracterizados por contextos de dilemas, muitas vezes em
circunstâncias conflituosas, o que os torna reveladores na medida em que expõem os
valores, as perspectivas e as ideologias de um sistema social, ressaltando inclusive os
aspectos contraditórios de uma cultura. O pressuposto deste conceito é o conflito
como algo inerente a qualquer grupo social, sendo a análise das divergências e
contradições um meio privilegiado de compreensão da vida social.
Estruturalismo
Falar em Estruturalismo na Antropologia implica necessariamente referir-se a Claude
Lévi-Strauss. Um dos grandes objetivos do Estruturalismo de Lévi-Strauss foi tomar a
massa de dados coletados no campo e organizá-la, simplificando os dados através de
sua apresentação como relações entre unidades. Como base de sua teoria sobre o
parentesco, está a analogia entre os sistemas de linguagem e os de parentesco. Em
outras palavras, podemos dizer que, assim como os sistemas de linguagem, o
parentesco efetua uma série de operações que asseguram uma comunicação entre
indivíduos e grupos.
A tripla obrigação do “dar, receber e retribuir”, elaborada por Marcel Mauss como
fundamento da “regra da reciprocidade”, forneceu a Lévi-Strauss a chave para decifrar
a estrutura dos sistemas de parentesco. Propôs então que as alianças matrimoniais
entre grupos possuíssem a mesma forma de uma relação de troca de presentes.
De acordo com Lévi-Strauss, o sistema de reciprocidade matrimonial organiza-se em
torno da troca de mulheres porque desta forma assegura-se a continuidade do grupo
social, o que torna as mulheres o bem mais valorizado num dado grupo. Não é que os
homens não soubessem que as mulheres de seu próprio grupo poderiam ser suas
companheiras sexuais, mas eles reconheciam que elas despertavam o desejo dos
homens de outros grupos e entendiam que por meio do intercâmbio de mulheres
poderiam estabelecer alianças com estes outros grupos.
CONCLUSÃO
No século XX, as teorias antropológicas descartam definitivamente a possibilidade de
compreensão das diversidades sociais através de ideologias e perspectivas de cunho
racial. As representações nativas ganham espaço nos textos antropológicos e passam
a ser ressaltadas não naquilo que o antropólogo acha que os nativos estão fazendo,
mas, sim, no que os próprios nativos pensam estar fazendo. Em outras palavras,
asideologias e cosmologias nativas passam a ser o principal ponto de interesse da
Antropologia. A partir dessa perspectiva que privilegia a representação nativa,
formularam-se abordagens simbólicas da vida social, em que a ênfase recai nas
formas de comunicação, nas interações, nos significados dados aos objetos, atos e
gestos, nas lendas e nos mitos etc. Se com o Funcionalismo a preocupação estava na
função social das instituições, as correntes de pensamento posteriores dedicavam se
à compreensão das representações nativas sobre tais instituições, sobre seus
significados e simbolismos. A vida social, assim, ganhava vida e dinamismo nas
abordagens antropológicas, afastando-se definitivamente de qualquer perspectiva
determinista.
RESUMO
O Funcionalismo, a Antropologia Simbólica e a Antropologia Estrutural, como novas
formas de abordagem antropológica, surgidas ao longo do século XX, afastaram-se da
perspectiva Evolucionista adotada no século XIX. Abandonaram a preocupação com o
processo evolutivo da sociedade humana para então dedicar-se ao estudo intensivo
da diversidade cultural, deixando de empregar os termos “sociedade” e “cultura” no
singular e adotando-os em sua forma plural. As diferenças culturais passaram, com a
abordagem simbólica, a ser compreendidas através das distintas representações e
cosmovisões dos povos, ou seja, pelos diferentes símbolos e significados produzidos
em cada contexto social. Apesar das diferenças, há no século XX, ainda, uma
preocupação em mostrar o caráter universal do gênero humano, ou seja, a busca
daqueles fatores que, apesar de seus distintos modos de manifestação, perpassam
toda a humanidade – tal como foi a intenção de Claude Lévi-Strauss.
No século XIX, as ideias evolucionistas exerciam grande influência sobre as teorias
antropológicas, fazendo pesar sobre as reflexões sociológicas diversas preocupações
relacionadas a raça, mestiçagem e diferenças biológicas, no século XX, o acento recai
sobre os aspectos culturais. Não mais se fala em Cultura, mas sim em Culturas,
enfatizando a diversidade que é dada não pela biologia ou pelos ambientes
geográficos, mas sim pelas representações cosmológicas, ou seja, pelas diferentes
estruturas míticas, simbólicas, linguísticas etc. No século XX, os antropólogos
consolidam a teoria da unidade biológica da espécie humana, encerrando, assim, um
processo de debates que começou no século XIX, mas que encontrou seu apogeu
com as teorias que enfatizavam as diferenças de comportamento e crenças por fatores
socioculturais.