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Segundo MARTINEZ (1999: 84) “Os Estudiosos deste período estavam preocupados por
descobrir as Leis gerais do progresso humano, as leis gerais da evolução do homem”. E
considera Edward Tylor como pai da antropologia por ter sido o primeiro a tentar sistematizar o
estudo da cultura.
O Evolucionismo defendia uma evolução paralela. De acordo com esta teoria, as culturas foram
criadas, independentemente, seguindo um percurso por estádios fixos: barbárie, primitivismo,
selvagismo e civilização. Esta posição era similar à da Ilustração. Na Ilustração, a ideia de
progresso foi central; e para o evolucionismo, as culturas encontravam-se em movimento, através
de diferentes etapas de desenvolvimento, até alcançarem a etapa de desenvolvimento da cultura
ocidental. Todas as culturas evoluiriam da mesma maneira e passariam pelos mesmos estádios.
Seria, pois, necessário pensar numa evolução unitária do conjunto da humanidade.
Para DARWIN apud PEREIRO (2011-2012) “A evolução das culturas é resultado da evolução
biológica, que tinha como princípio fundamental o princípio da sobrevivência dos mais
aptos”. Pois considera que toda e qualquer espécie é detentora de características próprias que as
diferencia umas das outras e que a tendência de cada uma é ganhar espaço para garantir a sua
sobrevivência ou existência, e o homem é uma das espécies que sempre esteve preocupada com a
sua sobrevivência, procurando vencer todos obstáculos e conquistar novos territórios,
transmitindo e assimilando novos traços culturais.
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Na teoria evolucionista quase todos antropólogos foram de gabinete pois fizeram o trabalho
sem sair para o terreno. Trabalharam, fundamentalmente, com fontes documentais e com
dados fornecidos por outros (missionários, agentes coloniais, viajantes, comerciantes, etc.);
Introduziram o método comparativo, na antropologia;
Os evolucionistas preocuparam-se mais com as semelhanças do que com as diferenças entre
os grupos humanos;
Consideravam que as sociedades eram organismos naturais que evoluíam;
O seu modelo de civilização era a sociedade vitoriana inglesa (Ocidente): o resto do mundo
tinha um desenvolvimento inferior;
A teoria da sobrevivência de costumes é uma perspectiva errada, porque, na realidade, muitos
dos costumes foram inventados recentemente ou provocados pelos contactos com ocidente.
Foi uma reação contra o evolucionismo, mas coexistiu com ele. Foi uma escola antropológica
que tentou entender a natureza da cultura, em termos da origem da cultura e da sua extensão de
uma sociedade a outra. Defendeu que as diferenças e semelhanças culturais eram causa da
tendência humana para imitar e a absorver traços culturais.
A diversidade cultural explica-se pelas relações de empréstimo e não pela invenção
independente.
Após o seu surgimento entre os anos 1900 e 1930, foram desenvolvidas varias técnicas de
pesquisas, principalmente a observação participante. Tendo-se incrementado mais um outro ramo
da ciência, a linguística.
Neste período deu-se relevo ao estudo das culturas particulares e não à cultura universal o que
permitiu maior segurança nas informações e maior conhecimento dos fenómenos, até então,
relegados a um segundo plano.
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I.3. Funcionalismo
Neste período surge o conceito de função que segundo MARCEL PROUST apud PEREIRO
(2011-2012) considera as funções como “obrigações, nas relações sociais”, pois o social só
poderia explicar-se pelo social e não por constituição biológica ou por psicologia individual.
I.4. Estruturalismo
O Estruturalismo é uma corrente que nasce a partir da Segunda Guerra Mundial. Esta corrente
começa a preocupar-se com os princípios lógicos das estruturas de sentido, ou seja preocupa-se
com a mudança e o individualismo.
Para LÉVI-STRAUSS (1985:142) “O Estruturalismo tinha como objetivo provar que a estrutura
dos mitos era idêntica em qualquer canto da Terra, confirmando assim que a estrutura mental
da humanidade é a mesma, independentemente da raça, clima ou religião adotada ou
praticada”. Este autor separou as sociedades humanas em “ frias” e “quentes”.
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As sociedades “frias” são as primitivas e que se encontram "fora da história", orientando-se pelo
modo mítico de pensar, sendo que o mito é definido como "máquina de supressão do tempo". E
as Sociedades "quentes" são as civilizadas e que se movem dentro da história, com ênfase no
progresso, estando em constante transformação tecnológica
A corrente sociológica francesa que se destacou entre finais do Século XIV e ao longo do Século
XX, foi o positivismo que é uma linha teórica da sociologia, criada pelo francês Auguste Comte
(1798-1857), que começou a atribuir fatores humanos nas explicações dos diversos assuntos,
contrariando o primado da razão, da teologia e da metafísica.
Para COMTE apud TRINDADE (2007), “O método positivista consiste na observação dos
fenômenos, subordinando a imaginação à observação”. O autor sintetizou seu ideal em sete
palavras: real, útil, certo, preciso, relativo, orgânico e simpático. Comte preocupou-se em tentar
elaborar um sistema de valores adaptado com a realidade que o mundo vivia na época da
Revolução Industrial, valorizando o ser humano, a paz e a concórdia universal.
A corrente marxista apresentou uma pesquisa sobre a história das sociedades pré-capitalistas.
Porém, apresenta um contraste entre as sociedades com história escrita, cuja história é a história
das lutas de classes, e as sociedades sem história escrita, cuja história seria a história das
relações de parentesco e de clãs.
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GODELIER apud JR, Armando Boito. e TOLEDO, Caio N. de (2003) definiu como meta da
antropologia marxista como “reconstruir os modos de produção”, e não “a história dos modos
de produção”. A razão para essa distinção seria que, ainda segundo GODELIER, “...se há leis
das transformações estruturais, não se trata de leis históricas”.
O mundo pós-moderno é aquele do fim das grandes visões épicas do mundo, nele primam as
imagens sobre os factos, a realidade virtual e imaginada sobre a realidade fáctica. O mundo pós-
moderno é aquele desprovisto de ilusão transcendente, um mundo em processo de fragmentação,
pois considera-se a antropologia como uma interpretação de interpretações, uma construção de
segundo grau.
No período colonial, os relatos acerca das sociedades africanas enfatizavam os seus aspectos
exóticos e as características que as distinguiam da norma Europeia. O encontro de culturas e
civilizações se pautava pelo desconhecimento recíproco e pela incompreensão e intolerância em
relação as diferenças que coexistiam.
Em suma, para os colonizadores a história dos povos de moçambique começa com o processo de
colonização e nesta época a preocupação dos antropólogos era de procurar conhecer a cultura
“selvagem” e usar os resultados das pesquisas para fortalecer o processo de civilização dos povos
nativos e a construção de uma história “nova”.
4. Bibliografia
MARTINEZ, Francisco Lerma. Antropologia Cultural: Guia para o Estudo. Paulinas Editorial.
3ª edição, Maputo, 1999.
LÉVI-STRAUSS, C. (1987, or. 1985): A Oleira Ciumenta. Lisboa: Edições 70, pp. 141-154.
TRINDADE, Hélgio (org.). O Positivismo: teoria e prática. 3ª ed. Porto Alegre: UFRGS, 2007.
JR, Armando Boito. e TOLEDO, Caio N. de (orgs.) Marxismo e Ciências Humanas. São Paulo,
Xamã/FAPESP/CEMARX, 2003.