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1.

ANTROPOLOGIA CULTURAL
a) Objecto
b) Métodos
2. POSTULADOS ANTROPOLÓGICOS

1.1. ANTROPOLOGIA

MARTINEZ (2007) refere que etimologicamente, o termo ANTROPOLOGIA é


composto por dois vocábulos gregos: «antrhopos», significa HOMEM; e «lógia»,
estudo, ciência.

O mesmo autor, define a ANTROPOLOGIA como o estudo sistemático do homem e de


suas actividades e comportamento.

Quanto ao objecto de estudo da ANTOROPOLOGIA, esse autor divide em duas


categorias:

- Objecto material – que é estudo do homem.

- Objecto formal – estudo do homem e do seu comportamento como um todo. A


Antropologia leva em conta todos os aspectos da existência humana, combinando esses
aspectos numa abordagem integrada.

Quanto aos métodos de estudo, destaca-se a observação participante. Aqui, de acordo


com BERNARDI (1974: 59) “quando o antropólogo se dispõe a estudar uma cultura, é
um homem entre homens. Integra-se ao vivo nas manifestações culturais; não se
contenta com ser um observador, ainda que participante, das expressões colectivas,
mas procura o contacto pessoal. Estabelece relações de confiança e de amizade com os
seus interlocutores, com pessoas singulares, no intuito de compreender, ao vivo a
origem e o significado das manifestações que estuda. (…). ”

A antropologia é tão antiga quanto a existência do próprio homem e compreende quatro


(4) épocas:

1- Período de formação (1835)

2- Período de convergência (XIX)

3- Período de construção (XX)

4- Período de crítica (1900 até aos nossos dias)

1 - Período de formação (1835) – começa com a própria cultura da humanidade, pois


que na qual o homem não é um ser passivo, este possui muitas necessidades e cada uma
delas é uma forma de comportamento cultural (dança, vestuário, sexualidade, etc). Pois
que o homem fazia a reflexão de si e do mundo que o rodeava. Todas as manifestações
culturais do homem ao longo dos tempos serviam de subsídios para a formação da
própria Antropologia.
2- Período de convergência (XIX) – a Antropologia ganha a sua cientificidade.

3- Período de construção (XX) – este período é continuação do segundo. Os


fenómenos assumem apenas uma intensidade mais efectiva. O que distingue este
período do anterior é o aparecimento da obra clássica sobre a evolução biológica, a
evolução das espécies de Charles Darwin, com a teoria evolucionista. Também surge o
livro Cultura Primitiva de Edward B. Tylor.

Com o tempo o estudo do campo do Evolucionismo cai para a área da Arqueologia

4- Período de crítica (1900 até aos nossos dias) – o período mais fecundo da
Antropologia. As regras gerais do início da Antropologia foram criticadas. Novas
abordagens foram propostas, pois que nota-se também um progresso nas ciências
paralelas. A Antropologia passa a ser uma disciplina obrigatória nas universidades.
Hoje, muitas frentes de estudo se abrem e a crítica é ainda um símbolo dominante e
muito ainda se pode esperar nos países em vias de desenvolvimento, um campo a ser
estudado servindo como uma forma de reflexão sobre as suas próprias culturas

1.1.2. RAMOS DA ANTROPOLOGIA

A Antropologia compreende entre vários os seguintes ramos:

1.1.2.1. Antropologia física estuda o homem como ser biológico individual (preocupa-
se com problemas relacionados com a evolução, forma, estrutura, aparência,
funcionamento e variações do corpo humano ou de qualquer das suas partes). Os
antropólogos físicos trabalham frequentemente como cientistas naturais, em ligação
com os anatomistas, médicos, dentistas, geneticistas e com todo o conjunto de
investigadores que podem ser designados por biólogos;

1.1.2.2. Antropologia social - estuda o homem como ser social (preocupa-se com os
sistemas sociais, instituições e as actividades das sociedades;

1.1.1.3. Antropologia cultural - estuda o homem como ser cultural (preocupa-se com
os elementos humanos distintivos dos grupos populacionais).

Note-se que, apesar de cada subdisciplina instituir um conjunto especializado de


técnicas e cada uma delas pretender atingir um objectivo diferente, todas essas divisões
são mantidas em conjunto por um interesse comum pelo homem, graças a esse interesse
comum todos os antropólogos prosseguem o mesmo objectivo, uma vez que cada um
deles deseja prestar um contributo significativo no sentido de uma melhor compreensão
do corpo ou do comportamento humano.

1.3. ANTROPOLOGIA CULTURAL

TITIEV (1963:8) diz que antropologia cultural é a ciência que se dedica ao estudo dos
padrões de comportamento seguidos pelas pessoas quando vivem em conjunto.
Para MARTINEZ (2007:28) Antropologia Cultural é a ciência que descreve, analisa e
confronta os elementos humanos distintivos dos povos, modelos de vida e mentalidade
das sociedades humanas viventes

Para BERNARD (1974:19) a Antropologia Cultural indaga o significado e as


estruturas da vida do homem como expressão da sua actividade mental.

A Antropologia Cultural de princípio foi uma ciência colonial pois que servia de estudo
das sociedades exóticas, fazendo estudo em alguns casos das sociedades, povos na qual
estes podiam entrar em contacto, pois faziam o estudo dos hábitos, costumes e esses
estudos eram feitos pelos primeiros antropólogos, tudo isto servia de reconhecimento no
terreno.

Com a dinâmica da sociedade, a Antropologia Cultural começa a ganhar um outro


rumo, tudo isto a quando das independências dos países africanos…deixa de se
interessar do seu antigo objecto de estudo, que era o estudo das sociedades exóticas,
muda a sua maneira de estudo e passa a interessar-se pelas cidades ou sociedades
urbanas.

A Antropologia cultural: é a ciência que estuda os processos e as acções dos seres


humanos; comportamento social, costumes, comportamento, vida quotidiana, cultura
material e tecnologia.

Importa referir que a cultura está sempre em movimento

2. POSTULADOS ANTROPOLÓGICOS

2.1. Prejuízos ideológicos

2.1.1. Atitude isenta de preconceitos

No estudo da Antropologia Cultural É necessário manter uma atitude isenta de


preconceitos ideológicos e de juízos de valor sobre a própria antropologia enquanto
ramo da ciência e disciplina académica, ou sobre algumas das suas esferas, ou sobre o
uso dos conhecimentos antropológicos ao longo da história.

2.1.2. Críticas à Antropologia Cultural

A Antrop. Cult. Foi acusada de subserviência a favor de determinados interesses


políticos, económicos e religiosos e até de constituir um grande obstáculo ao
desenvolvimento da sociedade. Segundo tais críticas, a Antropologia cultural estaria a
perpectuar o atraso económico, a ignorância, a escravidão e o fundamentalismo pois
nessa época a principal tendência da cultura europeia começava a considerar de
forma cada vez mais desfavorável as sociedades não‑europeias e a declarar que
elas não possuíam uma história digna de ser estudada. Essa mentalidade resultava
sobretudo da convergência de correntes de pensamento oriundas do Renascimento,
do Iluminismo e da crescente revolução científica e industrial. O resultado foi que,
baseando‑se no que era considerado uma herança greco‑romana única, os intelectuais
europeus convenceram‑se de que os objectivos, os conhecimentos, o poder e a riqueza
de sua sociedade eram tão preponderantes que a civilização europeia deveria prevalecer
sobre todas as demais. Consequentemente, sua história constituía a chave de todo
conhecimento, e a história das outras sociedades não tinha nenhuma importância. Esta
atitude era adoptada sobretudo em relação à África.

De fato, nessa época os europeus só conheciam a África e os africanos sob o ângulo do


comércio de escravos, num momento em que o próprio tráfico era causador de um caos
social cada vez mais grave em numerosas partes do continente.

Hegel (1770‑1831) definiu explicitamente essa posição em sua Filosofia da História,


que contém afirmações como as que se seguem: “A África não é um continente
histórico; ela não demonstra nem mudança nem desenvolvimento”. Os povos
negros “são incapazes de se desenvolver e de receber uma educação. Eles sempre foram
tal como os vemos hoje”.

Ainda que a influência directa de Hegel na elaboração da história da África tenha sido
fraca, a opinião que ele representava foi aceita pela ortodoxia histórica do século XIX.
Essa opinião anacrónica e destituída de fundamento ainda hoje não deixa de ter adeptos.
Um professor de História Moderna na Universidade de Oxford, por exemplo, teria
declarado: “Pode ser que, no futuro, haja uma história da África para ser ensinada. No
presente, porém, ela não existe; o que existe é a história dos europeus na África. O resto
são trevas…”.

Por ironia do destino, foi durante a vida de Hegel que os europeus empreenderam a
exploração real, moderna e científica da África e começaram assim a lançar os
fundamentos de uma avaliação racional da história e das realizações das sociedades
africanas. Essa exploração era ligada, em parte, à reacção contra a escravidão e o tráfico
de escravos, e, em parte, à competição pelos mercados africanos.

A literatura produzida pelos exploradores é imensa. Alguns desses trabalhos contêm


história no melhor sentido do termo, e em sua totalidade, tal literatura constitui um
material de grande valor para os historiadores.

2.1.3. Fidelidade ao próprio método

Em quanto o antropólogo for fiel ao método científico próprio da antropologia, o seu


modo de proceder será correcto. … devemos evitar ideias já formuladas sobre as
culturas alheias que sejam objecto do nosso estudo.
2.2. Complexos de inferioridade e de superioridade

Na A. Cult. Devemos evitar toda forma de complexos, quaisquer formas de racismo e


de discriminação ideológica, política, económica, social e religiosa.

Quanto ao racismo, esta é uma corrente que surgiu na Europa no período do


renascimento. Os defensores fundamentavam-se em bases que hoje se demonstram
falsas. Afirmavam por um lado que a espécie humana seria composta por grupos bem
distintos de características biológicas bem diferentes; por outro, essas raças seriam
hierarquizadas segundo uma escala de valor. As raças são um conceito cultural e
existem como interpretações sociais. Hoje podemos afirmar que apesar de todas as
teorias existentes e originadas nos tempos passados, não há provas indiscutíveis das
diferenças significativas em capacidade ou inteligência entre os principais grupos
humanos.

Não se descobriram características biológicas humanas que não tenham sido afectadas
pela experiência de vida e condições do ambiente. Todas as diferenças significativas no
comportamento entre as pessoas são compreensíveis como padrões culturais
apreendidos e não como características herdadas biologicamente.

2.3. Etnocentrísmo

Corresponde as tendências normais de todo o indivíduo de valorizar a própria


identidade em detrimento das alheias, que as considera inferiores, pelo facto de serem
diferentes.

2.4. Relativísmo cultural

Não existem princípios gerais que permitam julgar os valores e as instituições das
culturas. É importante procurar respeitar a integridade das diferenças culturais, sem as
tornar absolutas; aconselha-se o reconhecimento da diversidade cultural, a abertura as
demais culturas como componente estrutural da própria cultura e como factor dinâmico
do seu crescimento e das suas mudanças

2.5. Reducionismo

Devemos evitar a tendência de limitar o valor de uma cultura a um seu aspecto parcial.

2.6. Tendências a negar as diferênças

Tendência negativa com fundamento no etnocentrismo…

2.7. Uso de termos impróprios

Ex: Religião primitiva/ grande religião, etc.

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