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Ciências Sociais (Sociologia e Antropologia) - Joana Prado Medeiros - Pedro Rauber - UNIGRAN

Aula 02

ANTROPOLOGIA CULTURAL E O
SERVIÇO SOCIAL

ITEM 01 - CONTEÚDO

Arqueologia e Etnografia
Etnologia

COMPETÊNCIAS E HABILIDADES

Entender a Etnografia enquanto instrumento mediador para o Serviço Social na


pesquisa de campo para o estudo das comunidades em suas peculiaridades.

DESENVOLVIMENTO

– Arqueologia e Etnografia
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O campo de estudo da Antropologia Cultural:


-Arqueologia: archaios: antigo; logos: estudo. Tem como objetivo o estudo das
Culturas do passado já extintas, que em um passado remoto desenvolveram formais
culturais, deixando vestígios que representam várias fases da humanidade que não foram
registradas em documentos escritos. A Arqueologia tenta reconstruir o passado humano por
meio da busca da cultura material, não perecíveis e resistentes ao tempo.
O Arqueólogo desenvolve técnicas adequadas para realizar o seu trabalho de
escavação e coleta de material, que devidamente interpretadas possibilitará a reconstrução
de fatos do passado.
A Arqueologia divide-se em:
Arqueologia Clássica: trabalha com as antigas civilizações letradas tais como: Egito,
Mesopotâmia, Etrúria, etc.
Antropologia Arqueológica: que cuida dos primórdios da cultura, principalmente em
relação a populações já extintas tais como: cultura do Paleolítico, Mesolítico e Neolítico.
-Etnografia: ethos: povo; graphein: escrever. Consiste no estudo da cultura material
E imaterial dos grupos humanos. Lévi-Strauss (1967) define Antropologia da
seguinte maneira: ”Etnografia consiste na observação e análise de grupos humanos, visando
à reconstituição, o mais fiel possível do cotidiano desses grupos.
Em geral o objeto de estudo da Etnografia é o estudo das culturas conhecidas como
“primitivas” ou culturas ágrafas isto é sem p uso da escrita. Contudo o Etnógrafo também
pode dedicar seu interesse ao estudo das sociedades rurais. Na verdade o Etnógrafo é o
especialista que se dedica ao estudo da cultural material e imaterial dos grupos humanos.
Ele observa e descreve, analisa e reconstituem culturas, o primeiro passo da pesquisa
antropológica relaciona-se intimamente com a Etnologia, de tal maneira que o pesquisador
deve ser ao mesmo tempo, etnógrafo e etnólogo.
Para Claude Lévi-Strauss (1970) a “etnografia consiste na observação e análise de
grupos humanos considerados em suas particularidades diferentes daquela que vivemos.
Sendo que estes são escolhidos por razões teóricas e práticas, visando a constituição, tão
fiel quando possível da vida destes em seu cotidiano”. E por sua vez a “Etnologia utiliza de
modo comparativo os documentos apresentados e analisados pelo etnógrafo. Nesse sentido
a podemos dizer que a Etnografia é sempre concebida como correspondente aos primeiros
estágios de uma pesquisa: trabalho de campo, observação, descrição. E a Etnologia
representa um primeiro esforço em direção a síntese”.
Importante lembrar que a Antropologia nasce no contexto histórico conhecido
como Expansão Colonial. Inicialmente preocupava-se em estudar os costumes de grupos
humanos concebidos como povos inferiores em conhecimentos e em tecnologias, firmou-
se como ciência em meados do século XIX na Europa e continuou afirmando como objeto
de seu estudo as sociedades “primitivas” ou “pagãs” tal concepção era pautada na teoria
do “Evolucionismo” ou “Darwinismo Social” que possuía como premissa a existência de
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sociedades inferiores que em contado com as sociedades mais complexas e superiores


deveriam evoluir.
Em meados do século XX pós o trabalha de campo de alguns pesquisadores
antropólogos está teoria Eurocêntrica começou a ruir produzindo uma revisão no campo
teórico que resultou na criação de um método e um referencial teórico conhecido como
“Funcionalismo” que fazem parte desta corrente teórica podemos citar três importantes
pesquisadores: Malinowski, B. da Inglaterra e Radcliffe- Brow também Inglês e dos Estados
Unidos: Boas, F.
Para o Funcionalismo todas as culturas elaboram instituições capazes de lhes
dar respostas coletivas às suas necessidades fundamentais, e em primeiro lugar estão às
necessidades básicas que são as biológicas do organismo tais como: alimentação, procriação,
destas surge outras que derivam da necessidade de manter e reproduzir e transmitir a própria
cultura, de maneira que entender a cultura do outro por meio da observação in loco é
fundamental para compreender que as formas sociais não eram semelhantes às da sociedade
européia, e ainda não eram inferiores e nem superiores e sim diferentes.
Esta teoria parte da premissa que para analisar uma sociedade é fundamental
realizar uma análise dessa sociedade sem compará-la com outras supostamente superiores,
para tanto é necessário entendê-la como um todo, compreendendo as suas funções culturais
próprias. Como por ex: as relações conjugais definidas conforme critérios culturais de cada
sociedade.
Malinowski realizou um trabalho etnográfico convivendo com os nativos das Ilhas
Tropriand, com aproximadamente com 1.200 melanésios da costa nordeste da Nova Guiné, ele
realizou este trabalho por meio da observação participativa a fim de entender os elementos que
formavam aquelas sociedades, como a organização econômica, política, jurídica a língua, as
crenças, artes, enfim a totalidade para identificar como estes aspectos se relacionam entre si.
Várias ciências humanas utilizam este método para realizarem suas pesquisas,
também o Serviço Social utiliza para o seu campo de ação recursos da etnografia.

Sucesso no trabalho Etnográfico


O primeiro passo do pesquisador deve ser dado quando este possuir objetivos
científicos e conhecimentos dos critérios e dos valores da Etnografia Moderna. Em
seguida o pesquisador deve certificar-se das boas condições de trabalho, o que significa
conviver de fato entre os nativos, sem depender da ajuda de outros brancos. Para então
finalmente aplicar certos métodos especiais de coleta, manipulação e registro das
evidências.

Bronislaw Malinowski.
Em: Argonautas do Pacífico ocidental: um relato do empreendimento e da
aventura dos nativos nos arquipélagos da Nova Guiné melanésia. São Paulo: Abril,
1978 (Os pensadores) p.20
Texto Adaptado
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O peso da interpretação
A ênfase na interpretação no universo da Antropologia começou a se consolidar
a partir dos anos 70. Quando Clifford Geertz lançou a obra “A interpretação das
culturas” (traduzida para o português em 1978, pela Zahar Editora). que causou um
grande impacto ao propor uma perspectiva para uma “antropologia interpretativa”,
onde Geertz assume o conceito de cultura adotando também a mesma postura de Max
Weber, que o homem é um animal amarrado as teias de significados que ele mesmo
tece, esse conjunto de significados formam a cultura que para ser analisada não pode ser
através de uma ciência experimental em busca de leis rígidas, mas sim com uma ciência
interpretativa em busca de significados.
Para Clifford Antropologia é uma empresa etnográfica cuja a descrição etnológica
é interpretativa é nesse sentido que o etnógrafo enfrenta uma multiplicidade de estrutura
que corresponde a leitura, a produção de estudo de campo, por sua vez a produção de
documentos, dados e a Etnologia irá interpretar esses dados.

Clifford Geertz.
Em: A interpretação da cultura. Zahar. Rio de Janeiro, 1978, pp. 15 e 20.

-Etnologia
Etnologia: ethos: povo; logos: estudo. É o estudo da cultura, cujos pesquisadores
utilizam os dados coletados e oferecidos pelo etnógrafo, para realizarem a descrição das
sociedades humanas.
Para Claude Lévi-Strauss(1970) a etnologia é predominantemente comparativa e
preocupa-se com a análise, a interpretação e a comparação entre as mais diversas e variadas
culturas existentes considerando suas semelhanças e suas diferenças. Pontuando e enfatizando
as inter-relações entre os homens e o meio ambiente, individuo e coletivo, na tentativa de
compreender determinada sociedade.
O autor citado enfatiza que:, “etnografia, etnologia e Antropologia” não constituem
disciplinas diferentes ou três concepções diferentes dos mesmos estudos. São de fato, três
etapas ou três momentos. de uma mesma pesquisa, e a preferência por esta ou aquela expressa
somente uma atenção predominante voltada para um tipo de pesquisa adotada.
Lévi-Strauss comenta que a etnologia caracteriza um primeiro passo em direção à
síntese, sem contudo excluir a observação direta, essa síntese pode por vezes operar em três
direções: Histórica no momento em que tem como pretensão a reconstrução do passado de
uma sociedade. Geográfica no sentido de interar conhecimentos de um determinado grupo
humano a outro grupo. Sistemática quando se isola para usar de determinada técnica, ou
costume etc. por último importante ainda citar que a etnologia utiliza da etnografia como seu
pontapé inicial e se constitui como seu prolongamento.
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PARA SABER MAIS


MARTINS, Gilson Rodolfo. Breve painel etno-histórico do Mato Grosso do Sul.
Campo Grande : UFMS, 1992.

ITEM 02 - CONTEÚDO

Antropologia Social
Antropologia Aplicada

COMPETÊNCIAS E HABILIDADES

Compreender a importância da atuação do Antropólogo junto aos programas


sociais.

DESENVOLVIMENTO

- Antropologia Social

Lucy Mair (1972) aponta que a tarefa principal do Antropólogo Social é “observar
a totalidade das relações que agem e são entrelaçadas entre as pessoas na unidade social
pesquisada, isso significa que uma sociedade dever ser observada e estudada como um todo,
a partir de suas instituições, estrutura e organização.”
O Antropólogo Social é aquele que, levando em conta as diferenças existentes entre
os diversos grupos humanos, tem como principal preocupação conhecer as relações sociais que
as regem. As diferenças entre o “social” e o “cultural” não são muito substanciais envolvendo
apenas tendências do campo teórico, enquanto os ingleses são voltados para a Antropologia
Social, os Americanos dão preferência à Antropologia Cultural.

– Antropologia Aplicada

A Antropologia é a ciência do homem e da cultura, apresentando dimensões teóricas e


prática, por sua vez os especialistas da Antropologia teórica, dedicam-se à investigação sistemática
em busca de todo conhecimento possível para melhorar a compreensão do humano.
Podemos citar que o papel da Antropologia é bastante significativo:
a- Procura minimizar os desequilíbrios e tensões culturais.
b- Aplica conhecimentos antropológicos, físicos e culturais na busca de soluções para
os problemas sociais atuais, políticos e econômicos, de sociedades mais simples e de sociedades
mais elaboradas.

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Os Antropólogos quando são chamados a desenvolver programas de ação junto a


grupos sociais atuam com procedimentos pautados nos conceitos de “relativismo cultural” e
“etnocentrismo”. A Antropologia Aplicada vem adquirindo importância cada vez maior no
mundo moderno, uma vez que o isolamento cultural é quase impossível e os contatos são
inevitáveis e se multiplicam levando em determinadas situações a inúmeros conflitos.

A mão e o cérebro
A análise da mão do homem passa pelo processo de hominazação. A força e a
precisão da preensão fazem da mão um instrumento polivalente. Parece que o Bipedismo
e a libertação da mão proporcionaram a liberação dos maxilares, reduzindo a caixa
craniana. Esta redução do crânio-facial permitiu uma ampliação do crânio-cerebral e o
desenvolvimento de um grande cérebro no homem. É muito provável que a liberação
das mãos tenha contribuído, para o desenvolvimento do cérebro. O fato é que foi se
estabelecendo um diálogo fecundo entre a mão e o cérebro. A mão não somente ocupa
uma área extraordinariamente extensa da região motora e sensitiva do cérebro, como
também possui influência diretriz sobre a representação cerebral de outros segmentos
do corpo.

(Trechos extraídos de artigo de Wilson Luiz Sanvito, médico e professor


universitário, para o Jornal da Tarde, 25 set.1999. Caderno de Sábado, p. 20)

As árvores e o homem
Os seres humanos viviam em florestas; temos uma afinidade natural por elas.
É maravilhoso uma árvore apontando para o céu, suas folhas captam a luz solar para
fotossintetizar, por isso as árvores competem sombreando suas vizinhas. Se observarmos
com muito cuidado, podemos ver com freqüência duas árvores se empurrando e impelindo
com uma graça sutil. As árvores são máquinas grandes e belas, cuja força encontra-se na luz
solar, tirando a água do solo e o dióxido de carbono do ar, convertendo estes materiais em
alimento para seu uso e para o nosso uso. A planta utiliza os carboidratos que faz como fonte
de energia para circular em sua tarefa de vegetal. E nós animais, utilizamos os carboidratos
para fazermos nosso trabalho. Ingerindo as plantas combinamos os carboidratos com o
oxigênio dissolvido em nosso sangue decorrente da nossa inclinação para respirar o ar, e
assim extraímos a energia que nos impele. Durante este processo, exalamos dióxido de
carbono que as plantas então reciclam para produzir mais carboidratos. Que cooperação
incrível e bela plantas e animais, cada um inalando a exalação do outro, um tipo de
ressuscitação boca-aboca mútua por todo o planeta, um ciclo distinto e completo, cuja
força se encontra a150 milhões de quilômetros de distância.
Sagan, Carl.
Em: A interpretação da cultura. Zahar. Rio de Janeiro, 1978, pp. 15e 20.

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PARA SABER MAIS


* Leia: Antropologia religiosa. A obra tenta desvendar como se transformou o
processo de conversão dos índios brasileiros feito pelos Jesuítas diante da evolução da
Companhia de Jesus e do contexto político europeu durante os anos1580-1615.
OPERÁRIOS DE UMA VINHA ESTÉRIL- OS JESUÍTAS E A CONVERSÃO DOS
ÍNDIOS NO BRASIL (1560-1620)., de Charlotte de Castelnau-L’Estoile. (EDUSC);
628 págs.

* POUTIGNAR, Philippe. Teorias da Etnicidade. São Paulo: Edusp, 1998.

ATIVIDADES
As atividades referentes a esta aula estão disponibilizadas na ferramenta
“Atividades”. Após respondê-las, envie-nas por meio do Portfólio- ferramenta do
ambiente de aprendizagem UNIGRAN Virtual. Em caso de dúvidas, utilize as ferramentas
apropriadas para se comunicar com o professor.

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