INTRODUÇÃO À ANTROPOLOGIA

O QUE É A ANTROPOLOGIA?
Um dos três braços das ciências sociais
é a antropologia. Ela se ocupa em estudar
o ser humano em suas singularidades.
Podemos começar a entender esse campo
de estudos através da etimologia da
palavra:

ANTROPOS + LOGOS
(ser humano) (razão/conhecimento/estudo)

Assim, essa ciência tem como objeto de estudo o ser humano, mas, para além disso, é
necessário entender também sobre o que se irá tratar do ser humano; a Antropologia
definirá com ênfase o estudo sobre o comportamento social do indivíduo, contribuindo
também para o entendimento do processo evolutivo do ser humano em sociedade mas
nas questões culturais desse desenvolvimento.

HISTÓRIA DA ANTROPOLOGIA
Sabemos que o ser humano é uma raça
única, tendo o fator biológico compartilhado,
enquanto possuímos diferenças no fator
cultural e social, que gera diferentes etnias.
Assim, a Antropologia surge como uma
ferramenta da Sociologia para compreender as diferenças étnicas dos seres humanos
e entender o que torna essa espécie tão heterogênea e plural em seus modos de vida.

A antropologia teve seu estabelecimento

como uma ciência social no século XVIII.
É necessário entender que o início do
surgimento de estudos antropológicos foi
marcado por um intenso etnocentrismo, já
que os objetivos iniciais desses estudos era
comprovar cientificamente uma superioridade
e desenvolvimento da cultura europeia em
relação às demais como justificativa para o
movimento de colonização; assim, a base dos
estudos realizados se pautavam na análise
de diferentes culturas através do ponto de
vista da cultura europeia.
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 A antropologia vai passar por diversos momentos de compreensão diferentes em
Introdução à Antropologia

relação a isso, que chamamos de Fases da Antropologia:

f Antropologia de Gabinete: No princípio do estudo antropológico, os

pesquisadores realizavam seus estudos sobre os diferentes povos através de
informações de terceiros, que serviam como um intermediário entre um indivíduo do
povo que estava sendo estudado e o pesquisador que ficava estudando dentro de
sua cabine. Assim, as informações recolhidas acabavam passando pela subjetividade
de outro, que poderia influenciar na veracidade daquilo que estava sendo estudado.

f Antropologia de Campo: Posteriormente à Antropologia de Gabinete, surgem

os antropólogos de campo, que eram os pesquisadores que realizavam uma inserção
pessoal na vivência dos povos para analisar e estudá-los, gerando uma proximidade
maior com a cultura que estava sendo estudada.

Antropologia clássica também é dividida em duas áreas estabelecidas a partir dos

estudos europeus nos séculos XIX e XX como fundamentais:

f Antropologia biológica ou física: Muito baseada nessa tentativa de uma

medição de superioridade de certas etnias, a antropologia biológica ou física vai
realizar reflexões sobre as características biológicas e fenotípicas dos indivíduos de
diferentes culturas. Um exemplo desse tipo de antropologia no período inicial foi a
realização de medição de crânios humanos para comparação e eventual categorização
de uma possível propensão ao crime, que já foi refutada mas que contribuiu para
gerar estereótipos e prejudicou a vida de muitos indivíduos por isso;

f Antropologia cultural: Se dedica em compreender as culturas, analisando

os diferentes mecanismos que possibilitam a vida humana em sociedade dentro
de diferentes grupos, refletindo sobre como se organizam, quais suas funções e
características dentro de uma certa cultura.

Além do eixo europeu, existe uma concepção estadunidense que entende a Antropologia
em 4 áreas, adicionando às duas anteriores, também:

f Antropologia linguística: Se baseia nos estudos da linguagem de cada povo

para refletir sobre as suas origens e as estruturas específicas da linguagem dentro
da cultura.

f Arqueologia: Utiliza evidências materiais para realizar estudos e compreender a

formação do ser humano como forma de expressão da vivência humana no passado.

MÉTODO ANTROPOLÓGICO
Assim como toda ciência, a Antropologia
também desenvolveu um método próprio
de estudar seu objeto; esse método
possui duas etapas fundamentais que
possibilitam analisar os fenômenos
estudados através de uma reflexão crítica:

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 f Etnografia: Esse método utilizado pela antropologia consiste em realizar uma

Introdução à Antropologia
coleta de dados, além de suas documentações, através de um estudo descritivo de
uma cultura e suas particularidades, abordando seus hábitos, crenças, costumes,
valores e práticas dentro do coletivo.

f Etnologia: A partir dos dados coletados sobre uma cultura, a etnologia se baseia
na reflexão de suas características e consideração de sua perspectiva, ou seja, realiza o
estudo dos fatos e documentos apresentados pela etnografia, analisando esses dados
de maneira crítica e comparativa para uma melhor compreensão da cultura em questão.

EVOLUCIONISMO E DARWINISMO SOCIAL

No Século XIX, advindo de uma primeira abordagem etnocêntrica pela qual a antropologia
se forma, ocorre um primeiro movimento de estudos antropológicos liderado pelo
antropólogo e biólogo inglês Edward Burnett Tylor e pelo geógrafo e biólogo Herbert
Spencer. A característica principal desse movimento se baseava numa sistematização
dos conhecimentos adquiridos sobre as diferentes culturas de populações que eram
consideradas como “primitivas”, traçando uma linha de evolução que caracterizaria o
quão “desenvolvida” uma cultura é, indo de “primitivas” para “civilizadas”.

A partir de uma tentativa de aplicação da teoria da evolução das espécies formulada pelo
naturalista inglês Charles Darwin (1809-1882), essa abordagem adotava o pensamento
de uma evolução na formação das sociedades, ficando conhecida como Evolucionismo
Social ou Darwinismo Social. Surge então uma noção etnocêntrica de raça, que se
relacionava com o estabelecimento das noções de cultura como superior ou inferior.

FRANZ BOAS
No fim do século XIX, a Antropologia começa a passar por uma
mudança de paradigma com os estudos de Franz Boas. Esse
antropólogo foi contratado para mapear um conjunto de ilhas da
região do norte do Alasca, passando a conhecer povos nativos
que viviam no local; através desse contato, se tornou perceptível
a necessidade de aprofundar o estudo da cultura de um povo Franz Boas
para realmente entendê-la sem preconceitos.

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 Boas se tornou um opositor de teorias sobre o Evolucionismo Social, que demonstravam
Introdução à Antropologia

um racismo científico, fazendo a proposição que as diferenças substanciais entre os

vários grupos sociais eram de ordem cultural, se desconectando da abordagem racial.

Sua perspectiva fundamentou as bases da ideia de Diversidade Cultural, que enfatiza

a construção e identificação de padrões e estilos culturais para compreender o
desenvolvimento de cada cultura. Boas também possui muita influência sobre o método
etnográfico e a importância da convivência do pesquisador com o povo que está sendo
estudado, enfatizando esse contato como essencial para a melhor compreensão da cultura.

BRONISLAW MALINOWSKI
Outro grande expoente da Antropologia
que deixa seu legado através de suas
contribuições é o antropólogo B
​ ronislaw
Malinowski, que revolucionou os estudos
antropológicos no século XX fundando o
método funcionalista.
Bronislaw Malinowski
O Funcionalismo se baseia no modelo de
etnografia clássica e enfatiza o trabalho de campo com a observação participante do
pesquisador dentro da cultura estudada, buscando compreender a maneira como suas
Instituições e suas Funções contribuem para a manutenção da cultura em sua totalidade.

Assim, é possível entender a sociedade com base no papel e na função dos seus vários
elementos. É a partir de Malinowski que os estudos antropológicos ganham uma maior
fundamentação e se distanciam definitivamente do risco do etnocentrismo.

CLAUDE LÉVI-STRAUSS
No século XX, surge o estruturalismo com Lévi-Strauss, uma
escola de pensamento antropológico que busca compreender
as regras que vão estruturar a cultura a partir da origem da
organização do pensamento humano. É por meio da imersão
cultural e dos estudos linguísticos que se poderá compreender
Claude Lévi-Strauss
as estruturas fundamentais que estabelecem laços comuns
entre todas as sociedades, buscando esses pontos essenciais sobre o que nos tornaria
humanos, ou seja, o que faz parte da estrutura humana.

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