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APLICADA
Introdução
A antropometria (antropos = homem + metria = medida) é um domínio
de estudos da antropologia física ou biológica que se refere à constituição
física do homem. Ela pode ser definida como o estudo das medidas do
homem ou, ainda, o estudo das medidas físicas do corpo humano ou
das suas partes. A importância da antropometria para a ergonomia se
revela no interesse pelas medidas do corpo humano que ocorre desde
os tempos remotos. Os arquitetos, em especial, desenvolveram uma
verdadeira fascinação pela antropometria, muito antes da instituição
dessa disciplina científica.
Neste capítulo, você vai estudar a antropometria e sua relevância e
aplicabilidade na arquitetura e no design de interiores. Você vai verificar
a história da antropologia e o conceito de antropometria, verificando a
relação entre elas, e vai identificar as medições antropométricas con-
vencionais e suas variações, tendo em vista a aplicação dos conceitos
e das adequadas dimensões antropométricas à arquitetura. O texto se
apoia na bibliografia de referência, apresenta as variações dimensionais
humanas e orienta a melhor utilização dos dados existentes nos projetos.
2 Padrão de medidas do homem
Antropologia
O termo antropologia deriva do grego, a partir da junção das palavras an-
thropos (homem/pessoa) e logos (razão/pensamento/estudo). Trata-se de uma
ciência que se preocupa em conhecer cientificamente o homem e a humanidade
de maneira totalizante, abrangendo todas as suas dimensões. A cientificidade
da disciplina lhe confere um aspecto tríplice, conforme postulam Marconi
e Presotto (2010, p. 1):
Paleontologia
Somatologia
Antropologia física
Raciologia
ou biológica
Antropometria
Arqueologia
Etnografia
Etnologia
Folclore
Antropologia social
Cultura e personalidade
Como ocorre com todas as ciências, não se pode datar pontualmente o nasci-
mento da antropologia; o surgimento das ciências se dá por meio de um processo
lento, que envolve criação, acumulação e reformulação de conhecimentos. Podemos
afirmar que o período de formação da disciplina coincide com a reflexão do homem
sobre si e sobre o universo que o cerca, conforme lecionam Frost e Hoebel (1981).
Em toda a história da humanidade, a preocupação com a origem e o destino
do homem esteve presente. A análise do percurso sobre o pensar antropológico
é esclarecedora e contribui com parte do nosso entendimento sobre o homem
contemporâneo.
Esse século XIX, hoje tão desacreditado, realiza o que antes eram apenas
empreendimentos programáticos. Dessa vez, é a época durante a qual se
constitui verdadeiramente a antropologia enquanto disciplina autônoma: a
ciência das sociedades primitivas em todas as suas dimensões (biológica,
técnica, econômica, política, religiosa, linguística, psicológica...) [...].
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devem, por isso, estar intimamente relacionadas com as do seu corpo. Assim,
escolheram-se durante muito tempo os membros do corpo humano para unidades
de medida”. Ele complementa:
Obtemos uma ideia mais correta da escala de qualquer coisa quando vemos
junto dela um homem, ou uma imagem que represente as suas dimensões.
Nas revistas profissionais atuais é vulgar representar edifícios ou salas sem
lhes justapor a mancha de uma pessoa. Dessas representações resulta que se
adquire uma noção errada da escala e perante a realidade verificamos que são
geralmente mais pequenas do que tínhamos imaginado. A isto pode atribuir-se
também a falta de unidade entre vários edifícios, por terem sido projetados
partindo de escalas de comparação arbitrárias e não da única que é correta,
o corpo humano (NEUFERT, 2013, p. 18).
Segundo Panero e Zelnik (2008, p. 15), o arquiteto Marcos Vitrúvio Polião viveu no
século I a.C., em Roma, e escreveu:
Figura 1. O homem vitruviano: (a) por Leonardo Da Vinci (1490), (b) por John Gibson e
Joseph Bonomi (1857) e por Le Corbusier (O Modulor, 1948).
Fonte: Adaptada de Panero e Zelnik (2008) e Foundation Le Corbusier ([2018]).
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Le Corbusier é uma referência para a arquitetura mundial. As suas teorias são um legado
para toda a produção arquitetônica do século XX, repercutindo internacionalmente
até os dias de hoje.
Le Corbusier propôs uma teoria de proporções e forneceu explicações de como
aplicá-la em arquitetura, utilizando os seus próprios projetos como exemplos. O
sistema denominado “O Modulor” é uma importante referência para a antropometria.
Acesse o link a seguir para ler o artigo de Possebon (2004) intitulado “O Modulor de
Le Corbusier: forma, proporção e medida na arquitetura” e conhecer as possibilidades
de aplicação do Modulor de Le Corbusier:
https://goo.gl/tt29dM
Se uma linha horizontal for traçada através do umbigo, três medidas diferen-
tes do corpo serão produzidas. Uma representa a estatura, ou a distância do
topo da cabeça até o chão, outra representa a distância do umbigo até o chão,
enquanto a terceira representa a distância do topo da cabeça até o umbigo.
Argumenta-se que se as letras indicadas forem substituídas por medidas reais,
a razão da estatura em relação à altura do umbigo até o chão geralmente se
aproxima a 1,618. A proporção das três medidas se conforma basicamente à
razão média e extrema de Euclides.
Uma máquina projetada para acomodar 90% da população masculina dos EUA
acomoda também 90% dos alemães. Mas não ofereceria a mesma comodidade
para os latinos e orientais. Ela acomodaria 80% dos franceses, 65% dos italia-
nos, 45% dos japoneses, 25% dos tailandeses e apenas 10% dos vietnamitas.
Figura 5. Áreas de alcance ótimo e máximo na mesa para execução de uma tarefa.
Fonte: Wachowicz (2013, p. 88).
(Continua)
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(Continuação)
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Leituras recomendadas
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ERGONOMIA. Estatuto da ABERGO. Fortaleza, 2004. Dis-
ponível em: <http://www.abergo.org.br/arquivos/estatuto_e_regimento/novo_esta-
tuto_abergo_versao_definitiva.pdf>. Acesso em: 1 out. 2018.
BOLETTI, R. R.; CORRÊA, W. M. Ergonomia: fundamentos e aplicações. Porto Alegre:
Bookman, 2015.
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