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AULA 3

ACESSIBILIDADE E
ERGONOMIA

Prof. Carlos Tietjen


CONVERSA INICIAL

Compreender a acessibilidade do meio ambiente e suas funções é


estabelecer uma relação mais próxima dos parâmetros antropométricos e as reais
necessidades dos usuários em suas diversas atividades nos espaços. As práticas
normativas e regulamentadoras fornecem condições mínimas para abordar
aspectos que influenciam no processo de dimensionamento e concepção de
novos produtos/projetos, para uma sociedade diversa e com necessidades
igualitárias, além de conceitos ainda em evolução.

TEMA 1 – ASPECTOS INICIAIS SOBRE ACESSIBILIDADE

Conforme Montenegro, Santiago e Souza (2009), diante do maior número


de estudos sobre população, a visão da sociedade sobre o homem-padrão foi aos
poucos se modificando. Na década de 1960, a constatação de uma parcela
significativa de pessoas com deficiências, e o questionamento sobre os direitos
sociais e necessidades das pessoas idosas, resultaram em um melhor
entendimento social sobre as diferenças, e também sobre a diversidade que leva
os profissionais das áreas técnicas a modificarem conceitualmente a concepção
dos espaços edificados e objetos produzidos, apontando para um projeto mais
responsável e compromissado. Ou seja, passa-se a trabalhar no sentido de
atender a um número cada vez maior de usuários, a fim de criar ambientes mais
saudáveis. Contudo, o trabalho inicial foi eliminar barreiras, e assim “adaptar”
espaços e objetos para atender à parcela da população que apresentava alguma
deficiência ou mobilidade reduzida.

Experiências observadas no mundo indicam o abandono do conceito de


espaços e objetos projetados exclusivamente para pessoas com
deficiência (ou adaptados), no sentido de se propor ambientes e
equipamentos que atendam grande arranjo de pessoas. Este é um
elemento-chave do conceito de Desenho Universal a ser estudado
(Montenegro; Santiago; Souza, 2009).

Inúmeras são as leis, decretos, normas e padronizações, porém, o


entendimento da prática profissional para o correto entendimento e aplicabilidade
dos conhecimentos sugeridos é fator preponderante, para que todos os projetos
contemplem as variações na temática urbana e envolvam de maneira inclusiva
todas as possibilidades de uso e acesso primordial.
É evidente que não se dissocia a dialética acessibilidade versus pessoa
com deficiência, porém algumas definições são necessárias para o correto
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entendimento e interpretação de algumas normatizações, principalmente no que
tange a deficiência versus mobilidade reduzida.
A seguir apresentamos o panorama normativo envolvendo as principais
resoluções e temas que abordam a temática.

Quadro 1 – Panorama normativo

NORMAS TÉCNICAS/DECRETOS
• Apresentam força de Lei, quando mencionadas explicitamente no
corpo legislativo.
• As legislações federais, estaduais e municipais que mencionam
estas normas passam a obrigar o cumprimento dos parâmetros,
através de decretos regulamentadores,estabelecendo prazos e
penalidades.

ISO . International Standards Organization


• Estabelece o Desenho Universal como conceito a ser estendido a
todas às Normas.

ABNT
• No Brasil, A ABNT é o Foro Nacional de Normalização por
reconhecimento da sociedade brasileira desde a sua fundação, em
28 de setembro de 1940, e confirmado pelo Governo Federal por
meio de diversos instrumentos legais.
• Em 1985 foi criada a primeira NR pertinente à acessibilidade,
entitulada " NBR 9050 - Adequação de Edificações,Equipamentos
e Mobiliário Urbano à Pessoa Portadora de Deficiência."

LEIS
• Compõe objeto de estudo fundamental:
• Lei Federal 10.048 e 10.098/00 - Promoção de Acessibilidade;
• Lei Federal 7.853/89 - Direitos das PcD;
• Lei Federal 13.146/15 - Lei Brasileira de Inclusão;
• Decreto 5.296/04 - Promoção da Acessibilidade.

Segundo a SEDPD – Secretaria Especial dos Direitos da Pessoa com


Deficiência, acessibilidade é um atributo essencial do ambiente, que garante a
melhoria da qualidade de vida das pessoas. Deve estar presente nos espaços, no
meio físico, no transporte, na informação e comunicação, inclusive nos sistemas
e tecnologias da informação e comunicação, bem como em outros serviços e
instalações abertos ao público ou de uso público, tanto na cidade como no campo.
Estudos aplicados à acessibilidade geram resultados sociais positivos e
contribuem para o desenvolvimento inclusivo e sustentável. Sua implementação
é fundamental, dependendo, porém, de mudanças culturais e de atitude. Assim,
as decisões governamentais e as políticas púbicas e programas são
indispensáveis para impulsionar uma nova forma de pensar, de agir, de construir,
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de comunicar e de utilizar recursos públicos para garantir a efetividade de direitos
e da cidadania.

1.1 Terminologias

PESSOA COM DEFICIÊNCIA

•Sigla PcD.

É a terminologia mais aceita e difundida, apesar de ainda não ser usada na


redação de algumas leis, decretos, normas e publicações literárias e jornalísticas.
Termo presente na Convenção sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência, da Organização das Nações Unidas (ONU), que o Brasil ratificou com
valor de emenda constitucional em 2008. Evita-se a expressão “pessoa portadora
de deficiência” ou “portador de deficiência”. O termo portador significa carregar, o
que não se aplica aqui.
É fato que jamais houve um termo correto, válido em todos os tempos para
definir a pessoa com deficiência. A cada época são utilizados termos cujo
significado seja compatível com os valores e conceitos vigentes na sociedade.

Quadro 2 – Histórico e terminologia PcD

HISTÓRICO/TERMINOLOGIA PcD

•Inválidos - até o séc.XX


•Incapacitados - até 1960
•Defeituosos, Deficientes e Excepcionais - até 1980
•Pessoa com Deficiência - até 1987
•Pessoa com Necessidade Especial - até 2002
•Portadores de Direitos Especiais - Maio 2002
•Pessoa com Deficiência - 1990 em diante

De acordo com a Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência –


ONU – Organização das Nações Unidas/ 2006, as pessoas com deficiência são
aquelas que têm impedimentos de longo prazo, de natureza física, intelectual
(mental), ou sensorial (visão e audição), os quais, em interação com diversas

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barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em
igualdade de condições com as demais pessoas.
Considera-se então uma redução, limitação ou inexistência das condições
de percepção das características do ambiente ou mesmo de mobilidade e
utilização de edificações, espaços, mobiliários, equipamentos urbanos e
elementos, em caráter temporário ou permanente.
Nessa abordagem, temos a seguinte classificação:

• Deficiência Física;
• Deficiência Visual;
• Deficiência Auditiva;
• Deficiência Intelectual;
• Deficiência Múltipla.

No Brasil, existem mais de 45 milhões de pessoas com algum tipo de


deficiência, o que representa cerca de 24% da população, divididas conforme
gráfico a seguir.

Gráfico 1 – Números de PcD

4%

16%

58%
22%

VISUAL FÍSICA AUDITIVA INTELEC.

PESSOA COM MOBILIDADE REDUZIDA

•Sigla P.M.R.

Segundo a NBR 9050 (ABNT 2015,) mobilidade reduzida é a dificuldade de


movimento, temporária ou permanente, gerando redução efetiva da mobilidade,
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flexibilidade, coordenação motora e percepção, não se enquadrando no conceito
de pessoa com deficiência. Envolve pessoas obesas (P.O.), gestantes, idosos
com bengala, pessoas com andadores, muletas, tripés, pessoas carregando
carrinho de bebê, entre outros.
Sua importância reside na viabilidade dos aspectos da antropometria e da
diversidade perceptual, temas a serem estudados e abordados nos projetos,
tornando-os acessíveis para um uso igualitário e inclusivo em propostas que não
restrinjam os usos dos espaços.

1.2 Norma NBR 9050:2015

A NBR 9050 (ABNT, 2015) estabelece critérios e parâmetros técnicos a


serem observados quanto a projeto, construção, instalação e adaptação do meio
urbano e rural, e também edificações para garantir condições de acessibilidade.
Ela determina:

• Considerações diversas sobre mobilidade e percepção do ambiente, com


ou sem a ajuda de aparelhos específicos, como: próteses, aparelhos de
apoio, cadeiras de rodas, bengalas de rastreamento, sistemas de auxílio
para audição ou qualquer outro que venha a complementar as
necessidades individuais.
• Utilização, de maneira autônoma, independente e segura, de ambiente,
edificações, mobiliário, equipamentos urbanos e elementos para a maior
quantidade possível de pessoas, independentemente de idade, estatura ou
limitação de mobilidade ou percepção.

De modo geral, contempla princípios do Desenho Universal, o que garante


o direito dos usuários de acessar, transitar e utilizar espaços públicos e privados
sem impedimentos arquitetônicos que interfiram na mobilidade e principalmente
no contato social pelos espaços de utilização, tornando-os cada vez mais
inclusivos, independentemente das condições físicas, perceptuais e intelectuais.

TEMA 2 – PARÂMETROS ANTROPOMÉTRICOS CONFORME NBR 9050/2015

Relembrando conceitos, os estudos que relacionam as dimensões físicas


do ser humano com sua habilidade e desempenho ao ocupar um espaço em que
realiza várias atividades, utilizando-se de equipamentos e mobiliários adequados
para o seu desenvolvimento, contemplam antropometria. Para tanto, a Norma
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Brasileira NBR 9050/2015 da Associação Brasileira de Normas Técnicas traz um
panorama evidenciando as principais medidas a serem utilizadas de forma
normativa, em projetos de edificações, sublinhando a acessibilidade e
apresentando características dimensionais para a instalação e utilização de
equipamentos. Os principais parâmetros serão abordados a seguir.

2.1 Pessoas em pé

São considerados os dimensionamentos de referência para deslocamento


de pessoas em pé com utilização de apoios, como bengalas, andador rígido,
andador com rodas, muletas e tripé de apoio. Estabelece relação projetual com
as alturas dos planos horizontais de trabalho, considerando essa posição, e ainda
o manuseio de equipamentos sobre bancadas.

2.2 Cadeira de rodas

Importantes considerações sobre circulação e acessibilidade nos espaços


pela utilização de cadeira de rodas. Inicia-se pelo módulo de referência.
Considera-se um módulo de referência (M.R.) de 0,80m x 1,20m no piso, ocupado
por uma pessoa utilizando cadeira de rodas. Os deslocamentos devem considerar
espaços direcionais, rotação e manobras de deslocamento. As medidas de
manobras necessárias são definidas conforme rotação:

• 90º = 1,20m x 1,20m


• 180º = 1,50m x 1,20m
• 360º = Círculo com diâmetro de 1,50m

2.3 Alcance manual

Importantes as considerações sobre alcance manual frontal de uma pessoa


em pé, sentada e com cadeira de rodas, pois ficam evidentes as medidas de
amplitudes de alcance para áreas restritas em profundidade e altura (prateleiras,
armários, trincos etc.)

2.4 Superfície de trabalho

A superfície de trabalho acessível é um plano horizontal ou inclinado para


desenvolvimento de tarefas manuais ou leitura. As principais relações são em

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altura e relação com assentos de cadeiras e poltronas, e ainda com a utilização
de equipamentos.

2.5 Empunhadura

Observar diâmetros para seção de corrimãos, maçanetas, barras


antipânico, puxadores, controles e dispositivos para travamento. O correto
posicionamento de dispositivos e suas dimensões estão ligados à segurança de
circulação dos usuários, como por exemplo ao subir ou descer uma escada.

2.6 Assentos para pessoas obesas

As principais características estão ligadas ao dimensionamento, garantindo


segurança e estabilidade durante a utilização por parte dos usuários, devendo
contemplar:

• Profundidade do assento mínima de 0,47 m e máxima de 0,51 m.


• Largura do assento mínima de 0,75 m.
• Altura do assento mínima de 0,41 m e máxima de 0,45 m.
• Ângulo de inclinação do assento em relação ao plano horizontal, de 2 a 5º.
• Ângulo entre assento e encosto de 100 a 105º.
• Quando providos de apoios de braços, devem ter altura entre 0,23m e
0,27m em relação ao assento.
• Os assentos devem suportar uma carga de 250 kg.

2.7 Ângulos de alcance visual

Observações e gráficos do parâmetro visual devem ser seguidos. O campo


visual é preponderante para o dimensionamento de espaços como cinemas,
teatros e auditórios. Ainda, as disposições de comunicação visual fazem parte
deste estudo.

2.8 Percepção auditiva

A percepção do som está relacionada a inúmeras variáveis, que vão desde


limitações físicas, sensoriais e cognitivas da pessoa, até a qualidade do som
emitido, quanto ao conteúdo, forma, modo de transmissão e contraste entre o som
emitido e o ruído de fundo.

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Um som é caracterizado por três variáveis: frequência, intensidade e
duração. O ouvido humano é capaz de perceber melhor os sons na frequência
entre 20 Hz e 20000 Hz, intensidade entre 20 dB a 120 dB, e duração mínima de
1s. Sons acima de 120 dB causam desconforto e sons acima de 140dB podem
causar sensação de dor.

TEMA 3 – PANORAMA DOS ACESSOS EM EDIFICAÇÕES

A seguir, apresentamos as principais considerações a serem observadas


nos projetos de edificações, tomando o grau de importância e responsabilidade
no dimensionamento dos espaços, circulação e convívio dos usuários, além de
segurança e acessibilidade, descritas na referida NBR 9050/2015.

3.1 Rota acessível

A rota acessível é um trajeto contínuo, desobstruído e sinalizado, que


conecta os ambientes externos e internos de espaços e edificações, e que pode
ser utilizada de forma autônoma e segura por todas as pessoas. As áreas de
qualquer espaço ou edificação de uso público ou coletivo devem ser servidas de
uma ou mais rotas acessíveis. As edificações residenciais multifamiliares,
condomínios e conjuntos habitacionais, necessitam ser acessíveis em suas áreas
de uso comum. As unidades autônomas acessíveis devem estar conectadas a
rotas acessíveis. A rota acessível interna incorpora corredores, pisos, rampas,
escadas, elevadores e outros elementos da circulação.

3.2 Circulação

A circulação pode ser horizontal e vertical. A circulação vertical pode ser


realizada por escadas, rampas ou equipamentos eletromecânicos, sendo
considerada acessível quando atende no mínimo a duas formas de deslocamento
vertical. Os materiais de revestimento e acabamento devem ter superfície regular,
firme, estável, não trepidante para dispositivos com rodas e antiderrapante, sob
qualquer condição (seco ou molhado).

3.3 Desníveis

Desníveis de qualquer natureza devem ser evitados em rotas acessíveis.


Eventuais desníveis no piso de até 5mm dispensam tratamento especial.
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Desníveis superiores a 5 mm até 20 mm devem ter inclinação máxima de 1:2
(50%). Desníveis superiores a 20 mm, quando inevitáveis, devem ser
considerados como degraus.

3.4 Inclinações

A inclinação transversal da superfície deve ser de até 2% para pisos


internos e de até 3% para pisos externos. A inclinação longitudinal da superfície
deve ser inferior a 5%. Inclinações iguais ou superiores a 5% são consideradas
rampas.
Em reformas, pode-se considerar o desnível máximo de 75 mm, tratado
com inclinação máxima de 12,5%, sem avançar nas áreas de circulação
transversal, e protegido lateralmente com elemento construído ou vegetação.
Para garantir que uma rampa seja acessível, são definidos os limites
máximos de inclinação, os desníveis a serem vencidos e o número máximo de
segmentos. A inclinação das rampas, deve ser calculada conforme a seguinte
equação:

i = h x 100
c

Onde:

• i é a inclinação, expressa em porcentagem (%);


• h é a altura do desnível;
• c é o comprimento da projeção horizontal.

3.5 Guarda Corpo e Corrimão

Os corrimãos devem ser instalados em rampas e escadas, em ambos os


lados, a 0,92m e a 0,70m do piso, medidos da face superior até o ponto central
do piso do degrau (no caso de escadas) ou do patamar (no caso de rampas).
Quando se tratar de degrau isolado, basta uma barra de apoio horizontal ou
vertical, com comprimento mínimo de 0,30 m e com seu eixo posicionado a 0,75m
de altura do piso.
Quando se tratar de escadas ou rampas com largura igual ou superior a
2,40m, é necessária a instalação de no mínimo um corrimão intermediário,

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garantindo faixa de circulação com largura mínima de 1,20m. Os corrimãos
intermediários somente devem ser interrompidos quando o comprimento do
patamar for superior a 1,40m, garantindo o espaçamento mínimo de 0,80m entre
o término de um segmento e o início do seguinte.

3.6 Corredores

As circulações devem garantir que qualquer pessoa possa se movimentar,


no pavimento onde se encontra, com total autonomia e independência. Para isso,
os percursos devem estar livres de obstáculos, e atender as características
referentes ao piso e apresentar dimensões mínimas estabelecidas:

Tabela 1 – Características e dimensões mínimas

TIPO DE USO EXTENSÃO LARGURA MÍNIMA


Comum Até 4,00 m 0,90 m
Comum Até 10,00 m 1,20 m
Comum Superior a 10.00 m 1,20 m
Público _ 1,50 m

3.7 Aberturas das portas

Para a utilização das portas em sequência nos corredores, é necessário


um espaço de transposição com um círculo de 1,50m de diâmetro, somado às
dimensões da largura das portas, ainda, 0,60m ao lado da maçaneta de cada
porta, para permitir a aproximação de uma pessoa em cadeira de rodas. No caso
descrito acima, as portas são de abertura de eixo vertical, pois elas descrevem
percurso de abertura sobre os espaços, muitas vezes limitando o uso em espaços
restritos, o que não ocorre com portas do tipo correr ou sanfonadas.

3.8 Locais reservados

Em cinemas, teatros, auditórios e similares, incluindo locais de eventos


temporários, mesmo que para público em pé, deve haver, na área destinada ao
público, espaços reservados para pessoa com deficiência ou com mobilidade
reduzida, atendendo às seguintes condições preliminares:

• Localizados em uma rota acessível vinculada a uma rota de fuga;

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• Distribuídos pelo recinto, recomendando-se que seja nos diferentes setores
e com as mesmas condições de serviços, conforto, segurança, boa
visibilidade e acústica;
• Garantir no mínimo um assento companheiro ao lado de cada espaço
reservado para pessoa com deficiência e dos assentos destinados às
P.M.R. e P.O.

TEMA 4 – DORMITÓRIO ACESSÍVEL

Além do foco residencial, locais de hospedagem (hotéis, motéis, pousadas)


devem seguir padrões normativos quanto à utilização e circulação, que vão além
do “bem dormir”. Esses espaços, muitas vezes inseridos em plantas
multifuncionais, mesclam as atividades de dormir, higiene e alimentação,
integrando e definindo o modelo de viver em espaços compactos e acessíveis.
Conforme a NBR 9050 (ABNT, 2015), são apresentadas algumas
condições de utilização que visam a segurança e qualidade na utilização desses
espaços, compreendendo:

• Os dormitórios acessíveis com banheiros não podem estar isolados dos


demais, mas distribuídos em toda a edificação, por todos os níveis de
serviços e localizados em rota acessível.
• As dimensões do mobiliário dos dormitórios acessíveis devem atender às
condições de alcance manual e visual, dispostos de forma a não obstruírem
uma faixa livre mínima de circulação interna de 0,90m de largura, prevendo
área de manobras para o acesso ao banheiro, camas e armários. Deve
haver pelo menos uma área, com diâmetro de no mínimo 1,50m, que
possibilite um giro de 360. A altura das camas deve ser de 0,46m.
• Quando forem previstos telefones, interfones ou similares, devem ser
providos de sinal luminoso e controle de volume de som. As informações
sobre a utilização desses equipamentos, referentes à comunicação do
hóspede com os demais serviços do local de hospedagem, devem ser
impressas em Braille, texto com letra ampliada e cores contrastantes para
pessoas com deficiência visual e baixa visão, devendo estar disponíveis
aos hóspedes.
• Os dispositivos de sinalização e alarme de emergência devem alertar as
pessoas com deficiência visual e as pessoas com deficiência auditiva.

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• O sanitário deve ter dispositivo de chamada para casos de emergências.
• Quando nas unidades acessíveis forem previstas cozinhas ou similares,
deve ser garantida a condição de circulação, aproximação e alcance dos
utensílios.
• As pias devem possuir altura de no máximo 0,85m, com altura livre inferior
de no mínimo 0,73m.
• Novos modelos são apresentados no que se refere à acessibilidade em
espaços compactos, como no conceito da Whell Pad, onde privacidade,
mobilidade e transitoriedade são aspectos tangíveis.

TEMA 5 – CONSTRUÇÕES ACESSÍVEIS

5.1 Living in the city

Nome do projeto: Living in the City. Autor: Apostrophy´s


Living In The City by Apostrophy’s é considerado um projeto piloto para
apartamentos do futuro em função dos estilos de vida urbana e da relação com as
atividades citadinas. Preocupa-se com as formações familiares (envelhecimento
e portadores de deficiência) bem como as adversidades na exploração dos usos.
É projetado em pavimentos, maximizando as possíveis utilizações dos espaços
num mínimo de área sobre as cidades, incluindo cozinha, quarto, closet, loft e
jardim vertical. Elementos acessíveis em destaque:

• Espaço cadeira de rodas;


• Convívio para idosos;
• Mobiliário multifuncional adaptado.

5.2 Placebo Pharmacy

Nome do projeto: Placebo Pharmacy. Autor: Klab Architecture


O espaço se desenvolve em volumetria cilíndrica, em composição de um
grande plano curvo pefurado, fazendo alusão à leitura braile, presentes em suas
embalagens de produtos. Interesante a leitura dos espaços pela percepção criada
nos usuários. Elementos acessíveis em destaque:

• Identidade visual;
• Circulação por rampas;
• Orientação e percepção espacial.
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5.3 Room Room

Nome do projeto: Room Room. Autor: Takeshi Hosaka Architects.


Projeto anexo de uma residência onde o casal com deficiência auditiva
procura integração espacial e comunicação efetica com seus filhos. Dois
alinhamentos se abrem para o exterior, sem recuos e de espaço diminuto em área
adensada de Tóquio, onde pequenas aberturas se projetam e permitem as
comunicações com o exterior. Elementos acessíveis em destaque:

• Linguagem de sinais;
• Alcance visual (interno x externo).

5.4 Residências Alcácer do Sal

Nome do projeto: Residências Alcácer do Sal. Autor: Francisco Aires


Mateus & Manuel Aires Mateus.
Projeto finalista do European Union Prize for Contemporary Architecture -
Mies van der Rohe Award 2013. Concebido para ser um bloco onde as funções
de um lar residencial para idosos sejam também atribuídas em cuidados
especiais, garantindo privacidade sem isolamento e interação entre grupos.
Elementos acessíveis em destaque:

• Circulação ampliada e diferenciada;


• Horizontalidade espacial;
• Alcance visual (interno x externo).

5.5 Escola Estadual Selma M.M. Cunha. Votorantim

Nome do projeto: Escola Estadual Selma M.M. Cunha. Votorantim. Autor:


Associação de Arquitetos Grupo SP
Projeto de grande excelência ao explorar a circulação dos espaços,
posicionamento dos blocos, percepção espacial e acessibilidade. Elementos
acessíveis em destaque:

• Circulação por rampas;


• Orientação tátil;
• Alcance visual (interno x externo).

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REFERÊNCIAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 9050: acessibilidade a


edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro: ABNT,
2015.

_____. NBR 16537: Acessibilidade, Sinalização tátil no piso, Diretrizes para


elaboração de projetos e instalação. Rio de Janeiro: ABNT, 2016.

BRASIL. Secretaria Especial dos Direitos da Pessoa com Deficiência.


Acessibilidade. Disponível em: <https://www.pessoacomdeficiencia.gov.br/>.
Acesso em: 20 jun. 2019.

CAMBIAGHI, S. Desenho Universal, Métodos e Técnicas para Arquitetos e


Urbanistas. 3 ed. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2012.

CEARÁ (Estado). Guia de Acessibilidade: Espaço Público e Edificações.


Disponível em: <http://www.solucoesparacidades.com.br/>. Acesso em: 20 jun.
2019.

MONTENEGRO, N.; SANTIAGO, Z.; SOUZA, V. Guia de Acessibilidade:


Espaço Público e Edificações. Fortaleza: SEINFRA-CE,2009.

NEUFERT, E. Arte de Projetar em Arquitetura. 18 ed. São Paulo: Gustavo Gili,


2013.

PANERO, J.; ZELNIK, M. Dimensionamento Humano Para Espaços


Interiores. São Paulo, Gustavo Gili, 2015.

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