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UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA

FACULDADE DE DIREITO

RESENHA DO LIVRO “A ORDEM DO DISCURSO”

CASTANHAL/2023
CURSO: DIREITO
DISCIPLINA: POLÍTICA, ESTADO E DEMOCRACIA
PROFESSOR: Marcelo Pereira da Silva
ALUNO (a): Kennedy Matheus Cruz Cardoso
NÚMERO DE MATRÍCULA: 01609012
A ordem do discurso é a publicação integral da aula inaugural de Michel
Foucault no Collège de France, que ocorreu em 2 de dezembro 1970. Durante a
introdução do livro o autor deixa claro que não irá abordar questões como a origem do
discurso, ou explicar por que nós utilizamos o discurso, e sim explicar como o discurso
se organiza, como ele se manifesta e quais as consequências de sua propagação, isso
pode ser resumido pela pergunta que ele faz no começo do livro: “o que há, enfim, de
tão perigoso no fato de as pessoas falarem e de seus discursos proliferarem
indefinidamente? Onde, afinal, está o perigo?”. Em seguida, Foucault estabelece sua
hipótese de que o discurso está relacionado com o desejo e com o poder, ou seja, que o
discurso é uma maneira de exercer poder, mas afinal, o que é discurso para Foucault?
Um conceito de discurso para Foucault seria: O ato de falar, manter, transmitir e
articular ideias, em qualquer campo que seja, através das formas de comunicação. No
livro, Foucault aborda os três procedimentos externos de organização do discurso:
interdição, separação/rejeição e oposição do verdadeiro ou falso. A interdição, grosso
modo, é o procedimento de estigmatização do que pode e não pode ser falado no âmbito
social. O autor dá exemplos de campos em que a grade de interdição é mais cerrada,
como na sexualidade, política e religião. Já a separação/rejeição define quem pode tratar
de determinados assuntos, criando um "direito privilegiado ou exclusivo" para o sujeito
que pode falar sobre o tema, enquanto o "discurso do louco" é invalidado. Por fim, a
oposição verdadeiro/falso decorre da vontade de saber/verdade, que exerce sobre outros
discursos uma espécie de poder de coerção e pode ser utilizada como forma de
repressão para aqueles que procuram "contornar" a verdade.
Foucault segue estudando os tipos de funcionamento ou de organização do
discurso, agora abordando os procedimentos internos, sendo mecanismos utilizados pelo
discurso para exercer controle sobre ele próprio, dividindo-se em: comentário, autor e
organização das disciplinas. O comentário pode ser dividido em 2 tipos: os de repetição
ou reafirmação e os de expansão. Estes são uma revisita do discurso, procurando expor
elementos já mencionados, de modo implícito, no “texto primeiro”, além de poderem
expandir e enfatizar determinados temas abordados neste. A figura do autor surge muito
imbricado ao discurso, confundindo-se, por vezes, com o próprio discurso, em uma
espécie de metonímia, sendo ele a unidade de origem de significações. A burocracia
para definir quem é o autor, que está presente na história humana há séculos, gera 2
principais consequências: a autoridade e a identidade do autor. Por último, a

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organização das disciplinas consiste na segmentação do conhecimento em áreas
específicas, cada qual com suas próprias metodologias, regras e princípios.
Após analisar os procedimentos de organização externas e internas do discurso,
Foucault parte para analisar outro campo de estudo dentro do discurso: as condições de
funcionamento do discurso. As condições de funcionamento do discurso são os
mecanismos de ligação e exclusão entre sujeito e discurso, sendo eles: ritual, sociedade
do discurso, doutrina e educação. O ritual define a qualificação que devem possuir os
indivíduos que falam, definindo, portanto, os gestos, os comportamentos, as
circunstâncias e todo o conjunto de signos que devem acompanhar o discurso. A
sociedade do discurso é responsável por conservar, produzir ou fazer circular os
discursos, ou seja, organiza, regula e controla onde e como o discurso deve circular. As
doutrinas possuem certa ligação com as regras e organizações dentro das sociedades do
discurso, sendo mais específicas que esses, ligando os indivíduos a certos tipos de
enunciação e lhes proibindo os outros. A educação é a responsável por viabilizar o
contato do sujeito com o discurso, possuindo dentro de si uma hierarquia própria, para
Foucault, a educação é uma maneira política de manutenção e propagação dos discursos
e de como devem ser proliferados.
Na parte final de sua aula inaugural Foucault apresenta seus propósitos como
professor, dividindo-os em 4 pontos, sendo eles: inversão, descontinuidade,
especificidade e exterioridade; visando alcança-los através de 2 métodos: a descrição
crítica e a genealogia. A descrição crítica busca mostrar às estruturas do discurso, suas
fundamentações, etc. A genealogia remete as forças que fazem com que o discurso não
somente se origine como também se perpetue. Ao final o autor propõe ainda que o
discurso deve ser visto a partir de 4 aspectos que se contrapõe a outros 4: acontecimento
(que se opõe a criação), série (se opõe a unidade), regularidade (se opõe a originalidade)
e a condição de possibilidade (se opõe ao significado).
Esta obra teve um impacto significativo no campo da filosofia e das ciências
humanas, contribuindo para a reflexão sobre a natureza do poder, da linguagem e do
conhecimento. Suas ideias influenciaram muitos pensadores posteriores, tornando-se
uma referência importante para a análise das práticas sociais e políticas
contemporâneas.

CASTANHAL/2023

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