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As velhas e sempre novas não cumpridas promessas de liberdade e independência hoje reclamam seus
direitos contra as formas tradicionais de privacidade e intimidade. Hoje também se volta contra o formato
de desigualdades da família nuclear , que identifica a mulher como família, mas no papel de “depende a
deriva “ numa condição de coadjuvante na possibilidade do seu destino .
Mas agora as mulheres também reivindicam a liberdade igualdade que os homens, outros atestam que isso
é o fim da família burguesa. Mulheres e homens têm de lutar agora para conciliar profissão e família, amor
e casamento. Por assim dizer, o “conflito de classes” que sucede o conflito de classes.
Com o esbatimento das identidades sociais tradicionais, as oposições dos papéis de gênero entre homens e
mulheres passam a ocupar lugar central na esfera privada. Mudam completamente os modelos de relação,
torna-a fugaz e desprovida de modelos. Transformando a convivência doméstica numa questão corrosiva.
Os milhões de divorciados julgam que brigam por si próprios e realizam suas individualidades e vontades
mais intimas. Mas são milhões no mundo todo a abandonar o sonho a dois da vida conjugal e prosseguir ou
de seguir a vida individualmente? Uma nova relação individuo sociedade? Esse é o conceito desse livro a
INDIVIDUALIZAÇÃO.
Segundo Motive zum BGB, V: 562 : “não deve prevalecer o princípio da liberdade individual, mas que o
casamento deve ser considerado um ordenamento moral e jurídico independente da vontade dos cônjuges”
.
A individualização significa e produz exatamente o princípio oposto: a biografia das pessoas se desvincula
dos modelos e certezas tradicionais, de controles alheios e das leis morais é posta na ação de cada indivíduo.
As biografias normais coletivas, passam a ser uma biografia de escolhas individuais.
O amor passa a ser uma formula vazia, e os próprios amantes é que a preenchem, com suas normas e roteiros
, dando eles o significado e papeis do seu próprio filme . A individualização significa: as pessoas são libertas
dos papéis de gênero internalizados, previstos no projeto de construção da sociedade industrial para a
condução da vida segundo o modelo da família nuclear.
Parece um fracasso individual , em especial das MULHERES , que eram o eixo fixo do trabalho doméstico ,
que agora , incorpora uma nova biografia e passa a fazer malabarismos constantes num ato de dupla
representação .
De um lado, liberdade, decisão; de outro: obrigação, cumprimento das exigências interiorizadas do mercado.
Autoresponsabilidade de um lado, e do outro, dependência de condições que se esquivam ao acesso
individual. Os indivíduos libertos tornam-se dependentes do mercado de trabalho e, por isso,
dependentes de instrução, das regulamentações e benefícios do direito social, do planejamento do tráfego,
de vagas e horários nos jardins de infância, de auxílios estudantis e planos de aposentadoria.
Em outras palavras: casamento e família tradicionais e a luta individualizada pelo casamento pela família
não se contrapõem como obrigação e liberdade, mas o antes que antes era cumprido sem questionar agora
precisa ser discutido, embasado, negociado e acordado, e justamente por isso, sempre pode ser anulado.
A educação abriu as portas e possibilitou uma carreira profissional para mulher escapar da restrita
existência de dona de casa; deslegitima a desigualdade de chances profissionais; fortalece a autoconfiança
e a capacidade de se impor em todos os e reforça a posição dentro do casamento e liberta da obrigação de
buscar e conduzir o matrimônio como meio de subsistência.
Dessa forma a questão da individualização no cenário não é uma questão pontual, mas produto de um
processo histórico em curso e ocorre em várias formas e maneiras distintas. Mas é a tendência, sua
sistemática, que está vinculada à modernização progressiva.