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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE – UERN

FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS SOCIAIS – FAFIC

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E POLÍTICA – DCSP

DOCENTE: LIDIANE CUNHA

DISCENTE: ANA STELLA FAUSTINO ANDRADE RÉGIS

LUCIMAR VITÓRIA COSTA

JESSYANNE MORAIS

QUESTÃO 1.

O surgimento do fazer antropológico se deu a partir do "descobrimento" de


outros povos de acordo com o ponto de vista europeu. Com essa lente
eurocêntrica da existência humana surge a necessidade do fazer cientifico a
partir dos questionamentos advindos do desconhecido, para reconhecer e
legitimar "novos povos". Uma das primeiras teorias do fazer antropológico, o
evolucionismo, trata-se de uma perspectiva de evolução cultural, com uma
imagem de sociedade selvagem aquela que não se adequava aos padrões
europeus. Os primeiros antropólogos eram denominados como "antropólogos
de gabinete", pois todas as informações que eles possuíam dos povos eram
trazidas por exploradores presentes nas viagens de "descoberta". A partir da
nova corrente antropológica criada por Frans Boas, essa ideia evolucionista é
gradativamente desconstruída. Boas descreve a sociedade como singular, e
critica o modelo educacional imposto aos indivíduos. O fazer cientifico
antropológico passa então a ser entendido como história cultural, e o “trabalho
de campo” ganha importância nas pesquisas que pretendiam conhecer a
cultura de outros povos. Malinowski pode ser considerado um dos pais da
antropologia, pois o seu saber cientifico utilizava-se do recurso da etnografia,
uma descrição detalhada a partir da inserção do indivíduo em uma determinada
cultura e/ou sociedade. Para Malinowski o pesquisador deveria estar
integralmente inserido na sociedade observada, para que se pudesse viver
como um nativo, e descrever com precisão a cultura e os costumes. Já para
Geertz a cultura pode ser vista como uma teia de significados tecida pelo
homem, e o trabalho da antropóloga é desvendar estes significados, não
podendo ser interpretada somente por um olhar, pois o próprio texto
etnográfico pode possuir falhas e conceitos pré-definidos por parte do
pesquisador. Em seu surgimento a etnografia buscava analisar todos os
âmbitos de transmissão cultural de uma sociedade, mas os pesquisadores não
se atentavam para a principal instituição de ensino aprendizagem presente nas
sociedades, as escolas. "Nos anos 30, a antropóloga M. Mead fez da
Educação objeto privilegiado da Antropologia no interior da escola." (p.29)
investigando modos de transmissão cultural, geracional e formas de ensino e
aprendizagem dentro do ambiente escolar. A escola é um reflexo da
sociedade e da cultura.

QUESTÃO 2.

Desde os anos 80, até os dias atuais, alguns recursos etnográficos foram
trazidos para a área da educação, e passaram a ser muito utilizados em
pesquisas educacionais, entre os instrumentos os principais são: observação
participante, entrevista, imagens de vídeo, questionários, dentre outros. A partir
desses tipos de coleta, podemos obter algumas formas de análises: análises
indutivas, microanálise etnográfica, análise de contexto, análise de discurso, e
assim por diante.

A maneira que esses trabalhos são expostos são as mais variadas, podendo
ser fotografias com análises detalhadas, e até narrativas mais livres, apenas
com descrição de falas sobre o que os participantes dizem, já os relatórios
dessas análises, muitas vezes se misturam, como se seus procedimentos
descritivos tivessem as mesmas origens e processos.

As críticas que podem ser feitas aos procedimentos mais frequentes em


pesquisas que se intitulam etnográficas são, por um lado, o uso indiscriminado
e individualizado de instrumentos sem treinamento cuidadoso do pesquisador e
sua equipe e, por outro lado, o processo de análise, geralmente o pesquisador
não leva em consideração a presença do participante da pesquisa no relatório
final do trabalho. O lugar de onde o pesquisador fala é do seu próprio lugar e
não daquele do pesquisado, isto é, ele fala sobre o pesquisado e não com ele.

Esse fato cria um fator de anulação da opção etnográfica, pois nessa


abordagem o pressuposto primordial é que o lugar do participante é o de
agente de pesquisa.

Como efeito, a etnografia traz para educação a possibilidade do pesquisador e


do pesquisado observarem cenas consideradas comuns com outros olhos,
trazendo um olhar sensível às atividades rotineiras, além de permitir enxergar
necessidades de mudanças ou não. O vídeo, o instrumento visual que veio
para ficar na etnografia, ainda possibilita observar o acontecimento naquele
mesmo instante, além disso, serve como contraponto quando da comparação
com as anotações de campo.

QUESTÃO 3.

Os princípios básicos da etnografia na antropologia brasileira incluem a


imersão do pesquisador na cultura ou comunidade estudada, a observação
participante, o respeito à diversidade cultural, a valorização da subjetividade
dos sujeitos estudados, a busca pela compreensão dos significados culturais e
sociais atribuídos pelos indivíduos e a reflexividade.

Quanto à falta de credibilidade da etnografia considerada no campo da


educação, isso pode ser atribuído a diversos fatores. Alguns possíveis motivos
incluem, a separação entre etnógrafo e professor, resistência de parte dos
educadores em aceitar métodos de pesquisa que envolvem subjetividade e
interpretação, desafios em aplicar os resultados etnográficos em políticas
educacionais de forma mais ampla e também a falta de conhecimento e
divulgação adequada das contribuições que a etnografia pode oferecer para o
campo da educação. Essas questões podem impactar a percepção da
credibilidade da etnografia entre os profissionais da área educacional.

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