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Sumário
Nota Introdutória
1
Graduado em Pedagogia, pela Universidade Católica de Angola; -Licenciado em Filosofia pela Universidade Católica
de Angola; -Pós-Graduado (Especialista) em Gestão Educacional, pela Universidade Católica de Brasília (Brasil); -
Mestre em Ciências da Educação, na especialidade de Administração e Política Educacional, pelo Programa de Pós-
Graduação, na Universidade de Desarrolo Sustentable de Asunción. Doutorando em Filosofia e Ciências da Educação.
Leitor assíduo de Xavier Murillo e Jacques Maritain
Referências Bibliográfica
O Homem como ser social, sentiu a necessidade de conhecer-se e conhecer os outros para
poder estabelecer relações. Nesta conformidade, a Antropologia como toda e qualquer ciência tem as
suas particularidades que a torna mais complexa, desde o seu ponto de vista epistemológico ao seu
impacto na vida concreta do individuo.
Portanto, nesta disciplina seleccionam-se conteúdos elementares e gerais, mas profundas que
consideramos susceptíveis para um debate aberto, e de uma adequada aprendizagem pelos estudantes
da 2º do curso de Filosofia, num leque de cinco (5) pontos, divididos numa proporção de dois por
mês, cuja implicância e materialização é flexível do ponto de vista metodológico de acordo os pré-
requisitos apresentados pelo grupo-alvo; e uma bibliografia bastante actual, caprichada e sugestiva.
Assim, ajudando-lhes a resolver os seus problemas desse âmbito na vida estudantil e sócio -
profissional.
A organização dos “itens” eleitos é caracterizada pela sequência sistémica dos conteúdos
curriculares, a partir de uma simples compreensão da realidade situacional da disciplina até a análise
crítica sócio - cultural e epistemológica da dominação simbólica da ciência. Como pressuposto
didáctico foi apresentado no inicio de cada tema metas a serem alcançadas e no decurso de
abordagem, foram sugerido temas variadas para reflexão com fito de consolidar e complementar o
aprendizado em cada unidade didáctica.
Finalidades:
* Reconhecer a problemática do homem e o seu vasto campo de acção.
* Delimitar a Antropologia como ciência e as suas ramificações ou divisão.
* Caracterizar o estudo de Antropologia Geral a partir do seu objecto formal.
* Familiarizar-se com os diferentes conceitos preliminares da disciplina.
Antropologia enquanto ciência que estuda o homem e as relações culturais e sociais que se
estabelecem entre indivíduos e ou grupos. Procura perceber a realidade humana analisando os
mecanismos de relacionamento humano, como por exemplo a amizade, e as formas de organização
social como o caso de família.
Dado que a realidade social se apresenta como um vasto campo de estudo, a antropologia
acaba geralmente por abordar um ramo particular ou especialidade, nomeadamente: cultural, social,
política, do simbólico, do desenvolvimento entre outros.
Dentro de cada domínio de especialização, a antropologia pode desenvolver estudos sobre
temas tão diversos como o da integração social das minorias étnicas e culturais (ex. o pequeno grupo
de Khoissan), os movimentos migratórios, o aparecimento de novos movimentos religiosos, os
fenómenos ligados á pobreza e à exclusão social, o surgimento de novos modelos familiares, a
imagem das instituições políticas junto da opinião pública e muitos outros.
Os estudos antropológicos caracterizam-se pela observação directa, quando os investigadores
contactam pessoalmente com os indivíduos que pretendem estudar e conversam com eles, mas vai
mais além utilizando a observação participante, quando se integram durante algum tempo na vida da
comunidade ou grupo em estudo.
A antropologia pode também utilizar conjuntos de perguntas sistematizadas que serão
colocadas a grupos maiores ou menores de pessoas, segundo uma amostra da população que se
pretende estudar, podendo ainda realizar entrevistas mais aprofundadas a determinados indivíduos,
assim como à análise documental que consiste na consulta de documentos e fontes de natureza
diversa (dados estatísticos, revistas, jornais, livros, etc.).
A antropologia também pesquisa e reúne o conjunto de teoria que dentro da sua área de
estudo permitem saber o tipo de informação pertinente e o modus como deve analisar e interpretar
essa informação.
2
A pessoa formada em Antropologia é aquela que tenha uma formação superior.
1. 3 Definição
O que caracteriza a antropologia como disciplina cientifica não apenas o objecto material. Ao
contrário, o que na verdade caracteriza as disciplinas cientificas como que dando-lhes forma é o
objecto formal. Portanto, o seu objecto material é o estudo do homem e o seu objecto formal é a
Antropologia enquanto trata do homem e do seu comportamento como um todo.
Como já foi dito, inúmeras disciplinas tratam do homem e do seu comportamento. No
entanto, o que a distingue das demais ciências sociais e humanas é o objectivo que nutre de estudar o
homem como um todo. Para utilizar as palavras de Herskovits, apud Lévi-Strauss (1991, p.35), a
respeito da unidade da antropologia, diz ele:
Está no facto importantíssimo de que a antropologia, centrando sua
atenção no homem, leva em conta todos os aspectos da existência
humana, biológica e cultural, passada e presente, combinando esses
diversos materiais numa abordagem integrada do problema da
existência humana. Diversamente das disciplinas que tratam de
1. 5 Paradoxo antropológico
Essa nossa disciplina é com efeito, bastante paradoxal: é uma das disciplinas mais
especializadas e ao mesmo tempo é uma das mais gerais. É especializada enquanto trata apenas de
assuntos relacionados ao homem e à sua experiência; geral, no que concerne à variedade incrível de
aspectos da realidade humana que envolve temas estudados na: genética, Psicologia, Sociologia,
Biologia, Geografia, história, etc.
É devido, pois, a esse carácter geral da antropologia que ela pode ser incluída tanto, entre as
ciências naturais como entre as humanidades e as ciências sociais.
A antropologia de que se falou até agora, foi antropologia geral. Ocorre que, actualmente
nenhum ou quase nenhum estudioso de antropologia pode se dedicar ao vasto campo de antropologia
geral ou dominá-lo plenamente. O próprio tempo encarregou-se de promover a divisão dessa
disciplina. Vive-se presentemente a época das especializações tanto nas ciências como nas demais
actividades humanas.
Não nos cabe aqui discutir vantagens e desvantagens dessa divisão crescente das tarefas
humanas. Ao que tudo indica, porém, a especialização decorre da própria necessidade de maior
eficácia. Restringe-se o objecto de estudo para que sua compreensão se torne mais profunda. A
antropologia Geral, não escapou a esse procedimento de retalhamento do objecto: Homem.
Talvez por causa da especialização crescente é que hoje até o nome “antropologia” indica
coisa diferentes conforme o pais considerado, na Europa continental, por exemplo, o termo
“antropologia” é empregue para designar apenas o estudo físico do homem. Nos Estados Unidos, a
antropologia Cultural, divide-se habitualmente em etnologia e em etnografia: A primeira se ocupa do
estudo comparado da cultura e da investigação dos problemas teóricos que brotam da análise dos
costumes humanos, e a segunda, descrição da cultura concreta.
Como se não bastasse ainda é utilizado o termo “antropologia social” por alguns, como o caso
de Estados Unidos e Inglaterra como sinónimo da antropologia cultural ou etnologia. Toda essa
imprecisão é contributo pago pelas disciplinas científicas ainda novas. Em nossa disciplina está em
curso um processo de sistematização e reformulação.
-Etnologia - Etnografia
- Antropologia Social
-Antropologia Cultural -Linguística
Antropologia geral
-Antropologia Física
Considerando o esquema acima, deve-se ter em mente que ele não passa de uma divisão da
antropologia, pois, outras divisões existem. Como já foi salientado, não é fácil falar da divisão da
nossa disciplina, pois lhe falta consenso a respeito. Além dessas disciplinas antropológicas existem
disciplinas académicas denominadas: Antropologia Filosófica, Antropologia Psicológica, etc. No
entanto, para os objectivos aqui propostos, acreditam que o esquema, acima é suficiente.
Antropologia Física, estuda os aspectos biológicos do homem, misto de história natural e de
ciências natural do homem. A ela interessa não só o estudo das populações hodiernas, mas também o
estudo da evolução da espécie humana. Estuda os problemas da origem do homem, as semelhanças e
diferenças entre os povos. É de sua alçada o estudo da raça humana. Afinal, como lembram Beals e
Hoijer, para se compreender bem o homem como produto de evolução, é mister que se faça alguma
compreensão de todas formas vitais e da natureza da própria vida. Em outras palavras faz-se
necessário um conhecimento a cerca de um dinamismo vital que é comum aos homens e aos animais
dos mais simples aos mais complexos. Interessa aos estudiosos da antropologia física conhecer os
mecanismos vitais de todos, desde os processos de reprodução e de genética ao da conservação. Não
Por tanto, queremos apresentar-vos aqui a divisão e os quadros de Augusto Mesquitela Lima
que ajudam a uma melhor compreensão da matéria:
Se Individual Antropologia Física
Ser Individual
HOMEM
Demografia
SER HUMANO
B. Princípio histórico:
a) Sincrónico (todo o que aconteceu num determinado tempo)
b) Diacrónico (todo o que aconteceu sucessivamente, antes e depois).
Com este princípio a antropologia visa colectar o máximo das informações sobre os contactos
entre os povos. Os povos caminham, pelo que as culturas têm um ontem, um hoje e um amanhã.
No século passado aplicaram-se à antropologia as teorias da evolução, pensado que todos os
povos em toda a parte passavam através das mesmas etapas.
A história conjuntural hoje é abandonada. E a evolução unilinear se pode demonstrar falsa
simplesmente com os conhecimentos antropológicos actuais. As populações da terra não são simples
arquivos de um passado mais ou menos remoto, mas agentes vivos de processos dinâmicos
extremamente complexos.
OS funcionalistas acham que é possível estudar uma população sem conhecimento da sua
história, dos seus contactos culturas anteriores. Nós rejeitamos tal interpretação.
C. Princípio comparativo:
D - Princípio interdisciplinar
A. Procedimento metodológico:
Podemos afirmar que a regra básica do procedimento metodológico deve ser a ética científica, a
honestidade, em fim. É desnecessário dizer que a credibilidade científica repousa no rigor
metodológico apenas em parte. De nada adiantaria este rigor, caso viesse a faltar honestidade por
parte da comunidade científica.
B. Atitudes basilares:
C. Documentação
D. Observação participante
Portanto, exige uma dedicação exclusiva (vive, alimenta-se, usa e passa amá-los),
permanência prolongada, partilha e relacionamento constante. O antropólogo observa com todo o seu
ser e com todos seus sentidos. O longo período que passa no lugar lhe permite alegrar-se com o
povo. Neste método não há lugar para o dogmatismo.
Registo de dados
Técnicas de observação
3. 2. 2 Período de Convergência
3. 2. 3 Período de construção
3. 2. 4 Período Crítico
Este período que tem início em 1900 e se arrasta até hoje é sem dúvida o período mais
fecundo da antropologia.
Foram criticados os cânones iniciais desta disciplina. Novas abordagens foram propostas.
Houve grande avanço nas ciências paralelas, os meios de comunicação progrediram grandemente,
contribuindo para a divulgação das ideias.
Deu-se uma reformulação da antropologia cultural. A realidade sócio-cultural toma novos
rumos é analisada por olhos diversos. Os povos, antes apenas objecto de estudo, começam eles
próprios a cultivar também os estudos de antropologia. A antropologia libertou-se do servilismo ao
colonialismo.
Dá-se uma série de novas circunstâncias que enriquecem a antropologia: a orientação
psicológica, o estudo da linguística, o incremento notável do estudo e pesquisa de campo:
Malinowski foi certamente o maior e o mais metódico pesquisador de campo. Este mesmo estudioso,
com a sua teoria do funcionalismo apresenta uma visão nova, abrindo uma nova clareza nos estudos
antropológicos, apesar da critica que se lhe pode fazer.
Outros nomes: Emile Durkheim, Radcliffe-Brown, Levi-Strauss, e tantos outros. Abre-se um
novo campo para a antropologia: os estudos de antropologia urbana. Não menos importantes deverão
ser os estudos sobre a cultura popular, o folclore, a cultura de massas, o carnaval, e outros
semelhantes
Além do Museu Nacional de antropologia, como é trivial o nosso pais é rico nessa dimensão,
podemos mencionar outras riquezas culturais: Kulumbimbi; Porto padrão; Simulambuco.
4. DINAMISMO CULTURAL
Do latim colere (colo – is – ere – colui – coltum) que significa cultivar e cuidar. Expressa a
relação activa e estável a um lugar:
Agrícola = cultivador da terra,
Incola = morador
Colonus = quem cultiva,
4.1.1 Definição.
Explicação:
É a cultura que distingue o homem dos outros animais: por mais perfeito que os animais
façam o ninho… A diferença está na consciência cultural e histórica que está presente no acto
humano.
A cultura, é uma tarefa social e não um assunto individual. É um conjunto de experiências
vividas pelo homem através da história.
Ela é adquirida pelo homem através de um processo de aprendizagem =
socialização/enculturação (distinguir de outras noções tais como inculturação, aculturação,
transculturação, adaptação, …).
Como se referiu no intróito deste capítulo, que se pretende apresentar a pertinência da cultura,
englobar todo processo cultural, tendo como objectivo principal mostrar que as culturas estão sempre
em mudança. Mesmo aquelas culturas que ilusoriamente parecem estabilizadas e inertes, também
estão em permanente movimento. A intenção aqui é traçar as linhas gerais do comportamento das
culturas.
Destarte, toda cultura, pode ser considerada entre dois extremos: um estado de estabilidade e
outro de mudança: analogia com o desenvolvimento do corpo humano. Daí nasce um movimento
repetitivo que corresponde aos simples funcionamento, por um lado, e por outro, o funcionamento se
transforma, o que vale dizer, que a própria unidade mudou de forma se a estrutura social, o sistema
social, a organização social mudou…).
3
O aspecto Sincrónico diz respeito aos processos culturais regulares, universais. Outrossim, interessa saber como a
estabilidade institucional é mantida. Dentro deste aspecto, estuda-se os temas: A cultura Institucionalizada e a
Endoculturação. Cf. L.G. DE MELO. Op. Cit., p.83
4
Nesse aspecto já não interessará o funcionamento da cultura em si, mas a sua modificação, a mudança cultural, com os
processos que lhe são próprios: descoberta, invenção, difusão, aculturação, desculturação e inculturação que será dada
por duas forças endógenas e/ou exógenas. Ibidem.
Quer-se afirmar que as normais sociais (usos, costumes e leis) são impostas aos membros da
sociedade. Ora, se aceitar a distinção feita por Fichter entre”pessoa” e “padrão” (norma), entre
“grupos” e “instituições”, entre “sociedade” e “cultura”, e considerar a teoria durkheimiana do
controle social concluiria se que a função da cultura é por excelência, o controle social.
O termo Endoculturação foi utilizado pela primeira vez por Herskovits para designar o
processo de ajustamento de respostas individuais aos padrões da cultura de uma sociedade. Ele
afirma em seu livro: “Os aspectos da experiência de aprendizagem que distinguem o homem das
outras criaturas, e por meio dos quais, inicialmente, e mais tarde, na vida consegue ser competente
em sua cultura, pode chamar-se “endoculturação” (enculturation). Constitui essencialmente um
processo de consciente ou inconsciente condicionamento que se efectua dentro dos limites
sancionados por determinado aspecto de costume. Por esse processo não só se consegue toda
adaptação à vida social, como também todas aquelas satisfações, que embora fazendo naturalmente
parte da experiência social, derivam mais da expressão individual que da associação com outros no
grupo”5.
O processo de enculturação começa após o nascimento da criança. Como sabemos, a cultura
não é transmitida biologicamente e sim, através de uma série de processos culturais, entre os quais a
5
Martinez, op.cit., p.51
100% 100%
Factores biológicos
50% 50%
0% Factores culturais 0%
50%
Pelo gráfico podemos dizer também com Titiev o seguinte: «a criança ao nascer tem um
comportamento 100% biológico. Mas logo ao nascer passa receber o impacto da cultura e é
levada a assimilar comportamentos padronizados que observa à sua volta»6. Desta maneira, ela
adquirirá hábitos e costumes, disciplinará seus movimento biológicos e sofrerá uma mudança
gradual que transformará seu comportamento de 100% biológico ao ponto máximo de 100%
cultural.
Na tradição antropológica poucos são os estudos sobre a mudança cultural, pois até há
pouco tempo os estudos antropológicos limitavam-se ao estudo de culturas isoladas.
6
Idem, p.86
Hoje, não há povos isolados. A Tecnologia moderna está presente em qualquer parte do
mundo e com os seus potentes meios de comunicação social põem em contacto directo os
vários povos da terra. Não fácil explicar a mudança cultural. Ora, quando se trata da
dinamicidade das culturas, é realçar da não existência dos povos e culturas isoladas. Pois, todas
as culturas estão em permanente diálogo, em maior ou em menor proporção, através de dois
factores estruturais da mudança social que são forças endógenas e forças exógenas. Forças
endógenas: que são engendradas pelo próprio funcionamento de uma cultura e Forças
exógenas: Intervêm do exterior do sistema social. Por exemplo: o caso das influencias do meio
físico, do clima e igualmente dos fenómenos e dos conhecimentos de difusão das técnicas e dos
conhecimentos, estudados pelos antropólogos
Leslie afirma que as invenções não constituem apenas em engenhos mecânicos, pois,
pode-se falar legitimamente na invenção de uma ideia. Deste modo, se analisarmos bem, toda
cultura e todos os seus valores um dia foram inventados ou descobertos pelo homem. (Ex.: o
fogo ou roda, quem os descobriu?).
Definição:
Todo o género humano, afirma Herskovits, toma por empréstimo mais elementos de
cultura que os iniciais, pelo que o fenómeno da difusão da cultura é um facto incontestável.
Liton, o faz ver claramente ao afirmar que não existe cultura alguma que tenha mais de 10% de
valores próprios originários. Analisemos, por exemplo, o que fazemos desde que nos
levantamos de manhã até a noite em que nos vamos deitar: gestos, atitudes, hábitos, maneiras
de vestir e de comer, ocupações tempo livre7.
A importância da difusão, segundo Fras Boas, foi tão firmemente estabelecida pela
investigação … que não podemos negar sua existência no desenvolvimento de qualquer tipo
cultural local.
7
LITON, R. O homem: Uma Introdução à Antropologia, p.330. queremos também dizer que todo este “item” seguiremos
os apontamentos de Matinez e assim não passaremos a citar.
Com este processo não foi necessário que cada sociedade aperfeiçoasse por si própria
cada passo na dinâmica do próprio desenvolvimento cultural.
Pois, o termo aculturação não implica nunca que as culturas que entram em contacto se
devam distinguir entre elas como sendo alguma delas superior ás outras. Por conseguinte, as
situações em que se dá a aculturação são:
4.4.4 A Desculturação
-substração }
Do património cultural
-destruição }
*Internas: perda de energia da própria cultura (reduz a força dos indivíduos e da comunidade e
vai eliminando a vitalidade dos traços culturais que, se não houver um processo regenerador,
caem em desuso e desaparecem);
As crises têm efeitos contrastantes segundo a natureza dos encontros (pacifica, violeta,
livre, opressiva ou de qualquer outra forma). Pode-se afirmar que uma novidade que surge em
qualquer sector da vida (económica, politico, religioso ou técnico) traz consigo inevitavelmente
uma quebra da identidade cultural original.
4.4.5 A Inculturação
É um processo pelo qual a cultura exógena se encarna e se acultura por meio dos
elementos da cultura endógena. Ex.: O ensino da Bíblia a partir das línguas nacionais, para
mais e melhor compreensão do Evangelho.
5.1.2 O Etnocentrismo
Etnocentrismo é a atitude dos grupos humanos de super valorizar seus próprios valores, sua
própria cultura. Este fenómeno manifesta-se de várias formas. Se nota quando as pessoas
ridicularizam costumes e hábitos de povos alienígenas.
5.1.3 Reducionismo
Uma outra atitude negativa, que tem o seu fundamento no etnocentrismo, é a tendência de
negar as diferenças culturais que encontramos. Nega-se todo valor a tudo que se apresenta
culturalmente diferente à própria cultura.
Devemos evitar termos indevidos ou superados pelo estado actual das ciências: Povos pré-
lógicos; ilógicos, homem primitivo, homem civilizado, mentalidade pré-lógica, religião primitiva,
animismo, grandes religiões, religião, magia, matriarcado, sociedades arcaicas, etc…
Todo sistema cultura humano é lógico e coerente dentro de seus próprios termos, segundo as
suposições e conhecimentos básicos da disposição da comunidade.
Em base aos estudos antropológicos, podemos afirmar hoje que não há povos de mentalidade
pré-lógica, isto é, povos com capacidades “infantil” de tirar conclusões adequadas das experiências.
As diferenças de reflexão entre o assim chamado “homem primitivo” e o “homem moderno”
parecem estar nas suposições fundamentais sobre o mundo e as coisas que neles existem,
condicionada pelas diferenças de informação que cada um tem. Exemplo:
O homem moderno sabe que o sol … etc
O homem primitivo tem apenas os seus olhos…
O homem moderno conhece cientificamente as doenças
O homem primitivo, nunca viu um vírus…
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COELHO, Teixeira. (2008). A Cultura e seu Contrário. Cultura, arte e Politica pós-2001. São
Paulo: Brasil, Iluminuras.
DJIAN, Jean-Michel. (2005) Politique culturelle. La fin d´un mythe. Paris: Gallimard.
IMBAMBA, José Manuel.(2003) Uma nova Cultura para mulheres e homens novos: Um
Projecto Filosofico para Angola do 3º Milienio à luz da Filosofia de Battista Mondin. Luanda.
MONDIN, Battista.(1982). Una nuova cultura per una nuova società. 2ª Edição. Massimo: Milno.