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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE DIREITO

LICENCIATURA EM DIREITO

1° Grupo

Conceito da Ética e deontologia e Ética e o Direito

Nampula

2019
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE DIREITO

LICENCIATURA EM DIREITO

1° Grupo

DISCENTES:

Débora Colher

Diana Pawandiwa

Dinazarda Liomba

Lezio Elidio

Lot Marvin Camanga

Murillo Sibinde

Orlando Matos

Tomazia Tomo
Trabalho de carácter avaliativo da cadeira de
Ética e Deontologia Jurídica, referente ao 1º
semestre, curso de Direito, 4º ano curso
diurno. Leccionada pelo Docente: M/A.
Tomas.

Nampula

2019
Lista de abreviaturas

i
ÍNDICE
Introdução ................................................................................................................................... 2

CAPITULO I: Conceito de Ética e Conceito de Deontologia ................................................ 3

1.1 Noções de Ética ........................................................................................................... 3

1.2 Noções de Deontologia................................................................................................ 4

CAPITULO II: Conceito de ética e deontologia jurídica ....................................................... 5

2.1 Deontologia jurídica .................................................................................................... 7

CAPITULO III: DIFERENCIAÇÃO ENTRE MORAL E ÉTICA ....................................... 8

CAPITULO IV: ÉTICA E O DIREITO ................................................................................. 9

Conclusão ............................................................................................................................. 10

Bibliografia ........................................................................................................................... 11
Introdução

O presente trabalho que tem como tema ”conceito da ética e deontologia e Ética e o
direito. Comummente ao nos reportarmos ao vocábulo ética o confundimos com o conceito de
moral, engano justificável dada a similaridade da definição histórica entre ambos, pela qual o
termo "ética " vem do grego "ethos", que por sua vez, tem seu correlato no latim "morale",
com a mesma acepção, mas de diferentes significados. Na ciência do Direito, usualmente se
utiliza o termo Deontologia (deontos = dever e logos = estudo, tratado), introduzido por
Jeremy Bentham, em 1834, como referência ao ramo da ética cujo objecto de estudo são os
fundamentos do dever e as normas morais, cujas principais subdivisões são a ética normativa
e a axiologia, disciplinando os direitos e deveres dos operadores do Direito e seus
fundamentos éticos e legais. Coloca-se a presente abordagem na conceituação dos institutos
da ética, moral, deontologia e direito, bem como características, similitudes e diferenças.

O trabalho encontra-se estruturado da seguinte forma: Lista de abreviaturas, índice,


introdução, desenvolvimento, conclusão e as referências bibliográficas usadas para a sua
elaboração.

2
CAPITULO I: Conceito de Ética e Conceito de Deontologia
1.1 Noções de Ética
A ética encontra na mais robusta fonte de inquietações humanas o alento para sua
existência. É na balança ética que se devem pesar as diferenças de comportamentos, para
medir a utilidade, a finalidade, o direcionamento e conseqüências das ações humanas
(BITTAR, 2002, p. 3). Mas, afinal, o que seria ética? Cumpre esclarecer que, pela
complexidade do tema, não iremos conceituá-la, mas apenas traçar algumas características
necessárias para a sua compreensão. A origem etimológica de Ética, conforme leciona Nalini
(2008, p. 114), é o vocábulo grego “ethos”, a significar “morada”, “lugar onde se habita”. Mas
também pode ser entendido como “modo de ser” ou “caráter”. Preferimos abordar a ética não
como morada e sim sob o modo de ser dos homens em sociedade. 1

Ética é o nome dado ao ramo da filosofia dedicado aos assuntos morais. A palavra
ética é derivada do grego, e significa aquilo que pertence ao carácter.

Nesse sentido, a ética traz na sua essência um conjunto de valores que norteiam o
comportamento do homem em relação aos outros em busca da pacificação social. Todavia, a
Ética não pode se limitar ao conjunto de regras ou valores, nem apenas ao estudo do
comportamento humano. Conforme ensina Korte (apud Bittar, idem, p. 10, nota de rodapé), a
ética: “é um campo de conhecimento em que, à medida que avançamos, são feitas descrições,
constatações, hipóteses, indagações e comprovações [...] estudando as relações entre o
indivíduo e o contexto em que está situado. Ou seja, entre o que é individualizado e o mundo
a sua volta”. A ética não deve ser posta, apenas, no plano abstrato, em que se busca o seu
aprimoramento teórico, bem como não pode servir para engrandecer os discursos. Pelo
contrário, deve ser utilizada para fortalecer a moral e inspirar as condutas humanas voltadas
para a prática do bem, para o ético.

Diz-se isso porque a ética, Em Moçambique, encontra-se nos discursos, os mais


variados possíveis. Contudo, vem distanciando-se cada vez mais da sua essência valorativa
positiva, tornando-se termo vago, trivial, anémico, causando, em determinadas pessoas,
verdadeira fobia por ser utilizada por personalidades envolvidas em escândalos morais e
submersas na corrupção.

1
FELIZARDO, Aloma Ribeiro, Ética e direitos humanos: uma perspectiva profissional, Intersaberes Editora,
Brasil, 2012, pag. 221
3
Nesse sentido, o essencial é reconhecer, como o fez NALINI que: “nunca foi tão
urgente, como hoje se evidencia, reabilitar a ética em toda a sua compreensão. A crise da
Humanidade é uma crise de ordem moral.

Os descaminhos da criatura humana, reflectidos na violência, na exclusão, no egoísmo


e na indiferença pela sorte do semelhante, assentam-se na perda de valores morais”. Assim,
faz-se necessário - de forma urgente, em nossa sociedade - uma reabilitação e
conscientização, não só em relação aos estudos do conceito de ética, mas também da
construção do seu sentido na prática, em busca de tornar os indivíduos mais humanos, menos
individualistas e crentes na construção de uma sociedade mais justa a partir de ações éticas
colectivas.2

1.2 Noções de Deontologia


Surge das palavras gregas “déon, déontos” que significa dever e “ logos” que se traduz
por discurso ou tratado. Sendo assim, a deontologia seria o tratado do dever ou o conjunto de
deveres, princípios e normas adoptadas por um determinado grupo profissional. A
deontologia é uma disciplina da ética especial adaptada ao exercício de uma profissão. A
deontologia se refere ao conjunto de princípios e regras de conduta — os deveres — inerentes
a u ma determinada profissão. Assim, cada profissional está sujeito a uma deontologia própria
a regular o exercício de sua profissão, conforme o Código de Ética de sua categoria. Neste
caso, é o conjunto codificado das obrigações impostas aos profissionais de uma determinada
área, no exercício de sua profissão. São normas estabelecidas pelos próprios profissionais,
tendo em vista não exactamente a qualidade moral mas a correcção de suas intenções e
acções, em relação a direitos, deveres ou princípios, nas relações entre a profissão e a
sociedade.

Deontologia é uma filosofia que faz parte da filosofia moral contemporânea, que
significa ciência do dever e da obrigação.

A deontologia é um tratado dos deveres e da moral. É uma teoria sobre as escolhas dos
indivíduos, o que é moralmente necessário e serve para nortear o que realmente deve ser feito.

2
FELIZARDO, Aloma Ribeiro, Ética e direitos humanos: uma perspectiva profissional, Intersaberes Editora,
Brasil, 2012, pag. 224
4
O termo deontologia foi criado no ano de 1834, pelo filósofo inglês Jeremy Bentham,
para falar sobre o ramo da ética em que o objecto de estudo é o fundamento do dever e das
normas. A deontologia é ainda conhecida como "Teoria do Dever".

Immanuel Kant também deu sua contribuição para a deontologia, uma vez que a
dividiu em dois conceitos: razão prática e liberdade.

Para Kant, agir por dever é a maneira de dar à ação o seu valor moral; e por sua vez, a
perfeição moral só pode ser atingida por uma livre vontade.

A deontologia também pode ser o conjunto de princípios e regras de conduta ou


deveres de uma determinada profissão, ou seja, cada profissional deve ter a sua deontologia
própria para regular o exercício da profissão, e de acordo com o Código de Ética de sua
categoria.

Para os profissionais, deontologia são normas estabelecidas não pela moral e sim para
a correcção de suas intenções, acções, direitos, deveres e princípios.O primeiro Código de
Deontologia foi feito na área da medicina, nos Estados Unidos.3

CAPITULO II: Conceito de ética e deontologia jurídica

Improvável é pensar sobre ética, moral e deontologia jurídica, e não remeter-se a


conceitos clássicos da filosofia geral e jurídica e sociologia. No intuito de transcender
conceitos que são ínsitos na cultura e história da sociedade – universal e local – possuindo
divergências acerca de cada um dos institutos, sua análise tem por escopo a objectivo de
identificar elementos comuns, válidos, capazes que configurar os institutos supra como
princípios gerais.

Desde os primórdios os seres humanos agrupam-se dados a necessidade de


sobrevivência. Diante disso, notou -se que essa convivência não se dava de qualquer forma,
passou ela a ser regida pela maneira como a maioria dos participes aceitava o comportamento
individual, onde uma acção individual espelhava a acção do grupo. Concluiu-se, então, que a
ideia de que os ditames condicionais de vivência em comunidade estão directamente
relacionados ao que se chama de ética.

3
FELIZARDO, Aloma Ribeiro, Ética e direitos humanos: uma perspectiva profissional, Intersaberes Editora,
Brasil, 2012, pag. 228
5
Isto posto, podemos conceituar ética como sendo um conjunto de valores e princípios
que norteiam a conduta humana na sociedade e tem como finalidade promover um equilíbrio
e bom funcionamento social, que muito embora não possa ser confundido com as leis, está
relacionado com o sentimento de justiça social, visto que edificado por uma sociedade com
base nos valores históricos e culturais.

Nas palavras de BITTAR "... Enquanto se está a dissertar sobre a ética, se está a falar
sobre o comportamento tomado em sua acepção mais ampla, a saber, como realização exterior
(exterioridade), como intenção espiritual (espiritualidade), como conjunto de resultados úteis
e práticos (finalidade; utilidade). Esta é uma faceta da ética, ou seja, sua faceta investigativa."

É sabido que o homem não vive sozinho, pois, como ser humano, coexiste com seus
hábitos, costumes e tradições dentro de uma resolução moral na qual suas atitudes, desde que
objectivem a promoção do bem, são reconhecidas como éticas. Para Adolfo Sanches Vazquez
Ética é a ciência do comportamento moral dos homens em sociedade, a ética resultaria numa
ciência que estuda e observa o comportamento humano. Podemos concluir que a ética é
disciplina normativa, não por criar normas, mas por descobri-las e elucidá-las, assim aprimora
e desenvolve o sentido moral do comportamento e a influência da conduta humana.
Compreender os conflitos existentes, buscar suas raízes, descobrir as razões com resultado do
direito, crenças e valores, e com base nisto estabelecer um comportamento que permitam a
convivência em sociedade, é o objectivo do estudo da ética.4

Num sentido menos filosófico e mais prático podemos compreender um pouco melhor
esse conceito examinando certas condutas do nosso dia-a-dia, quando nos referimos por
exemplo, ao comportamento de alguns profissionais tais como um médico, jornalista,
advogado, empresário, um político e até mesmo um professor. Para estes casos, é bastante
comum ouvir expressões como: ética médica, ética jornalística, ética empresarial e ética
pública.

A ética pode ser confundida com lei, embora, com certa frequência, a lei tenha como
base princípios éticos. Porém, diferentemente da lei, nenhum indivíduo pode ser compelido,
pelo Estado ou por outros indivíduos, a cumprir as normas éticas, nem sofrer qualquer sanção
pela desobediência a estas; mas a lei pode ser omissa quanto a questões abrangidas pela ética.

4
FELIZARDO, Aloma Ribeiro, Ética e direitos humanos: uma perspectiva profissional, Intersaberes Editora,
Brasil, 2012, pag. 230
6
2.1 Deontologia jurídica

A deontologia jurídica é a ciência que se preocupa em cuidar dos deveres e dos direitos
dos profissionais que trabalham com a justiça.

Exemplo: Advogados, juízes são alguns dos profissionais abrangidos pela deontologia
jurídica.

7
CAPITULO III: DIFERENCIAÇÃO ENTRE MORAL E ÉTICA
Como já exposto, moral tem como ideia principal o conceito de bem que em uma
definição empírica, pode ser tido como a qualidade de excelência ética que leva a um
entendimento mais amplo do amor, da irmandade, da solidariedade da sabedoria, ou seja,
todos os sentimentos ou valores que promovem e desenvolvem o ser humano. Partindo dessa
premissa basilar, são garimpados os princípios e directrizes que nos conduzem às regras
morais, que influenciam o comportamento e a mentalidade humana.

Segundo NALINI" A moral é o objecto da ética. Mas a relação que se estabelece entre
a ética, um dos capítulos da teoria da conduta e a moralidade positiva, como fato cultural, é a
mesma que pode ser encontrada entre uma doutrina científica e seu objecto".

Em situações quotidianas os indivíduos se deparam com a necessidade de organizar o


seu comportamento por normas que se julgam mais apropriadas ou mais dignas de ser
cumpridas.

A diferenciação prática entre Moral e Ética é que esta é o juiz das morais, assim ética é
uma espécie de legislação do comportamento moral das pessoas. Mas a função fundamental é
a mesma de toda teoria: explorar, esclarecer ou investigar uma determinada realidade.

Segundo José Ferrater Moral, os termos “ética” e “moral” são usados, por vezes,
indistintamente. Contudo, o termo moral tem usualmente uma significação mais ampla que o
vocábulo 'ética'.

Enfim, Ética e Moral são os maiores valores do homem livre, posto que ambos
significam "respeitar e venerar a vida". O homem, com seu livre arbítrio, vai construindo ou
destruindo seu meio ambiente, apoiando ou subjugado a natureza.

Entre os jus positivistas, Kelsen abordava a Moral sob o enfoque da capacidade de


previsibilidade e de reforço de seus postulados, como uma ordem social altamente variável
espacial e temporalmente, cujas sanções não eram institucionalizadas, possuindo força
meramente transcendental.5

A Ética, de outro lado, seria o nome dado ao campo científico no lado dos pós-
positivistas, Dworkin difere os dois conceitos de acordo com a abordagem colectiva do
primeiro e individualista do segundo, no sentido de que a Moral é composta pelos argumentos

5
ZANON, Júnior, Teoria Complexa do Direito. CEJUR: Florianópolis, 2013.pag 13
8
sobre qual o tratamento que uma pessoa deve correctamente dispensar às outras, de modo a
harmonizar a convivência em comunidade da melhor maneira possível, enquanto, de outro
lado, a Ética foca a perspectiva dos julgamentos pessoais que devem ser feitos por cada um
para conduzir sua vida com o objectivo de atingimento de resultados bons para si, de forma
virtuosa. Sem embargo, para o referido autor, “an ethical judgment makes a claim about what
people should do to live well: what they should aim to be and achieve in their own lives. A
moral judgment makes a claim about how people must treat other people”. Como a intenção
aqui não é efetuar um levantamento de como os doutrinadores têm diferenciado ambas
categorias, cabe apresentar conceitos operacionais para cada uma que possam se articular
melhor com as demais premissas adoptadas e, assim, auxiliar a proposição de superação do
Jus positivismo a ser elaborada na sessão seguinte deste trabalho.

CAPITULO IV: ÉTICA E O DIREITO

9
Conclusão
A importância da consciência individual do que é ética e do que é moral é de extrema
importância quando se trata da formação de um jurista. Ele precisa ter bem formados tais
conceitos, bem como entendê-los a partir das visões dos filósofos jurídicos de teorias
expoentes. Ocorre, porém, que, numa análise ampla do contexto actual, o ensino jurídico ou
mesmo a produção de conhecimento jurídico, em seus diversos âmbitos, não parece
demonstrar preocupação com a formação do jurista nesse sentido.

No Brasil, por exemplo, a difusão do conhecimento jurídico é, de uma forma geral e


em grande parte, fundada na memorização e reprodução de textos legislativos, doutrinários e
jurisprudenciais, sem buscar a essência, história, formação, eficiência e problematização dos
institutos jurídicos.

Não há uma preocupação nítida na formação de profissionais com alicerces éticos,


morais e jurídicos, e sim apenas legalistas, já que nas faculdades estuda-se o positivismo
como dogma, desconsiderando as demais correntes jus-filosóficas, entre elas o jus-
naturalismo e o realismo judicial. Pouco se aborda sobre o neoconstitucionalismo - com a
busca pela efetivação dos direitos humanos, tendo a pessoa humana como centro do
ordenamento jurídico e a supremacia da Constituição em detrimento dos demais atos
normativos; quase não se discute sobre a necessidade da confrontação das normas com os
valores de justiça e equidade; a disciplina de ética, normalmente, não goza de prestígio nas
academias, sendo matéria relegada para o estudo positivista do Direito Civil e Penal.

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Bibliografia

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