Mediadores de Educação
para Patrimônio
Afinal, o que
é patrimônio?
conceitos e suas trajetórias
Antonio Gilberto Ramos Nogueira
e Vagner Silva Ramos Filho
Copyright © 2020 Fundação Demócrito Rocha
Marisa Ferreira
Coordenadora de Cursos
Joel Bruno
Design Educacional
Thifane Braga
Secretária Escolar
Cristina Holanda
Coordenação de Conteúdo
Amaurício Cortez
Edição de Design e Projeto Gráfico
Miqueias Mesquita
Diagramação
Daniel Dias
Ilustração
Thaís de Paula
Produção
Este fascículo é parte integrante do projeto Formação de Mediadores de Educação
Patrimonial, em decorrência do Termo de Fomento celebrado entre a Fundação Demócrito
Rocha e a Secretaria Municipal de Cultura de Fortaleza, sob o nº 02/2019.
C977
Curso Formação de Mediadores de Educação para Patrimônio / vários autores;
organizado por Raymundo Netto; coordenação de Cristina Rodrigues Holanda;
ilustrado por Daniel Dias. - Fortaleza, CE : Fundação Demócrito Rocha, 2020.
192 p. ; 25cm x 29,5cm. - (Curso Formação de Mediadores de Educação para
Patrimônio ; 12v.).
Inclui anexo.
ISBN 978-85-7529-951-7 (Coleção) Todos os direitos desta edição reservados à:
ISBN 978-85-7529-952-4 (Fascículo 1)
1. Educação para Patrimônio. 2. Patrimônio Cultural. 3. Direitos dos Fundação Demócrito Rocha
adolescentes. I. Netto, Raymundo. II. Holanda, Cristina Rodrigues. III. Dias, Daniel. IV.
Av. Aguanambi, 282/A - Joaquim Távora
Título. V. Série.
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fdr.org.br
Elaborado por Vagner Rodolfo da Silva - CRB-8/9410 fundacao@fdr.org.br
SUMÁRIO
1. Apresentação ......................................................................................................... 4
2. Os sentidos do patrimônio .................................................................................... 6
3. Itinerários ............................................................................................................... 7
4. Novos patrimônios, valores e inventários .......................................................... 10
5. Mediações............................................................................................................. 12
6. Patrimônio para quem? ....................................................................................... 14
Referências bibliográficas ....................................................................................... 15
3
1.
APRESENTAÇÃO
arece ser consenso dizer hoje
que memória, identidade
e patrimônio são palavras-
-chave da consciência histó-
rica contemporânea. Na cena
pública, o patrimônio tem
sido cada vez mais convo-
cado, acionado e usado, por
diferentes sujeitos, grupos e
instituições. A melhor forma
de construir qualquer tipo de mediação em
torno dos diversos bens culturais que ga-
nham valor de patrimônio representati-
vo de alguma coletividade é, sem dúvidas,
conhecendo a trajetória dos seus sentidos.
Os contextos sociais e históricos res-
ponsáveis pelo alargamento do conceito
de patrimônio cultural serão aos poucos
abordados neste curso. De início, a in-
formação mais pertinente é notar que os
adjetivos que recebeu ao longo do tempo
(histórico, artístico, móvel, imóvel, tangível,
intangível, material, imaterial, paisagístico,
genético, tesouro vivo etc.) indicam como
ressemantização a ressemantização do conceito de patri-
A grosso modo, mônio é sinalizadora das concepções de
ressignificação,
tempo, lugar social de produção, perspec-
interpretação ou outra
compreensão. tiva teórica e metodológica, além dos sen-
tidos políticos, criados entre lembranças e
esquecimentos pelos indivíduos.
Conhecer as várias noções de patrimô-
nio é fundamental para quem já atua ou
pretende atuar em processos educativos
formais e não formais que têm como foco
o patrimônio cultural.
2.
Memória
alguém diz e faz a respeito dele, expan- Faculdade psíquica
dindo o sentido de herança reivindicado presente em cada
e/ou apropriado. Daí o termo patrimo- pessoa. Também
nialização ser empregado para designar pode ser entendida
6.
patrimônio cultural dever ser feita, antes de
tudo, “com” e “para” a população local. Logo,
as distinções patrimoniais que diferentes lu-
gares e/ou práticas angariam de organismos
internacionais e nacionais poderiam con-
PATRIMÔNIO figurar-se em oportunidades interessantes
para incentivar o que Marilena Chauí (2006)
PARA QUEM? denominou de “cidadania cultural”, consi-
Essa pergunta carrega consigo derando tanto as perdas, quanto as conquis-
paradoxos em torno das movi- tas nas perspectivas dos seus habitantes,
mentações patrimoniais na con- para a elaboração de políticas públicas que
temporaneidade. Por um lado, garantam amplos direitos aos cidadãos.
abre-se uma comporta para um Para tanto, as mediações em proces-
excesso de patrimonialização sos educacionais para o patrimônio são
impulsionado pela “política da basilares, se realizadas de forma que
patrimonialização das diferenças exista crítica permanente sobre certas
como forma de combate à homo- ideias que orientam o trabalho no campo
geneização neoliberal”, mas, por do patrimônio cultural.
outro lado, fortalece o movimento inverso, Importante tomá-lo como uma arena de
estimulando ações de distinção patrimo- acordos e conflitos de valores, avaliações e
nial, materializadas por meio dos selos de proposições, que explicita como o patri-
“patrimônio mundial” ou de “obra-prima do mônio é, além de uma construção
patrimônio oral e imaterial da humanida- social, uma prática eminente-
de” (ABREU, 2015, p. 7). mente política. Afinal, pensar
para quem é o patrimônio,
em meio às lembranças e
aos esquecimentos que o
PARA OS atravessam, é uma forma
CURIOSOS de continuar apostan-
do na democracia que
visamos construir.
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Apoio
Realização