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EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA JUÍZA DE DIREITO DO

JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE PAÇO DO LUMIAR/MA.

Assistência jurídica gratuita


Pedido de Prioridade (idosa)

VALDENORA FERREIRA DA SILVA, brasileira, viúva,


pensionista, portadora da carteira de identidade nº 012605971999-6 e
do CPF nº 055.737.263-15, residente e domiciliada na Rua 11, Quadra
91, nº17-B, Maiobão, Paço do Lumiar – MA, CEP: 65.130-000, por seu
advogado regularmente constituído pelo instrumento de mandato em
anexo, com endereço profissional na Avenida 13, nº 03ª, quadra 142,
Bairro Maiobão, Paço do Lumiar - MA | CEP: 65.137-970, endereço
eletrônico: johnm.adv@outlook.com, onde receberá as notificações de
estilo e praxe, vem perante Vossa Excelência, propor

AÇÃO DE COBRANÇA C/C DANOS MORAIS

em face de LEUDENY DE LIVRAMENTO CORREA ABREU,


brasileira, casada, vendedora, portadora da carteira de identidade nº
025810132003-9 e do CPF nº 027.149.773-40, residente e domiciliada
na Rua 135, Quadra 99, casa 16, Conjunto Maiobão, Paço do Lumiar –
MA, CEP nº 65.130.000, pelos motivos de fato e de direito a seguir
aduzidos.

DA TRAMITAÇÃO PRIORITÁRIA

Estando em vigor o Estatuto do Idoso, é que se requer que


seja atribuído prioridade na tramitação, pelo fato desta ser idosa, de
sorte que necessita URGÊNCIA no provimento jurisdicional. Desta
forma, lhe é garantido por lei a prioridade.

DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA
Inicialmente, requer a Vossa Excelência que, seja concedido
os benefícios da Gratuidade de Justiça para a Requerente, pois a mesma
é aposentada e recebe um salário mínimo, tanto que não há condições de
custear esta demanda sem que comprometa seu sustento, com fulcro na
Lei n° 1060/50, com as alterações introduzidas pela Lei n° 7.510/86, por
não ter condição de arcar com as custas processuais e honorários
advocatícios sem prejuízo do próprio sustento e de sua família.

DOS FATOS

A Requerente alugou à Sra. Leudeny de Livramento Correa


Abreu, casa de sua propriedade no dia 10/06/2016, localizado na
Avenida 11, quadra 91, nº 17-A, bairro Maiobão, cidade de Paço do
Lumiar/MA, pela duração de três meses e com aluguel mensal no valor
de R$ 400,00 (quatrocentos reais), vencendo-se todo dia 11 de cada mês.
Ocorre que no dia 10/09/2016 a locatária abandonou o
imóvel deixando-o em péssimas condições e causando sérios prejuízos à
requerente, desta forma a proprietária foi obrigada a custear todos os
reparos conforme comprovantes nos autos.
E ainda não pagou pelos três meses de aluguel
correspondendo ao valor de R$ 1.200,00 (mil e duzentos reais), não
cumprindo suas obrigações de locatária previstas no contrato.
A Requerente de imediato procurou a Requerida e negociou
com a mesma conforme notas promissórias em anexo, acordando que nos
dias 15 (quinze) de cada mês, iniciando a partir de dezembro de 2016,
seriam pagas cinco parcelas subsequentes de R$ 200,00 (duzentos reais)
perfazendo o valor de R$ 1.000,00 (mil reais).
Porém não houve o cumprimento acordado entre as partes,
de modo que vem pleitear em juízo o pagamento total da dívida, inclusive
o dano material e moral que lhe ocasionou.

DO DIREITO

A legislação brasileira, em especial o Código Civil, prevê a


possibilidade de o credor buscar a satisfação de seu crédito mediante a
oposição de ação pertinente.
No presente caso, tem-se em tela um ato ilícito pelo
descumprimento de obrigação contratual por parte da Ré, o que se
enquadra no Código Civil nos seguintes termos:

Art.186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,


negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Ou seja, pela omissão voluntária do réu, que reflete


diretamente num prejuízo ao Autor tem-se configurado um ato ilícito.
É o ensinamento do Mestre Sílvio Capanema:

"É da essência da locação a obrigação de restituir a coisa


locada no estado em que foi recebida, o que só é possível
se o locatário der à ela o trato que o homem de prudência
normal dedica à conservação de seus próprios bens."
(Da Ação de Despejo, Editora Forense, 1.994)

No mesmo sentido, é o parecer de Sílvio de Salvo Venoza:

"Se o locatário deve cuidar do prédio com o mesmo cuidado


como se fosse seu, deve reparar os danos praticados no
imóvel por todos que dele se utilizam, sob sua relação
locatícia. A nova lei é ampliativa. Cuida dos danos
praticados por qualquer pessoa do relacionamento do
inquilino, até mesmo simples visitantes. E não poderia ser
de outra forma, já que esta responsabilidade decorre da
posse direta exercida por ele e do dever de restituir a coisa
no estado em que a recebeu ..."
(g.n - in Nova lei do Inquilinato Comentada, Atlas, 1.992)

É também uníssona a jurisprudência:

"RESPONSABILIDADE CIVIL. REPARAÇÃO DE DANOS


EM IMÓVEL URBANO. LOCAÇÃO RESIDÊNCIAL FINDA.
DEVOLUÇÃO DO IMÓVEL SEM CONDIÇÕES DE USO.
OBRIGAÇÃO CONTRATUAL. DANOS APURADOS POR
ORÇAMENTO. PROCEDÊNCIA: Findo o contrato de
locação residencial e não tendo o locatário entregue o
imóvel nas mesmas condições que o recebeu, responde
estes e seus fiadores pelos reparos devidos, na forma
contratual. Se, ao entregar o imóvel locado, o locatário não
comprovou por vistas condições de uso prevalecem, para
os fins de apuração dos danos e de sua indenização, a
vistoria apresentada pelo locador e os orçamentos
fornecidos por firma especializadas e idôneas". (Apelação
Cível, nº 1.943, de Londrina, 2ª Vara, Acórdão nº 86 do
Tribunal de Alçada do Estado do Paraná).

"RESPONSABILIDADE CIVIL. Reparação de danos em


prédio alugado. Entrega do prédio sem as condições
normais de uso. Obrigação inadimplida. Ação Procedente.
Se o locatário, em cláusula expressa contratual, assumiu
o dever de restituir o locado no estado em que o recebeu e
ainda obrigou-se a trazer o imóvel em boas condições de
pinturas, pisos, vidraças e outros pertences do imóvel, em
perfeito estado de conservação, procede o pedido de
ressarcimento as despesas efetuadas pelo locador, na
reparação daqueles bens. Apelo desprovido.(Apelação Cível
nº. 90/83, de Curitiba, 2ª Vara, Acórdão 17005 do
Tribunal de Alçada do Estado do Paraná). Baldados todos
os esforços para solução amigável dependência, não
conseguiu o Requerente reaver o seu crédito, não lhe
restando outra alternativa senão a propositura da presente
ação.
Trata-se da necessária aplicação da lei, uma vez que
demonstrado o compromisso firmado pelo contrato e a ocorrência do
descumprimento, outra solução não resta se não o imediato pagamento
do débito, conforme amplamente protegido pelo direito.
Assim, considerando-se a tentativa infrutífera de
recebimento dos valores devidos, bem como os prejuízos que tais atrasos
no cumprimento das obrigações geraram à autora, requer-se desde logo
o pagamento integral no valor de R$ 1.200,00 (mil e duzentos reais),
dos três meses de aluguel devidos, reembolso de R$ 800,00
(oitocentos reais) pelo gasto na reforma do imóvel e o valor de R$
3.000,00 (três mil reais) a título de danos morais sofridos,
devidamente atualizados cumulados com juros de mora.

DO DANO MORAL

Quanto ao dano moral, o mesmo ficou configurado, pois os


fatos, por certo, causaram à Autora aborrecimentos que superam os do
cotidiano, sendo, por isso, passíveis de reparação.
Assinale-se, que segundo a doutrina, diferencia–se o dano
material do dano moral por afetar o primeiro, exclusivamente os bens
concretos que compõem o patrimônio do lesado, diminuindo desta
forma, o seu quantum financeiro, e o segundo, por afetar diretamente o
indivíduo e a sociedade em seu funcionamento. Foco atingido é o foro
íntimo do lesado, sua honra, sua imagem, em síntese, os mais nobres
valores humanos.
Todos doutrinadores pátrios são unânimes quando nos
ensinam, tais como Ada Pellegrini Grinover, Afrânio Silva Jardim,
Alexandre Freitas Câmara, James Tubenchlak, João Mestiere, José
Carlos Barbosa Moreira, Yussef Said Cahali, dentre outros tantos, in,
pg 58, Doutrina, Editora Instituto do Direito, in verbis:
“Danos Morais são formas de lesão de um bem jurídico de
reconhecido interesse da vítima, que fazem com que o detentor
do direito moral tutelado na esfera jurídica – positiva - objetiva,
se estranhe num estado psicológico conturbado, incapaz de ser
mensurável, traduzido tão somente pela sensação dolorosa,
vergonha, que cause dor íntima, espanto, emoção negativa ou
constrangimento...”
E ainda:
“O fundamento da reparação pelo dano moral está em que, a par
do patrimônio em sentido técnico, o indivíduo é titular de direitos
integrantes de sua personalidade, não podendo confirmar-se a
ordem jurídica em que sejam impunemente atingidos.”

Vejamos ainda como vem sendo analisada a discussão


acerca do dano moral pela Jurisprudência:
"DANO MORAL PURO. CARACTERIZAÇÃO. Sobrevindo, em
razão de ato ilícito, perturbação nas relações psíquicas, na
tranquilidade, nos sentimentos e nos afetos de uma pessoa,
configura-se o dano moral, passível de indenização. Recurso
especial conhecido e provido"(REsp. Nº 8.768, rel. Min. Barros
Monteiro, em Rev. STJ, nº 34, p. 285).
"... Todo mal causado ao ideal das pessoas, resultando mal-
estar, desgostos, aflições, interrompendo-lhes o equilíbrio
psíquico, constitui causa eficiente para reparar o dano moral"(TJ-
RS - Ap. Cív. N. 594.125.569, de Porto Alegre, rel. Des. Flávio
Pâncaro da Silva)
"DANO MORAL - INDENIZAÇÃO - CRITÉRIO DE QUANTIFICAÇÃO
- O critério de fixação do valor indenizatório levará em conta,
tanto a qualidade do atingido, como a capacidade financeira do
ofensor, de molde a inibi-lo a futuras reincidências, ensejando-
lhe expressivo, mas suportável, gravame patrimonial. (TJRS - EI
595032442 - 3º GCC - Rel. Dês. Luiz Gonzaga Pilla Hofmeister).

Diante dos fatos acima relatados, mostra-se evidente a


configuração dos “danos morais” sofridos pela Autora, que consagra o
princípio da boa-fé que deve vigorar na relação contratual entre as
partes, desde modo é cabível o valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais) ou
valor arbitrado neste Douto Juízo para que seja mitigado o
constrangimento que a autora sofreu.

DOS PEDIDOS

Diante dos fatos apontados, requer a V.Exa.:

a) Seja concedida a PRIORIDADE NA TRAMITAÇÃO de


todos os atos e diligências do presente processo por ter à autora seus
direitos resguardados no Estatuto do Idoso.
b) A concessão da ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA,
nos termos do art. 98 do Código de Processo Civil.
c) Requer a Vossa Excelência, que se digne mandar CITAR a
ré, no endereço mencionado, para comparecer na audiência a ser
designada, apresentando defesa, sob pena de revelia;
d) Requer que seja a presente julgada procedente, para
condenar a Requerida ao pagamento do principal de R$ 1.200,00 (mil e
duzentos reais) referente aos alugueis, R$ 800,00 (oitocentos reais),
em restituição ao que já foi gasto pelo estrago no imóvel feito pela
Locatária, a título de DANOS MATERIAIS, devidamente corrigidos e
acrescidos dos juros legais a partir da data dos reparos feitos.
e) Condene a requerida ao pagamento das custas processuais
e honorários advocatícios, estes fixados em 20% sobre o valor da
condenação.
f) Seja determinada a citação da Requerida e a expedição do
competente mandado de pagamento, instando-o a pagar à Requerente a
quantia de R$ 1.200,00 (mil e duzentos reais), atualizada, acrescida de
juros legais e correção monetária, custas processuais e demais
cominações de direito, ou para que, querendo, ofereça Defesa, sob pena
de constituir-se de pleno direito o respectivo título judicial da obrigação
declinada, convertendo-se o mandado inicial em mandado executivo;
g) Não sendo efetuado o pagamento, que fique convertido o
mandado inicial em mandado executivo, citando-se a Requerida a pagar
a quantia reclamada no prazo de 24 (vinte e quatro) horas (CPC, artigo
652), ou oferecer bens em tal prazo, sob pena de proceder à respectiva
penhora em bens encontrados e julgados suficientes, inclusive os que
guarnecem a residência da Requerida, com a intimação para oferecer,
querendo, Embargos, acompanhando-os até final satisfação do crédito
reclamado;
h) Caso sejam opostos Embargos, que ao final sejam estes
julgados improcedentes, para se constituir de pleno direito o respectivo
título executivo judicial, prosseguindo-se na forma da execução, nos
termos do artigo 646 e seguintes do CPC, impondo-se em tal caso a
condenação do Requerido na sucumbência e seus consectários;
i) Os benefícios do artigo 172, § 2° do CPC em todas as
diligências;
j) condenar a ré, ao pagamento de uma indenização, de
cunho compensatório e punitivo, pelos DANOS MORAIS causados à
autora, tudo conforme fundamentado, em valor pecuniário justo e
condizente com o caso apresentado em tela, qual, no entendimento da
autora amparado em pacificada jurisprudência, deve ser equivalente
a R$ 3.000,00 (três mil reais). Ou então, em valor que esse D. Juízo
fixar, pelos seus próprios critérios analíticos e jurídicos.
A produção das seguintes provas: juntada de documentos
novos, depoimento da parte contrária e de testemunhas, perícias e
vistorias.

Dá-se à causa o valor de R$ R$ 5.000,00 (quatro mil reais).


Nestes termos, pede deferimento.

Paço do Lumiar - MA, 21 de novembro de 2017.

Sandro Vieira Ribeiro Fernandes John Hayson Silva Mendonça


OAB/MA nº 12.700 OAB/MA nº 16.247

Rhuanna Thuany Nascimento da Silva


CPD: 859000

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