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ROQUE ALVES OLIVEIRA GONÇALVES, brasileiro, solteiro, pedreiro,
inscrito no CPF sob o n° 522.840.345-00, portador da carteira de identidade RG 5008599 DGPC/GO
residente e domiciliado na Rua 23, Quadra 49, Lote 19, Parque Alvorada I, Luziânia/GO, vem, por seu
advogado subscritor, respeitosamente à presença de Vossa Excelência propor
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Bibi, São Paulo - SO, CEP 4543906, inscrita no CNPJ/MF sob n.° 09.163.026/0001-25, pelas razões
fáticas e de direito que passa a expor:
– FORO COMPETENTE
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Consumidor (Lei 8.078/90), onde estampa a possibilidade de propositura de ação judicial no domicílio
do Autor (art. 101, I). Além do mais, tem-se que eventuais contratos, ainda que tácitos, de prestação de
serviços públicos ou de consumo, vinculam-se, de uma forma ou de outra, à existência de “relação de
consumo” como no presente caso trazido à baila.
– OS FATOS
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O Autor, a partir do mês de janeiro de 2014, passou a ser informado por alguns
representantes do comércio em geral, onde buscava crédito e compras a prazo, de que seu nome
estava com restrições cadastrais no SPC.
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A pesquisa cadastral feita eletronicamente pelo autor, por meio da Associação
Comercial, veio a comprovar o registro de uma pendência e restrição relativa a “suposto” débito,
intitulado “Título Nº 6363753843783004”.
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Deste modo, a conduta da Ré em incluir o nome do Autor no Serviço Cadastral de
Proteção ao Crédito foi um ato imprudente, prematuro, e extremamente oneroso para o mesmo, que é
um comerciante, que conta com reputação ilibada, e que depende de seu nome incólume.
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O juiz poderá, a requerimento das partes, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos
da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se
convença da verossimilhança da alegação. [grifo nosso]
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Pois bem, os pressupostos processuais contidos no caput do art. 273 do CPC se
acham presentes, vez que a inclusão do nome do Requerente nos bancos de dados creditícios não
possui o lastro e respaldo legal, tratando-se de abuso de direito da empresa Requerida.
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Assim, MM. Magistrada, os requisitos do inciso I do art. 273 do CPC se
apresentam autênticos e reais no caso concreto.
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da antecipação dos efeitos da tutela jurisdicional, condicionada a pena diária de R$ 1.000,00 (um mil
reais) por descumprimento.
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Presentes os pressupostos da concessão da antecipação liminar da tutela
jurisdicional, como acima visto, o Autor requer desde já que lhe seja provido a ordem de proteção que
merece que o Direito lhe garante.
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência,
violar direito e causas dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato
ilícito;
Art. 927. Aquele que por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo.
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A reparação que obriga o ofensor a pagar e permite ao ofendido receber é princípio
de justiça, com lição pedagógica, punição e compensação.
Todo e qualquer dano causado a alguém ou ao seu patrimônio, deve ser indenizado,
de tal obrigação não se excluindo o mais importante deles, que é o dano moral, que
deve automaticamente ser levado em conta. (V.R. Limongi França, Jurisprudência
da Responsabilidade Civil, Ed. RT, 1988).
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Como se pode observar, é notória a responsabilidade objetiva da Requerida, uma
vez que, ocorreram falhas na cobrança bancária.
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A garantia da reparabilidade do dano moral é absolutamente pacífica tanto na
doutrina quanto na jurisprudência. Tamanha é sua importância, que ganhou texto na Carta Magna, no
rol do artigo 5º, incisos V e X, dos direitos e garantias fundamentais faz-se oportuna transcrição:
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Conforme restou comprovado, o Autor nada deve. Razão pela qual, requer
declaração de inexistência de débito e ainda, a reparação do dano causado.
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comprar a prazo com seus fornecedores, em virtude de erro certo e notório da Requerida. Enfim, o
Autor vê-se em uma situação constrangedora e humilhante.
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que a individualizam como ser, de que se destacam a honra, a reputação e as
manifestações do intelecto.
Mas, atingem-se sempre direitos subjetivos ou interesses juridicamente relevantes,
que à sociedade cabe preservar, para que possa alcançar os respectivos fins, e os
seus componentes as metas postas como essenciais, nos planos individuais, familiar
e social.
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[...] na reparação do dano moral estão conjugados dois motivos, ou duas concausas:
I) punição ao infrator pelo fato de haver ofendido um bem jurídico da vítima, posto
que imaterial; II) pôr nas mãos do ofendido uma soma que não é pretium doloris,
porém o meio de lhe oferecer a oportunidade de conseguir uma satisfação de
qualquer espécie, seja de ordem intelectual ou moral, seja mesmo de cunho material
[...].
É certo que o dano moral, por estar presente no campo da subjetividade, atinge a
honra do ser humano enquanto membro de uma sociedade organizada e advém de práticas que atentam
contra a sua personalidade, proporcionando sentimento de dor, vergonha, humilhação etc.
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Porém, a honra é indicadora da dignidade, seja de pessoa física (honra subjetiva)
ou pessoa jurídica (honra objetiva), que procura viver com honestidade, pautando seu modo de vida
nos ditames da moral e dos bons costumes.
Desta forma, qualquer lesão injusta a valores legalmente protegidos, seja de pessoa
física ou jurídica, deve ser indenizada.
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Enfim, quando se trata de reparação de dano moral como no caso em tela, nada
obsta a ressaltar o fato de ser este tema pacífico, tanto sob o prisma legal, quanto sob o prisma
doutrinário.
O Egrégio Tribunal de Justiça de Goiás não foge à regra, e nas suas decisões mais
recentes, assim entendeu:
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APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS
C/C DECLARAÇÃO DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO. PRIMEIRO APELO.
PREMATURO. SEGUNDO APELO. PROTESTO INDEVIDO. DIREITO A
REPARAÇÃO DO DANO MORAL. PESSOA JURÍDICA. MINORAÇÃO DO
QUANTUM INDENIZATÓRIO. DESARRAZOADO. SENTENÇA
MANTIDA. 1- A interposição do recurso de apelação antes do julgamento dos
embargos de declaração, sem o posterior aditamento, importa na sua
intempestividade, por prematuro. 2- O protesto indevido caracteriza ato ilícito e,
consequentemente, gera o dever de indenizar. 3- Os danos morais, decorrentes de
protesto indevido, prescindem de comprovação, haja vista que o prejuízo é
presumido, independentemente de se tratar de pessoa jurídica, nos termos da
Súmula 227 do STJ. Precedentes do STJ. 4- Não há critérios determinados e fixos
para a quantificação do dano moral, de modo que, sendo proporcional e razoável o
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valor determinado pelo magistrado singular, deve ser mantido o 'quantum'
indenizatório. Primeiro apelo não conhecido. Segundo apelo conhecido e
desprovido. [TJGO. 3ª Câmara Cível. 173224-23.2009.8.09.0006 - APELACAO
CIVEL. Relator: Desembargador: Rogério Arédio Ferreira. J: 06/09/2011. DJ 916 de
04/10/2011]. [grifo nosso].
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O STJ recomenda que as indenizações sejam arbitradas segundo padrões de
proporcionalidade, conceito no qual se insere a idéia de adequação entre meio e fim; necessidade-
exigibilidade da medida e razoabilidade (justeza). Objetiva-se, assim, preconizando o caráter
pedagógico e reparatório, evitar que a apuração do quantum indenizatório se converta em medida
abusiva e exagerada.
Por isso, a jurisprudência tem atuado mais num sentido de restrição de excessos do
que, propriamente, em prévia definição de parâmetros compensatórios a serem seguidos pela instância
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inferior. Contudo, por sua importância como linha de razoabilidade indenizatória, merecem menção os
seguintes julgados da aludida Corte Superior:
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- Manutenção do nome de consumidor em cadastro de inadimplentes após a
quitação do débito – 15 salários mínimos (REsp 480622/RJ, Rel. Min. Aldir
Passarinho)
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Nota-se, portanto, que a casuística do STJ revela que a Corte tem fixado como
parâmetros razoáveis para compensação por abalo moral, indenizações que, na sua maioria, raramente
ultrapassam os 50 salários mínimos, importe reputado como justo e adequado.
Em suma, a reparação do dano moral deve ter em vista possibilitar ao lesado uma
satisfação compensatória e, de outro lado, exercer função de desestímulo pedagógico a novas práticas
lesivas, de modo a "inibir comportamentos anti-sociais do lesante, ou de qualquer outro membro da
sociedade", traduzindo-se em "montante que represente advertência ao lesante e à sociedade de que
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não se aceita o comportamento assumido, ou o evento lesivo" (in Novo Código Civil Comentado, São
Paulo, Saraiva, 2002, p. 841 e 842).
[...] O valor da indenização do dano moral deve ser arbitrado pelo juiz de maneira a
servir, por um lado, de lenitivo para o abalo creditício sofrido pela pessoa lesada,
sem importar a ela enriquecimento sem causa ou estímulo ao prejuízo suportado; e,
por outro, deve desempenhar uma função pedagógica e uma séria reprimenda ao
ofensor, a fim de evitar a recidiva [...] [TJSC, 2ª Câmara de Direito Civil, AC n.
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2001.010072-0, de Criciúma, Relator: Desembargador Luiz Carlos Freyeslebem, J:
14/10/2004].
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II.IV DO JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE – ART. 330,
I, CPC
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No caso em tela, existe prova inequívoca de ameaça ao direito do Requerente, e
não se limita a apenas um fumus boni juris, mas sim, uma prova do direito ameaçado e também prova
conforme Boletim Ocorrência.
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APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.
JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE. CERCEAMENTO DE DEFESA.
INOCORRÊNCIA. PROTESTO DE TÍTULO DECORRENTE DE DÍVIDA
QUITADA. RESPONSABILIDADE DA EMPRESA
REQUERIDA/APELANTE QUE EMITIU NOTA FISCAL/FATURA.
EMISSÃO DE DUPLICATA SEM CAUSA POR TERCEIRA LIGADA À
FIRMA RECORRENTE. IDENTIDADE DE SÓCIA PROPRIETÁRIA EM
AMBAS AS EMPRESAS. ATO ILÍCITO. OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR.
DANO MORAL CARACTERIZADO. 1 - Tratando-se de matéria de direito e
de fato, em que o destinatário da prova é o juiz, impõe-se respaldar o
julgamento antecipado da lide, ante a consideração de que as provas coligidas
aos autos na origem são suficientes para embasar o seu livre convencimento,
não restando configurado o alegado cerceamento do direito de defesa. 2 - Com
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efeito, é fato incontroverso nos autos que houve uma relação comercial envolvendo
a ré/apelante e a requerente/recorrida, tendo a primeira emitido uma nota
fiscal/fatura, cujo débito foi regularmente quitado pela parte autora junto à
empresa requerida antes do vencimento, sendo que o consequente e indevido
título emitido (duplicata mercantil) foi irresponsavelmente levado a protesto
por uma terceira empresa ligada à firma recorrente, já que, de fato, ambas possuem
uma mesma sócia e, provavelmente, constituem um mesmo conglomerado
econômico, ressalvando-se que o contrário não restou demonstrado, não havendo
como ser afastada tal ilação no caso dos autos, diante do dano causado e do vínculo
existente entre as partes, já que a ré/apelante era a única e direta responsável pela
nota fiscal/fatura em questão. 3 - Daí é que, de alguma forma, a
requerida/recorrente, agindo com dolo e/ou culpa, deixou “vazar” os respectivos
dados referentes à aludida nota fiscal/fatura quitada pela autora/apelada, o que
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ensejou a emissão indevida da duplicata mercantil que foi descontada e apresentada
para protesto por falta de pagamento. 4 - Portanto, ficou sobejamente provado o
dano moral sofrido pela autora, diante do protesto indevido de título já pago, assim
como o nexo causal existente entre tal duplicada e a conduta temerária da apelante, a
qual deve ser responsabilizada pelo ato ilícito, com a sua consequente condenação
em indenizar a autora pelos danos causados, a partir da patente verificação da ação
ou omissão voluntária, e ainda, negligência ou imprudência, por parte da apelante na
condução dos seus próprios negócios comerciais, nos termos do art. 186, do Código
Civil Brasileiro. APELO CONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENÇA SINGULAR
MANTIDA IRRETOCADA.
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Diante o exposto, requer o julgamento antecipado da lide com fundamento no
inciso I, do art. 330 do CPC, por tratar-se de matéria eminentemente de direito.
– OS PEDIDOS
Firme no direito que lhe assiste e amparado pelos fatos e fundamentos jurídicos ora
trazidos, o Autor requer a Vossa Excelência que:
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a) Sejam liminarmente concedidos os efeitos da antecipação da tutela inaudita altera
pars para determinar, via ofício, o imediato cancelamento e desnegativação da inscrição do nome do
Autor dos bancos de dados creditícios do SPC e da SERASA, até o julgamento definitivo da lide, sob
pena de multa diária de R$ 1.000,00 (um mil reais);
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c) Seja citada a Ré através dos correios (art. 221, I, do CPC) para exercer o
contraditório e ampla defesa, no prazo legal; bem como sejam produzidas todas as provas admitidas
em Direito, por meio de depoimento pessoal das partes, inclusive prova testemunhal, pericial e outras
admitidas, caso Vossa Excelência não entenda possível o julgamento antecipado da lide;
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Termos em que pede e aguarda deferimento.