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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DE

ALGUMA DAS VARAS DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE


DEMÓPOLIS, ESTADO DE SÃO PAULO.

MÁRIO ALBERTO DE BULHÕES, RG nº 54.658.965-87, CPF sob o nº


321.547.698-58, brasileiro, solteiro, técnico de informática, residente e domiciliado na
Rua do Prazer, nº 854, Demópolis - São Paulo, vem, respeitosamente à presença de
Vossa Excelência, através de sua advogada que esta subscreve, instrumento de mandato
anexo, com supedâneo nos arts. 81 e 83 do Código de Defesa do Consumidor, propor

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER CUMULADA COM PEDIDO DE


CONDENAÇÃO POR DANOS MORAIS C/C PEDIDO LIMINAR

em face do COMPRAS LIVRES E LIBERTAS PARA SEU PRAZER, localizada


em São Paulo (capital), Rua Subindo a Ladeira, nº 69, Bairro Achados, pelos motivos
de fato e de direito a seguir aduzidos.

I - DOS FATOS

No dia 01 (primeiro) do mês de Março do ano de 2022 (dois mil e vinte e dois), o Autor
efetuou uma compra, através do site da parte ré. Os objetos comprados no SEXSHOP
foram para uso pessoal, pois o Autor comprou, antecipadamente, os produtos pensando
em uma data especial, específica e importante, para sua companheira, e o mesmo
gostaria de surpreendê-la.

O valor final do pedido foi de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), pois, além dos produtos de
prazer individual, o Autor também pagou por uma entrega de mercadoria mais rápida,
denominada como “full”. Esta modalidade de entrega é fornecida e indicada pela
empresa no momento da compra e certifica ao cliente que este receberá em até 3 (três)
dias úteis. E, por esse motivo, a modalidade “full” cobra o dobro do preço referente à
entrega comum/tradicional.

A transação foi realizada com pagamento em débito bancário e o prazo para entrega
estava previsto para até 05 (cinco) dias úteis, a contar da confirmação do pagamento.

Ocorre que, 12 (doze) dias após a realização do pedido e a confirmação do pagamento,


o Autor entrou em contato com a empresa, via e-mail e aplicativo de WhatsApp, não
obtendo retorno.

Então, decorrido mais 2 (dois) dias, úteis, contabilizando 14 (catorze) longos dias de
espera, o Autor contatou, novamente, a empresa e, para a sua surpresa, teve uma ríspida
e mal-educada resposta da parte Ré, dizendo que: “não posso fazer nada por você e a
única opção que resta é esperar”.

Não obstante com todo o constrangimento que o Autor sofrera por não ter recebido os
objetos - principalmente até o dia acordado, pois a maior preocupação do requerente era
o dia especial que tanto havia almejado passar com sua companheira - a empresa ainda
agiu em total desconformidade com as práticas de boas maneiras, concedendo um
tratamento desprezível.

Perplexo com a situação e sem entender o motivo do tratamento agressivo por parte da
empresa, o Autor, após 1 (um) dia, útil, totalizando 15 (quinze) dias da efetivação da
compra, buscou por uma ajuda profissional a fim de ingressar em juízo e ter seus
direitos garantidos, assim como seus prejuízos reparados.

O requerente confiou uma data - única e de extrema importância para ele - nas mãos da
empresa, no momento em que a escolheu para efetuar a compra de todos aqueles
produtos, e esta, sem quaisquer justificativas plausíveis, assim como a mínima
educação, não honrou com o que a empresa alega garantir aos seus clientes.

O Autor ficou abismado diante de toda a situação, já que este apenas comprou os
produtos para que tivesse um dia especial ao lado de sua companheira e acabou sendo
lesado e desrespeitado pela parte ré, que em nenhum momento, sequer, tentou amenizar
a situação, constrangimento e prejuízos que o Autor já havia sofrido até o momento. A
empresa agiu em arrepio do determinado legalmente, das normas básicas de convivência
social e educação.
Insta esclarecer, que o Autor necessita da reparação de forma célere, pois existem riscos
de graves prejuízos financeiros, já que este possui obrigações e contas à pagar, não pode
ser compelido e ser vítima da arbitrariedade do Requerido, que se nega a cumprir o que
é determinado em nosso Ordenamento Jurídico.

A falha na prestação dos serviços causou constrangimento e frustração ao Autor, por


culpa da própria empresa, que deixou de cumprir com o prazo de entrega prometido,
fazendo com que a mercadoria não fosse entregue em tempo e forma pretendida.

Certo que o simples inadimplemento contratual, por caracterizar mero aborrecimento,


em princípio, não configura dano moral, salvo se da infração advém circunstância que
atenta contra a dignidade da parte, como no caso em tela, onde os prepostos vêm ao
longo do período prestando omissão, assim como falta de MÍNIMA educação à parte
Autora acerca da compra, fazendo com que o requerente perdesse seu tempo útil, ao
ficar tentando contato reiteradamente com a empresa ré, uma vez que este seria seu
único dinheiro disponível para presentear seu filho.

Faz-se mister salientar que a boa -fé objetiva é postulado básico no qual se norteia todo
o ordenamento jurídico, especificamente o ramo do Direito dos Contratos, dispondo o
art. 422 do C.C. que as partes são obrigadas a guardar, em todas as fases da contratação
(inclusive a preliminar e a pós contratual), os princípios da probidade e da boa -fé.

Não parece crível aceitar que o Autor aguarde o estorno requerido por demasiado
período de tempo, ficando o consumidor sem a contraprestação do serviço contratado,
tampouco sem seu dinheiro de volta em decorrência da falha na prestação dos serviços.

Os fatos ocorridos inevitavelmente geraram imensa frustração, dor e constrangimento,


não havendo que se falar em mero inadimplemento contratual, pois violada, também, a
boa fé na realização do ajuste

Desta forma, a autora sem conseguir obter êxito na solução do problema, se viu
obrigada a contratar advogado, a fim de resolver a questão na esfera judicial, através da
propositura da presente ação.

Por esse motivo, o Autor busca prestação jurisdicional, para receber seus ativos que lhe
pertencem por direito.
II – DO PEDIDO LIMINAR

São requisitos para a concessão da tutela de urgência, a probalidade do direito e o perigo


de dano ou o risco ao resultado útil do processo.

Neste diapasão dispõe a Lei nº 8.078/90 Código de Defesa do Consumidor:

"Art. 84. Na ação que tenha por objeto o cumprimento da


obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela
específica da obrigação ou determinará providências que
assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento.

§ 3º Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo


justificado receio de ineficiência do provimento final, é lícito ao
juiz conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia,
citado o réu."

O Código de Processo Civil também diz:

"Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver


elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo
de dano ou o risco ao resultado útil do processo:

§ 2º A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou


após justificação prévia.”

O Autor já sofre impactos econômicos negativos, pois o débito do valor de R$ 5.000,00


(cinco mil) em sua conta acontecera de forma automática e, ao não receber os produtos,
o autor foi obrigado a compra-los, novamente – desta vez com uma empresa segura e
responsável - fato esse que o impede de honrar compromissos que o Autor já havia
programado anteriormente, já que o fato de gastar 2x o valor dos produtos não estava
em seus planos.

Dentre outras obrigações indispensáveis, o Autor necessita de seu dinheiro para realizar
o pagamento da outra compra – com empresa confiável, compromissada e segura – dos
objetos para o dia especial tão único e especial do autor.
Assim, temos que a tutela se faz estritamente necessária, restando demonstrado a
probalidade do direito, evidenciado pelo fato (i) dos ativos serem do próprio Autor e
(ii) possuir o direito de não ser lesado e o perigo de dano, na medida em que o Réu se
manter os ativos negativados pelos prejuízos causados pela empresa, (iii) irá
prejudicar o Autor fazendo-lhe pagar juros em dívidas que se formarão por culpa
alheia ao do requerente, e este não poder honrar outros compromissos financeiros.

III - DO DIREITO

III.I - DA EXISTÊNCIA DE RELAÇÃO DE CONSUMO

É indiscutível a caracterização de relação de consumo entre as partes, apresentando-se o


Autor como consumidor, de acordo com o previsto no art. 2º da Lei. 8.078/90 (Código
de Defesa do Consumidor) e a empresa Ré como prestadora de serviços e portanto,
fornecedora nos termos do art. 3º do aludido diploma.

Assim descrevem os artigos acima mencionados:

"Lei. 8.078/90 - Art. 2º. Consumidor é toda pessoa física ou


jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como
destinatário final.

Art. 3º. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou


privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes
despersonalizados, que desenvolvem atividades de produção,
montagem, criação, construção, transformação, importação,
exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou
prestação de serviços."

III.II - DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

No contexto da presente demanda, há possibilidades claras de inversão do ônus da prova


ante a verossimilhança das alegações, conforme disposto no artigo 6º do Código de
Defesa do Consumidor.
"Art. 6º São direitos básicos do consumidor:

VIII – a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a


inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil,
quando a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando
for ele hipossuficiente, seguindo as regras ordinárias de
expectativas."

Outrossim, é dever do Requerido demonstrar provas em contrário ao que foi exposto


pelo Autor, informa ainda, que algumas provas seguem anexas.

Destarte, as demais provas que se acharem necessárias para resolução da lide, deverão
ser observadas o exposto na citação acima, pois se trata de princípios básicos de direitos
do consumidor.

III.III - DA OBRIGAÇÃO DE FAZER

À luz da Teoria do Risco do Empreendimento, todo aquele que se disponha a exercer


alguma atividade no campo do fornecimento de bens e serviços tem o dever de
responder pelos fatos e vícios resultantes do empreendimento, independentemente de
culpa, pois a responsabilidade decorre do simples fato de dispor-se alguém a realizar a
atividade de produzir, distribuir e comercializar produtos ou executar determinados
serviços, de modo que deve a empresa demandada arcar com os ônus decorrentes de
prejuízos causados pela execução equivocada do serviço ou fornecimento de produtos.

O artigo 14 do CDC consagra a Responsabilidade Civil Objetiva dos prestadores de


serviço, com base na Teoria do Risco do Empreendimento. Destarte, dispensado está o
consumidor de demonstrar a culpa do fornecedor, bastando que se comprove o dano
sofrido e o nexo de causalidade para que reste caracterizado o dever deste de responder
pelo defeito do serviço prestado àquele.

Versando a presente hipótese sobre direito do consumidor, via de regra, o


prestador/fornecedor de serviços e produtos já tem o ônus original de demonstrar a
regularidade de seu atuar e, portanto, a ausência de nexo causal entre este e os danos
alegados pelo consumidor. Trata-se da inversão ope legis do ônus da prova, diante da
responsabilidade objetiva do prestador/fornecedor de pelos fatos e vícios dos produtos e
serviços.

Prevê o artigo 49 do CDC que o consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7


dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre
que a contratação de fornecimento de produtos ocorrer fora do estabelecimento
comercial e no caso de exercitar o direito de arrependimento, os valores eventualmente
pagos, a qualquer título, durante o prazo de reflexão, serão devolvidos, de imediato,
monetariamente atualizados.

Eventuais prejuízos enfrentados pelo fornecedor neste tipo de contratação são inerentes
à modalidade de venda agressiva fora do estabelecimento comercial (internet, telefone,
domicílio). Aceitar o contrário é criar limitação ao direito de arrependimento legalmente
não previsto, além de desestimular tal tipo de comércio tão comum nos dias atuais.

O descumprimento contratual apto a gerar dano moral é o ofensivo ao tributo da


personalidade, em face de sua gravidade, como o ligado à questão de saúde ou de
pessoas da família, lazer, comodidade, bem-estar, educação, projetos intelectuais, perda
de tempo útil para resolver uma questão na esfera administrativa por um período
extenso sem obter êxito porquanto este é o que atinge o ofendido como pessoa, como no
caso dos autos.

III.IV - DO DANO MORAL

O Réu além de não cumprir como foi oferecido os seus exercícios, ainda ofereceu-lhe
tratamento desprezível, ríspido e com pouca educação.

Lamentavelmente o Autor da ação sofreu grande desgosto, humilhação, sentiu-se


desamparado e sofreu grande desgaste emocional.

Como cediço, a violação de um dever jurídico, seja ele de fazer, não fazer, de abstenção
e de cautela, entre outros, configura ato ilícito. E sendo ato ilícito, faz nascer a
responsabilidade de reparar o dano pelo ofensor.

É o que dispõe o art. 927 do C.C., segundo o qual "aquele que, por ato ilícito (artigos
186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo", exemplificando
exatamente a conduta do Requerido.
A Teoria da  Perda  do  Tempo  Livre ou  Perda  do  Tempo Útil  se baseia no abuso
da perda involuntária do tempo do consumidor, causado pelas empresas fornecedoras
em situações intoleráveis, em que há desídia e desrespeito aos consumidores, que muitas
vezes se veem compelidos a sair de sua rotina e perder o seu tempo livre para solucionar
problemas causados por atos ilícitos ou condutas abusivas dos fornecedores.

Como exposto a Autora perdeu seu tempo livre para resolver a questão na esfera
administrativa, sem obter êxito na resolução do problema, se sentido desprezada diante
das súplicas para a entrega do produto ou o estorno da quantia, o que de fato acarretou
dano moral.

Nesse sentido, é merecedor de indenização por danos morais, a professora Maria Helena
Diniz explica que dano moral:

“é a dor, angústia, o desgosto, a aflição espiritual, a humilhação, o complexo que sofre a


vítima de evento danoso, pois estes estados de espírito constituem o conteúdo, ou
melhor, a conseqüência do dano”. (…) “o direito não repara qualquer padecimento, dor
ou aflição, mas aqueles que forem decorrentes da privação de um bem jurídico sobre o
qual a vítima teria interesse reconhecido juridicamente”

(Curso de Direito Civil – Responsabilidade Civil, Ed. Saraiva, 18ª ed., 7ºv., c.3.1,
p.92).

Assim, é inegável a responsabilidade do fornecedor, pois os danos morais são também


aplicados como forma coercitiva, ou melhor, de modo a reprimir a conduta praticada
pela parte Ré, que de fato prejudicou o Autor da ação.

III.V - DO QUANTUM INDENIZATÓRIO

Para fixar o valor indenizatório do dano moral, deve o juiz observar as funções
ressarcitórias e putativas da indenização, bem como a repercussão do dano, a
possibilidade econômica do ofensor e o princípio de que o dano não pode servir de fonte
de lucro.

Nesse sentido, esclarece Sérgio Cavalieri Filho que:

“(...) o juiz, ao valor do dano moral, deve arbitrar uma quantia que, de acordo com seu
prudente arbítrio, seja compatível com a reprovabilidade da conduta ilícita, a
intensidade e duração do sofrimento experimentado pela vítima, a capacidade
econômica do causador do dano, as condições sociais do ofendido, e outras
circunstâncias mais que se fizerem presentes”.

A indenização do dano moral deve ser fixada em termos razoáveis, não se justificando
que a reparação venha a constituir-se em enriquecimento sem causa, com manifestos
abusos e exageros, devendo o arbitramento operar-se com moderação,
proporcionalmente ao grau de culpa e ao porte econômico das partes, orientando-se o
juiz pelos critérios sugeridos pela doutrina e pela jurisprudência, com razoabilidade,
valendo-se de sua experiência, e do bom-senso, atendo à realidade da vida e às
peculiaridades de cada caso.

Ademais, deve ela contribuir para desestimular o ofensor repetir o ato, inibindo sua
conduta antijurídica.

Portanto, estando configurada a prática de ato ilícito por parte do Requerido, o quantum
debeatur à título de dano moral que deverá ser arbitrado por este MM. Juízo de modo
compensar o sofrimento do Requerente, bem como compelir o Requerido a não mais
esquivar-se de suas responsabilidades legais ao praticar conduta ilícita, valor esse que o
Requente sugere ser de R$ 10.000,00 (dez mil reais).

IV - DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer-se:

a) DEFERIMENTO do pedido liminar nos termos do art. 84 § 3º do Código de


Defesa do Consumidor, para determinar o Réu que ressarça o valor de R$ 5.000,00
(cinco mil reais) que estão bloqueados do Autor, com fixação de multa diária pelo não
cumprimento do determinado;

b) Reconhecimento da relação de consumo e inversão do ônus da prova, nos termos do


art. 6º, VIII, do Código de Defesa do Consumidor;

c) Citação da parte Ré para que apresente contestação no prazo legal, sob pena de
revelia;
d) Que seja confirmado o pedido liminar e seja julgado PROCEDENTE o pedido
formulado pelo Autor para determinar que a Requerida realize a devolução do valor e o
cancelamento da entrega dos produtos, conforme fundamentação exposta;

e) Que seja julgado PROCEDENTE o pedido de indenização por danos morais


condenando a parte Ré a pagar os danos morais no montante justo de R$ 10.000,00 (dez
mil reais);

f) A condenação do Requerido ao pagamento das custas e honorários advocatícios;

g) A designação da audiência de conciliação, nos termos do Código de Processo Civil;

h) Pretende provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em direito. Nestes
termos, dá-se à causa o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais).

Termos em que, pede/ deferimento.

Demópolis/SP, 16/03/2022.

Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx (nome do advogado)

OAB/SP Nº 99584.

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