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I - DOS FATOS
No dia 01 (primeiro) do mês de Março do ano de 2022 (dois mil e vinte e dois), o Autor
efetuou uma compra, através do site da parte ré. Os objetos comprados no SEXSHOP
foram para uso pessoal, pois o Autor comprou, antecipadamente, os produtos pensando
em uma data especial, específica e importante, para sua companheira, e o mesmo
gostaria de surpreendê-la.
O valor final do pedido foi de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), pois, além dos produtos de
prazer individual, o Autor também pagou por uma entrega de mercadoria mais rápida,
denominada como “full”. Esta modalidade de entrega é fornecida e indicada pela
empresa no momento da compra e certifica ao cliente que este receberá em até 3 (três)
dias úteis. E, por esse motivo, a modalidade “full” cobra o dobro do preço referente à
entrega comum/tradicional.
A transação foi realizada com pagamento em débito bancário e o prazo para entrega
estava previsto para até 05 (cinco) dias úteis, a contar da confirmação do pagamento.
Então, decorrido mais 2 (dois) dias, úteis, contabilizando 14 (catorze) longos dias de
espera, o Autor contatou, novamente, a empresa e, para a sua surpresa, teve uma ríspida
e mal-educada resposta da parte Ré, dizendo que: “não posso fazer nada por você e a
única opção que resta é esperar”.
Não obstante com todo o constrangimento que o Autor sofrera por não ter recebido os
objetos - principalmente até o dia acordado, pois a maior preocupação do requerente era
o dia especial que tanto havia almejado passar com sua companheira - a empresa ainda
agiu em total desconformidade com as práticas de boas maneiras, concedendo um
tratamento desprezível.
Perplexo com a situação e sem entender o motivo do tratamento agressivo por parte da
empresa, o Autor, após 1 (um) dia, útil, totalizando 15 (quinze) dias da efetivação da
compra, buscou por uma ajuda profissional a fim de ingressar em juízo e ter seus
direitos garantidos, assim como seus prejuízos reparados.
O requerente confiou uma data - única e de extrema importância para ele - nas mãos da
empresa, no momento em que a escolheu para efetuar a compra de todos aqueles
produtos, e esta, sem quaisquer justificativas plausíveis, assim como a mínima
educação, não honrou com o que a empresa alega garantir aos seus clientes.
O Autor ficou abismado diante de toda a situação, já que este apenas comprou os
produtos para que tivesse um dia especial ao lado de sua companheira e acabou sendo
lesado e desrespeitado pela parte ré, que em nenhum momento, sequer, tentou amenizar
a situação, constrangimento e prejuízos que o Autor já havia sofrido até o momento. A
empresa agiu em arrepio do determinado legalmente, das normas básicas de convivência
social e educação.
Insta esclarecer, que o Autor necessita da reparação de forma célere, pois existem riscos
de graves prejuízos financeiros, já que este possui obrigações e contas à pagar, não pode
ser compelido e ser vítima da arbitrariedade do Requerido, que se nega a cumprir o que
é determinado em nosso Ordenamento Jurídico.
Faz-se mister salientar que a boa -fé objetiva é postulado básico no qual se norteia todo
o ordenamento jurídico, especificamente o ramo do Direito dos Contratos, dispondo o
art. 422 do C.C. que as partes são obrigadas a guardar, em todas as fases da contratação
(inclusive a preliminar e a pós contratual), os princípios da probidade e da boa -fé.
Não parece crível aceitar que o Autor aguarde o estorno requerido por demasiado
período de tempo, ficando o consumidor sem a contraprestação do serviço contratado,
tampouco sem seu dinheiro de volta em decorrência da falha na prestação dos serviços.
Desta forma, a autora sem conseguir obter êxito na solução do problema, se viu
obrigada a contratar advogado, a fim de resolver a questão na esfera judicial, através da
propositura da presente ação.
Por esse motivo, o Autor busca prestação jurisdicional, para receber seus ativos que lhe
pertencem por direito.
II – DO PEDIDO LIMINAR
Dentre outras obrigações indispensáveis, o Autor necessita de seu dinheiro para realizar
o pagamento da outra compra – com empresa confiável, compromissada e segura – dos
objetos para o dia especial tão único e especial do autor.
Assim, temos que a tutela se faz estritamente necessária, restando demonstrado a
probalidade do direito, evidenciado pelo fato (i) dos ativos serem do próprio Autor e
(ii) possuir o direito de não ser lesado e o perigo de dano, na medida em que o Réu se
manter os ativos negativados pelos prejuízos causados pela empresa, (iii) irá
prejudicar o Autor fazendo-lhe pagar juros em dívidas que se formarão por culpa
alheia ao do requerente, e este não poder honrar outros compromissos financeiros.
III - DO DIREITO
Destarte, as demais provas que se acharem necessárias para resolução da lide, deverão
ser observadas o exposto na citação acima, pois se trata de princípios básicos de direitos
do consumidor.
Eventuais prejuízos enfrentados pelo fornecedor neste tipo de contratação são inerentes
à modalidade de venda agressiva fora do estabelecimento comercial (internet, telefone,
domicílio). Aceitar o contrário é criar limitação ao direito de arrependimento legalmente
não previsto, além de desestimular tal tipo de comércio tão comum nos dias atuais.
O Réu além de não cumprir como foi oferecido os seus exercícios, ainda ofereceu-lhe
tratamento desprezível, ríspido e com pouca educação.
Como cediço, a violação de um dever jurídico, seja ele de fazer, não fazer, de abstenção
e de cautela, entre outros, configura ato ilícito. E sendo ato ilícito, faz nascer a
responsabilidade de reparar o dano pelo ofensor.
É o que dispõe o art. 927 do C.C., segundo o qual "aquele que, por ato ilícito (artigos
186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo", exemplificando
exatamente a conduta do Requerido.
A Teoria da Perda do Tempo Livre ou Perda do Tempo Útil se baseia no abuso
da perda involuntária do tempo do consumidor, causado pelas empresas fornecedoras
em situações intoleráveis, em que há desídia e desrespeito aos consumidores, que muitas
vezes se veem compelidos a sair de sua rotina e perder o seu tempo livre para solucionar
problemas causados por atos ilícitos ou condutas abusivas dos fornecedores.
Como exposto a Autora perdeu seu tempo livre para resolver a questão na esfera
administrativa, sem obter êxito na resolução do problema, se sentido desprezada diante
das súplicas para a entrega do produto ou o estorno da quantia, o que de fato acarretou
dano moral.
Nesse sentido, é merecedor de indenização por danos morais, a professora Maria Helena
Diniz explica que dano moral:
(Curso de Direito Civil – Responsabilidade Civil, Ed. Saraiva, 18ª ed., 7ºv., c.3.1,
p.92).
Para fixar o valor indenizatório do dano moral, deve o juiz observar as funções
ressarcitórias e putativas da indenização, bem como a repercussão do dano, a
possibilidade econômica do ofensor e o princípio de que o dano não pode servir de fonte
de lucro.
“(...) o juiz, ao valor do dano moral, deve arbitrar uma quantia que, de acordo com seu
prudente arbítrio, seja compatível com a reprovabilidade da conduta ilícita, a
intensidade e duração do sofrimento experimentado pela vítima, a capacidade
econômica do causador do dano, as condições sociais do ofendido, e outras
circunstâncias mais que se fizerem presentes”.
A indenização do dano moral deve ser fixada em termos razoáveis, não se justificando
que a reparação venha a constituir-se em enriquecimento sem causa, com manifestos
abusos e exageros, devendo o arbitramento operar-se com moderação,
proporcionalmente ao grau de culpa e ao porte econômico das partes, orientando-se o
juiz pelos critérios sugeridos pela doutrina e pela jurisprudência, com razoabilidade,
valendo-se de sua experiência, e do bom-senso, atendo à realidade da vida e às
peculiaridades de cada caso.
Ademais, deve ela contribuir para desestimular o ofensor repetir o ato, inibindo sua
conduta antijurídica.
Portanto, estando configurada a prática de ato ilícito por parte do Requerido, o quantum
debeatur à título de dano moral que deverá ser arbitrado por este MM. Juízo de modo
compensar o sofrimento do Requerente, bem como compelir o Requerido a não mais
esquivar-se de suas responsabilidades legais ao praticar conduta ilícita, valor esse que o
Requente sugere ser de R$ 10.000,00 (dez mil reais).
IV - DOS PEDIDOS
c) Citação da parte Ré para que apresente contestação no prazo legal, sob pena de
revelia;
d) Que seja confirmado o pedido liminar e seja julgado PROCEDENTE o pedido
formulado pelo Autor para determinar que a Requerida realize a devolução do valor e o
cancelamento da entrega dos produtos, conforme fundamentação exposta;
h) Pretende provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em direito. Nestes
termos, dá-se à causa o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais).
Demópolis/SP, 16/03/2022.
OAB/SP Nº 99584.